Tribunal de Justiça do Estado do Paraná 3ª.Câmara Cível

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Transcrição:

3ª.Câmara Cível Certification signature by JOSE SEBASTIAO FAGUNDES CUNHA:6540 <jsc@tjpr.jus.br>, Validity Unknown REEXAME NECESSÁRIO Nº. 1.594.345-8 ORIGEM: VARA CÍVEL, DA FAZENDA PÚBLICA, ACIDENTES DO TRABALHO DA COMARCA DE PALOTINA REMETENTE: JUIZ DE DIREITO AUTOR: EMANUEL GOMES DE MORAIS RÉU: MUNICÍPIO DE PALOTINA RELATOR: DES. J. S. FAGUNDES CUNHA EMENTA REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS (ITBI). CONTRATO DE FINANCIAMENTO CELEBRADO ENTRE O IMPETRANTE E A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL PARA AQUISIÇÃO DE TERRENO E CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÃO. BASE DE CÁLCULO DO ITBI QUE DEVE CORRESPONDER AO VALOR VENAL DO BEM TRANSMITIDO. INCLUSÃO DE VALORES RELATIVOS À CONSTRUÇÃO FUTURA. IMPOSSIBILIDADE. EXEGESE DOS ARTIGOS 38 DO CTN E 45 DO CÓDIGO TRIBUTÁTIO DO MUNICÍPIO DE PALOTINA. INTELIGÊNCIA DAS SÚMULAS 110 E 470 DO STF. CONCESSÃO DA ORDEM PARA AUTORIZAR A TRANSFERÊNCIA DO BEM MEDIANTE PAGAMENTO DO ITBI A INCIDIR TÃO SOMENTE SOBRE O VALOR DO IMÓVEL EXISTENTE, QUAL SEJA, TERRENO SEM EDIFICAÇÕES, NA ALÍQUOTA DE 1% (LCM, ART. 48). SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. Página 1 de 13

RELATÓRIO Trata-se de Mandado de Segurança nº. 0001984-23.2014.8.16.0126, que se apresenta em sede Reexame Necessário em razão do disposto no art. 14, 1º., Lei nº. 12.016/09. A sentença julgou procedente o pedido inicial para conceder a segurança, autorizando a transferência do imóvel pagando-se somente o imposto devido sobre o imóvel existente, no presente caso o terreno, restando, a impetrada, impedida de aplicar penalidades aos impetrantes pelo não recolhimento do ITBI sobre a construção futura, confirmando os termos da liminar dantes deferida. Condeno o impetrado ao pagamento das custas e despesas processuais. Deixo de arbitrar honorários advocatícios por incabíveis (Súmula 105 do STJ e 512 do STF). Devidamente intimadas, as partes não ofereceram recurso (movs. 39 e 40). Remetidos os autos a este Tribunal em sede de Reexame Necessário (mov. 44). (fl. 10). Determinada vista à Procuradoria de Justiça Página 2 de 13

Parecer ministerial de fls. 12-13 pelo conhecimento do reexame e manutenção da sentença em todos os seus fundamentos. Vieram-me conclusos os autos (fl. 22). É o breve relatório. FUNDAMENTAÇÃO ADMISSIBILIDADE Conheço do Reexame Necessário em razão do disposto no art. 14, 1º., da Lei nº. 12.016/09, que determina que, concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. Necessário observar que havendo regra específica a disciplinar determinada situação particular, a norma geral é afastada, as regras do art. 475 do Código de Processo Civil de 1.973, vigentes à época da prolação da sentença, e que tratam do reexame necessário, não têm incidência na hipótese. O STJ já se posicionou sobre tal questão, adotando esse entendimento. Vejamos: PROCESSUAL CIVIL. DIREITO ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. REMESSA NECESSÁRIA (ART. 475, 2º, DO CPC). ALTERAÇÃO INTRODUZIDA PELA LEI 10.352/2001. ART. 14, 1, DA LEI 12.016/2009. INAPLICABILIDADE. PREVALÊNCIA DO PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. Página 3 de 13

