Distribuição Generalizada de Valores Extremos (GVE): Um estudo aplicado a valores de temperatura mínima da Cidade de Viçosa-MG

Documentos relacionados
XXIII CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 a 31 de outubro de 2014

Ajuste de um modelo de TRI aos dados do vestibular do curso de Administração Noturno da Universidade Federal de Uberlândia

Proposta de ajuste de modelos não lineares na descrição de germinação de sementes de café

ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS METEOROLÓGICOS NAS ESTAÇÕES AUTOMÁTICAS E CONVENCIONAIS DO INMET EM BRASÍLIA DF.

REGRESSÃO LINEAR ENTRE TEMPERATURA E DENSIDADE DA GASOLINA RESUMO

UM JOGO BINOMIAL 1. INTRODUÇÃO

Pós-Graduação em Computação Distribuída e Ubíqua

DISTRIBUIÇÕES ESPECIAIS DE PROBABILIDADE DISCRETAS

Modelos de Regressão Linear Simples - Erro Puro e Falta de Ajuste

Cap. II EVENTOS MUTUAMENTE EXCLUSIVOS E EVENTOS NÃO- EXCLUSIVOS

A presença de Outliers interfere no Teste f e no teste de comparações múltiplas de médias

RELATÓRIO SOBRE A GESTÃO DE RISCOS BANCO ABN AMRO S.A. Setembro de 2013

Estudo sobre a dependência espacial da dengue em Salvador no ano de 2002: Uma aplicação do Índice de Moran

Análise espacial do prêmio médio do seguro de automóvel em Minas Gerais

Análise Qualitativa no Gerenciamento de Riscos de Projetos

Gerenciamento do Escopo do Projeto (PMBoK 5ª ed.)

Relatório do Experimento 1 Sistema Massa - Mola. Fernando Henrique Ferraz Pereira da Rosa

Pressuposições à ANOVA

A dependência entre a inflação cabo-verdiana e a portuguesa: uma abordagem de copulas.

Como Elaborar uma Proposta de Projeto

Cursos em Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas e Projetos Sociais

Métodos Estatísticos Avançados em Epidemiologia

Rabobank International Brazil

PRECIPITAÇÕES MÁXIMAS PARA O MUNICÍPIO DE MOSSORÓ DE 1964 A 2011 PELA DISTRIBUIÇÃO DE GUMBEL 1 RESUMO

Universidade Federal de Goiás Campus Catalão Departamento de Matemática

Implementação de um serviço de correio eletrônico na Intranet do Pólo de Touros utilizando o ambiente SQUIRELMAIL e POSTFIX em um Servidor Linux

EDITAL DE SELEÇÃO PARA MESTRADO 2016 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (UNIFEI)

Pamella Vale Valdicleia

Perguntas frequentes graduação sanduíche Ciência sem Fronteiras

ESTRUTURA DO CURSO 08:00-10:00 RTQ-R

ANÁLISE ESTATÍSTICA DA INFLUÊNCIA DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL NO ÍNDICE DE CRIMINALIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS NO ANO DE 2000.

AVALIAÇÃO DE UM TANQUE DE DECANTAÇÃO DE SÓLIDOS UTILIZANDO FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL

No contexto das ações de Pesquisa e Desenvolvimento

O ENVELHECIMENTO NAS DIFERENTES REGIÕES DO BRASIL: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DO CENSO DEMOGRÁFICO 2010 Simone C. T. Mafra UFV sctmafra@ufv.br Emília P.

Probabilidade e Estatística

MECANISMO DE INTERCÂMBIO DE INFORMAÇAO SOBRE EVENTOS ADVERSOS GRAVES CAUSADOS POR PRODUTOS MÉDICOS UTILIZADOS NO MERCOSUL

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE ANDRADINA NOME DO(S) AUTOR(ES) EM ORDEM ALFABÉTICA TÍTULO DO TRABALHO: SUBTÍTULO DO TRABALHO, SE HOUVER

II Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí II Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2009

Matrizes de Transferência de Forças e Deslocamentos para Seções Intermediárias de Elementos de Barra

Avaliação do Risco Isolado

'LVWULEXLomR(VWDWtVWLFDGRV9DORUHV([WUHPRVGH5DGLDomR6RODU *OREDOGR(VWDGRGR56

Análise e Resolução da prova de Agente de Polícia Federal Disciplina: Raciocínio Lógico Professor: Custódio Nascimento

Anexo III Metas Fiscais III.8 Avaliação da Situação Financeira e Atuarial dos Benefícios Assistenciais da Lei Orgânica de Assistência Social LOAS

Estudo do comportamento da Dengue na cidade de Araguari- MG por meio de séries temporais.

