Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG

Documentos relacionados
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE - UNICENTRO CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO JULIANA LEME MOURÃO ORIENTADOR: PAULO GUILHERMETI

PROGRAMA DE PO S-GRADUAÇA O EM PROMOÇA O DA SAU DE

FORMAÇÃO DOCENTE NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIRG

RELATÓRIO FINAL - INDICADORES - DOCENTES ENGENHARIA AMBIENTAL EAD

Marcus Araújo e Rosinda Ramos

É importante destacar que em 2016 ocorrerão simultaneamente os seguintes eventos:

Sala de Jogos da matemática à interdisciplinaridade

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A SUA INTERDISCIPLINARIDADE

Atividades práticas-pedagógicas desenvolvidas em espaços não formais como parte do currículo da escola formal

Dados internacionais de catalogação Biblioteca Curt Nimuendajú

CIÊNCIA, CIDADANIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DO 1º CICLO

Uma formação dos professores que vai além dos saberes a serem ensinados

Congresso Latinoamericano e Caribenho de Arte/Educação 2009 e 19º CONFAEB: Concepções Contemporâneas

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS UFAL Coordenadoria Institucional de Educação a Distância - CIED

PLANEJAMENTO ESTRATEGICO DO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES Junho de 2014 a junho de 2016

USO DO AUDIO-IMAGEM COMO FERRAMENTA DIDÁTICO PEDAGÓGICA EM ATIVIDADES EM SALA DE AULA.

O ensino da música através da criação e sonorização de uma história para a produção de um vídeo educativo

O jogo do Mico no ensino das Funções Orgânicas: o lúdico como estratégia no PIBID

Seduc debate reestruturação curricular do Ensino Médio

Entrevista com o Prof. José Sérgio Fonseca de Carvalho

SUA ESCOLA, NOSSA ESCOLA CLARI E AS ATITUDES POSITIVAS

CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO BÁSICO

IFRS 13 Mensuração do valor justo

Os recursos tecnológicos na Educação de Jovens e Adultos: um diferencial no processo ensino aprendizagem.

Organização dos Estados Ibero-americanos. Para a Educação, a Ciência e a Cultura

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

INCLUSÃO EDUCACIONAL DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: DESAFIOS E PERSPECTIVAS.

A escrita que faz a diferença

TRANSFORMAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: OS PRIMEIROS PASSOS DE UMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL1 1

CRECHE MUNICIPAL MARIANA FERNANDES MACEDO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL - ABEM INFORMATIVO ELETRÔNICO 30 2ª PARTE JULHO DE 2007

Rodrigo Claudino Diogo 1, Valéria A. Ribeiro de Lima 2, Vanusa Maria de Paula 3, Rosymeire Evangelista Dias 4

Inclusão de pessoas com deficiência no mercado trabalho: implicações da baixa escolarização

CLÁUDIA REGINA LUIZ PROJETO PARA CRIAÇÃO DA REVISTA CIENTÍFICA ON-LINE: Biblioteconomia e Informação

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTO

TABLETS COMO RECURSO DE ENSINO: UM ESTUDO COM PROFESSORES DE MATEMÁTICA NUMA ESCOLA PÚBLICA DA PARAÍBA

Curso de Desenvolvimento de Negócios Sociais e Inclusivos

ARTIGO 1 Bibliotecas. ARTIGO 2 Fotografia. ARTIGO 3 Arte-Educação

Data: 06 a 10 de Junho de 2016 Local: Rio de Janeiro

08/11/2004. Discurso do Presidente da República

Escola de Turismo e Hotelaria Canto da Ilha PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. Educação Integral dos Trabalhadores

PROGRAMA TALENTOS DA EDUCAÇÃO 2016

A CONFLUÊNCIA ENTRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E O CURRÍCULO: A INCLUSÃO EDUCACIONAL DO ALUNO SURDO.

PARTICIPANDO DA CONSTRUÇÃO DA AGENDA 21 DA UFFS, CAMPUS CERRO LARGO, RS

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA - A VACINAÇÃO CONTRA O PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV)

Ficha de Actividade. Conteúdos: Os diferentes processos e serviços do Arquivo Municipal.

