IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA NA FABRICAÇÃO DE SOFÁ EM MICROEMPRESA MOVELEIRA DO APL DE MÓVEIS DO AGRESTE DO ESTADO DE ALAGOAS

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Transcrição:

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010. IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA NA FABRICAÇÃO DE SOFÁ EM MICROEMPRESA MOVELEIRA DO APL DE MÓVEIS DO AGRESTE DO ESTADO DE ALAGOAS ÁUREA LUIZA QUIXABEIRA ROSA E SILVA RAPÔSO (UFBA) aurearaposo@ig.com.br Sandro Fábio César (UFBA) sfcesarpaz@uol.com.br Asher Kiperstok (UFBA) asher@ufba.br O presente trabalho objetivou identificar as oportunidades de produção mais limpa na fabricação de sofá, a partir do mapeamento das entradas e saídas e dos fluxos gerados em processo produtivo de microempresa moveleira integrante do APL de Móveis do Agreste do Estado de Alagoas. Para tanto, a metodologia empregada foi baseada em estudo de caso, elaborado através de levantamento documental e fotográfico, entrevistas e visitas técnicas, com o intuito de descrever o processo produtivo, os insumos e os resíduos associados. Os resultados obtidos foram os fluxogramas do processo produtivo em estudo - global e detalhado, bem como a enumeração de oportunidades de implantação da Produção mais Limpa, com ênfase na organização da produção. Palavras-chaves: Produção mais limpa, produção moveleira, estofados, gestão de resíduos, empresa de estofados

1. Introdução As aglomerações empresariais hoje podem ser denominadas por clusters regionais, redes locais de cooperação, sistemas produtivos e inovativos locais, arranjos produtivos locais (APLs). Entende-se por clusters/apls aglomerações territoriais de agentes sociais, econômicos e políticos em um setor produtivo particular. Envolvem participação e interação de empresas, reunindo desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria, comercializadoras, organizações públicas e privadas, relacionadas à formação e capacitação de recursos humanos, associações de classe; instituições não governamentais (LASTRES & CASSIOLATO, 2003; AMATO NETO, 2009). Observa-se que dois importantes aspectos, localização geográfica e especificação do segmento produtivo, são fundamentais para a formação do cluster ou APL. E a eficiência coletiva, resultado de processos internos das relações interempresas, é a força motriz desse cluster/apl e que pode contribuir significativamente para a mobilização e implantação de oportunidades de Produção mais Limpa (PmL) nessas empresas (NORONHA & TURCHI, 2005). Recentemente, o termo Arranjo Produtivo Local (APL) vem adquirindo maior destaque e aplicação para representar esse fenômeno aglomerativo de empresas, sobretudo nos países em desenvolvimento, como o Brasil. A política de desenvolvimento da produção brasileira do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) encontra-se estruturada em APLs, mantendo inclusive Grupo de Trabalho Permanente. São 135 APLs brasileiros. Desse total, 18 são do segmento produtivo de Madeira e/ou Móveis, conforme Tabela 1 (MDIC, 2009, on-line). Região Brasileira UF APL Cidade Pólo Nº de Municípios AC Madeira e móveis Rio Branco 7 Cruzeiro do Sul 1 AM Madeira e móveis Manaus 6 Norte AP Madeira e móveis Macapá 2 PA Madeira e móveis Paragominas Piloto RO Madeira e móveis Ji-Paraná 4 RR Madeira e móveis Boa vista 1 Subtotal 21 AL Móveis Arapiraca 2 Nordeste CE Móveis Marco 4 MA Madeira e móveis Imperatriz 5 Subtotal 11 MT Móveis Cuiabá 2 Centro-Oeste DF Madeira e móveis Brasília 1 TO Móveis Araguaína 6 Subtotal 9 ES Móveis Linhares 7 Sudeste MG Madeira e móveis Ubá Piloto SP Móveis Mirassol 21 Subtotal PR Madeira e móveis União da Vitória 6 Móveis Arapongas 3 Sul RS Móveis Bento Gonçalves 34 SC Madeira e móveis São Bento do Sul 3 Móveis Chapecó 8 Subtotal 54 2

