AVALIAÇÃO DA ACESSIBILIDADE PARA IDOSOS EM APARTAMENTO DE ITAJUBÁ - MG

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA ACESSIBILIDADE PARA IDOSOS EM APARTAMENTO DE ITAJUBÁ - MG Tamires Diniz Gomes 1, Cláudia Maria Alliprandini 2 1 Graduanda em Engenharia Civil - FEPI Centro universitário de Itajubá, Rua Doutor Antônio Braga Filho, 687 - Bairro Varginha, Itajubá-MG, tatadinizgomes@hotmail.com 2 Professora da FEPI Centro universitário de Itajubá, Rua Doutor Antônio Braga Filho, 687 - Bairro Varginha, Itajubá- MG, alliprandiniarquitetura@gmail.com Resumo - O processo de envelhecimento que o mundo vem passando provoca a diminuição das funções biológicas do ser humano, tornando a pessoa idosa mais propícia a sofrer quedas, que em sua maioria, acontecem em sua residência. Essas quedas, em grande parte, tem como causa uma habitação não adaptada para a realidade do idoso, com pisos escorregadios e desnivelados, falta de rampas, falta de corrimões. Dessa forma, a habitação dos idosos necessita ser adaptada, de maneira a ser acessível, confortável, e que os permitam ser independentes, sem necessitar da ajuda de terceiros. Assim, para avaliar a acessibilidade no apartamento e em sua rota acessível, foi realizado um check list baseado na norma NBR 9050/2015. Com essa avaliação, constatou-se que os maiores problemas se encontravam no apartamento, demonstrando que a preocupação com a qualidade de vida dos idosos, no que diz respeito a sua habitação, ainda não é vislumbrada como retorno financeiro para as construtoras. De maneira a finalizar o trabalho, foi elaborada uma planta com as modificações necessárias para os moradores viverem com qualidade de vida e conforto. Palavras-chave: Idosos, Acessibilidade, Qualidade de vida, Ergonomia, Antropometria. Área do Conhecimento: Engenharias Introdução O envelhecimento leva a mudanças funcionais do individuo associadas à realização de atividades em seu dia a dia de forma a demonstrar redução de mobilidade, do alcance manual, da capacidade visual e auditiva ou até mesmo do processo de percepção e compreensão que podem não estar relacionadas a nenhum tipo de doença. Esses fatores fazem com que as pessoas idosas encontrem limitações em sua rotina doméstica (PEREIRA, 2007). Para Mendes; Côrte (2009) a casa representa o maior bem conquistado ao longo da vida, o que causa a vontade de não mudar-se dela, pelos sentimentos de conquista, tranquilidade, privacidade, independência e estabilidade. Dessa forma é importante levar em consideração que as casas em que moramos serão habitadas por muito tempo e talvez até para o resto de nossas vidas e assim é importante que as construções sejam feitas levando em conta as necessidades que os indivíduos terão ao longo de sua vida até chegar a 3º idade. Ainda hoje, os estudos de Vitrúvio e Leonardo Da Vinci sobre as dimensões do corpo humano são de suma importância na hora de projetar as edificações. A compreensão das dimensões corporais e de que as pessoas são diferentes umas das outras, permitiu o surgimento da arquitetura inclusiva, que preza a acessibilidade e beneficia a todas as pessoas, sem segregação ou exclusividade. Assim, a pessoa idosa ou portadora de necessidades especiais tem oportunidades iguais a de qualquer outra, de maneira que ela possa se mostrar produtiva e integrada ao meio (LOPES FILHOS; SILVA, 2003). Segundo Oswald et al. (2007) uma habitação acessível permite uma maior interação e integração de maneira a manter a liberdade e independência de uma pessoa. Sua habitação precisa ser confortável de maneira a prover as necessidades que surgem com o avançar dos anos, mas sem abrir mão dos gostos pessoais, hábitos e relacionamentos imprescindíveis para que o idoso tenha uma boa qualidade de vida. Estudos mostram que idosos que vivem em locais sem barreiras, em que se sintam mais independentes, sofrem menos com sintomas depressivos. Portanto, o presente artigo tem como objetivo avaliar a acessibilidade na habitação da pessoa idosa, demonstrando a necessidade e importância de vivermos com conforto e independência nessa fase da vida. 1