APLICAÇÃO DA SÚMULA 83/STJ. VIOLAÇÃO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO. CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. REEXAME. APLICAÇÃO DA SÚMULA 7/STJ. 1. Não se aplica ao Mandado de Segurança o 2º do art. 475 do CPC, inserido pela Lei 10.352/01, dispositivo que estabelece valor de alçada para exigir duplo grau de jurisdição. Precedentes do STJ. 2. O acórdão recorrido está em sintonia com o atual entendimento do STJ, razão pela qual não merece prosperar a irresignação. Súmula 83/STJ. 3. Em relação à alegada violação do art. 156, caput, da Lei 8.112/1990, a Corte regional consignou que "no presente caso, há apenas argumentação quanto à violação ao devido processo legal e ao contraditório, sem que haja a devida comprovação." 4. Qualquer conclusão em sentido contrário do que está expressamente consignado no acórdão recorrido demanda reexame do suporte fático-probatório dos autos. Aplicação da Súmula 7/STJ. 5. Agravo Regimental não provido. (AgRg no REsp 1373905/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/06/2013, DJe 12/06/2013). (destaquei) a reexame necessário. Assim, passo à análise da sentença submetida DO REEXAME NECESSÁRIO A questão posta em reexame cinge-se à base de cálculo do Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis inter vivos (ITBI). O objeto do mandado de segurança refere-se à alegação de falta de regra em lei da exigência do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis ITBI, em face de estar sendo Página 4 de 13

cobrado imposto sobre edificação futura, bem como aplicação de alíquota errada sobre o valor do terreno. Assim, sustenta o autor que não pode a municipalidade pretender a cobrança do ITBI referente à futura edificação a ser financiada, posto que a incidência do imposto é sobre o valor do imóvel transmitido, no caso apenas de terreno, bem já existente. Na contestação, o ente municipal afirma que o autor apresentou cópia parcial do contrato celebrado entre o impetrante e a Caixa Econômica Federal relativo à concessão de crédito para aquisição do imóvel que gerou o tributo discutido, sendo documento indispensável nos termos do artigo 283 do CPC/73. Muito embora as cópias anexadas aos autos não tenham abrangido a totalidade de laudas que compõem o referido documento, apontam elementos suficientes à solução da controvérsia. Além disso, o documento de arrecadação municipal (DAM) anexado no movimento 1.5 comprova o ato praticado pela autoridade coatora e a necessidade da impetrante de impetrar o mandado de segurança para resguardar o seu direito. Cumpre-se verificar a ilegalidade ou abusividade do ato. Compulsando os autos, constata-se pelo contrato particular de compra e venda de terreno, mútuo para Página 5 de 13

obras e alienação fiduciária em garantia, carta de crédito com recursos do SBPE, no âmbito do sistema financeiro de habitação SFH com utilização do FGTS do comprador (mov. 1.4), que o impetrante adquiriu apenas o terreno em que, futuramente, construiria sua residência. Assim, apenas o terreno lhe foi transmitido sem possuir qualquer construção. Transcreve-se: DESCRIÇÃO DO IMÓVEL OBJETO DESTE CONTRATO: IMÓVEL URBANO: LOTE Nº 13, da QUADRA Nº 821, com área de 288,435 m2, sem benfeitorias do LOTEAMENTO BOTOLOZZO, situado em Perímetro Urbano de Palotina-PR, com suas metragens e confrontações constantes da matrícula 23.465, Livro n 2 no Cartório de Registro de Imóveis de Palotina- PR, sobre o qual será edificada uma residência em alvenaria medindo 135,79 m2. Entretanto, conforme se observa do Documento de Arrecadação Municipal D.A.M. expedido pelo Município de Palotina, bem como do Contrato Particular de Compra e Venda de Terreno, anexados à inicial (movs. 1.4 e 1.5), a autoridade apontada como coatora, ao proceder ao cálculo do valor do ITBI, considerou, como base de cálculo, o resultado da soma do valor que o impetrante pagou pelo terreno (R$ 53.000,00) e do montante que o impetrante, gastará na edificação da casa que construíra sobre o terreno adquirido (R$ 101.3781,32), o que totalizou em R$ 154.371,32. Verifica-se, ainda, que a autoridade coatora Página 6 de 13

aplicou duas alíquotas no cálculo do imposto, pois aplicou a alíquota de 2% sobre o valor de R$ 32.329,76, referente aos recursos da conta vinculada de FGTS e aplicou, com base no inc. I do art. 48 do Código Tributário Municipal, a alíquota de 1% quanto ao restante do valor de R$ 122.041,56, referente ao montante objeto do financiamento, como se contata no contrato de mov. 1.4 e do D.A.M. de mov. 1.5. Pois bem, em virtude da ausência de benfeitorias quando da formulação do contrato, o ITBI deverá ter como base de cálculo o valor venal do terreno, nos termos do art. 38 do Código Tributário Nacional, que dispõe: "Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos." Por sua vez, o Código Tributário do Município de Palotina (LC nº. 81/2006 com alterações posteriores), prevê: "Art. 45. A base de cálculo do imposto é o valor do imóvel ou dos bens ou direitos transmitidos, apurado na data do efetivo recolhimento do tributo. Observa-se, ainda, que o Supremo Tribunal Federal, editou duas súmulas sobre o assunto: "Súmula 110. O imposto de Transmissão Inter Vivos não incide sobre a construção, ou parte dela, realizada pelo adquirente, mas sobre o que tiver sido construído ao tempo da alienação do terreno. Página 7 de 13

