UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - UNIPAC FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS



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Transcrição:

UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - UNIPAC FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS DIREITO CIVIL VIII DIREITO DAS SUCESSÕES QUADROS ESQUEMÁTICOS MARCOS ALVES DE ANDRADE BARBACENA JULHO DE 2007

Direito das Sucessões Autor: Marcos Alves de Andrade 2 Breve história - Fundamentos do direito das sucessões A primeira noção de direito das sucessões está relacionada com a perpetuação da espécie e com a organização da propriedade, remontando às mais longínquas eras da humanidade. A sucessão ocorria entre os chefes de tribos, posteriormente entre os chefes de família. A princípio, a sucessão cabia apenas ao filho mais velho, estendendo-se, posteriormente aos outros. As mulheres não tinham direito à sucessão. Não havendo descendentes, a sucessão cabia aos parentes varões da linha paterna, não havendo estes, aos varões da linha materna e, por último, não havendo tais herdeiros, a herança era revertida para a comunidade. Desde as primeiras leis, na ordem sucessória, os parentes mais próximos excluíam os mais remotos, e o filho primogênito do sexo masculino, passou a ceder o lugar a todos os filhos, com igualdade e sem distinção de sexo. No Código de Hamurábi, editado por Khammu-rabi, rei da Babilônia, entre 2067 a 2065 a.c., um dos mais antigos conjuntos de leis já encontrados, constavam vários dispositivos referentes ao direito das sucessões. Nele, praticamente, no que tange à sucessão, era reconhecida a igualdade entre os filhos. A Lei das Doze Tábuas (Lex XII Tabularum), através da qual foram condensados todos os costumes romanos da época, editada por dez legisladores romanos (os decênviros), no período de 451 a 449, a.c., além de instituir normas processuais, cíveis e criminais, continha, nas Tábuas IV (Do Pátrio Poder) e V (Da Tutela Hereditária), vários preceitos sobre o direito das sucessões, sendo um dos mais significativo o que dispunha sobre o direito de sucessão da propriedade, que a reconhecia através de ato entre vivos, testamento ou herança (Tábua V). Segundo historiadores, o instituto da sucessão testamentária nasceu na Grécia Antiga, mais precisamente em Esparta, e posteriormente foi absolvido por Roma. A partir da Lei das Doze Tábuas, o pater família tinha absoluta liberdade de dispor de seus bens para depois de sua morte, mas, falecendo sem testamento, a sucessão cabia, seguidamente a três classes de herdeiros: sui heredes, agnati e gentilis. Na classe dos sui heredes, herdavam todos os herdeiros, sem distinção de sexo. Inexistindo a classe dos sui heredes, a sucessão cabia à classe dos agnati, pessoas da mesma família, do sexo masculino, que se tornavam sui juris. Finalmente, inexistindo as classes anteriores, herdavam os gentiles, agnados mais afastados, ou presumidamente agnados, que, em razão da posse do mesmo nome de família e do mesmo culto doméstico eram conhecidos como parentes do falecido. No Direito Romano, Justiniano estabeleceu na Novella 117 a primeira ordem sucessória: a) descendentes; b) ascendentes e irmãos germanos; c) irmãos unilaterais; d) colaterais que não fossem irmãos; e) cônjuge sobrevivente. Ainda hoje, em alguns países, a ordem sucessória prefere, em primeiro lugar, os filhos do sexo masculino.

Direito das Sucessões Autor: Marcos Alves de Andrade 3 Direito das sucessões Conceitos Sucessão Patrimônio Herança Sucessão a título singular e a título universal Abertura da sucessão O direito das sucessões é o complexo de normas e princípios que regulam a destinação do patrimônio de uma pessoa depois de sua morte, sendo regido basicamente pelos artigos 1.784 e seguintes do Código Civil de 2002. A palavra sucessão é oriunda do latim successio, derivado de succedere. Dá idéia de afastamento de uma pessoa das relações jurídicas, ocorrendo a sua substituição por outra, a qual continua a exercer os deveres e obrigações, podendo decorrer de atos entre pessoas vivas ou por causa de morte. Os romanos chamavam succedere in jus a passagem de todos os direitos e obrigações do falecido a outra pessoa, seu sucessor. Sucessão é a transmissão, para uma ou mais pessoas vivas, do patrimônio de uma pessoa morta, o qual constitui o conjunto de direito e obrigações, de créditos e débitos, sendo considerado, sob certo aspecto, sinônimo de herança. Sucessão causa mortis, ou hereditária, decorre da morte de uma pessoa e a sobrevida de outra que irá lhe suceder, recebendo o patrimônio daquele. O patrimônio hereditário, ou seja, do autor da herança, é concebido como uma universalidade (art. 91). A herança não abrange os direitos personalíssimos do indivíduo, pois estes não se transmitem com a morte, mas se extinguem com esta (arts. 11 a 21). A sucessão causa mortis é um dos modos de aquisição da propriedade, e pode ocorrer a título universal, em que se transmite a totalidade ou parte ideal indeterminada do patrimônio ao sucessor, e a título singular, em que se transfere uma coisa ou um direito determinado, ou, mesmo, uma fração patrimonial determinada. A sucessão a título universal pode ocorrer por testamento ou por lei. A singular ocorre apenas por testamento. Legatário é aquele que sucede a título singular. Herdeiro é aquele que sucede a título universal. A abertura da sucessão ocorre no momento da morte da pessoa, real ou presumida (art. 6º), provada pela certidão de óbito, pois o patrimônio não pode ficar sem titularidade, transmitindo-se a herança, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários (art. 1.784). Pressupõe a existência de dois fatos: a morte do autor da herança ou de cujus, sucedido, e a sobrevivência de seu sucessor, ou herdeiro, legítimo ou testamentário. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido (art. 1.785). O domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece sua residência com ânimo definitivo (art. 70).

