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Transcrição:

Edição 07 - Dezembro de 2014 Mercosul debate relacionamento com Tunísia, Líbano, União Aduaneira Euroasiática e América Central (SICA) Na próxima semana, o Mercosul realizará as últimas reuniões sob a presidência pro tempore argentina. O Brasil assumirá a presidência do bloco no próximo semestre. A reunião do Grupo Mercado Comum (GMC) ocorreu nos dias 14 e 15 de dezembro, na cidade de Paraná, na Argentina. O relacionamento externo do Mercosul, um dos temas de maior interesse do agronegócio brasileiro, está na pauta. Foram discutidas negociações extrarregionais com Tunísia, Líbano, União Aduaneira Euroasiática e América Central (SICA). Entre estes, cabe ressaltar a importância do Memorando de Cooperação Econômica e Comercial entre o Mercosul e a União Aduaneira Euroasiática, que foi discutido na ocasião. O objetivo deste memorando é reforçar a cooperação nas áreas de comércio e assuntos econômicos, contemplando questões como administração aduaneira, SPS e estatísticas de comércio. Apesar de o memorando não incluir acesso preferencial ao mercado euroasiático para produtos do Mercosul, a CNA apoia a iniciativa, considerando a relevância do mercado russo para os produtos do agronegócio brasileiro. Além disso, também foram discutidas as renovações das alíquotas na Lista de Exceção à Tarifa Externa Comum (LETEC) para lácteos e pêssego em calda. Lácteos Em 2012, a CNA conseguiu a elevação temporária da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul para 11 produtos lácteos, com alíquota de 28%, até 31 de dezembro de 2014, uma vez que a TEC destes produtos varia de 14% a 16%. Na 105ª reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), realizada em 18 de setembro deste ano, foi aceita a solicitação de prorrogação da TEC por mais dois anos para estes produtos. O comércio internacional de lácteos é extremamente distorcido e o leite está no topo do ranking dos produtos agropecuários mais subsidiados do mundo. O histórico do setor lácteo brasileiro foi marcado por importações que ocorrem em grande parte, de maneira desleal, impactando na redução dos preços aos produtores e desestimulando a produção nacional. Evidências deste fato são as medidas antidumping aplicadas em 2001 sobre as importações de leite em pó oriundas da Nova Zelândia e da União Europeia. Estas medidas vigoram até hoje. Desde 1995, alguns produtos lácteos encontram-se na LETEC do Mercosul, com valor significativamente inferior ao dos países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nos países membros destas organizações, produtos lácteos possuem alíquotas superiores a 80% e 116%, respectivamente. Pêssego em calda A reunião da Camex de julho de 2014 alterou a LETEC, reduzindo a alíquota de importação do pêssego em calda de 55% para 35%. O Brasil solicitou a reinclusão do produto na sua lista, com alíquota de 55%.

COP-20 será o termômetro para o novo acordo sobre clima Lima, a capital do Peru, tornou-se o destino da diplomacia mundial neste final de ano. No período de 1º a 12 de dezembro, representantes de 190 países reuniram-se às margens do Pacífico para discutir assuntos da agenda internacional de desenvolvimento sustentável na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-20). Lima tornou-se o principal termômetro das negociações que podem definir as bases do novo acordo mundial sobre mudanças climáticas. Com acordo prévio na capital peruana, a expectativa é que os diplomatas cheguem a um consenso na COP-21, no ano que vem, em Paris. Os compromissos anunciados em 2015 deverão começar a valer a partir de 2020 e a tarefa dos diplomatas não é simples. Os negociadores correm contra o tempo definido pelos cientistas do IPPC, o painel técnico das Nações Unidas sobre clima. A meta é manter o aumento da temperatura do planeta em 2 graus Celsius até o final de 2100. Para isso, os países terão de reduzir, de 40% a 70%, a quantidade de gases-estufas até 2050. Até a virada do século, as emissões destes poluentes devem ser zeradas. Se as negociações não saírem do papel, catástrofes naturais como furacões e tornados poderão ser consequências mais frequentes no dia a dia das próximas gerações. Os efeitos do aumento do nível do mar também poderão mudar o cotidiano dos habitantes dos chamados estados-ilha. Em Lima, três temas foram objeto das principais divergências entre países desenvolvidos e as economias emergentes. O primeiro deles foi definir a responsabilidade histórica pelas emissões dos gases. A tese é de que os principais poluidores paguem uma conta maior. Outra dificuldade era definir a metodologia para fixar as metas anuais de redução de poluentes de cada país. No jargão diplomático, estas são as chamadas Contribuições Intencionais Determinadas (INDCs). A posição