UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA UFU INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA TÚLIO VIEIRA MACHADO

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA UFU INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA TÚLIO VIEIRA MACHADO DENSIDADE POPULACIONAL DE NEMATOIDE DE GALHAS EM DIFERENTES CLONES DE SERINGUEIRA UBERLÂNDIA MG Agosto de 2015

TÚLIO VIEIRA MACHADO DENSIDADE POPULACIONAL DE NEMATOIDE DE GALHAS EM DIFERENTES CLONES DE SERINGUEIRA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Agronomia, da Universidade Federal de Uberlândia, para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Lísias Coelho Uberlândia MG Agosto de 2015

TÚLIO VIEIRA MACHADO DENSIDADE POPULACIONAL DE NEMATOIDE DE GALHAS EM DIFERENTES CLONES DE SERINGUEIRA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Agronomia, da Universidade Federal de Uberlândia, para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo. Aprovado pela banca examinadora em: 17 de agosto de 2015. Eng. Agr. Ernane Miranda Lemes Membro da banca Eng. Agr. Luciana Nunes Gontijo Membro da banca Prof. Lísias Coelho, Ph.D. Orientador

RESUMO O cultivo da seringueira vem se tornando cada vez mais difundido no Brasil e a cada ano surgem novas áreas e novos investimentos no setor. Como resultado dessa expansão, novas áreas são abertas e aumentam as chances de disseminação de doenças, sejam elas causadas por fungos, bactérias ou nematóides. O nematoide das galhas, Meloidogyne exigua, parasita raízes de plantas danificando-as e levando à formação de galhas, podendo causar morte rápida em clones de seringueira. Por essa razão, este trabalho teve por objetivo identificar e quantificar os fitonematoides presentes em diferentes clones de Hevea brasiliensis em uma propriedade no município de Prata, MG. Esse levantamento foi realizado por meio de visitas ao local onde se constatou a presença de fitonematoides, realizando coletas de solo e raiz em 2013/14 e avaliando a presença e quantidade de fitonematoides. As amostragens de solo e raízes foram realizadas nas áreas com os clones IAC 300, IAC 301, PR 255 e RRIM 600, provenientes de Buritama, SP, e RRIM 600 proveniente de Goianésia, GO. O clone de RRIM 600 de Goianésia apresenta elevado número de galhas e nematóides, indicando que, provavelmente, este material veio contaminado do viveiro de origem. As demais apresentaram baixo nível de infestação no solo e na raiz, ou não foi constatada a presença de nematoide, sugerindo a disseminação do nematoide a partir do material de Goianésia.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...5 2 REVISÃO DE LITERATURA...7 3 MATERIAL E MÉTODOS...9 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...11 5 CONCLUSÕES...13 REFERÊNCIAS...14

5 1 INTRODUÇÃO A Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Muell. Arg. Ou, como é conhecida popularmente, seringueira ou seringueira real, pertence à família das euforbiáceas. É uma árvore com hábito de crescimento ereto, que chega a atingir até 30m de altura, e seu tronco pode variar entre 30 e 60 centímetros de diâmetro. É a maior fonte de borracha natural, possui um fluído, chamado látex, que é extraído dos vasos laticíferos, encontrados na casca das árvores. A extração é feita por meio de cortes sucessivos de finas fatias de casca, denominados sangria. O látex possui elasticidade, plasticidade, resistência a desgaste, propriedade isolante de eletricidade e impermeabilidade para líquidos e gases (GASPAROTTO; PEREIRA, 2012). A heveicultura, além de contribuir para a fixação de CO2, diminuindo problemas do efeito estufa, auxilia para uma melhor conservação do solo, melhora o ambiente, gera emprego e rendimentos em torno de 60%, e mantém a produção por muitos anos (GONÇALVES et al., 2001). O Brasil conta com uma área de 140.000 hectares de seringueira (Hevea brasiliensis L.), que são destinados à produção de látex e borracha natural. Dentre os estados brasileiros, São Paulo é o principal produtor de borracha natural com pouco mais de 50%, seguido por Mato Grosso, com produção em torno de 18%, e pela Bahia, com cerca de 12% do total produzido no país (IBGE, 2012). Apesar do aumento da área cultivada nos últimos anos para suprir a demanda por borracha natural no Brasil, as importações ainda são expressivas, especialmente do sudeste asiático. O estado de Minas Gerais, em especial nas regiões da Zona da Mata e do cerrado, no Triângulo Mineiro, possui características climáticas ideais para o cultivo de seringueira. Algo que chama muito a atenção é que o índice de produtividade média dos seringais implantados no estado, em torno de 1.694 kg ha -1 ano -1, é superior à produtividade dos países asiáticos (ALVARENGA; CARMO, 2008). A expansão da heveicultura para o sul e algumas áreas do sudeste do Brasil tem sido limitada por restrições climáticas, e por doenças foliares na região amazônica e costeira, onde a umidade relativa do ar é alta e não há um