TOTAL 123 Fonte: Elaborado com base nos dados do MDIC (2009, on-line) Tabela 1 APLs de Madeira e Móveis no Brasil Desses 18, apenas 3 APLs de Madeira e/ou Móveis situam-se na região Nordeste, mais especificamente nos Estados de Alagoas, Ceará e Maranhão, envolvendo 11 municípios no total. Em Alagoas, o APL de Móveis, situa-se no agreste alagoano e abrange os municípios de Arapiraca e Palmeira dos Índios, sendo que a cidade pólo é Arapiraca. A Figura 2 apresenta as linhas de divisão municipal, enfatizando os referidos municípios em relação a capital Maceió. Palmeira dos Índios Maceió Arapiraca Figura 2 Mapa de localização dos municípios do APL de Móveis do Agreste, Alagoas (APL, 2010, on-line) Ainda são poucas as pesquisas aplicadas aos estudos dos impactos sócioambientais nas cadeiras produtivas dos APLs nacionais, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Para a cadeia produtiva moveleira, os estudos concentram-se na região centro-sul do país, focados nos pólos moveleiros já consolidados. Amato Neto (2009) ressalta, nesse sentido, que a integração do cluster/apl com centros de ensino e/ou de pesquisa para a geração de conhecimento relevante ao negócio, pode provocar spillovers de conhecimento aplicado. Partindo-se do princípio de que as micro e pequenas empresas dos segmentos produtivos moveleiros do APL de Móveis do Agreste não possuem Sistema de Gestão Ambiental implantado e avaliado; e muito menos, dispõem de mecanismos de PmL, necessários para se atingir gradativamente produção e consumo sustentável, grande parte dos produtos e/ou processos desenvolvidos nos segmentos moveleiros de micro e pequeno porte não apresentam metas sócioambientais incorporadas de forma eficiente, abrindo a perspectiva de estudos diagnósticos e aplicados, como o proposto neste trabalho. Este artigo apresenta os resultados de mapeamento dos fluxos de matérias-primas e insumos, etapas e operações de processo, resíduos e emissões de sistema produtivo de fabricação de sofá de uma microempresa integrante do APL de Móveis do Agreste (AL). Particularmente, é dada ênfase a organização da linha de montagem. Aspectos sócioambientais relacionados ao sistema produtivo foram identificados e discutidos no estudo de caso como oportunidades de melhoria, mas a avaliação dessas oportunidades serão discutidas em um outro artigo, como continuidade e/ou segunda fase do trabalho. 3

2. Objetivo(s) da pesquisa Objetivo geral: Identificar oportunidades de produção mais limpa na produção de sofá em microempresa moveleira. Objetivos específicos: Selecionar microempresa moveleira integrante do APL de Móveis do Agreste (AL) para aplicação do estudo de caso; Descrever a microempresa de estofados selecionada; Caracterizar o processo produtivo de fabricação de sofá, com ênfase na linha de montagem; Mapear entradas e saídas do processo produtivo em estudo, relacionando o sistema de organização da linha de produção com o volume dos resíduos produzidos; Identificar as oportunidades de produção mais limpa aplicáveis ao processo mapeado. 3. Metodologia e procedimentos utilizados Este trabalho consiste em pesquisa exploratória de abordagem qualitativa sobre os fundamentos e aplicações da PmL na cadeia produtiva de móveis, aplicada à fabricação de sofá em microempresa moveleira. A metodologia base aplicada está fundamentada no método da UNIDO/UNEP para implantação de Programas de Produção mais Limpa (PmL). Os procedimentos utilizados seguiram o modelo simplificado de relatório para implantação do programa de PmL da Rede de Tecnologias Limpas da Bahia TECLIM-UFBA, elaborado com base no Manual 04-Relatório da implantação do Programa de PmL do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL). Etapas metodológicas: 1ª etapa: Revisão da literatura existente (recorte temático); 2ª etapa: Seleção da empresa e do produto sofá para o estudo de caso; 3ª etapa: Descrição da empresa e do processo produtivo escolhido; 4ª etapa: Mapeamento das entradas e saídas desse processo; 5ª etapa: Análise dos dados; 6ª etapa: Identificação de alternativas. Procedimentos utilizados: a) Levantamento bibliográfico e documental; b) Levantamento cadastral e fotográfico da microempresa moveleira e do objeto estudado; c) Entrevistas e visitas técnicas (2); d) Sistematização dos dados coletados; e) Análise dos dados; f) Enumeração das oportunidades. 4. A cadeira produtiva moveleira do APL de Móveis do Agreste Alagoano Nesse item, será apresentada a cadeia produtiva de móveis do agreste alagoano, correlacionando-a com os principais conceitos e princípios de PmL. Em seguida, abordar-se-á os aspectos de organização da produção para a fabricação de sofá em microempresa de estofados, com ênfase na linha de montagem. Compreende-se por cadeia produtiva o conjunto de atividades pelas quais transitam e são transformados diversos insumos e recursos, 4

