18 1ª LEI DA TERMODINÂMICA

Documentos relacionados
FÍSICA. Prof. RICARDO FAGUNDES PROMILITARES AFA/EFOMM/EN MÓDULO 18 SUMÁRIO

2/Mar/2016 Aula 4. 26/Fev/2016 Aula 3

Termodinâmica. Prof.: POMPEU

AULA 16 TERMODINÂMICA 1- INTRODUÇÃO

1) Trabalho de um gás (W) F A. Para F = cte: cos. F = cte. p = cte. Variação de Volume. Para p = cte.

Preencha a tabela a seguir, de acordo com as informações do texto.

DO GAS IDEAL. W = Fdx = P Adx = PdV. P a. Assim, se imaginarmos o gás expandindo-se de um volume V 1 até um volume V 2, o trabalho total realizado é:

Primeira Lei da Termodinâmica

Primeira Lei da Termodinâmica. Prof. Marco Simões

Conceitos primordiais da Termodinâmica

FÍSICA PROFº JAISON MATTEI

Unidade 11 - Termodinâmica

Física do Calor. Primeira Lei da Termodinâmica

UFABC - BC Prof. Germán Lugones. AULA 9 Teoria Cinética dos Gases III

Calor Específico Molar, Transformações Adiabáticas e Expansão Livre

Energia Interna 𝐸(= 𝐸𝑡𝑒𝑟𝑚) de gases ideais

Fís. Fís. Monitor: Guilherme Brigagão

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

3ª Aula do cap. 19 Primeira Lei da Termodinâmica

Termodinâmica. Lucy V. C. Assali

Neste modelo o gás é estudado de uma forma microscópica, onde a temperatura, a pressão e a. o resultado do movimento dos átomos e moléculas.

Primeira Lei da Termodinâmica

TERMODINÂMICA. Módulo 6 1ª Lei da Termodinâmica Módulo 7 2ª Lei da Termodinâmica

Física do Calor. Processos Termodinâmicos Quase Estáticos

Interbits SuperPro Web

Resoluções dos exercícios propostos

Física E Extensivo V. 4

Termo- estatística REVISÃO DE TERMODINÂMICA. Alguns conceitos importante que aparecem nesta lei:

O sistema A é posto em contato térmico com T até atingir o equilíbrio térmico.

Primeira Lei da Termodinâmica

ESTUDOS DOS GASES. * Um dos estados físicos da matéria, com mais energia.

UFABC Fenômenos Térmicos Prof. Germán Lugones. Aula 7: Capacidades caloríficas de gases ideais, processos adiabáticos, equipartição da energia.

Aula do Curso Noic de Física, feito pela parceria do Noic com o Além do Horizonte. Esta aula tratará de gases e termodinâmica:

LISTA 4: EXERCÍCIOS TRANSFORMAÇÕES TERMODINÂMICAS, MASSA MOLAR E EQUAÇÃO DE CLAPEYRON. PROF : José Lucas

Interpretação Molecular da Temperatura de um Gás Ideal

Trabalho em uma transformação

CAPITULO 2 A Primeira lei da termodinâmica

12,0 C J 4,0. 20 C, existe um resistor ôhmico, imerso na água, de resistência elétrica R 1, alimentado

O que será cobrado na P3

Questão 04) Questão 01)

Termodinâmica Calor Movimento

= 6, mol de moléculas de um gás possui aproximadamente 6, moléculas deste gás, ou seja, seiscentos e dois sextilhões de moléculas;

Aulas 17 a 19. Aula 20. Colégio Jesus Adolescente. atm.. atmosfera, a pressão por ele exercida nas paredes do

AULA 8 Teoria Cinética dos Gases II

4/Mar/2015 Aula 4 Processos termodinâmicos Capacidades caloríficas dos gases Energia interna de um gás ideal Capacidades caloríficas dos sólidos

Plano de Aulas. Física. Módulo 12 Gases e termodinâmica

Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA. Teoria Cinética do Gases

Termodinâmica. Lucy V. C. Assali

Estudo da Física. Fale com o Professor: Facebook: Raylander Borges

Física Experimental III. Compressão isotérmica de um gás ideal

TEMPERATURA, CALOR E A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

CALOR E PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA. Calor é a energia transferida de um corpo para outro em virtude, basicamente, de uma diferença de temperatura.

