PERGUNTANDO A LACAN: TEM INCONSCIENTE NAS PSICOSES?

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Transcrição:

PERGUNTANDO A LACAN: TEM INCONSCIENTE NAS PSICOSES? Sonia Coelho 1 Durante um longo tempo, acreditei que o conceito de inconsciente não cabia em se tratando de Psicose. Fiz algumas leituras do Seminário 3, mas falar de inconsciente parecia uma grande loucura. Entretanto, o que eu me perguntava era: se não tem inconsciente, pode-se falar em psicanálise das psicoses? A frase de Freud no estudo do caso Schreber o inconsciente do psicótico é bom gramático e mau filólogo ressoava entre as minhas interrogações. Voltamos a ler o Sem das Psicoses, no Grupo das Psicoses, quando voltou à questão: psicótico tem inconsciente? Dispus-me a pesquisar embora meio desconfiada como quem fosse pela contramão dos estudos. Fui e me surpreendi com as afirmações de Lacan, pois logo no inicio do texto, lição de 15/02/56 pode-se ler: nosso ponto de partida é o seguinte: o inconsciente está ai nas psicoses. Os analistas o admitem com ou sem razão, e nós admitimos com eles, que em todos os casos é um ponto de partida. Há 26 referencias ao inconsciente no Sem das Psicoses, e algumas delas especificas ao inconsciente nas psicoses, são elas: à flor da terra, a céu aberto, excluído para o sujeito, sustentado por uma linguagem de alcance reduzido, submetido a uma inércia especial, martirizador do psicótico Se Lacan insistiu que o inconsciente é estruturado como uma linguagem, também retomou Freud - o delírio é tentativa de reconstrução. 1 Psicanalista, membro de Intersecção Psicanalítica do Brasil/PE. E-Mail: sc.recife@hotmail.com. 1

Na lição de 30/11/55 está escrito: desde que o sujeito fala, há um Outro com A maiúscula, sem isso não haveria problema na psicose. Os psicóticos seriam máquinas de fala. Observamos que estamos diante de um discurso que sabemos desarticulados da realidade, mas que tenta reconstruir de forma estranha, no registro do Real, uma parametáfora paterna. O desafio que enfrentamos no quotidiano é lidar com um Real que aparece como lugar de reconstrução. Há outras foraclusões? Falar em foraclusão é dizer que a estrutura é Psicose. É o oposto do recalque. Não teve êxito a operação da metáfora paterna. Mas há outras foraclusões? No Seminário O sinthoma, 16/03/76 Lacan diz que lhe colocaram esta pergunta: se havia outras foraclusões além da que resulta da foraclusão do Nome-do-Pai? Resposta: é certo que a foraclusão tem algo de mais radical, já que o nome do pai é algo, afinal de contas, de leve. Mas é certo que aí pode servir no lugar da foraclusão do sentido pela orientação do Real. Tento entender essa Foraclusão de sentido. É no sem R.S.I. que aparece mais claro esse conceito de sentido. Na aula de10/12/74 é Lacan quem pergunta: que historia é essa de sentido? Diz que na pratica analítica é para reduzir o sentido que se opera. E o sentido é aquilo porque responde algo que é diferente do Simbólico; e esse algo que é diferente do Simbólico, não há meio de suportá-lo senão pelo Imaginário. Diz ainda que também existe um máximo admitido no desvio de sentido, ou seja, o máximo permitido da substituição de um significante por um outro. Embora não tenha ficado claro para mimem que sentido opera essa orientação do Real, me parece uma referencia às neuroses. Trazendo o conceito para a prática clínica, ainda no R.S.I. 16/11/55 Lacan diz: o sentido não é o que se compreendo O sonho tem um sentido; algo se pode ler nele, mas jamais o sonho fala." A pergunta que cabe ao sonho é: o que isso quer dizer, dizendo isso? Aqui fico com mais uma pergunta: reduzir o Gozo nas psicoses, quando surge um objeto para enodá-lo, alcançaria algum sentido? A foraclusão local é tese, defendida por Nasio, em seu livro Os olhos de Laura (pág. 78-79) e me pareceu também pouco clara. Transcrevo: a realidade psíquica, a da 2