Metodologia O apartamento escolhido para a realização deste estudo foi um apartamento tipo 1 (figura 1), na parte frontal do prédio da empresa X, que possui 157,00 m². Este é composto por uma sala de estar/tv/jantar, cozinha, área de serviço, banheiro de empregada, lavabo, 3 suítes e uma varanda gourmet. Foi avaliado também todo o caminho necessário para o acesso do morador até seu apartamento, ou seja, a rota acessível desde a calçada do prédio, as duas garagens, portaria, elevadores, até achegar a sua residência. Figura 1 - Apartamento alvo do estudo Fonte: Autor do projeto Criou-se um perfil fictício dos moradores do apartamento, de maneira que eles fossem vistos como pessoas ativas independentemente de suas condições físicas. Os moradores são um casal de idosos com mais de 60 anos. Celina caminha com a ajuda de andador e é artista plástica, cria esculturas e pinta em seu atelier. Seu marido Afonso usa uma cadeira de rodas e é escritor, gosta de ler, escrever e pesquisar na internet. Seus filhos os visitam ocasionalmente e a limpeza da casa é feita por uma diarista que trabalha duas vezes por semana. Para realizar a avaliação da acessibilidade procedeu-se um check list, com perguntas baseadas na norma NBR 9050/2015, conforme metodologia utilizada também por Pereira (2007). As perguntas incluíam a rota acessível e todos os cômodos do apartamento. Na tabela 1 há exemplos de algumas perguntas feitas. Tabela 1 Exemplo do Check list Item a ser avaliado Os vãos das portas têm largura mínima de 80 cm? Existe uma rota, com largura mínima de 90 cm, livre de obstáculos que permite o acesso direto ao prédio? Fonte: Adaptado de Pereira (2007) 2

Foi necessário também a análise dos projetos do prédio, com os cortes para a avaliação de alturas de bancadas e instalações hidráulicas, a avaliação da área de manobra (área de giro de uma cadeira de rodas) e área de aproximação (área frontal ou lateral para alcance) e as especificações dos pisos do apartamento e da rota acessível. Iniciando a avaliação na rota acessível do prédio, tem-se que a calçada possui 2,00 metros e é composta pelo piso Miracema, sendo firme e antiderrapante. As rampas das duas garagens começam após os 2,00 metros da calçada (figura 2). Figura 2 - Entrada do prédio Fonte: Próprio Autor O acesso à portaria é feito através de escada e rampa. A escada não possui sinalização visual em seus degraus. A portaria possui dimensões suficientes para manobra de uma cadeira rodas e possui fácil acesso aos elevadores. O prédio conta com dois elevadores, sendo um social e um de serviço. Os dois têm dimensões para serem utilizados por uma pessoa em cadeira de rodas e mais uma pessoa. Não há vaga reservada nas garagens para idosos ou pessoa portadora de necessidades especiais. O hall dos apartamentos é amplo, permitindo manobras em cadeira de rodas. A maioria das portas do apartamento tem a maçaneta do tipo alavanca e possuem dimensões de 0,80 metros. As portas dos banheiros tem largura de 0,70 metros. Os pisos do apartamento não são antiderrapantes. As janelas dos banheiros são do tipo maxim ar e as demais são do tipo integrada. A altura de peitoril das janelas está entre 1,07 e 1,65 metros. A cozinha do apartamento tem suas bancadas instaladas a 0,87 metros em relação ao piso, sendo muito alta para uma pessoa que utiliza cadeira de rodas. Os misturadores são do tipo alavanca. Sob as bancadas existe uma sapata (figura 3) para a posterior instalação de armários, o que dificulta a aproximação frontal do morador. Figura 3 - Bancada e sapata da cozinha Fonte: Próprio autor 3