1 a Lei da Termodinâmica

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RN CAMPUS: CURSO: ALUNO: Lista de exercícios 20

Gases. Teoria cinética

Conceitos Básicos sobre gases

Física Teórica 3. 1 a prova - 2º período de /09/2018. =4186 J/(kg K) c gelo. = 10 3 kg/m 3 c água

GABARITO. Física E 09) E. = n o de avogadro N A. = 3 2 KT, em que K = R N A = 3. R. T 2. N A. E c. , em que RT = pv n. , em que n. N. = 3 2.

Primeira Lei da Termodinâmica

Física 3 aulas 17 e

Ciclo e máquinas térmicas

LISTA DE EXERCÍCIOS 3º ANO

UFABC - Fenômenos Térmicos - Prof. Germán Lugones. AULA 5 Calor, Trabalho e Primeira lei da termodinâmica

1. (Ufrgs) Sob condições de pressão constante, certa quantidade de calor Q, fornecida a um gás ideal monoatômico, eleva sua temperatura em T.

CURSO: ENGENHARIA CIVIL FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2º Período Prof.a: Érica Muniz UNIDADE 2. Propriedades Moleculares dos Gases

2 Temperatura Empírica, Princípio de Carnot e Temperatura Termodinâmica

Segunda Prova - Questões objetivas (0,7 pontos)

Duas ilustrações do teorema de Carnot

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem. 3ª série EM A/B Disciplina: Física

Física 20 Questões [Fácil]

FUNÇÕES DE ESTADO TERMODINÂMICAS: ENTALPIA E ENERGIA LIVRE Parte 2

Curso de Engenharia Civil

Física. Setor B. Índice-controle de Estudo. Prof.: Aula 17 (pág. 88) AD TM TC. Aula 18 (pág. 88) AD TM TC. Aula 19 (pág.

18/Mar/2016 Aula 9. 16/Mar/ Aula 8

C13_FIS_ITA_aluno 13/05/10 08:06 Página I

As leis da Termodinâmica

Introdução à Termodinâmica

Lista de Exercícios 9 Teoria cinética dos gases, Primeira e Segunda leis da Termodinâmica

Capítulo 3: Propriedades de uma Substância Pura

Física II. 2º Semestre de Instituto de Física - Universidade de São Paulo. Professor: Valdir Guimarães

Mas, o trabalho realizado é igual à diferença entre as quantidades de calor recebido pela fonte quente e cedido para a fonte fria:

Universidade de São Paulo Instituto de Física

Aluno (a): nº: Professor: Fernanda Tonetto Surmas Data: / /2015 Turma: ORIENTAÇÕES DE ESTUDO REC 2º TRI

Aula 9: Entropia e a Segunda Lei da Termodinâmica

Termodinâmica A Primeira Lei da Termodinâmica

Primeira Lei da Termodinâmica Trabalho, Calor e Energia Entalpia

FÍSICA MÓDULO 19 ENTROPIA. Professor Ricardo Fagundes

Física Geral e Experimental III 1ª prova 25/04/2014 A

Aulas Multimídias Santa Cecília Profº Rafael Rodrigues Disciplina: Física Série: 1º Ano EM

MATRÍCULA: PROF. : NOTA:

1ª Lei da Termodinâmica.

2 bt2 20 o C. O calor trocado pelo sistema é, fazendo a = 5,4 cal/g.k, b = 0,0024 cal/g.k 2, c = 0, cal.k/g, dt, T 2. = 230,2kcal.

Resolução da 1ª Prova de Física II Unificada do Período UFRJ. Assuntos: Termodinâmica, Hidrodinâmica e Hidrostática.