Universidade Federal do Paraná - Setor de Ciências da Terra

Diagnóstico da Convergência às Normas Internacionais IAS 8 Accounting Policies, Changes in Accounting Estimates and Errors

A dissertação é dividida em 6 capítulos, incluindo este capítulo 1 introdutório.

Modelos Lineares Generalizados - Verificação do Ajuste do Modelo

2 Segmentação de imagens e Componentes conexas

MANUAL DO AVALIADOR O que é uma Feira de Ciência? Por que avaliar os trabalhos? Como os avaliadores devem proceder?

PARALISIA CEREBRAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ACERCA DA INCLUSÃO ESCOLAR

Métricas de Software

III VALOR AGRÍCOLA E COMERCIAL DO COMPOSTO ORGÂNICO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA USINA DE IRAJÁ, MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Modelo Entidade Relacionamento (MER) Professor : Esp. Hiarly Alves

ANEXO 2 - TERMO DE REFERÊNCIA PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO PCAS I. CONTEÚDO MÍNIMO DO PLANO DE CONTROLE AMBIENTAL SIMPLIFICADO PCAS

UTILIZAÇÃO DE SENSORES CAPACITIVOS PARA MEDIR UMIDADE DO SOLO.

Relação de Disciplinas

IMPACTO DA ATIVIDADE FISCALIZATÓRIA SOBRE A MELHORIA DA QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE DRENAGEM URBANA NO DISTRITO FEDERAL

Gerenciamento dos Riscos do Projeto (PMBoK 5ª ed.)

DIRETORIA DE PESQUISA - DPE COORDENAÇÃO DE CONTAS NACIONAIS CONAC. Sistema de Contas Nacionais - Brasil Referência 2000

Palavras-chave: Segurança, sons, tranquilidade, transgressor, transtornos. Hudson Gonçalves Neves 2,Luciene da Silva Dias 3.

A CONTAGEM DE ESTRELAS COMO TEMA TRANSVERSAL EM ASTRONOMIA

MODIFICAÇÃO DO TESTE DE NORMALIDADE DE SHAPIRO-WILK MULTIVARIADO DO SOFTWARE ESTATÍSTICO R

MODELAGENS. Modelagem Estratégica

Obtenção Experimental de Modelos Matemáticos Através da Reposta ao Degrau

1.1. Caracterização do Problema. Capítulo 1. Introdução 20

ÁREA: TURISMO AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO FLUXO DE TURISTAS PARA A ILHA GRANDE EM ANGRA DOS REIS - RJ

Panorama da Inovação no Brasil. Hugo Ferreira Braga Tadeu 2014

Tipologia dos Escritórios de Projeto

CADERNO DE EXERCÍCIOS 2F

CANDIDATURA A BOLSA DE MÉ RITO PARA ESTUDOS PÓ S-GRADUADOS DO ANO ACADÉ MICO DE

Estimação. Como definir um estimador. Como obter estimativas pontuais. Como construir intervalos de confiança

Introdução à orientação a objetos

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O SANTANDER YIELD VIP REFERENCIADO DI CRÉDITO PRIVADO / Informações referentes a Maio de 2016

Renzo Joel Flores Ortiz e Ilka Afonso Reis

1ª) Lista de Exercícios de Laboratório de Física Experimental A Prof. Paulo César de Souza

3 Metodologia de pesquisa

Gerenciador de Ambiente Laboratorial - GAL Manual do Usuário Módulo Controle de Qualidade Analítico

Tópicos Avançados em Banco de Dados Dependências sobre regime e controle de objetos em Banco de Dados. Prof. Hugo Souza

Planejamento - 2. Definição de atividades Sequenciamento das atividades. Mauricio Lyra, PMP

Introdução de XML. Dados da Web. Gerência de Dados da Web. A Web representa, nos dias de hoje, um repositório universal de dados, onde:

Álgebra Linear Aplicada à Compressão de Imagens. Universidade de Lisboa Instituto Superior Técnico. Mestrado em Engenharia Aeroespacial

DIREX Elaboração de Orçamentos sob a Égide da Lei 8666/1993 e do Regime Diferenciado de Contratação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

Fundamentos de Teste de Software

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO PMSB PRODUTO IX METODOLOGIA PARA CRIAÇÃO DO SISTEMA DE INFORMAÇÕES PARA AUXÍLIO À TOMADA DE DECISÃO

Data Envelopment Analysis in the Sustainability Context - a Study of Brazilian Electricity Sector by Using Global Reporting Initiative Indicators

GUIA SOBRE A APLICAÇÃO DOS ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA CARTILHA DE ADESÃO À AGENCE UNIVERSITAIRE DE LA FRANCOPHONIE

Os passos a seguir servirão de guia para utilização da funcionalidade Acordo Financeiro do TOTVS Gestão Financeira.

AULA 19 Análise de Variância

Prof. José Maurício S. Pinheiro - UGB

DOCUMENTO DE REQUISITO DE SOFTWARE

Comunicação de Resultados de Pesquisa Propriedade Intelectual Plágio Ética em Pesquisa

ADMINISTRAÇÃO DE BANCOS DE DADOS MÓDULO 8

ENGENHARIA DE SOFTWARE

Título do Case: O impacto do layout na agilidade dos processos

Fundamentos de Programação. Diagrama de blocos

ANEXO V CARTA DE ENCAMINHAMENTO DOS RESULTADOS DAS OFICINAS DE TRABALHO PARA O COMITÊ TÉCNICO

Transcrição:

Distribuição Generalizada de Valores Extremos (GVE): Um estudo aplicado a valores de temperatura mínima da Cidade de Viçosa-MG Eduardo Campana Barbosa 12 Carlos Henrique Osório Silva 3 Rômulo César Ricardo Gonçalves Tavares 4 Tiago Bittencourt Nazaré 5 1 Introdução A modelagem de eventos extremos, principalmente os que envolvem variáveis climatológicas, como por exemplo, a ocorrência de valores mínimos de temperatura, é de fundamental importância para o gerenciamento de setores e atividades realizadas por empresas, agricultores e pessoas comuns. A ocorrência de valores mínimos de temperatura influencia negativamente na construção civil, turismo, lazer, agricultura, transporte, saúde pública etc. Para Bakonyi et al. (2004) a saúde pública merece cuidado especial, visto que baixos níveis de temperatura implicam no aumento de atendimentos ambulatoriais, causados por doenças respiratórias. O presente trabalho tem por objetivo a modelagem de valores mínimos de temperatura da cidade de Viçosa (MG) para os meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro. Para tal utilizou-se a distribuição Generalizada de Valores Extremos (GVE), Gumbel e Weibull. Como Viçosa é uma cidade universitária diversos estudantes residem no município, fato que requer atenção das autoridades em relação à saúde pública no período de baixas temperaturas. Destaca-se ainda que as principais linhas de pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (UFV) estão relacionadas a ciências agrárias, e, portanto, existem diversos experimentos/pesquisas de alunos de mestrado e doutorado que podem ser afetados pela ocorrência destes eventos extremos. 1 Agradecimentos à Fapemig, Capes e CNPq pelo apoio financeiro. 2 Mestrando em Estatística Aplicada e Biometria (DET-UFV); duducampana@hotmail.com; romulomanuli@ig.com.br 3 Professor Associado III do Departamento de Estatística da UFV (DET-UFV); chos@ufv.br 4 Aluno de Ciências da Computação da UFV (DPI-UFV); ricardo.tavares@ufv.br 5 Professor das Faculdades Integradas de Cataguases (FIC-UNIS); tiago@unis.edu.br 387