incluindo das matérias-primas, máquinas e equipamentos, produtos intermediários até produtos finais, distribuição e comercialização. Configura-se por diversos processos e etapas, nos quais cada agente ou grupo de agentes especializa-se em um(a) ou vários(as) deles(as) no âmbito do sistema produtivo. Pode ter abrangência local, regional, nacional ou mundial (FERREIRA, 2008). O Fluxograma da Figura 3 esquematiza fluxos de materiais e capital para a Cadeira Produtiva de Madeiras e Móveis. Figura 3 Diagrama esquemático da Cadeia Produtiva de Madeiras e Móveis (BRASIL-IPT, 2002) Tomando-se Ferreira (2008) como referência, a produção moveleira pode ser observada e analisada por 4 critérios: 1) tipo de material predominante no processo produtivo, subdividido-se em móveis de madeira maciça (nativa ou reflorestada) e/ou painéis de madeira reconstituída; de metal; de plástico; e estofados; 2) uso ao qual se destina, indo de móveis residenciais, móveis para escritório a móveis institucionais; 3) forma organizacional utilizada no processo produtivo: seriado ou sob medida/encomenda; 4) design utilizado, que varia entre predominantemente torneado e/ou retilíneo. Os diferentes tipos de materiais que são utilizados na cadeia produtiva de móveis podem ser observados na Figura 4. 5

Figura 4 Fluxograma esquemático da Cadeia Produtiva de Madeiras e Móveis (BRASIL-IPT, 2002) A produção de resíduos constitui um problema na produção moveleira local do agreste alagoano. Para as principais empresas de micro e pequeno porte do segmento de móveis dessa região, observou-se que os rejeitos ocupam espaço significativo na produção e quase não apresentam outro destino além do lixo, o que gera aumento do volume de resíduos e compromete o ambiente de produção e a própria relação da empresa com a sociedade (APL- SEBRAE, s.d). Enquanto o resíduo for visto como rejeito dentro de um processo produtivo, ele e seu processo estarão contribuindo para um maior impacto ambiental negativo. A partir do momento em que for considerado como um subproduto para outro processo produtivo, ele estará vinculado a uma proposta de PmL como também de Ecologia Industrial, minimizando impacto no meio ambiente e oferecendo amplo campo de pesquisa, tanto para proposta de produção de novos produtos, quanto para orientações técnicas que minimizem e/ou eliminem a sua geração. A sua não-geração deve ser vista tanto como meta ambiental quanto como programa orientado para viabilizar o uso máximo dos materiais e, por conseguinte, maior produtividade, porque resíduos, de acordo com Kiperstok (2002), são matérias-primas que não foram transformadas em produtos comercializáveis ou em subprodutos a serem usados como insumos em outro processo produtivo. 4.1 Produção mais Limpa e a cadeia produtiva de móveis do agreste alagoano A Produção mais limpa (PmL) objetiva atender a necessidade de produtos de forma sustentável, o que significa usar com eficiência os recursos materiais, hídricos e energéticos disponíveis; considera os sistemas de produção e seus processos como cíclicos, capazes de utilizar menor número de materiais, menos água e energia (GREENPEACE, 2007, on-line). Tomando-se a abordagem de PmL do Greenpeace (2007, on-line) e adaptando ao contexto da produção moveleira de micro e pequeno porte, os quatro principais elementos da PmL são: a) enfoque precautório, em que cabe a empresa verificar se o seu produto e/ou serviço causa 6