6 período seco definido. Neste contexto, o cerrado apresenta grande potencial para o desenvolvimento da cultura; entretanto, novas doenças tem assumido um papel importante, tais como aquelas causadas por nematoides. Os objetivos deste trabalho foram identificar fitonematoides presentes em diferentes clones de Hevea brasiliensis em uma propriedade no município do Prata, MG, e quantificá-los nos respectivos clones.

7 2 REVISÃO DE LITERATURA Mais de 90% de toda a produção mundial de borracha é oriunda dos países Asiáticos, como, a Tailândia, Indonésia, Malásia, Índia, China, Vietnã e outros de menor expressão. O Brasil contribui com apenas 1% de toda a borracha produzida no mundo (CONAB, 2003). E esta porcentagem vem se mantendo constante com o decorrer do tempo. Estima-se que a área plantada com seringueiras no Brasil está em crescimento. Do ano de 2005 a 2014, a área plantada cresceu a uma taxa média de 13,5% ao ano, totalizando uma área estimada de aproximadamente 212 mil hectares a área com seringueira em 2014 (Figura 1) (TORRES, 2014). Figura1. Evolução da área plantada com seringueira no Brasil, em mil hectares. Fonte: Torres (2014). Os fitonematoides estão entre os mais sérios problemas da heveicultura, causando danos direta e indiretamente (SANTOS et al., 1992). Vários gêneros de nematoides já foram identificados em raízes de seringueira; no entanto, os nematoides dos gêneros Meloidogyne e Pratylenchus se encontram entre os de maior importância econômica. Dentre estes, a espécie que mais causa estragos no sistema radicular da seringueira é o nematoide das galhas, M. exigua Goeldi, 1887 (SANTOS et al., 1992). Meloidogyne exigua é prejudicial para a cultura em todo o seu ciclo de vida, desde a produção de mudas para enxertia, bem como em seringais em formação e naqueles já em produção. Como resultado da alimentação deste

8 fitonematoide, observam-se nitidamente danos severos ao sistema radicular, caracterizados por pequenas galhas arredondadas a ovaladas, com cerca de 5 mm de diâmetro, clorose generalizada da parte aérea, começando das folhas mais altas passando para as de baixo de maneira descendente e queda de folhas pela redução da absorção de água e nutrientes, levando a uma baixa produção de látex (SANTOS et al., 1992). Carneiro e Almeida (2000) encontraram por meio de análises enzimáticas, três raças de M. exigua, onde definiram que M. exigua raça 1 infecta as culturas de pimentão e café, M. exigua raça 2 infecta tomate, pimentão e café, e M. exigua raça 3 infecta somente clones de seringueira. Ainda não foram descobertos clones de seringueira resistentes a este patógeno. Fonseca e colaboradores (1999) avaliaram quatro clones de grande importância para a heveicultura no Brasil (PB235, RRIM600, GT1 e IAN873). Estes clones foram classificados como altamente susceptíveis ao M. exigua, indicando a dificuldade em conseguir materiais com alguma resistência. No estado de São Paulo, onde se concentra mais da metade dos seringais do país, a maior parte das plantações é com RRIM600 (GONÇALVES et al., 2001).