2 Materiais e Métodos Os dados foram obtidos no Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP) do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). As informações referem-se à série de temperatura (em ) da cidade de Viçosa-MG, desde 03/01/1961 à 01/10/2013, coletadas diariamente no horário de 12:00. Destaca-se que nos períodos entre Janeiro de 1984 à Setembro de 1990 não há informações disponíveis no site. O valor mínimo de temperatura, obtido nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro e em cada ano, foram agrupados constituindo 4 séries temporais. Procedeu-se o Runs Test (Wald; Wolfowitz, 1940) e Ljung-Box (Ljung & Box, 1978) para verificar, respectivamente, a aleatoriedade e independência das séries, pressuposições fundamentais para aplicação da teoria de valores extremos. Utilizou-se a distribuição GVE para o ajuste dos dados, porém, conforme o valor estimado do parâmetro de forma ( ), outras distribuições de valores extremos foram sugeridas para critério de comparação. A estimação dos parâmetros da distribuição GVE e demais ocorreu por máxima verossimilhança. Para verificar se = 0 procedeu-se o Teste da Razão de Verossimilhanças Modificado, conforme Hosking (1984). A escolha da distribuição que melhor se ajustou a cada conjunto de dados foi pelo teste Kolmogorov-Smirnov. Posteriormente, foram calculadas as probabilidades, onde x representa um determinado valor de temperatura mínima. Utilizou-se o software livre R (R Development Core Team, 2012) para manipulação e análise estatística dos dados. O nível de significância adotado nos testes foi = 5%. 2.1 Distribuição GVE Proposta por Jenkinson (1955) a Distribuição Generalizada de Valores Extremos (Generalized Extreme Value) possui função densidade de probabilidade (f.d.p) conforme em (1) e Função de Probabilidade F(x) dada em (2). Os termos e representam, respectivamente, os parâmetros de forma, posição e escala. ( ) [ ( )] ( ) { [ ( ) ]} ( ) ( ) ( ) { [ ( )] } ( ) 388

Definida em se, se e por fim se a distribuição GVE combina os três tipos de distribuições de valores extremos, ou seja, Gumbel (Tipo I), Frechet (Tipo II) e Weibull (Tipo III). Em outras palavras, estas 3 distribuições são casos particulares da distribuição GVE, pois se temse distribuição Gumbel, se Weibull e Frechet. Maiores detalhes em Liska e Beijo (2012) e Beijo e Avelar (2010) 3 Resultados e Discussão A Tabela 1 apresenta os resultados dos testes Runs e Ljung-Box. Tabela 1: p-value para os testes de aleatoriedade e independência Séries Runs Test Ljung-Box Junho 0,0672 0,0988 Julho 0,0207 0,5966 Agosto 0,1657 0,9091 Setembro 1,0000 0,9817 O Ljung-Box demonstra que as 4 séries são independentes, pois para todas o p-value foi superior a 0,05 (séries não autocorrelacionadas). Porém, a pressuposição de aleatoriedade foi violada para a série de Julho (p-value < 0,05), o que implica que a mesma não é identicamente distribuída. Logo, procedeu-se a estimação dos parâmetros da distribuição GVE apenas para as séries aleatórias, conforme visualizado na Tabela 2. Tabela 2: EMV e os respectivos [Erros-Padrão] para a Distribuição GVE Parâmetros Junho Agosto Setembro -0,3676 [0,1078] -0,6654 [0,1432] -0,2136 [0,1055] 2,4466 [0,2985] 2,0853 [0,3136] 1,8392 [0,2185] 5,7646 [0,4085] 6,4037 [0,3523] 7,8584 [0,3094] O Teste da Razão de Verossimilhança Modificado indicou que para as séries de Junho e Agosto, (p-value < 0,05). Como as respectivas estimativas foram negativas, sugerese, além da distribuição GVE, a Weibull. Para a série de Setembro, (p-value > 0,05), o que implica que a distribuição Gumbel pode também ser utilizada. Tabela 3: Resultados do Teste da Razão de Verossimilhanças Modificado 389

