Economia: Noções Introdutórias

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Transcrição:

Universidade Federal de Santa Catarina From the SelectedWorks of Sergio Da Silva 2000 Economia: Noções Introdutórias Sergio Da Silva Available at: https://works.bepress.com/sergiodasilva/52/

Economia: Noções Introdutórias Sergio Da Silva Departamento de Economia Universidade Federal de Santa Catarina Escassez Bens Econômicos Para sobreviver, qualquer comunidade precisa de bens econômicos que satisfaçam as suas necessidades e desejos. Os bens econômicos podem ser materiais (como mercadorias) ou imateriais (como prestações de serviço). Bens materiais possuem características físicas; bens imateriais são de natureza abstrata. Utilidade Todo bem possui utilidade porque pode satisfazer a necessidades e desejos. As necessidades humanas podem até ser limitadas. Uma alimentação básica pode ser suficiente para satisfazer a necessidade biológica de qualquer um, embora culturalmente as pessoas desejem uma alimentação requintada. Elas também consomem em resposta à moda ou à publicidade, e não apenas às suas necessidades biológicas. Desejo Infinito, Bens Finitos Mesmo que as necessidades sejam limitadas, os desejos são ilimitados e, portanto, não podem ser plenamente satisfeitos.

Não há uma quantidade infinita de cada bem desejado. Os desejos são infinitos e os bens para satisfazê-los, finitos. Há escassez porque os bens desejados são úteis, porém limitados em quantidade. A escassez faz surgir os problemas econômicos. Existem problemas econômicos porque não se pode obter uma quantidade ilimitada de cada bem para satisfazer a desejos ilimitados. Produção Se os bens não estiverem disponíveis na natureza, será necessário produzi-los. A produção é a transformação intencional de alguns bens econômicos em outros. O resultado dessa transformação é o produto. Os bens que se transformam durante a produção são os fatores de produção (ou insumos). Estes podem ser a mão-de-obra, a terra e o capital. Como os fatores de produção são limitados, a produção também é limitada. Valor O que determina o valor dos bens? Os bens possuem valor se forem escassos, ou seja, se forem úteis e limitados em quantidade. Valor-Trabalho Os economistas clássicos britânicos Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823) achavam que a origem do valor estava no trabalho, ou seja, um bem vale o custo do esforço físico envolvido na sua obtenção. O caçador que perseguiu e capturou um coelho ao final de duas horas de trabalho, se for trocá-lo, irá querer um peixe que também demorou duas horas para ser pescado. A teoria do valor-trabalho estabelece que todos os bens que valem, e que por isso são trocados, incorporam trabalho. Apenas o trabalho constitui a riqueza.

Mais-Valia Usando a teoria do valor-trabalho, Karl Marx (1818-1883) argumentou que a acumulação de riqueza ocorre por causa da exploração dos que trabalham. Ele propôs o conceito de mais-valia. Alguém resolve lavar pratos em um restaurante e combina com o proprietário que durante oito horas lavará quinhentos pratos em troca de $10. Tanto para o trabalhador como para o dono do restaurante, o pagamento de $10 compensa o esforço de oito horas de trabalho. Se o dono do restaurante comprar uma lava-louça eletrônica, o empregado será capaz de lavar os quinhentos pratos em apenas seis horas. O trabalhador irá agora trabalhar apenas seis horas ou receber mais pelos pratos lavados nas duas horas excedentes? Possivelmente nenhuma das duas situações: nem o trabalhador deixará o local de trabalho nem o patrão irá pagar mais. O número de pratos lavados na sétima e oitava horas mede a mais-valia: o valor a mais de trabalho não pago ao trabalhador que é apropriado indevidamente pelo empregador. Este é um exemplo de mais-valia relativa. A mais-valia absoluta ocorreria se o dono do restaurante fosse capaz de obrigar o empregado a fazer hora extra sem remunerá-lo. O economista moderno argumentaria que o capital (no exemplo, a lava-louça) também aumenta a produtividade. Marx, porém, achava que apenas o trabalho gera valor. Valor-Utilidade Economistas clássicos franceses como Jean-Baptiste Say (1767-1832) achavam que a utilidade seria a origem o valor. O pescador que não come carne não vai trocar peixe