dos Estados Unidos e da União Europeia era de apenas quantificar a redução dos gases a partir de 2020. Já os países em desenvolvimento queriam também incluir as metas nacionais para adaptação às mudanças climáticas. Os negociadores brasileiros apresentaram proposta para trazer os dois lados a um denominador comum. O terceiro tema que dividia os negociadores era o das ações que deverão ser adotadas para se atingir as metas. Isto por que, na prática, as decisões sobre este assunto poderão afetar o modelo de desenvolvimento dos países. No dia 9 de dezembro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, discursou para os negociadores da COP-20. Ele pediu pressa aos países na definição das questões sobre mudanças climáticas. Temos que agir já, disse o dirigente durante a abertura do Segmento de Alto Nível da Conferência do Clima da ONU. A Comissão de Meio Ambiente da CNA levou os interesses dos produtores rurais brasileiros para os negociadores em Lima. O Brasil está adiantado no cumprimento do seu dever de casa e, até agora, é o único país que cumpriu as metas de redução de gases-estufa provenientes do desmatamento. O compromisso foi anunciado pelos brasileiros de forma voluntária na Convenção do Clima de Copenhague, em 2009. Desde então, as emissões caíram mais de 40%. No entanto, as contribuições do Brasil não se restringem a estes compromissos voluntários. O Código Florestal brasileiro é a legislação ambiental mais restritiva do mundo. Na prática, produção agropecuária e preservação ambiental caminham lado a lado no país. Além de respeitarem a biodiversidade local, os produtores brasileiros mantêm área coberta por vegetação natural em todas as propriedades. É o que o Código Florestal denomina de área de preservação permanente e reserva legal. Estes não são os únicos exemplos que vêm tanto dos produtores rurais quanto do governo brasileiro. O Programa ABC, por exemplo, incentiva a recuperação de pastagens degradadas, o plantio direto na palha, a fixação biológica do nitrogênio nas lavouras e a integração entre lavoura, pecuária e florestas. Estas ações reduzem significativamente as emissões de carbono pelas atividades do campo. 2

Perspectivas para a agricultura no plano de trabalho pós-bali Após as definições na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a expectativa de retomada da elaboração do plano de trabalho pós-bali, é preciso analisar quais as principais questões que precisam estar na agenda das negociações agrícolas neste novo momento. Como contribuição para o debate, a Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) lançou recentemente uma série de estudos que avaliam o cenário pós-bali e os impactos para o comércio agrícola global. O foco principal para o agronegócio são os impactos das políticas comerciais e agrícolas dos países no mercado internacional. Para a OCDE, o cenário atual é bastante diferente em relação a 2008, quando as negociações foram interrompidas. Apesar de trabalhar com um cenário de altos preços das commodities, tendência que mudou em 2014 e tende a mudar ainda mais em 2015, a Organização reconheceu que os mercados sofrerão com a alta volatilidade nos próximos anos. Desta forma, muito embora tenha sido apresentada uma queda dos subsídios que causam maiores distorções ao comércio nos países da OCDE, as suas políticas de apoio precisam ser monitoradas em um cenário de instabilidade de preços. Este monitoramento é necessário principalmente porque na lei agrícola norte-americana de 2014 estão previstos altos valores para subsídios à produção, mesmo que em forma de seguros e garantias de crédito. Por outro lado, foram identificados aumentos nos níveis de subsídios dos países emergentes, como Índia e China, além de elementos na estrutura das suas políticas de apoio doméstico com maiores graus de distorção, o que pode gerar impactos importantes ao comércio global. A OCDE também analisou a formação de estoques públicos, dando ênfase aos estoques reguladores e ao que eles chamam de esquemas de estoques de rede de segurança social, os quais têm fins de segurança alimentar. A questão dos estoques para segurança alimentar exige atenção porque não há transparência na separação entre as políticas governamentais de estoque e outras políticas domésticas. Políticas essas que são adicionadas às políticas de administração de preços, instrumentos de política comercial e monopólios de importação e exportação. Dessa maneira, para a OCDE, não há como medir de forma precisa o impacto destes estoques, principalmente no nível internacional. Mesmo com essa dificuldade de mensuração do impacto, subsídios à formação de estoques públicos têm o potencial de criar efeitos não desejáveis no mercado internacional. Caso haja o vazamento para o mercado internacional dos produtos deste