9 3 MATERIAL E MÉTODOS Foram feitas visitas à área onde foi constatada a presença de M. exigua, seguida por coletas de solo e raiz a uma profundidade de 0 a 20 centímetros. Essas amostras foram processadas no Laboratório de Nematologia da Universidade Federal de Uberlândia, utilizando as técnicas de flutuação centrífuga em solução de sacarose (JENKINS, 1964) e de do liquidificador doméstico (BONETTI; FERRAZ, 1981). Primeiramente, a amostra composta de solo foi homogeneizada, em seguida retirou-se uma alíquota de 150 cm³, colocando-a em um balde e adicionando em torno de 2 litros de água de torneira. A suspensão foi misturada até o completo destorroamento da amostra. Posteriormente, a suspensão foi vertida em peneiras de 20 e 400 mesh, sobrepostas, recolhendose o resíduo de solo e de nematoide na peneira de 400 mesh com o auxílio de uma piseta para um béquer. Em seguida, a suspensão homogeneizada do béquer foi distribuída para tubos de centrífuga e balanceados. Essa suspensão foi centrifugada por cinco minutos a 650 gravidades. Decorrido esse tempo, eliminou-se cuidadosamente o sobrenadante e limpou-se a parede interna do tubo de centrífuga. Procedeu-se à adição de uma solução de sacarose em cada um dos tubos, suspendendo os sedimentos. Centrifugou-se novamente à mesma velocidade por mais um minuto, vertendo-se o sobrenadante em uma peneira de 500 mesh. O excesso de solução de sacarose do resíduo da peneira foi retirado com água e, por fim, recolheu-se o resíduo da peneira, para um béquer, com auxílio da piseta. O volume da suspensão recolhida foi de aproximadamente 40 ml. Os nematoides foram quantificados em Câmara de Peters. A técnica do liquidificador doméstico consiste basicamente dos seguintes procedimentos: primeiro pesa-se o material vegetal a ser processado, fragmentando-o em pedaços menores para ser colocado no liquidificador, que é preenchido com água ou solução de hipoclorito de sódio a 0,5% de cloro ativo até cobrir todo o material. O liquidificador foi ligado por um período de 20 a 60 segundos. A suspensão obtida foi despejada em uma peneira de 200 mesh sobreposta a outra de 500 mesh, recolhendo-se o resíduo

10 desta peneira com o auxílio de uma piseta. Esse resíduo foi transferido para funis com papel filtro, para posterior leitura em microscópio.

11 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisando os clones IAC 300 e RRIM 600 provenientes de Buritama- SP, nota-se a ausência de nematoide nas raízes, porém, no solo já se observa um número pouco significativo, indicando que, provavelmente, a área já está infestada (Tabela 1). O solo coletado na área plantada com o clone IAC 301 não continha nematoides, mas nas raízes o número encontrado é bem expressivo. É possível que a ausência do patógeno no solo seja uma consequência da época de amostragem. Ainda assim, é seguro que o solo já está contaminado. Comparando os clones PR255 (Buritama) e RRIM600 (Goianésia), é nítida a diferença quanto a presença de nematoides, visto que no primeiro, a quantidade tanto no solo como nas raízes é zero, enquanto que no segundo é muito expressiva. Esta é uma indicação de que o solo onde foi implantado esse seringal estava isento desses nematoides. Tabela 1. Número de juvenis encontrados no solo e número de ovos por grama de raiz de quatro clones de seringueira, de duas procedências. Prata, MG, 2013. CLONE SOLO (nºj2 150 cm - ³solo) RAÍZ (nº de ovos g -1 ) IAC 300 29 Zero IAC 301 Zero 1.358 PR 255 Zero Zero RRIM 600 (Goianésia) 36 a 40 2.534 a 3.491 RRIM 600 (Buritama) 48 a 315 Zero Carneiro e Almeida (2000) e Fonseca et al. (1999) identificaram o clone RRIM600 como muito suscetível a M. exigua raça 3, que é patogênica unicamente em seringueira. Não foi feita a caracterização de raças no presente estudo, entretanto, por se tratar de M. exigua, supõe-se que se trata da raça 3. Além disto, nesta propriedade, a denominação dos clones é feita em função