PNV-2321 Termodinâmica e Transferência de Calor. 1ª. Lei da Termodinâmica. 1. A Equivalência entre Trabalho e Calor

Aula 6 Transferências de energia

Introdução à Termodinâmica

A) 2,5 B) 4 C) 5 D) 7,5 E) 10

O peso do carrinho vale: P = m g = 1,0 10 (N) P = 10 N a) No ponto A, o esquema das forças que agem no carrinho está dado abaixo:

Fenômenos Térmicos : segundo conjunto de problemas. Velocidade quadrática média, livre caminho médio, distribuição de velocidades.

c) qual o lado do cubo que ele teria que ocupar com essas bolinhas, de modo a representar 1cm 3 de gás? A) 1km B) 10km C) 100km D) 1000km E) 10000km

Transcrição:

FÍSICA Professor Ricardo Fagundes MÓDULO 18 1ª LEI DA TERMODINÂMICA

1ª LEI DA TERMODINÂMICA Energia interna (U): a energia interna de um gás é a soma das energias cinéticas das partículas que o compõe (como estudaremos apenas gases ideais, a energia potencial de suas partículas é zero). U 1 2 i m v i 2 i Considerando m a massa total do gás e v a velocidade média de suas moléculas, podemos dizer que: U 1 mv 2 2

1ª LEI DA TERMODINÂMICA Quando um gás ideal sofre alguma transformação (como as que estudamos, ex.: um compressão adiabática), poderá sofrer uma variação de temperatura. Quando as moléculas sofrem alteração de temperatura, sofrerem também variação de energia cinética (basta lembrarmos que quanto maior a temperatura, maior será o grau de agitação molecular), alterando a sua energia interna. A troca de calor de um sistema com suas vizinhanças bem como a realização de um trabalho sobre suas vizinhanças nos dirá qual será a variação de energia interna do gás. Essa é a 1ª lei: U = Q

Importante nos atentarmos aos sinais das grandezas acima: Variação de Energia interna (ΔU) Calor (Q) Trabalho () T > 0 U > 0 Calor recebido pelo gás => Q > 0 Trabalho realizado pelo gás => gás se expande V > 0 > 0 T < 0 U < 0 Calor cedido pelo gás => Q < 0 Trabalho realizado sobre o gás => gás se comprime V < 0 < 0 T = 0 (isotérmica) U = 0 Adiabático => Q = 0 Isovolumétrico => = 0 Unidade: Joule (J) Unidade: Joule (J) Unidade: Joule (J)

Podemos relacionar a energia interna de um gás com o grau de liberdade (N) de suas moléculas. Veja a tabela abaixo: Gás monoatômico (ex.: He) Gás diatômico (ex.: O 2 ) Gás poliatômico (ex.: CO 2 ) N = 3 N = 5 N = 6 U 3 nrt 2 U 5 nrt U 3nRT 2

CICLOS TERMODINÂMICOS Os gráficos acima representam algumas das transformações que um gás pode sofrer. Como não existe início, meio e fim, podemos ver que são transformações cíclicas. Obs.: O trabalho é uma grandeza escalar, que, em campos conservativos (campo elétrico, gravitacional), mede a variação de energia cinética de um corpo. No curso de física I veremos com mais detalhes essa grandeza. Por hora, basta sabermos a relação matemática abaixo: τ F. S

Um corpo, ao sofrer a ação de uma força F ao longo de um deslocamento ΔS, pode ganhar (τ > 0) ou dissipar (τ > 0) energia. Se a pressão (p) exercida pelo/sobre o gás for constante, podemos fazer a seguinte substituição: p = F/A Então: τ p A. S Vamos imaginar uma seringa de área da secção transversal A, contendo certo gás no seu interior. Supondo que o êmbolo sofra um deslocamento S, podemos dizer que a variação de volume do gás foi: V = A. S Considerando que o gás sofreu uma transformação isobárica, podemos afirmar que: = p.v

Mas, e se o gás sofrer uma transformação cuja pressão sofra variações? Nesses casos, podemos ver que, para infinitésimas variações de volume, a pressão muda muito pouco. Se tomarmos o limite onde ΔV 0: lim p V pdv dτ V0 Somando cada pequeníssimo trabalho ao longo de uma transformação, teremos o trabalho total realizado/sofrido pelo gás: B τ pdv dv AB V A A B nrt