Identidade e trabalho do coordenador pedagógico no cotidiano escolar

IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE CONTEÚDO DIGITAL PARA O USO NA EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

- ; - -1,- NOTA TÉCNICA N`& / CGNOR/DSST/SIT/MTPS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE EDUCAÇÃO CEDUC CURSO DE PEDAGOGIA UNIVERSIDADE VIRTUAL DE RORAIMA (RELATÓRIO DE PESQUISA)

REGULAMENTO DO NÚCLEO DE ESTUDOS COMPORTAMENTAIS (NEC) DA COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS

As Novas Tecnologias no Processo Ensino-Aprendizagem da Matemática

O papel do Professor como mediador 1

SILVA, Maurício - UNINOVE - maurisil@gmail.com RESUMO

ENSINO-APRENDIZAGEM DA CARTOGRAFIA: OS CONTEÚDOS COM BASES MATEMÁTICAS NO ENSINO FUNDAMEANTAL 1

Museu de Arqueologia e Etnologia/ Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas São Paulo-SP-Brasil. Versión digital en : [155]

Leônidas Siqueira Duarte 1 Universidade Estadual da Paraíba UEPB / leonidas.duarte@hotmail.com 1. INTRODUÇÃO

Ensino Técnico Integrado ao Médio FORMAÇÃO GERAL. Plano de Trabalho Docente

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO E TECNOLOGIA

Apresentação. Rosana Aparecida Albuquerque Bonadio Nerli Nonato Ribeiro Mori

IV ENCONTRO DE PSICOLOGIA CUIDADOS PALIATIVOS: RESSIGNIFICANDO A PERDA, A MORTE E O MORRER 31 de Maio a 02 de Junho

François Jost 1. Do que as séries americanas são sintoma?

Jornada em Engenharia Química

ABORDAGEM METODOLÓGICA EM GEOGRAFIA: A PESQUISA DE CAMPO*

FUNDAÇÃO CARMELITANA MÁRIO PALMÉRIO FACIHUS FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Educação de qualidade ao seu alcance

UM JOGO BINOMIAL 1. INTRODUÇÃO

O USO DE SOFTWARE DE GEOMETRIA DINÂMICA: DE PESQUISAS ACADÊMICAS PARA SALA DE AULA

PROJETO DO CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADO EM INFORMÁTICA

2.1 Os alunos selecionados serão encaminhados para cursar o período letivo

S enado Federal S ubsecretaria de I nfor mações DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE GEOGEBRA E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM EM MATEMÁTICA

TERMO DE REFERÊNCIA. 1. Justificativa

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID

Desencadeia motivações profundas, onde os comportamentos são mais importantes que o produto final;

Fundação UNIVESP Universidade Virtual do Estado de São Paulo

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ENSINO BÁSICO

GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA EM MÍDIA/ MEMÓRIA, EDUCAÇÃO E LAZER - MEL

EDUCADOR, MEDIADOR DE CONHECIMENTOS E VALORES

REPRESENTAÇÃO/INVENÇÃO

PLANO DE TRABALHO DO PROFESSOR

Projeto Político Pedagógico

GEOGRAFIA UNIVERSOS. Por que escolher a coleção Universos Geografia

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA: ESPAÇO DE INCLUSÃO

EDITAL DE SELEÇÃO PARA MESTRADO 2016 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (UNIFEI)

CANAL MINAS SAÚDE: A COMUNICAÇÃO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM MINAS GERAIS

Séries Históricas do Setor Mineral Brasileiro Mineral Data

Sobre os Autores. Sobre os Autores FLEURY AFONSO

ESTUDO DE FERRAMENTAS MATEMÁTICAS SIMPLES EM PHP: APLICAÇÕES EM ENSINO E INSTRUÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Programa Estadual de Educação ambiental do Rio de Janeiro. Processo de construção coletiva

Eliana Lúcia Ferreira Coordenadora do Curso.

Maria Luiza Braga (UFRJ)

RESULTADOS E APRENDIZADOS PARA A GESTÃO COSTEIRA BRASILEIRA. III Seminário Internacional Projeto SMC-Brasil Brasília, 03 de novembro de 2014.

COMPREENSÃO DE LICENCIANDOS EM BIOLOGIA SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

PRÊMIO SER HUMANO ABRH/MA REGULAMENTO 2016 MODALIDADE: GESTÃO DE PESSOAS / ORGANIZAÇÃO

COFEPRES. Antecedentes

PERCEPÇÃO DAS CRIANÇAS DA ESCOLA MUNICIPAL CENTRO DE PROMOÇÃO EDUCACIONAL ACERCA DO ESTATUTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

Transcrição:

1Pós, manual, 2008 5 Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG

2013, Programa de Pós-graduação em Artes (EBA/UFMG). Todos os direitos reservados, nenhuma parte desta revista poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados, sem permissão por escrito. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores., estando as normas técnicas de acordo com as referências de seus países. Eugênio Paccelli da Silva Horta apresenta fotografas de sua autoria, exceto a primeira fotografa da página 185, cuja autoria é de Mauricio Leonard. A primeira fotografa da página184 é um registro de trabalho de Eugênio feito pelo MASC - Museu de Arte de Santa Catarina. Os direitos autorais pertencem ao fotógrafo, que é desconhecido. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Biblioteca da Escola de Belas Artes da UFMG, MG, Brasil) Pós [recurso eletrônico] : Revista do Programa de Pós-graduação em Artes. Vol. 3, n. 5 (maio 2013)-. Belo Horizonte : Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Belas Artes, 2013- A partir de 2011 também em meio eletrônico. Modo de acesso: Internet. Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader. ISSN 1982-9507. ISSN eletrônico 2238-2046 1. Artes Periódicos. I. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Belas Artes. CDD: 700 CDU: 7 Redação Programa de Pós-graduação em Artes/EBA/UFMG Av. Antônio Carlos, 6627 Pampulha 31270-901 Belo Horizonte MG Tel: (31) 3409-5260 e-mail: pos@eba.ufmg.br

Apoio: Pró-Reitoria de Pós-graduação, por meio do convênio CAPES/UFMG/PROF Agradecemos ao Programa de Pós-graduação em Artes, à Diretoria da Escola de Belas Artes, ao Centro de Extensão da Escola de Belas Artes (CENEX/EBA), à Pró-Reitoria de Pós-graduação da UFMG, à CAPES e à FAPEMIG pelo apoio recebido.

Editorial Esta revista começou a ser articulada no fnal de 2009, como um registro das importantes discussões materializadas em Belo Horizonte, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA/UFMG), durante o grande fórum de discussões instaurado por ocasião do Congresso Latino Americano e Caribenho de Arte/Educação, promovido pelo Conselho Latinoamericano de Educação pela Arte (CLEA), junto às representantes da América Latina e do Caribe na International Society of Education through Art (InSEA). O evento aconteceu simultaneamente ao 19º Congresso Nacional da Federação dos Arte/Educadores do Brasil, promovido pela Federação de Arte Educadores do Brasil (FAEB), e ao Encontro Nacional de Arte/ Educação, Cultura e Cidadania, uma realização conjunta do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério da Cultura (MINC), sob a coordenação da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). Ou seja, reuniu muita gente com as mais diversas abordagens sobre o ensino-aprendizagem de arte. 5Pós, manual, 2008 A aceleração do tempo contemporâneo muitas vezes atropela e deixa para trás questões e discussões que nos desafam, dia após dia, ano após ano. Nos textos há alguns assuntos ou aspectos que necessitam leitura contextualizada no tempo-espaço de sua feitura e também como importantes registros. Os deslocamentos no tempo, seja ele concreto ou abstrato, são exercícios que muitas vezes deixamos de fazer, inseridos numa perversa escassez de intervalos para decantar, rever, reavaliar e retomar. Com o pé no acelerador não é possível perceber a paisagem, muito menos suas preciosas sutilezas. A ideia não é pisar no freio, mas cuidar para

não perder o(s) fo(s) da(s) meada(s). No plural porque não segue um único caminho, tão pouco é linear. A intenção é a de que não se permita diluir vários dos aspectos relevantes e contribuições que o tal tempo corrido ofusca, deixando escamoteadas questões e desafos que persistem e que acabam por voltar à tona. Ou seja, transfguram-se ou são remodelados frente à demanda, já institucionalizada, por novidades que, muitas vezes, apenas fragilizam o re-conhecimento da história recente como processo urgente. Se muitas ideias mudam e outras tantas avançam, há várias que reaparecem num moto contínuo como lançamentos de mercado, um esquema que vem incomodando muito os meios acadêmicos. Dois exemplos recentes - relacionados ao ensino/aprendizagem de arte - nos ajudam a pensar sobre essas questões, quando as ideias não se alinhavam com a história com suas necessárias tensões e contradições. Uma recente discussão sobre os rumos da arte/educação na América Latina se difunde na rede como um caminho inédito a ser percorrido. Ops! Esqueceram de que há caminhos percorridos numa história recente. Ana Mae Barbosa, como sempre, não se furta de questionar, antes que se construam novos memoriais estéreis isolados da uma história viva almagamada. Barbosa se lembra de uma forte integração de artista e educadores latino americanos construída nos anos de 1920 e 1930 e interceptada pela ditadura do Estado Novo. E, foi justamente no fnal de outro período de governos militares quando começávamos a nos ver livres das ditaduras, forças autoritárias que nasceu o CLEA, organizado em 1984, como um caminho de diálogo e integração latino americana. Assim, vale lembrar que esta revista é fruto de um encontro desse mesmo CLEA, que, entre suas ações, promove a realização de congressos e encontros, estimulando e ampliando formalmente - uma conversa entre artistas, professores, pesquisadores latinos americanos. Nos vários dos artigos e registros desta publicação, de presentifcação de permeabilidades e impermeabilidades de uma arte/educação com importantes diferenças, estão evidentes questões comuns, políticas e históricas dessa proximidade ainda apagada. Um apagamento estratégico que tem nos impedido de pensar a partir da nossa grande condição comum: a colonização, travestida recentemente como início da era da globalização. O outro exemplo a que nos referimos tem a ver não só com o afã por novidades, a sucessão de ideias ultrapassadas por similares com vocabulário ou outra coisa qualquer renovado, como também pela nossa marca colonial. Na importação acrítica, chega para nós, como lançamento de mercado, como novidade, uma interseção entre arte, pesquisa e educação. Estão pensando nisso no primeiro mundo. Mas, vale aqui lembrar que esse discurso foi uma das importantes bases de construção e discussão do Congresso do CLEA, uma vez que essa interseção já vem se consolidando há anos em nossa escola. Assim, entre os desafos que se explicita na edição desta revista e na prática cotidiana está o de, em momento algum, abrir mão dessa proposição, que se delineia, há duas décadas na Licenciatura em Artes Visuais de Escola de Belas Artes da UFMG: não há como separar professores-artistas-pesquisadores.