castração, é intolerável porque comporta uma representação particularmente intolerável, entre o conjunto geral das representações, mas todas as outras representações são intoleráveis também? Nasio diz que os Nomes-do- Pai são múltiplos, locais e factuais como as castrações. E se o acontecimento é o da foraclusão, a realidade forma-se diferente das outras, mas não incompatível com elas. Foraclusão defensiva é um termo de M.Safouan e refere-se ao caso do Homem dos Lobos quando alucina ou delira. Pareceu-me que esses nomes dados às outras formas de foraclusão guardam uma relação com a foraclusão de sentido anotada por Lacan. São nomes diferentes para o mesmo conceito. Há um recalcado anteriormente... Como é isso? Que tipo de recalque existe nas psicoses? Lacan no sem 3 (11/01/56) diz: no começo das psicoses quando o não simbolizado aparece no Real, há respostas do lado do recalque, mas são inadequadas Confirma essa questão ao comentar o caso de Schreber e a relação imaginaria com os raios divinos, onde Freud fala da existência de uma dupla polaridade e refere-se então ao recalcado anteriormente. Gerard Pommier em seu Ensaio sobre A Transferência em Psicanálise quando particulariza as psicoses, faz o mesmo questionamento sobre o movimento do recalque secundário: o sintoma neurótico resulta de um retorno do recalcado que procede da sucessão de dois traumatismos: o do recalque primordial e depois do recalque secundário. Nas psicoses só encontramos a metade do segundo traumatismo. Então a tese de Nasio parece repetir Freud e Lacan em relação ao recalcado. Neste ponto surge uma grande questão: aprendemos que a estrutura não muda, e que onde há recalque, não tem foraclusão... Será essa uma tese a ser melhor entendida? Concordamos que nas psicoses há um recalcado pela metade, que capenga diante da forclusão? A figura do banquinho de 4 pés em que um capenga citado por Lacan para dizer sobre uma função que não responde quando chamada estará nos mostrando uma certa parcialidade do recalcado nas psicoses? 3

E sujeito, tem nas Psicoses? Sim, tem sujeito nas psicoses. Representado pelo significante foracluído ou alucinado. Para Lacan o sujeito psicótico está ali literalmente no discurso alucinatório. Trata-se de um sujeito mais ponto de interrogação, que reage à ausência do significante de forma enigmática, e que vive a despossessão primitiva do significante, através de uma série de identificações conformistas a personagens. Partindo do Caso Schreber, Lacan diz que há uma significação essencial que não remete a nada, mas diz respeito ao sujeito. O sujeito nas psicoses não pode fazer uma mediação simbólica entre o que é novo e ele próprio. Para Isidoro Vegh o sujeito psicótico carece do inconsciente como lógica de incompletude e disto resulta a impossibilidade de articular seu desejo, o que configura um sujeito não desejante. Chegamos no fantasma. Psicótico tem tudo isso, até fantasma? Embora Lacan use sempre a palavra fantasmagoria, quando se refere às psicoses no Seminário 3, literalmente define: partamos da ideia de que um buraco, uma falha, um ponto de ruptura do mundo exterior, está preenchido pela peça agregada que é o fantasma psicótico. Gerard Pommier, em Luis de la Nada (pág. 109 n.1) diz que existe uma diferença substancial entre fantasma neurótico e seu correspondente psicótico: o primeiro corresponde a um desejo estruturado por uma proibição; sua realização o relança de imediato por toda satisfação que engendra; o segundo, ao contrário, quando se realiza, se precipita em um incesto cuja única saída é o negativismo. O delírio se desencadeia justamente ao culminar nas psicoses um fantasma que busca realizar-se. O delírio sucede à realização do fantasma. É uma tentativa de reconstrução. Observa-se até aqui que na psicanálise com psicóticos todos os conceitos que fundamentam a escuta analítica conservam seus nomes, mas estão literalmente modificados. Vamos ver agora a transferência e que pressupostos adotará. Primeira diferença: o lugar de Suposto Saber não será ocupado pelo analista. A demanda sempre vem por terceiros e o candidato à análise busca ser ouvido em sua 4