Súmula 470. O Imposto de Transmissão Inter Vivos não incide sobre a construção, ou parte dela, realizada, inequivocamente, pelo promitente comprador, mas sobre o valor do que tiver sido construído antes da promessa de venda." Logo, da análise dos elementos de convicção existentes nos autos, conclui-se que a sentença decidiu a lide no seu mérito de maneira acertada, fazendo a correta e adequada subsunção dos fatos à norma, pois concedeu a segurança para retirar da base de cálculo do ITBI o valor correspondente à construção da casa e, ainda, para que a alíquota a ser utilizado para o cálculo do ITBI seja de um por cento (1%). Eis o teor: (...) 2. FUNDAMENTAÇÃO (...) A aquisição, fato gerador do imposto, é realizada apenas sobre a fração do terreno objeto da compra e venda, único imóvel então existente, posteriormente edificando-se sobre ele. A edificação futura será feita, então, em terreno próprio do construtor. Nesse sentido são as Súmulas provenientes do Colendo Supremo Tribunal Federal: Súmula nº 110 O imposto de transmissão inter vivos não incide sobre a construção, ou parte dela, realizada pelo adquirente, mas sobre o que tiver sido construído ao tempo da alienação do terreno. Súmula nº 470 O imposto de transmissão inter vivos não incide sobre a construção, ou parte dela, realizada, inequivocamente, pelo promitente comprador, mas sobre o valor do que tiver sido construído antes da promessa de venda. Desta feita, não se pode ampliar a base de cálculo existente, para alcançar futura construção, objeto de contrato de financiamento, quando a compra e venda, instrumentada em documento particular, alcançou apenas terreno e construção futura, conforme se vê do contrato juntado no item 1.4. Página 8 de 13

Como o contrato contempla pluralidade de negócios vinculados, por óbvio que mencionará valores diversos, quais sejam, o da compra e venda e o da construção futura. A aquisição, fato gerador do imposto, é realizada apenas sobre a fração do terreno objeto da compra e venda, único imóvel então existente, posteriormente edificando-se sobre ele. A edificação futura será feita, então, em terreno próprio do construtor. Nesse sentido a jurisprudência: (...) Assim, na hipótese em apreço, de rigor a incidência do ITBI tão somente pode incidir sobre o valor destinado à aquisição do terreno, qual seja, R$ 53.000,00 (cinquenta e três mil reais), excluindo-se eventual valor destinado a edificação futura. Outrossim, o Código Tributário Municipal prevê as alíquotas de ITBI incidentes, quais sejam: Art. 48. O imposto será calculado pela aplicação das seguintes alíquotas: I 1,0% (um por cento) nas aquisições de casa própria financiada pelo Sistema Financeiro da Habitação e nas cessões de direitos de usufruto; (alterado pelo Art. 1º da Lei Complementar nº 101/2009). II 2,0% (dois por cento) nas demais transmissões inter- vivos Parágrafo único. A alíquota referida no inciso I aplicar-se-á somente sobre o montante financiado, sobre o valor não financiado incidirá sempre a alíquota do inciso II. (...) Desta feita, considerando que o contrato prevê expressamente que todo o valor do terreno é objeto de financiamento (item B, 1, página 2), de rigor a incidência da alíquota de 1% (um por cento) sobre tal valor. Comprovada, portanto, ser indevida a aplicação de alíquota de 2%, merece ser concedida a segurança à parte impetrante. 3. DISPOSITIVO Face ao exposto e considerando o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na inicial e CONCEDO A SEGURANÇA, autorizando a transferência do imóvel pagando-se somente o imposto devido sobre o imóvel existente, no presente caso o terreno, restando, a impetrada, impedida de aplicar penalidades aos impetrantes pelo não recolhimento do ITBI sobre a construção futura, confirmando os termos da liminar dantes deferida. Condeno o impetrado ao pagamento das custas e despesas processuais. Deixo de arbitrar honorários advocatícios por incabíveis na presente (Súmula Página 9 de 13