A sala de estar/tv/jantar é um cômodo bastante amplo, sem empecilhos para os moradores. A área de serviço não possui área suficiente para a aproximação frontal do tanque de lavar roupa e tem a torneira do tipo abrir. O banheiro de empregada possui dimensões muito pequenas e uma porta com vão de 0,60 metros. A varanda gourmet é o espaço de lazer do apartamento e conta com uma churrasqueira e um passa prato que fica em contato direto com a cozinha. A bancada encontra-se instalada a 0,87 metros em relação ao piso, sendo muito alta para uma pessoa que utiliza cadeira de rodas. Sob a bancada existe uma sapata para a posterior instalação de armários, o que dificulta a aproximação frontal do morador. A circulação do apartamento liga a sala à parte íntima, que são os quartos e tem uma extensão de 2,98 metros, com 1,20 metros de largura. O lavabo encontra-se próximo a sala para ser utilizado pelas visitas. Suas dimensões são muito pequenas, não possui barras de apoio e os misturadores da pia são do tipo abrir. A suíte 1 é a maior do apartamento. O layout estabelecido para este cômodo não permite a utilização de todo o mobiliário e nem a fácil circulação. O banheiro não possui área de manobra e nem aproximação para utilização dos equipamentos sanitários. O misturador da pia é do tipo abrir e não há barras de apoio instaladas. As suítes 2 e 3 tem um layout que permite a circulação pelo cômodo e a utilização de todo o mobiliário. Os banheiros são espelhados e dividem a mesma parede hidráulica. Não possuem área de manobra e de aproximação dos equipamentos sanitários. Os misturadores das pias são do tipo abrir e a existência de um nicho nos boxes dificulta a instalação de barras de apoio (figura 4). Figura 4 - Banheiro da suíte 3 Resultados Fonte: Próprio autor Na rota acessível é preciso colocar sinalização visual nos degraus. Na garagem, há um local para a vaga reservada, de maneira que fica próximo de uma área de manobra e que facilita o embarque e desembarque dos moradores, sendo eles os condutores do veículo ou os passageiros. Há a possibilidade de deixar uma vaga reservada na rua, na frente do prédio, para embarque e desembarque do morador. Segundo o Departamento de Trânsito de Itajubá, o condomínio pode solicitar. No apartamento, as modificações necessárias se concentram mais na suíte do casal, no caso a suíte 1, pois não há a necessidade de modificar todo o apartamento. A suíte 1 foi escolhida pela incidência solar da parte da manhã, que é mais saudável para os moradores. O banheiro foi enlarguecido para permitir a circulação e utilização de todos os equipamentos sanitários. Para isso, o lavabo foi levado para outro local, ainda próximo a sala. Isso permitiu que o banheiro ganhasse dimensões necessárias para a utilização pelos moradores. A suíte 2 foi transformada em um atelier e escritório e a suíte 3 foi mantida como quarto de visitas. A altura das bancadas foi modificado para ficar a no máximo 0,85 metros em relação ao piso, as torneiras trocadas para o tipo monocomando, as portas modificadas para terem largura de 0,80 metros, os pisos trocados para terem caracteristicas antiderrapantes. 4

O banheiro de empregada foi retirado, de maneira que a área de serviço ficou mais ampla,permitindo a utilização frontal do tanque de lavar roupa. A planta modificada do apartamento apresenta na sala um layout de maneira a torna-la mais confortável para os moradores, com um lugar reservado para a cadeira de rodas. A mesa de jantar da sala foi alterada para uma com dimensões maiores e que possui um apoio central para o tampo, assim não obstruindo o avanço da cadeira de rodas. O lavabo continuou proximo a sala e sua mudança de local permitiu o novo layout do banheiro da suíte 1. Os banheiros das suítes 2 e 3 não foram modificados, pois a pessoa com necessidades especiais irá utilizar seu próprio banheiro adaptado. A figura 5 é a planta baixa do apartamento modificada. Figura 5 - Apartamento modificado Discussão Fonte: Próprio Autor Através dos resultados obtidos, é possível perceber que inúmeros pontos do apartamento e de sua rota acessível estão em desacordo com a norma e assim, não contemplam a acessibilidade. Os maiores problemas encontrados foram com relação à altura de bancadas, largura das portas e a falta de área de manobra e aproximação para a utilização normal do mobiliário estabelecido. Ao projetar a edificação, não foi levada em consideração que muitos dos moradores envelhecerão no mesmo ambiente e que a residência precisará se manter adequada nessa fase da vida do morador, conforme adaptações que procuramos apontar que seriam viáveis para tal finalidade. Isto permite analisar que ainda não houve uma preocupação quanto a acessibilidade nas habitações e que a norma NBR 9050 não é totalmente utilizada na hora de se projetar. Nesta conclusão também chegou o estudo realizado por Montenegro; Toledo (2014), que avaliaram a acessibilidade de um apartamento da cidade de Maceió. O prédio estudado por eles é vendido como sendo ''o primeiro edificio adaptado para idosos de Maceió. 5

