Metodologia do Trabalho Científico

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Transcrição:

Metodologia do Trabalho Científico Teoria e Prática Científica Antônio Joaquim Severino Grupo de pesquisa: Educação e saúde /enfermagem: políticas, práticas, formação profissional e formação de professores Gabriela Maria Prebill Maio/2017

Antônio Joaquim Severino Professor titular, aposentado, de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da USP; Integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uninove, Universidade Nove de Julho, São Paulo; Lidera o Grupo de Pesquisa e Estudo em Filosofia da Educação GRUPEFE; Estudos e pesquisas atuais - filosofia e da filosofia da educação: Epistemologia da educação ; Educação brasileira; Pensamento filosófico e sua expressão na cultura brasileira;

Metodologia do Trabalho Científico https://goo.gl/fehz9i https://goo.gl/4sc0x0

Capítulo III Teoria e Prática Científica Método Científico: Conjunto de procedimentos lógicos e técnicas operacionais; Diferencia a ciência do senso comum e das demais modalidades de expressão da subjetividade humana (filosofia, arte e religião); Permite acesso às relações causais constante entre os fenômenos (SEVERINO, 2007)

Observação dos fatos Casual ou espontânea Sistemática, planejada e organizada Hipótese Problematização dos fatos Relação causal como explicação Verificação experimental Teste da hipótese Isolamento e verificação do comportamento das variáveis Lei Teoria Vários fatos particulares se explicam mediante um único princípio Conjunto de concepções sistematicamente organizadas Enunciado de uma relação causal constante entre fenômenos e elementos Explica o conjunto de fatos cujos subconjuntos foram explicados pelas leis (SEVERINO, 2007)

Alguns fatos observados Fatos particulares Relação identificada se aplica a todos os fatos da mesma espécie Dedução de fatos menos gerais Princípio universal (SEVERINO, 2007)

Dedução Indução Observação dos fatos Casual ou espontânea Sistemática, planejada e organizada Hipótese Problematização dos fatos Relação causal como explicação Verificação experimental Teste da hipótese Isolamento e verificação do comportamento das variáveis Dedução Lei Teoria Vários fatos particulares se explicam mediante um único princípio Conjunto de concepções sistematicamente organizadas Enunciado de uma relação causal constante entre fenômenos e elementos Explica o conjunto de fatos cujos subconjuntos foram explicados pelas leis (SEVERINO, 2007)

Ciência Metodologia experimental - matemática (sem influência da subjetividade) - Técnica Recursos reais elaborados para sustentar a existência material Base para a indústria Revolução Industrial poder do homem em manipular a natureza Modernidade: ciência estância hegemônica de conhecimento, única modalidade do conhecimento válido Universal e verdadeiro Ciências Naturais (SEVERINO, 2007)

Ciência Humanas - o homem e suas manifestações deveriam ser tratados como fenômenos idênticos aos demais fenômenos naturais Naturalismo Homem como objeto, ser natural Determinismo Submisso a leis de regularidade Experimentalismo Acessível aos procedimentos de observação e de experimentação Física social Objeto: homem, indivíduo ou sociedade (SEVERINO, 2007)

Pressuposto ontológico Conceber o real com sendo a natureza modo de ser do mundo Pressuposto epistemológico Supor que só pode ter acesso a esse mundo pela abordagem experimental/matemática das manifestações dos fenômenos Concepção sobre a natureza do real e seu modo de a conhecer Pressupostos, que são sistematizados Paradigmas (SEVERINO, 2007)

Paradigmas Epistemológicos Pressuposto epistemológico: Forma pela qual é concebida a relação sujeito/objeto no processo de conhecimento; Construção do conhecimento: aplicação do pressuposto epistemológico; Coerência interna: recursos metodológicos e técnicos pertinentes e compatíveis com o paradigma que catalisa esse pressuposto Referencial Teórico-metodológico: Ciências Naturais positivismo paradigma epistemológico com os pressupostos das ciências naturais supera as limitações da subjetividade; Ciências Humanas pluralismo paradigmático há várias possibilidades de se conceber a relação sujeito/objeto, podendo ter várias formas de compreensão/explicação do modo de ser o homem. (SEVERINO, 2007)