por coelho, mesmo que o coelho incorpore as mesmas horas de trabalho. O valor dependeria apenas da utilidade subjetiva proporcionada pelo bem a determinada pessoa. Esta é a teoria do valor-utilidade. Utilidade marginal A teoria do valor gerado pela escassez combina as duas abordagens clássicas. Os bens possuem valor se forem úteis (como na abordagem francesa) e limitados em quantidade (como na abordagem britânica). A utilidade é condição necessária, mas não suficiente, para um bem possuir valor. Já o trabalho possui valor porque é, ele próprio, simultaneamente útil e limitado em quantidade. A teoria da escassez também pode ser interpretada como utilidade marginal. Alguém desfruta de certa satisfação ao tomar um sorvete. Talvez ainda aumente a sua utilidade ao tomar um segundo sorvete. É possível que um terceiro sorvete a sacie e, um quarto, lhe cause mal-estar. A pessoa pode até ficar doente se tomar cinco sorvetes. Mais e mais unidades de sorvete não trazem uma satisfação sempre crescente. A pessoa racional vai pensar "na margem", ou seja, em cada unidade de sorvete a mais. Há um limite máximo em determinada quantidade e a sua satisfação vai depender dessa quantidade ótima. A utilidade inicialmente aumenta, atinge um máximo e depois declina. É a lei da utilidade marginal decrescente: a utilidade marginal do bem diminui com o aumento do seu consumo.

Definição de Economia Problemas Econômicos Fundamentais A escassez gera problemas econômicos semelhantes em toda parte. A forma de enfrentá-la, porém, varia dependendo da organização da atividade econômica adotada. Qualquer que seja a organização da produção, três problemas fundamentais precisam ser resolvidos: - o que, quanto e quando produzir; - como produzir, ou seja, com que recursos e com qual tecnologia; - para quem produzir, ou seja, como devem ser repartidos os bens entre os indivíduos que participam da produção. A Ciência da Economia Economia é a ciência que se preocupa em alocar recursos escassos, orientando a escolha do que, como e para quem produzir com teorias e informação. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria necessidade de uma ciência da economia: todas as necessidades seriam satisfeitas por bens gratuitos. Teorias e Modelos Teorias são generalizações feitas a partir da experiência e da observação. As teorias se utilizam de modelos que as simplificam. Os modelos empregam hipóteses e regras lógicas de inferência para explicar os fenômenos. Modelos simplificam fatos para isolar as possíveis causas de um fenômeno. Apesar de não descreverem o mundo, eles são a melhor forma de entendê-lo.

Como toda ciência, a economia se utiliza de teorias e modelos para abordar o seu objeto de estudo: a escassez. Já que a escassez se manifesta de várias formas, a economia não trata apenas dos problemas da escolha dos consumidores e das empresas, do desemprego ou da inflação. Ela se propõe a tratar de qualquer fenômeno social em que a escassez esteja presente. Sistemas de Organização Econômica A produção de bens pode ser organizada de formas alternativas. Os casos extremos são a direção centralizada e a completamente descentralizada. Na economia de decisão centralizada, o governo toma todas as decisões sobre a produção e a distribuição dos bens. Isso não ocorre na economia de decisão descentralizada ou de mercado, onde as próprias pessoas procuram resolver os problemas econômicos fundamentais (o que, como e para quem produzir) de acordo com o seu auto-interesse. Os Problemas Econômicos na Economia de Mercado Para determinar o que produzir, algumas pessoas se reúnem em empresas para gerar bens que lhes proporcionem lucro. Para resolver como produzir, as empresas empregam técnicas de produção de menor custo. A decisão de para quem se destina a produção é tomada implicitamente pelos donos de propriedade e de trabalho quando decidem como gastar seus lucros e salários. Ao contrário da economia centralizada, na economia de mercado não há ordens: a produção e o consumo de bens são voluntários. Como decisões econômicas tomadas de forma descentralizada funcionam? Pelo sistema de preços.