12 dos epibiotos, enquanto os hipobiotos, que são os hospedeiros dos nematoides são desconhecidos. Estima-se que 80% da área cultivada com seringueira no Estado de São Paulo está ocupada com o clone RRIM 600 (GONÇALVES et al., 2001), o que torna necessária a adoção de métodos de controle para o manejo de doenças, a começar com a exclusão, que consiste em evitar a entrada do patógeno na área. O melhor método de controle de doenças em plantações arbóreas é por resistência genética; no entanto, não existe uma superplanta que tenha resistência genética suficiente para todas as doenças que podem incidir sobre a seringueira. Até então, o principal foco do melhoramento em seringueira foi o mal das folhas, causado por Microcyclus ulei. Faltam estudos sobre as doenças da seringueira, as quais são de natureza complexa. Segundo Fonseca et al. (1999), a reação de porta-enxertos contra a infecção do nematoide Meloidogyne javanica demonstrou que sementes do clone GT 1, RRIM 600, IAN 873 e PB 235 apresentaram resistência considerável a esse patógeno, mas os resultados com os clones RRIM 600, IAN 873 e PB 235 indicaram elevada suscetibilidade à M. exigua. Como a seringueira é uma planta alógama, conclusões sobre resistência, suscetibilidade ou mesmo tolerância de plantas oriundas de sementes de meios-irmãos a nematoides ou a qualquer outro patógeno requerem um aprofundamento na identificação da fonte da resistência, visando recomendar algum material genético para a finalidade de porta-enxerto.

13 5 CONCLUSÕES Estes resultados indicam que, provavelmente, as mudas de RIMM 600, de Goianésia, já vieram infectadas M. exigua do viveiro de origem. O trânsito de equipamentos e pessoas entre as áreas colaborou para disseminação e situação atual dos clones IAC 300, IAC 301, PR255 e RRIM 600, de Buritama, SP.

14 REFERÊNCIAS ALVARENGA, A.P.; CARMO, C.A.F.S. Seringueira. Viçosa: Epamig, 2008. 894 p. BONETTI, J.I.S.; FERRAZ, S. Modificações do método de Hussey & Barker para extração de ovos de Meloidogyne exigua em raízes de cafeeiro. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.6, p.553,1981. CARNEIRO, R.M.D.G.; ALMEIDA, M.R.A. Caracterização isoenzimática e variabilidade intraespecífica dos nematoides de galhas do cafeeiro no Brasil. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 1. Poços de Caldas, 2000. Anais, Brasília: Embrapa Café. 2000. p. 280-282. CONAB. 2003. Borracha natural situação e perspectivas. Disponível em: < http://www.conab.gov.br/conabweb/download/cas/especiais/borracha situac ao_atual_e_perspectivas 14112003 revisado.pdf. Acesso em: 18 Ago 2015. FONSECA, H.S.; JAEHN, A.; SILVA, M.F.A. Reação de porta-enxertos de seringueira a. Meloidogyne javanica e M. exigua. Nematologia Brasileira, Campinas, v. 23, n.2, p. 9-14. 1999. GASPAROTTO, L.; PEREIRA, J.C.R. Doenças da Seringueira no Brasil. 2 Ed. Brasília: EMBRAPA, 2012. 255 p. GONÇALVES, P.S.; BATAGLIA, O.C.; ORTOLANI, A.A.; FONSECA, F.S. Manual de heveicultura para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 2001. 78p. JENKINS, W.R. A rapid centrifugal flotation technique for extracting nematodes from soil. Plant Disease Reporter, Washington, DC, v.48, p.692. 1964. SANTOS, J.M.; MATTOS, C.; BARRÉ, C.M.L.; FERRAZ, S. Meloidogyne exigua, sério patógeno da seringueira nas plantações E. Michelin, em Rondonópolis, MT. Nematologia Brasileira, Campinas, v. 16, n. 1-2, p. 98-99. 1992. TORRES, A. 2014. Quedas nos preços do látex podem diminuir o ritmo de crescimento da produção de seringueira no país. Disponível em: < https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/39248/quedas-nos-precosdo-latex-podem-diminuir-o-ritmo-de-crescimento-da-producao-de-seringueirano-pais.htm >. Acesso em: 01 Ago 2015.