TRV Junho Agosto Setembro Deviance 8,0651 15,8657 2,9304 3,8414 3,8414 3,8414 p-value 0,0045 0,0000 0,0869 Na Tabela 4 os EMV para os modelos Weibull (Junho e Agosto) e Gumbel (Setembro). Posteriormente, na Tabela 5, o resultado do teste de aderência de Kolmogorov- Smirnov para comparar o ajuste das distribuições. Tabela 4: EMV e os respectivos [Erros-Padrão] para distribuição Weibull e Gumbel Distribuição Junho Agosto Setembro 3,0334 [0,3681] 4,3846 [0,5526] Weibull - 7,2686 [0,3786] 7,3697 [0,2686] 1,7641 [0,1993] Gumbel - - 7,6534 [0,2816] Tabela 5: p-value para o teste de Kolmogorov-Smirnov Distribuições Junho Agosto Setembro GVE 0,8107 0,9811 0,9636 Weibull 0,9495 0,8216 - Gumbel - - 0,7206 Para a série de Junho a distribuição Weibull apresentou melhor ajuste (maior p-value). Para as séries de Agosto e Setembro, a distribuição GVE foi superior em relação à Weibull e Gumbel, respectivamente. Neste sentido, tais distribuições foram utilizadas para estimar nos meses de Junho, Agosto e Setembro para a cidade de Viçosa-MG, conforme apresentado na Tabela 6. Tabela 6: Probabilidade (%) de ocorrência de Temperaturas menores que um dado x Meses x 0 1 2 3 4 5 6 8 10 Junho 0,00 0,24 1,98 6,60 15,07 27,49 42,81 73,75 92,81 Agosto 0,49 1,10 2,38 4,88 9,51 17,48 30,12 70,96 100 Setembro 0,00 0,00 0,00 0,03 0,35 2,18 8,24 39,64 76,94 4 Conclusões Pode-se concluir que a Distribuição Generalizada de Valores Extremos (GVE) obteve um bom ajuste aos dados analisados, sendo inferior apenas ao modelo Weibull para a série de temperatura mínima do mês de Junho. Além disso, sua utilização simplifica a escolha de 390

distribuições de valores extremos. De acordo com os resultados, em Junho e Agosto a probabilidade de ocorrência de temperaturas menores ou iguais a 0, 1, 2 ou 3 C é baixa, porém, ainda existe esta possibilidade. Nestes mesmos meses, a probabilidade de ocorrência de temperaturas menores ou iguais a 4, 5 ou 6 C é significativa. O mês de Setembro apresenta baixas probabilidades para a ocorrência de temperaturas extremamente mínimas, porém, com 76,94% de probabilidade, é provável que ocorra em Viçosa temperaturas inferiores a 10 C. Logo, a atenção quanto à agricultura, experimentos e saúde pública devem concentrar-se principalmente nos meses de Junho e Agosto. Destaca-se que a série de Julho não foi aleatória e por isso não foi possível concluir sobre a mesma por esta abordagem. Sugere-se outros tipos de metodologias para sua análise, como por exemplo, séries temporais via modelo Box & Jenkins. 5 Referências [1] BAKONYI, S. M. C.; DANNI-OLIVEIRA, I. M.; MARTINS, L. C.; BRAGA, L. F. Poluição atmosférica e doenças respiratórias em crianças na cidade de Curitiba, PR. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v.38, n.5, p.695-700, 2004. [2] BEIJO, L.A.; AVELAR, F. G. Distribuição Generalizada de Valores Extremos no estudo de dados climáticos: uma breve revisão e aplicação. Revista da Estatística da Universidade Federal de Ouro Preto, v. 1, p. 10-16, 2011. [3] HOSKING, J. R. M. Algorithm AS 215: maximum-likelihood estimation of the parameters of the generalized extreme-value distribution. Journal of the Royal Statistical Society. Series C. Applied statistics, London, v. 34, p. 301-310, 1985. [4] JENKINSON, A. F. The frequency distribution of the annual maximum (or minimum) of meteorological elements. Quart. Journal R. Meteorological Soc, v. 81, p. 158-171. 1955. [5] LISKA, G. R. ; BEIJO, L. A. Distribuições de Probabilidade Aplicadas na Análise de Níveis Máximos de MP10 e O3 nas cidades de Cubatão-SP e Paulínia-SP. Revista de Estudos Ambientais (Online), v. 14, p. 35-47, 2012. [6] LJUNG, G. M.; BOX, G. E. P. On a measure of lack of fit in time series models. Biometrika, v.65, p 297 303, 1978. [7] R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: a language and environment for statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing. [8] WALD, A.; WOLFOWITZ, J. On a test whether two samples are from the same population. Ann. Math Statist., v. 11, p. 147-162, 1940. 391