É muito comum um ciclo termodinâmico ser representado através de gráficos p x V. Note que, somando cada pdv, estamos fazendo a área do gráfico. Então, a área de um gráfico p x V é numericamente igual ao trabalho realizado/sofrido pelo gás ao longo de um ciclo. Obs.: Se as transformações ao longo do ciclo estiverem no sentido horário, o trabalho será positivo. Se o ciclo estiver no sentido anti-horário, será negativo. Obs 2.: Se o gás sofrer uma transformação isotérmica, podemos calcular com facilidade a equação acima: B nrt τ dv nrtlnv / V V AB B A A

EXEMPLO: (AFA-2011) O diagrama abaixo representa um ciclo realizado por um sistema termodinâmico constituído por n mols de um gás ideal. Sabendo-se que em cada segundo o sistema realiza 40 ciclos iguais a este, é correto afirmar que a(o) a) potência desse sistema é de 1600 W. b) trabalho realizado em cada ciclo é - 40 J. c) quantidade de calor trocada pelo gás com o ambiente em cada ciclo é nula. d) temperatura do gás é menor no ponto C.

RESOLUÇÃO: A frequência de operação é 40 ciclos/s, ou seja, 40 Hz. Notemos ainda que, no eixo das abscissas o volume está em litro. (1 L = 10 3 m 3 ). Calculando o trabalho (W ciclo ) em cada ciclo. Como se trata de um ciclo no sentido horário, o trabalho realizado é positivo, sendo numericamente igual á área interna do ciclo. W ciclo = Área = (0,6 0,2) (2 1) 10 5 10 3 W ciclo = 40 J. O trabalho total (W) em 40 ciclos é: Calculando a potência do sistema: W = 40 (40) = 1.600 J. W 1.600 J P P 1.600 W. t 1 s

CAPACIDADES TÉRMICAS MOLARES DE UM GÁS IDEAL: Vamos lembrar que: Q = mc T Podemos substituir a massa do gás pela expressão abaixo: m = n. mm Onde n é o número de mols do gás e mm a sua massa molar. Sendo assim, podemos definir o produto da massa molar com o calor específico do gás como a capacidade térmica molar (C) do gás. Então: Q = nc T Essa capacidade térmica molar varia dependendo da transformação, mas existe uma relação matemática entre a capacidade a quando o gás sofre uma transformação isobárica (C p ) e a capacidade quando a transformação é isocórica (C V ), que veremos logo abaixo: Calor transferido a pressão constante dq = nc p dt du = nc p dt pdv Calor transferido a volume constante dq = nc V dt du = nc V dt

Vamos levar o gás de um ponto A até um ponto B por dois caminhos diferentes: uma curva isobárica e por uma isocórica. Como a energia é uma função de estado, não depende do caminho, ou seja, a variação de energia será a mesma nos dois casos, então: nc dt pdv nc dtnc dt nrdt nc dt p V p V C C R p V Conhecida como relação ou fórmula de Mayer.

Vamos explorar um pouco mais sobre uma transformação adiabática: Nesse caso, temos que: e também: du = pdv, já que dq = 0 du = nc V dt Nesse caso, o gás sofre variações de volume e pressão ao longo de toda a transformação. Como U = U(p,V): pdv + Vdp = nrdt Com um pouco de cálculo temos a relação abaixo: onde C p C γ V PV = P 0 V 0 conhecido como coeficiente de Poisson.

Para gases ideais monoatômicos, tem-se γ = 5 3. Para diatômicos, γ = 7 5 = 1,4. Esses valores são aproximados. Tem exercícios que podem considerar = 1,6 ou 1,7 para gases monoatômicos, por exemplo. Poderíamos calcular o trabalho do gás em uma expansão adiabática, por exemplo. Com um pouco de cálculo chegaríamos a: τ AB P V 0 0 PV γ1