certeza delirante, da qual não tem dúvidas. Logo esse semblante de a lugar do analista também não vai operar. Lacan no texto Uma Questão Preliminar a todo tratamento possível das Psicoses,(pag580) diz que a relação com o outro como semelhante, e até uma relação tão elevada quanto à da Amizade, no sentido em que Aristóteles faz dela a essência do laço conjugal, são perfeitamente compatíveis com a relação forado-eixo com o grande Outro e com tudo que ela comporta de anomalia radical. Outra referência ao amor, agora no Sem 3: para o psicótico uma relação amorosa é possível abolindo-o como sujeito, enquanto ela admite uma heterogeneidade radical do Outro, mas esse amor é um amor morto..resumindo: esse amigo que escuta, é um lugar diferente. Há quem pergunte se ser amigo não será querer o bem do outro. Se o investimento sexual,na amizade, está além do corpo, e direciona-se ao social, é a única via que pode permitir que algo surja e possa fazer nó ali, onde o Gozo reina absoluto... Sem concluir... Uma questão retorna agora sem conclusão: diante desses conceitos modificados, pode-se falar de uma técnica psicanalítica? Eduardo Foulkes em seu livro El Saber de lo Real diz que nossas intervenções nas psicoses jamais poderiam ser consideradas uma técnica psicanalítica, mas guardam indubitavelmente coerência com um principio metodológico: o Real do gozo do psicótico não se interpreta, não se acede a sua simbolização com o simbólico da palavra, muito ao contrario, é o Real da palavra que o ato psicanalítico presentifica em sua recusa a ser um Outro do Gozo do psicótico. Também não é o lugar do psicanalista puro, pois opera um saber do Real desde que se opõe a ser o Outro do gozo do psicótico, o que nos diferencia também do Psicoterapeuta, embora às vezes sejamos diretivos. Se nas psicoses há um inconsciente, mesmo que adotemos o que define Isidoro Vegh...Um inconsciente que carece da lógica de incompletude, na nossa prática clinica, esses conhecimentos teóricos, parecem ter como lugar privilegiado, além do manejo da transferência, o de tentar que algo surja para barrar o gozo absoluto que faça buraco nesse Real que comanda sem Lei. Entretanto, na maioria das vezes que enfrentamos esse desafio, não recuando diante das psicoses, temos o sentimento de estar remando na areia. 5

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: FREUD, Sigmund. O caso Schreber. in Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro, Imago editora. Vol. XII, 1969. JULIEN, Philipe. As Psicoses. Companhia das letras, 1997. LACAN, Jacques. R.S. I. Inédito.. Écrits. Editions du Seuil, Paris, 1966.. O Sinthoma. Inédito.. Seminário 3 - As Psicoses. Ed Paidós, 1975-76. NASIO, J-David. A psicossomática. 1993 Ed.Zahar.. A alucinação. 1997. Ed Zahar.. Cinco Lições sobre a teoria de Jacques Lacan. Ed. Zahar, 1991.. Os Olhos de Laura. Artes Médicas, 1991. POMMIER, Gerard. Louis de la Nada - La melancolia de Altusser. Argentina, Amarrortu Editores, 1998. VEGH, Isidoro. Uma cita com la Psicose. Homo Sapiens Edicions, 1995. ZENTNER, Oscar. A escuta Psicanalítica - Efeitos de uma ética. Publicação do C.E.F- Recife. 6