Após aplicarem o check list, observaram que há diversos pontos falhos em questão de espaço subdimensionados e um layout inadequado. Desta forma, também compreendem que há a necessidade de se projetar edificações para todas as pessoas e a importância do poder publico fiscalizar as obras para que estas atendam as normas e leis vigentes. Conclusão Através da realização deste trabalho foi possível perceber a importância do idoso ter uma residência adaptada, confortável, que o estimule. De maneira que ele possa ser independente, se sentir útil, sem a necessidade da ajuda de terceiros. As modificações realizadas no apartamento foram poucas, assim, as modificações propostas no trabalho se tornaram viáveis e o apartamento se tornou acessível para o casal de idosos morador. O dia a dia deles foi facilitado, de maneira que eles consigam, de forma independente, se deslocar pelo apartamento, ter acesso aos cômodos, utilizar todos os mobiliários e objetos. As modificações quando realizadas em projeto se tornam mais baratas do que quando realizadas após a edificação estar construída. Dessa forma, as empresas poderiam começar a mudar a forma de pensar, começar a enxergar o crescente e possível mercado consumidor que são os idosos e as pessoas com necessidades especiais. Assim, na hora da compra do apartamento na planta, o cliente teria a opção de um apartamento com ou sem modificações e de acordo com seu interesse e necessidade, o apartamento seria construído com a acessibilidade necessária para os moradores viverem com mais qualidade de vida e conforto pelo restante de suas vidas. Apesar de tudo, pode-se dizer que ainda há preconceito e exclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais. É preciso se colocar no lugar do próximo para entender sua realidade e necessidades, de maneira a compreender a importância dos locais serem acessíveis para todas as pessoas, independentemente das suas capacidades. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em:http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivos/%5bfield_generico_image ns-filefield-description%5d_164.pdf. Acesso em 28 mar. 2016. LOPES FILHO, J.; SILVA, S. Antropometria. Sobre o homem como parte integrante dos fatores ambientais. Sua funcionalidade, alcance e uso. Revista Vitruvius, ano 04, nov. 2003. Disponível em:http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/642. Acesso em 15 ago. 2016 MENDES, F. R. C.; CÔRTE, B. O ambiente da velhice no país: Por que planejar?. Revista Kairós Vol. 12, No. 1, São Paulo, 2009. Disponível em:http://revistas.pucsp.br/index.php/kairos/article/view/2787. Acesso em 21 mar. 2016. MONTENEGRO, F. C.; TOLEDO, A. Acessibilidade espacial para idosos: Estudo de um apartamento de padrão elevado em Maceió/AL, 2014. Artigo do XV Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Maceió, 2014 Disponível em:http://www.infohab.org.br/entac2014/artigos/paper_599.pdf. Acesso em 21 mar. 2016. OSWALD, F. et al. Relationships Between Housing and Healthy Aging in Very Old Age. The Gerontologist Journal Vol. 47, No. 1, 96 107, Oxford, 2007. Disponível em:http://gerontologist.oxfordjournals.org/content/47/1/96.full.pdf+html. Acesso em 27 mar. 2016 PEREIRA, G. M. Acessibilidade espacial na habitação popular: um instrumento para avaliação de projetos. 2007. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. Disponível em:https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/90156 acesso 21/03. Acesso em 21 mar. 2016. 6