Ciências Humanas Antiguidade e Idade Média: Metafísica: pela abstração (razão) é possível chegar à essência (características permanentes, identidade) das coisas Renascimento: Negação da possibilidade de acessar a essência das coisas, só podemos conhecer aquilo que pode ser mensurado, utilizando os recursos da matemática Modernidade: Ciências humanas assumem os pressupostos ontológicos e epistemológicos do Positivismo. Porém, começa-se a perceber que, no caso do estudo e conhecimento do homem, outros paradigmas podem ser utilizados (SEVERINO, 2007)

Ciências Humanas Modernidade tradição positivista: Funcionalismo Estruturalismo Contemporaneidade tradição subjetivista: Fenomenologia Hermenêutica Arqueogenealogia (SEVERINO, 2007)

Ciências Humanas Epistemologia Moderna Funcionalismo Origem: Spencer e Durkheim (sociologia) Consolidação: Bronislaw Malinowski (antropologia) (...) a sociedade humana e a cultura são como um organismo, cujas partes funcionam para atender às necessidades do conjunto. (SEVERINO, 2007, p. 113)

Ciências Humanas Epistemologia Moderna Estruturalismo Origem: Saussure (linguística) Referência: Claude Lévi-Strauss (...) todas as formas de vida social se organizam sob o modelo de sistemas estruturados, sempre de acordo com regras de ordenação e de transformação (SEVERINO, 2007, p. 113)

Ciências Humanas Epistemologia Contemporânea Fenomenologia Origem: Husserl (...) parte da preposição de que todo conhecimento fatual funda-se num conhecimento originário (ciências eidéticas) de natureza intuitiva, viabilizado pela condição intencional de nossa consciência subjetiva (SEVERINO, 2007, p. 114)

Ciências Humanas Epistemologia Contemporânea Hermenêutica Apoia-se nos subsídios epistemológicos fornecidos pela psicanálise, dialética e estruturalismo; Atividade central: análise da linguagem. (...) todo conhecimento é necessariamente uma interpretação que o sujeito faz a partir das expressões simbólicas das produções humanas, dos signos culturais. (...) pressupõe que toda a realidade da existência humana se manifesta expressa sob uma dimensão simbólica (SEVERINO, 2007, p. 115)

Ciências Humanas Epistemologia Contemporânea Arqueogenealogia Derivada da arqueologia e da genealogia (...) propõe substituir a economia da razão pela economia do desejo, ou seja, priorizar, inclusive na ordem do conhecimento, outras dimensões que não aquela da lógica racional. (...) resgatar outras dimensões da vivência humana. (...) o homem não se definiria mais como animal racional mas como uma verdadeira máquina desejante. (SEVERINO, 2007, p. 115-16)

Ciências Humanas Paradigma Dialético Reciprocidade sujeito/objeto: interação social que vai se formando ao longo do tempo histórico; O conhecimento não pode ser entendido isoladamente em relação à prática política dos homens não é apenas saber, mas também poder; Prioridade: Práxis humana; Ação social e histórica Finalidade: Transformação das condições de existência da sociedade humana (SEVERINO, 2007)

Ciências Humanas Paradigma Dialético Pressupostos Totalidade: o indivíduo não se explica isoladamente da sociedade Historicidade: cada momento é articulação de um processo histórico mais abrangente Complexidade: cada fenômeno é sempre resultante de múltiplas determinações que vão além da simples acumulação, além do mero ajustamento. Fluxo permanente de transformações (SEVERINO, 2007, p. 116)

Ciências Humanas Paradigma Dialético Pressupostos Dialeticidade: a história é sempre um processo complexo em que as partes estão articuladas entre si de formas diferenciadas da simples sucessão e acumulação. As mudanças da realidade humana ocorrem por uma lógica da contradição e não da identidade. A história se constitui por uma luta de contrários, movida por um permanente conflito. Praxidade: os acontecimentos estão articulados e se desenvolvem pela prática histórica e social. (SEVERINO, 2007, p. 116-17)

Ciências Humanas Paradigma Dialético Pressupostos Cientificidade: a explicação científica se da pela articulação das causas mediante um processo histórico-social, conduzido por uma dinâmica geral pela atuação de forças polares contraditórias, sempre em conflito. Concreticidade: prevalece a empiricidade real dos fenômenos humanos, donde decorre a precedência das abordagem econômico-políticas, pois o que está em pauta é a prática real dos homens, no espaço social e no tempo histórico, práxis coletiva. (SEVERINO, 2007, p. 117)

Referência SEVERINO, A. J. Teoria e prática científica. In:. Metodologia do trabalho científico. 23 ed. São Paulo: Cortez, 2007. cap. 3, p. 99-117.