105 do STJ e 512 do STF). Decorrido o prazo para eventuais recursos voluntários, subam os autos ao Egrégio Tribunal de Justiça, por força do reexame necessário (art. 14, 1º, da Lei n. 12.016/09) (...). (mov. 32.1) Vale destacar que o D. Procurador de Justiça, Chede Mamedio Bark, instado a manifestar-se sobre a sentença em reexame, posicionou-se às fls. 12-13, pela sua manutenção, sob o fundamento de que efetivamente, no caso dos autos, o imposto em questão (ITBI) não seria devido sobre construção futura, razão pela qual se mostra correta a decisão de primeiro grau. Ademais, em casos análogos esta Corte tem entendido da mesma forma, conforme os seguintes arestos colacionados em caráter exemplificativo: REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS - ITBI. AQUISIÇÃO DE TERRENO MEDIANTE CONTRATO DE FINANCIAMENTO CELEBRADO ENTRE O IMPETRANTE E A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. BASE DE CÁLCULO. VALOR DO IMÓVEL TRANSMITIDO, VALE DIZER, DO TERRENO SEM BENFEITORIAS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO VALOR A SER UTILIZADO EM FUTURA CONSTRUÇÃO DE RESIDÊNCIA. IMPOSSIBILDADE. SÚMULAS 110 E 470 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ALÍQUOTA DO IMPOSTO. UM POR CENTO (1%). CÓDIGO TRIBUTÁRIO MUNICIPAL. PREVISÃO DESSA ALÍQUOTA QUANDO A AQUISIÇÃO DO IMÓVEL FOR FINANCIADA PELO SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAÇÃO. HIPÓTESE DOS AUTOS. SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. Página 10 de 13

(TJPR - 3ª C.Cível - RN - 1526243-6 - Palotina - Rel.: Eduardo Sarrão - Unânime - - J. 25.04.2017) REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS (ITBI). BASE DE CÁLCULO.VALOR DO TERRENO ADQUIRIDO. ARTIGO 38 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. TRIBUTO NÃO INCIDE SOBRE A CONSTRUÇÃO A SER REALIZADA PELO ADQUIRENTE. INTELIGÊNCIA DAS SÚMULAS 110 E 470 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.ALÍQUOTA APLICADA CORRETAMENTE. RECURSOS DE FINANCIAMENTO PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. AUSÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DE RECURSOS PRÓPRIOS DO COMPRADOR.SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO. (TJPR - 2ª C.Cível - RN - 1594492-2 - Palotina - Rel.: Guimarães da Costa - Unânime - - J. 04.04.2017) TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ITBI. CONTRATO DE FINANCIAMENTO CELEBRADO ENTRE O IMPETRANTE E A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL PARA AQUISIÇÃO DE TERRENO E CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÃO PELO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA.BASE DE CÁLCULO DO ITBI QUE DEVE CORRESPONDER AO VALOR VENAL DO BEM TRANSMITIDO (CTN, ART. 38 E CÓDIGO TRIBUTÁRIO MUNICIPAL DO MUNICÍPIO DE PALOTINA, ART. 45). INCLUSÃO DE VALORES RELATIVOS À CONSTRUÇÃO DE OBRA FUTURA.IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO DASSÚMULAS 110 E 470 DO STF. CONCESSÃO DA ORDEM PARA AUTORIZAR A TRANSFERÊNCIA DO BEM, MEDIANTE PAGAMENTO DO ITBI A INCIDIR TÃO SOMENTE SOBRE O VALOR DO IMÓVEL EXISTENTE (TERRENO DESPROVIDO DE EDIFICAÇÕES), NA ALÍQUOTA DE 1% (LCM, ART. 48). SENTENÇA MANTIDA EM REEXAME NECESSÁRIO. (TJPR - 2ª C.Cível - RN - 1502895-8 - Palotina - Rel.: Lauro Laertes de Oliveira - Unânime - - J. 14.06.2016). mantida tal como lançada. Quanto ao mérito, a sentença merece ser Página 11 de 13

Por fim, em razão da sucumbência, as custas deverão ser arcadas pelo Município de Palotina, também como decidido em sentença. Portanto, em sede de REEXAME NECESSÁRIO, entendo que a sentença da lavra do eminente Juiz de Direito, Doutor Sérgio Laurindo Filho, deve ser mantida integralmente. DECISÃO Diante do exposto, ACORDAM os Desembargadores da Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em manter integralmente a sentença em sede de REEXAME NECESSÁRIO, nos termos do voto do relator. Página 12 de 13

Participaram do julgamento os Exmos. Srs. Desembargadores MARCOS SERGIO GALLIANO DAROS, Presidente sem voto, SERGIO ROBERTO NOBREGA ROLANSKI, EDUARDO CASAGRANDE SARRÃO. Curitiba, 6 de Junho de 2017 Desembargador JOSÉ SEBASTIÃO FAGUNDES CUNHA Página 13 de 13