RAFAEL PANDOLFO ADVOGADO E SÓCIO DO ESCRITÓRIO RAFAEL PANDOLFO ADVOGADOS ASSOCIADOS; MESTRE E DOUTOR EM DIREITO PELA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC/SP; INTEGRANTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS DO MINISTÉRIO DA FAZENDA CARF; MEMBRO DO CONSELHO DE ASSUNTOS TÉCNICOS, TRIBUTÁRIOS E LEGAIS CONTEC/FIERGS; DIRETOR DA ACADEMIA TRIBUTÁRIA DAS AMÉRICAS ATA; MEMBRO DO INSTITUTO DE PESQUISAS TRIBUTÁRIAS IPT; PROFESSOR CONFERENCISTA DO INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS IBET.
Limites ao Uso de Presunções no Direito Tributário e Coexistência de Processo Judicial e Administrativo Rafael Pandolfo Doutor em Direito Tributário (PUC-SP) Conselheiro Titular CARF Consultor FECOMÉRCIO RS Conselheiro CONTEC FIERGS Professor IBET Advogado Fundação de Escola Superior de Direito Tributário XI Congresso de Direito Tributário em Questão Gramado 1º de Julho de 2012
Processo Inquisitório 3
Silogismo da Bruxa Se bruxa queima, e madeira queima, bruxas são feitas de madeira. Madeira flutua porque é leve como os patos. Então, se a mulher pesar o mesmo que um pato, ela flutua. Se ela flutua, ela é feita de madeira, logo ela é... UMA BRUXA!!!!!!!!! 4
Inquisição, presunção de culpa e contraprova: ordálias Prova de fogo 5
Inquisição e Ordálias Prova da água/óleo fervente 6
Inquisição e Ordálias Premissa da acusação: A testemunha, sob juramento, não mente. Premissa da defesa: Sendo falsa a acusação, Deus interferirá (ordália) Acusação Defesa Argumento de Prova impossível autoridade Ordália Iluminismo/secularismo: racionalização do conhecimento e da realidade; superação da superstição. Redefinição da utilização das presunções: devido processo legal, necessidade de prova (presunção de inocência) 7
Presunção no Direito Tributário a. Absoluta b. Relativa c. Ficção 8
Presunção no Direito Tributário (translação e condição de validade) [(f1 f2). (f2 r)] (f1 r) Presunção: a premissa deve ser um fato que possui nexo de causalidade, não um juízo predicativo ( acusação sob juramento, presunção de legitimidade, certeza, liquidez, boa-fé ) 9
Omissão de rendimentos com base em depósitos bancários sem origem comprovada - Lei 9.430/96: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I - os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II - no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). - Lei 9.481/ 97 Art. 4º. Os valores a que se refere o inciso II do 3º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passam a ser de R$ 12.000,00 (doze mil reais) e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente. 10
Omissão de rendimentos com base em depósitos bancários sem origem comprovada Depósitos Bancários sem Origem Comprovada Art. 42 da Lei nº 9.430/95 Rendimentos Omitidos Contraprova: Identificação dos depósitos bancários através de notas fiscais, registros contábeis, contratos e declarações de terceiros; Deve ser comprovado que são rendimentos já tributados ou não tributáveis. 11
Nome do Sócio na CDA Há processo administrativo É responsável Procedimento comum Inscrito em dívida ativa Nome na CDA Nome na CDA É responsável Presunção de certeza e liquidez Devido à presunção de certeza e liquidez da CDA, do resultado do processo (nome na CDA), presume-se que o procedimento foi respeitado. 12
Nome do Sócio na CDA RESP 1.182.462 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ART. 105, III, A, DA CF/1988. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO SÓCIO. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. CDA. PRESUNÇÃO RELATIVA DE CERTEZA E LIQUIDEZ. NOME DO EXECUTADO NA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA CDA. CO-RESPONSÁVEL REDIRECIONAMENTO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. RESPONSABILIDADE. MATÉRIA APRECIADA SOB O RITO DO ART. 543-C, DO CPC. (RESP 1.104.900/ES, DJE 01.04.2009) RESOLUÇÃO STJ 8/2008. 13
Nome do Sócio na CDA e a Santa Inquisição Presunções que não correspondem a fatos, mas decorrem da credibilidade divina ; atribuída a terceiros; O contribuinte é responsabilizado não por um fato, mas pelo nariz de bruxa, nele colocado arbitrariamente; Prova negativa; Ordália, penhora (expropriação): a contraprova é realizada no âmbito do sofrimento e precede o juízo de existência de culpa; Identificação de um culpado, punível fisicamente (patrimônio), para satisfação do sentimento de injustiça e ineficiência do Estado (Inquisição). 14
Conclusões Estado Democrático de Direito Legalidade: As obrigações nascem de fatos ou presunções concretas (fatos) que mantém conexão lógica com eles. Não podem nascer de atos predicativos arbitrários Responsabilidade tributária: pena, que impede a culpa por ficção. Devido Processo Legal: Quanto mais frágil for o nexo de causalidade mais singela deverá ser a contraprova (Proporcionalidade). 15
Quando a injustiça se torna a lei, a resistência se torna um dever. Thomas Jefferson 16
Limites ao Uso de Presunções no Direito Tributário e Coexistência de Processo Judicial e Administrativo Rafael Pandolfo Doutor em Direito Tributário (PUC-SP) Conselheiro Titular CARF Fundação de Escola Superior de Direito Tributário XI Congresso de Direito Tributário em Questão Gramado 1º de Julho de 2012