Direito das Sucessões Autor: Marcos Alves de Andrade 4 Sucessão legítima e sucessão testamentária Outras disposições gerais do CC 2002 Droit de Saisine A sucessão dá-se por lei (sucessão legítima) ou por disposição de última vontade (sucessão testamentária) (art. 1.786). A sucessão legítima ou ab intestato ocorre quando o autor da herança morre sem deixar testamento, o mesmo ocorrendo quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento, ou, ainda, se este caducar ou mesmo for declarado nulo (art. 1.788). Havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes ou cônjuge art. 1.845), o testador só poderá dispor da metade da herança (art. 1.789). A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições previstas no artigo 1.790 do Código Civil de 2002. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela (CC 2002, art. 1.787). As disposições do Código Civil de 2002 relativas à ordem da vocação hereditária (arts. 1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo o disposto no Código Civil de 1916 (art. 2.041). A sucessão dos ausentes é disciplinada pelos artigos 26 a 36 (sucessão provisória) e 37 a 39 (sucessão definitiva). Origem medieval, nascido na França para proteger o servo do senhor feudal. Os herdeiros do servo entravam na posse imediata dos bens Princípio pelo qual se estabelece que a posse dos bens do de cujus se transmite aos herdeiros legítimos ou testamentários, imediatamente, no momento de sua morte. O herdeiro não precisa requerer seu direito de posse dos bens herdados, ao contrário do legatário, que terá de fazê-lo, não podendo este, por autoridade própria, entrar na posse da coisa legada (art. 1.923, 1º). O Poder Público não é herdeiro, não lhe sendo reconhecido o direito da saisine. Conforme lição de Caio Mário da Silva Pereira ( Instituições de Direito Civil, vol. VI), alguns efeitos surgem do conceito do princípio de saisine: 1- abre-se a herança com a morte do sujeito, e no mesmo instante os herdeiros a adquirem. Verifica-se, portanto, imediata mutação subjetiva; 2- não é o fato de estar próximo que atribui ao herdeiro a posse e propriedade dos bens, mas sim a sucessão - a posse e a propriedade advêm do fato do óbito; 3- o herdeiro passa a ter legitimidade ad causam (envolvendo a faculdade de proteger a herança contra a investida de terceiros); 4- com o falecimento do herdeiro após a abertura da sucessão, transmite-se a posse e propriedade da herança aos seus sucessores, mesmo sem manifesta aceitação; 5- mesmo que os bens não estejam individualizados e discriminados, constitui a herança em si mesma um valor patrimonial, e, como tal, pode ser transmitida inter vivos.

Direito das Sucessões Autor: Marcos Alves de Andrade 5 Universalidade e indivisibilidade da herança Cessão de Direito hereditário Administração da herança Vocação hereditária e capacidade para suceder A universalidade e a indivisibilidade, regidas pelas normas do condomínio, permanecem até que seja feita a partilha dos bens (arts. 91, 1.791, caput, e seu par. único). Em conseqüência dessa universalidade, o juízo do inventário atrai todas as ações que lhe sejam relativas (CPC, art. 96). O direito à sucessão aberta considera-se imóvel para os efeitos legais (art. 80, II), obrigando a presença de ambos os cônjuges quando casados os herdeiros no processo de inventário, conforme exigido pelo art. 10, I, do CPC, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta (CC, art. 1.647). Somente pode ocorrer após a abertura da sucessão (art. 426) e antes da partilha, total ou parcial, através de escritura pública de cessão (art. 1.793). O cessionário pode participar do processo de inventário, para, no final, ser contemplado na partilha. Como o cedente não pode definir o que está sendo vendido, o cessionário assume o risco, pois se trata de negócio jurídico aleatório, através do qual são transferidos direitos e obrigações. O cedente não responde pela evicção de direito, salvo se estipulada essa obrigação na escritura. Como a herança é regulada pelas normas do condomínio, o coherdeiro não poderá ceder sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, em igualdade de condições (art. 1.794). O cessionário não responde por encargos superiores à quota hereditária que adquiriu, porque o cedente não perde sua condição de herdeiro a título universal (art. 1.792). Até o compromisso do inventariante > art. 1.797. Após o compromisso, cabe ao inventariante, nomeado na forma da lei. Os bens da herança destinados a filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao tempo da abertura da sucessão, serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz (arts. 1.799 e 1800) com as ressalvas previstas no art. 1.800. Na sucessão legítima, todas as pessoas, nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão, têm legitimidade para suceder (art. 1.798). A sucessão testamentária, no geral, conserva os princípios básicos norteadores da sucessão legítima, porém, enquanto esta se funda na existência do ser humano em razão do nascimento ou da concepção, aquela admite que outros entes sejam agraciadas com parte da herança. A legitimação para suceder é disciplinada pela lei vigente ao tempo da abertura da sucessão (art. 1.787). Todo aquele a quem o ordenamento jurídico confere qualidade para receber a herança ou parte dela tem capacidade para suceder.