Ainda seguindo a metodologia de organização do encontro de 2009, esta publicação traz provocações que emergiram no Congresso, mas também enredou (no sentido fgurado do termo) convidados extras, ampliando a roda de conversa, incorporando o inglês ao espanhol e ao português. Como aconteceu naquela época, continuamos aqui a buscar mediações provocativas para alimentar o necessário debate, aceitando interseções para que a rede seja de diálogos em diferentes línguas e rumos, aberto e, fundamentalmente, democrática. Portanto, traçamos rotas temáticas para confgurar a cartografa do ensino de Arte que aqui se presentifca. Iniciamos com a seção Ações na qual Salomón Azar, Dora Águila e Bernardo Bustamante abordam o conceito, objetivos, funções, histórico, resoluções, contribuições e atualizações do CLEA. A segunda seção apresenta Caminhos, compreendidos aqui como possibilidades de efetivação de estratégias pedagógicas. Rejane Coutinho traz a pesquisa para a formação de arte/educadores. Fernando Miranda enfatiza a necessidade do trabalho interdisciplinar nas artes visuais numa perspectiva de renovação do ensino. Mônica Romero, também interessada em novos caminhos para o ensino de Arte, trata de uma experiência curricular no âmbito das artes cênicas. Andréa Giráldez revê os usos das tecnologias de informação e comunicação na sala de aula de Arte. Tereza Eça advoga pela presença da multiculturalidade e transdisciplinaridade na interface entre cultura e educação, e Ramon Cabrera propõe pensamento-ações acerca da formação do arte/ educador. Em Registros, Ana Mae Barbosa e Amanda Paccotti, por meio de seus textos, trazem à tona sujeitos que reverberam na atualidade do ensino de Arte como Best Mougard, José Vasconcellos e Alfredo Ramos Martinez, da Escuelas al Aire do México, a peruana Elena Izcue, o brasileiro Theodoro Braga, e as argentinas Cossettini. Interrompemos as refexões aqui expostas com a seção Deslocamentos que traz um presente prenhe de futuro. Edward C. Warburton põe a dança na cena do ensino de Arte desta revista ao problematizar a noção de embodiment. Dipti Desai questiona sobre os desafos que a globalização coloca ao multiculturalismo pós-moderno na arte/educação. Como eixo conceitual, perpassa por todas as rotas um capítulo de imagens de autoria de Eugenio Paccelli. Com esses capítulos emancipamos a imagem e lhe outorgamos paridade de espaço refutando a hegemonia das letras. Essa iniciativa nos parece possível por consideramos que a compreensão não se dá unicamente pela via racional, podendo ocorrer por outros modos de afecção, ao modo de Espinosa, provocando sentires que geram movimentos em direção ao mundo. 7Pós, manual, 2008

A cartografa aqui apresentada não foi resultado de uma ação de mapeamento intencional por parte dos organizadores deste número. Constituiu-se no tempo-espaço ao longo de cinco anos de ler e reler, de atualizar, de buscar novos convívios, de propor rotas temáticas. Portanto trata-se de resultado de um exercício de invenção. Assim, esperamos que os traçados em forma de letra, de imagem desenhada, fotografada, possam reverberar pensamentos associados a ações. Considerando que o borramento espaço-temporal caracteriza as discussões postas neste volume, propomos uma aproximação a questões que ultrapassam fronteiras. Brasil, Colômbia, Uruguai, Chile, Argentina, Portugal, Espanha e Estados Unidos fornecem problemas de pesquisa em/sobre arte que colaboram com o compartilhamento da experiência em ensino de Arte aqui proposta. juliana GouthieR macedo lúcia Gouvêa Pimental mônica medeiros RibeiRo Editores Escola de Belas Artes/UFMG

9Pós, manual, 2008 Ações