Sistema de Preços Como os bens que desejamos vão estar disponíveis em supermercados e lojas sem que o governo dê nenhuma ordem? O seu lápis é feito de madeira extraída de alguma árvore. Para cortar a árvore e levar o tronco até a serraria são necessários serras, caminhões, cordas e outros equipamentos. Diversas pessoas com habilidades específicas trabalham na fabricação desses insumos, em troca de salário. Outras pessoas trabalham na fabricação do próprio lápis, também em troca de salário. Essas pessoas não necessariamente sabem que estão contribuindo para produzir o lápis. Elas apenas trocam sua mão-de-obra por bens que desejam em cada etapa da produção. Não trabalham pensando em produzir o lápis. Como explicou Adam Smith, se a troca entre duas partes for voluntária, ela somente ocorrerá se ambas as partes acreditarem que irão se beneficiar com ela. O sistema de preços se encarrega de coordenar essas decisões descentralizadas baseadas no auto-interesse. É assim que o lápis é produzido sem que seja necessária nenhuma ordem vinda de um escritório do governo. Informação e Incentivos O sistema de preços é capaz de resolver os problemas fundamentais: o que, como e para quem produzir. Os preços dos bens transmitem informação e, assim, o que produzir fica determinado. Os preços também carregam incentivos e o problema de como produzir pode ser resolvido. O resultado trará uma determinada distribuição da produção entre as pessoas que contribuem para ela: o problema de para quem produzir é assim solucionado. Você e seus colegas resolvem comprar outro lápis e a papelaria passa a vender mais. Se os estoques esgotarem na sua vez, você estará disposto a pagar mais para adquirir seu lápis extra. Este acréscimo do preço traz um incentivo

para que o dono da papelaria pague mais ao produtor que, por sua vez, paga mais aos fornecedores de insumos. O aumento do preço transmite a informação de que as compras de lápis aumentaram. Os que recebem essa informação passam-na adiante; cada pessoa possui incentivos para procurar outra, na etapa de produção subseqüente, que pode estar interessada na informação. Economia Positiva versus Economia Normativa A economia positiva procura descrever a economia como ela é. Ela é descritiva e o economista se comporta como cientista. Já a economia normativa contém afirmações sobre como a economia deveria ser. Ela é prescritiva e o economista se comporta como político. Exemplo: duas economistas, Maria e Ana estão discutindo. Maria: Leis que obrigam o pagamento de salário mínimo podem causar desemprego. (Esta é uma afirmação de economia positiva.) Ana: Que nada, o governo deveria até aumentar o salário mínimo. (Esta é uma afirmação de economia normativa.) Checamos a validade de afirmações de economia positiva e de economia normativa de forma diferente. Na economia positiva, as afirmações podem ser confirmadas ou não pela evidência empírica. Você pode, por exemplo, testar a validade da afirmação de Maria analisando dados de alteração de salário mínimo e

alterações do desemprego ao longo do tempo. Neste caso, você estaria se comportando como cientista e recorrendo à economia positiva. Na economia normativa não podemos checar a validade das afirmações recorrendo apenas aos dados. Concordar ou não com Ana não é meramente uma questão de ciência: opiniões políticas também estão envolvidas. Contudo, afirmações de economia positiva e normativa estão relacionadas: a sua visão de como a economia funciona (economia positiva) influencia a sua visão acerca de quais políticas econômicas são desejáveis (economia normativa). Se Maria estiver convencida, por argumentos de economia positiva e pela evidência empírica, de que o salário mínimo pode causar desemprego, ela irá rejeitar a afirmação normativa de Ana de que o governo deveria aumentar o salário mínimo. Porém, conclusões de economia normativa não necessariamente seguem somente de afirmações de economia positiva: julgamentos de valor também interferem. A maior parte do seu curso de economia procura explicar como a economia funciona (economia positiva), mas isso tendo em mente que o objetivo é: melhorar o funcionamento da economia. copyright 2000 Sergio Da Silva. All rights reserved.