Direito das Sucessões Autor: Marcos Alves de Andrade 6 Aceitação renúncia da herança e Aceitação da herança é o ato jurídico, através do qual o herdeiro declara que quer receber a herança a que tem direito. Aceitação expressa: aceitação por escrito público ou particular, seja nos próprios autos do inventário ou em caráter extrajudicial. Aceitação tácita: resulta de atos, positivos ou negativos, próprios da qualidade de herdeiro praticados por quem tem a intenção de aceitar a herança (art. 1805). A aceitação é definitiva (art. 1.804). A aceitação da herança pode ser feita diretamente pelo herdeiro ou por intermédio de seus sucessores (art. 1.809). Ressalvas: art. 1.813. Meros atos oficiosos, como o funeral do falecido, o culto à sua memória, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória, e a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros, não significam aceitação da herança ( 1º e 2º, do art. 1.805). A renúncia da herança é o ato solene pelo qual uma pessoa, chamada à sucessão da outra, declara que não a aceita. Pressupõe legítima manifestação de vontade, requer agente capaz, objeto lícito, possível e forma solene. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial nos autos do inventário ou noutra demanda especificamente destinada a esse fim (art. 1.806), portanto, não se presume. A renúncia da herança pode ser feita diretamente pelo herdeiro ou através de mandatário a quem foram conferidos poderes especiais e expressos em instrumento público. Todo aquele que tiver interesse em ver declarada, pelo herdeiro, a aceitação ou a renúncia da herança, pode interpelálo judicialmente, requerendo a fixação de prazo razoável para a resposta, nunca superior a trinta dias. Não havendo resposta no prazo assinado pelo juízo, será considerada aceita a herança (art. 1.807). Somente através de expressa renúncia dentro do prazo fixado na interpelação judicial é que poderá o herdeiro enjeitar a herança oferecida, tomando-se o seu silêncio como anuência presumida. Nenhum dos cônjuges pode renunciar a herança sem a outorga do outro, salvo quando o regime de bens for o da separação (art. 1.687). Não pode o herdeiro aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo (art. 1.808). Pode o herdeiro aceitar a herança e o legado, aceitar a herança e recusar o legado, aceitar o legado e recusar a herança ou recusar a herança e o legado (art. 1.808, 1º). A parte do renunciante se reverte em benefício do monte, acrescendo-se às dos demais herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente (art. 1.810).

Direito das Sucessões Autor: Marcos Alves de Andrade 7 Aceitação renúncia da herança Os que não podem suceder. Indignidade Herança Jacente e Herança vacante e Na sucessão legítima inexiste direito de representação de herdeiro renunciante. o herdeiro renunciante é tratado como jamais houvesse juridicamente existido. Se o renunciante for o único legítimo de sua classe, os filhos dele herdarão por direito próprio e por cabeça, ou seja, individualmente considerados, e não por direito de representação (art. 1.811). O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra (art. 1.856). A renúncia da herança não pode ser feita antes da abertura da sucessão (art. 426) e deve ocorrer até a partilha. A renúncia tem efeito retroativo à data da abertura da sucessão. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renuncia da herança (art. 1.812). Se a renúncia prejudicar credores do renunciante, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em seu nome (art. 1.813). Se nenhuma dos herdeiros aceitar a herança, optando todos pela renúncia, será a herança, de pronto, declarada vacante, pelo juiz da sucessão (art. 1.823). Tendo em vista as situações especiais que as envolvem, as pessoas mencionadas no art. 1.801 não podem ser nomeadas herdeiras ou legatárias. Ressalva: art. 1.803. As disposições testamentárias feitas em proveito de pessoas não legitimadas a suceder são absolutamente nulas, assim, nenhum efeito produzem, sendo tratadas como se jamais houvessem sido consignadas no testamento (art. 1.802). Arts. 1.803, 1814 a 1.818. Arts. 1.819 e 1.820, 1.822.