estoque com subsídio, os preços internacionais podem cair e prejudicar os demais países exportadores. É por isso que o agronegócio brasileiro preocupa-se com a cláusula da paz, acordada recentemente no âmbito da OMC. Mediante a sua adoção, países em desenvolvimento não podem ser questionados sobre o uso de subsídios declarados para formação de estoques para fins de segurança alimentar, até que a Organização encontre uma solução definitiva para a questão. Neste contexto, tendo em vista os potenciais impactos nacionais e internacionais dos programas de estoques públicos para fins de segurança alimentar, a principal atividade do agronegócio em 2015 será o monitoramento constante das políticas que os regulam. A partir deste controle, o objetivo será antecipar da forma mais eficiente possível os danos que podem ser causados no comércio agrícola mundial. O diretor-geral da OMC, Roberto Azêvedo, encerrou seu discurso na última reunião do Conselho Geral de 2014 enfatizando que 2015 será um grande ano para a OMC. Vamos esperar que as suas palavras se concretizem. Japão cria Centro de Consulta para agilizar processo de aprovação do uso de aditivos alimentares Em junho de 2014, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar do Japão estabeleceu o Centro de Consulta para Designação de Aditivos Alimentares (FADCC) para ajudar as empresas com as solicitações para o uso de aditivos alimentares no país. Atualmente, o Japão exige que todos os pedidos de aditivos alimentares seja nova designação ou expansão para o uso em alimentos específicos passem por uma revisão regulamentar que pode durar vários anos. O governo japonês espera que o FADCC ajude as empresas principalmente aquelas que têm pouca experiência com o processo de revisão do país na elaboração de pedidos mais detalhados e completos. O Centro já está em funcionamento e aceitando pedidos de consultas de potenciais candidatos. Para mais informações, consulte: http://www.nihs.go.jp/dfa/fadcc_e_aboutus.html 3

Agronegócio é vital para a balança Só os sete produtos mais exportados do agronegócio respondem por 28% do faturamento total das exportações do Brasil. É o que revelam os dados de comércio exterior publicados pelo Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC). Esta participação é a prova da competitividade e pujança do setor em nível mundial. Em meio às dificuldades econômicas que afetam o país, o agronegócio demonstra grande desenvoltura para se sobressair, ampliando o acesso a promissores mercados para os seus produtos. Principais exportações (janeiro a novembro de 2014) comercial do Brasil Valor US$ bilhão A participação do agronegócio nas exportações do país aumentou de 36,2%, em 2008, para 43,3% este ano. Com as exportações crescendo a um nível mais acelerado que as importações, o saldo positivo da balança comercial do setor também apresenta consecutivos aumentos ao longo dos anos. Segundo previsões da CNA, o setor deve terminar 2014 com saldo de US$ 83,3 bilhões. Os ótimos resultados, ano após ano, são responsáveis pela sustentação contínua da balança comercial geral do país, como mostra o gráfico abaixo. Participação % 1. Minério de ferro 23,83 11,5 2. Soja em grão 23,20 11,2 3. Petróleo em bruto 14,91 7,2 4. Açúcar em bruto 6,80 3,3 5. Farelo de soja 6,59 3,2 6. Carne de frango 6,33 3,0 7. Café em grão 5,42 2,6 8. Carne bovina 5,28 2,5 9. Celulose 4,84 2,3 10. Óleos combustíveis 3,29 1,6 Sete maiores do agronegócio 58,46 28,1 Demais produtos do agronegócio 31,52 15,2 Três maiores não agrícolas 42,03 20,2 Demais produtos não agrícolas 75,60 36,4 Exportações totais do Brasil 207,61 100 % Fonte: Agrostat MAPA Balança comercial do Brasil Fonte: MDIC 4

Exportações do agro para Vietnã, Rússia, Alemanha e Venezuela e são destaques em crescimento em 2014 Em 2014, o agronegócio brasileiro foi impactado por ações e transformações no âmbito mundial. Alguns mercados abriram-se, outros expandiram-se, e produtos brasileiros que antes não eram exportados passaram a fazer parte da pauta de comércio exterior do país. Dentre as mudanças mais positivas para o setor, pode-se afirmar que está o aumento das exportações com destino ao Vietnã, Rússia, Alemanha e Venezuela. O Vietnã é o vigésimo maior comprador de produtos agropecuários brasileiros, com 1,5% de participação no total exportado em 2014. Apesar da pequena participação no total exportado pelo Brasil, o país viu suas compras crescerem 39%, ultrapassando US$ 1,3 bilhão pela primeira vez na história. Grande parte deste aumento deve-se ao milho, principal bem importado do Brasil este ano, que gerou receita de US$ 504 milhões aos brasileiros, superando os US$ 167 milhões no ano passado. Já a Rússia consagrou-se como quarto principal parceira comercial do agronegócio brasileiro, com importações que somam US$ 3,4 bilhões até novembro. Este desempenho ilustra crescimento de 38%, principalmente por conta do aumento do embarque de carnes. Os exportadores de carne bovina foram os que mais ganharam nesta crescente relação. Seu produto, que vive um período de valorização, teve faturamento de US$ 1,3 bilhão, um aumento de 14%. As vendas de carne suína para a Rússia também mostraram ótimo desempenho, com alta de mais de 100% e chegando a US$ 765 milhões. Com tendência de queda nas cotações deste produto no Brasil para os próximos meses, devido ao aumento dos abates e à redução da demanda após as festas de fim de ano, a expansão do mercado russo mostra-se cada vez mais importante para o segmento. A carne de frango também teve aumento expressivo nas vendas para a Rússia (120%), chegando a US$ 290 milhões. A Alemanha também comprou significativamente mais do agronegócio brasileiro (39%). O aumento nos embarques para este país deve-se principalmente ao café, ao complexo soja, às carnes e aos couros. Juntos, as compras destes quatro grupos de produtos somam US$ 2,6 bilhões, ou 83% do total importado pelo país do Brasil, este ano. Por fim, o quarto país com maior aumento nas importações do agro do Brasil é também o sexto principal destino para os produtos do setor. Os embarques do agronegócio para a Venezuela subiram 20% em relação ao mesmo período do ano passado, somando US$ 2,7 bilhões. Os bens mais importados foram: carne bovina in natura (US$ 782 milhões), bovinos vivos (US$ 516 milhões), carne de frango in natura (US$ 400 milhões), açúcar de cana em bruto (US$ 253 milhões) e leite em pó (US$ 137 milhões). Juntos, estes cinco produtos representaram 76% das exportações do agro brasileiros para a Venezuela em 2014. Maiores aumentos em impotações do agronegócio brasileiro (janeiro a novembro de 2014) Fonte: MAPA 5

Gripe aviária na Europa pode criar oportunidades para o Brasil Os casos recentes de gripe aviária em países europeus podem criar grandes oportunidades para os produtores brasileiros. Desde a primeira incidência do vírus altamente patogênico H5N8, no dia 15 de novembro, na Holanda, o mesmo subtipo do vírus também foi detectado em fazendas de peru na Alemanha e de pato no Reino Unido, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Com o risco de contaminação, pelo menos quatro países - Hong Kong, Coréia do Sul, Ucrânia e África do Sul -, restringiram a compra de aves da Holanda. Com queda significativa na oferta mundial destes produtos, o produtor brasileiro pode se beneficiar. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil bateu recorde histórico no abate de frangos neste terceiro trimestre, revertendo três trimestres seguidos de queda. O Brasil já está habilitado a vender para os quatro países mencionados. Só em novembro, as vendas de carne de frango para a União Europeia somaram US$ 96 milhões. No acumulado dos onze meses deste ano, o bloco respondeu por 10% do volume total de carne de frango exportado pelo Brasil, com receita que supera US$ 1 bilhão. Hong Kong importou o equivalente a US$ 419 milhões em carne de frango brasileira no acumulado do ano. Com esta cifra, Hong Kong respondeu por 8% dos embarques totais brasileiros deste produto em 2014. A África do Sul comprou US$ 89 milhões no acumulado de 2014. O país foi responsável por 4% dos embarques brasileiros do produto. A carne de frango é a principal fonte de proteína na dieta da maioria dos cidadãos sul-africanos, incluindo as classes mais baixas. Nos últimos 12 meses, 40% das 360 mil toneladas de carne de frango importadas pela África do Sul teve procedência da Holanda, Alemanha e Reino Unido. Devido ao surto de gripe aviária na Europa, juntamente com as medida antidumping e a ampliação nas tarifas de importação de carne de frango, os preços deste produto tendem a aumentar internamente. Já as vendas para a Coreia do Sul somaram US$ 126 milhões em 11 meses. O país registrou diversos casos de influenza aviária este ano, o que resultou no abate de milhares de animais. No que se refere à carne de peru, as exportações brasileiras foram mais modestas, somando US$ 304 milhões para todos os países em 2014. No entanto, a União Europeia foi responsável por mais de 60% da receita de exportações brasileiras deste produto: US$ 188 milhões. África do Sul e Hong Kong compraram o equivalente a US$ 22 milhões e US$ 604 mil, respectivamente. Exportações de carnes de frango e de peru do Brasil (janeiro a novembro de 2014) US$ milhões Peru Frango Total US$ 515 milhões Total US$ 7,279 milhões Fonte: Agrostat/MAPA Boletim do Agronegócio Internacional é elaborado pela Superintendência de Relações Internacionais. 6 CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL SGAN - Quadra 601 - Módulo K CEP: 70.830-021 Brasília/DF (61) 2109-1419 cna.comunicacao@cna.org.br