danos ambientais; b) enfoque preventivo, que atua na prevenção antecipada dos possíveis danos ambientais desde o limiar do processo, ao invés de controlá-los e/ou remediá-los ao final; c) controle democrático, que envolve todos os participes das atividades do produto e/ou serviço, de forma direta e/ou indireta; d) abordagem integrada e holística, em que se adota visão sistêmica para uso-consumo de recursos ambientais, minimizando fluxos de materiais, água e energia em todo ciclo produtivo e de vida útil do produto e/ou serviço, inclusive o impacto econômico de transição para processo limpo. O APL de Móveis do Agreste (AL) envolve micro e pequenas empresas moveleiras, fixadas nos municípios de Palmeira dos Índios e Arapiraca, conforme ilustrado pela Figura 2. Apresenta atualmente 98 empresas cadastradas, sendo que 93 se encontram ativas e participam das ações do APL e 5 estão inativas temporariamente por: a) fechamento provisório para educação formal; b) mudança de atividade; c) mudança de cidade; d) dificuldades de manutenção da empresa (ALAGOAS-PAPL, 2009, on-line). Os processos de produção e gestão são ainda muito rudimentares e carecem de todo tipo de apoio e intervenção, sobretudo na gestão ambiental dos resíduos. Tratam-se de movelarias com foco em móveis para segmentos produtivos que vão de móveis de madeira a móveis em metal (ferro, aço inox) e pedra natural (mármore ou granito), além de estofados. A produção de móveis é focada nos mais diversos nichos de mercado: residencial, de escritório, escolar, populares, entre outros (SIGEOR-SEBRAE, 2009, on-line). O Gráfico 1 apresenta os principais segmentos produtivos desse APL. O segmento produtivo de maior peso no referido APL é o de Madeira, correspondendo a 61% das empresas integrantes. O segundo maior segmento é o de Estofados, com 19% das empresas atuantes. Esse segmento também aparece associado aos segmentos de Madeira e Ferro, em mais 3% das empresas. O que totaliza uma participação de 22%. Embora não seja o segmento de maior importância percentual, ele também apresenta interação com outros segmentos e é o que necessita de mais insumos. Gráfico 1: Principais segmentos produtivos do APL de Móveis do Agreste O foco estratégico do APL visa: o fortalecimento da cooperação; o aumento da produtividade e redução de custos (matéria-prima, insumos e logística); desenvolvimento de produtos com 7

qualidade e design; aumento da venda dos produtos; divulgação dos produtos e da marca do arranjo produtivo local de móveis do agreste; aumento da renda dos produtos de móveis; geração de emprego e trabalho especializado (SIGEOR-SEBRAE, 2009, on-line). Os pontos positivos da atividade moveleira no APL são: a maioria expressiva dos produtores concentram-se na área urbana, o que facilita a comunicação entre entidades e empresários; a maioria expressiva dos empreendimentos são do mesmo porte (microempresas); há um grande potencial de expansão dos empreendimentos, devido à carência de bons produtos ofertados na região; e, existência de uma única instituição representativa dos produtores, bem atuante. Como pontos negativos, apontam-se: baixa escolaridade dos produtores; alto custo de insumos, sobretudo MDF, chapas, ferros, espuma; utilização de madeira maciça, que é uma preocupação ambiental e está diretamente relacionada à PmL. Quanto a ações de governança e cooperação, houve apoio à conscientização ambiental, campanha de distribuição e plantio de mudas de árvores típicas da região agreste, investimento em conscientização dos empresários para não utilizarem madeira nativa e apresentação de novos materiais que substituam a madeira, como MDP, MDF e chapas produzidas de plantios autorizados para fins comerciais. Nota-se a ausência de referência à melhoria do produto em relação ao seu sistema produtivo e à produção limpa nas empresas do APL (ALAGOAS-PAPL, 2009). 4.2 Estudo de caso: fabricação de sofá em microempresa de estofados A microempresa moveleira de estofados (Empresa A 1 ) selecionada, integrante do APL de Móveis do Agreste, localiza-se na cidade pólo de Arapiraca. A Empresa A tem, como área de atuação, a produção de Estofados para classe B e C. Dentro da região do agreste alagoano, as Classes C e B, respectivamente, possuem renda mensal média de 2 a 4 salários mínimos e 5 a 10 salários. Possue 12 funcionários. O processo produtivo escolhido para estudo foi de fabricação de sofá. Conforme o Fluxograma da Figura 4, esse processo na Empresa A encontra-se dividido em três fases, compostas pelas operações de: montagem da estrutura e percinta (1); estofamento (2) e montagem final (3). Os setores de marcenaria e costura são fornecedores das operações (1) e (2), respectivamente. Os setores de atendimento e vendas é cliente da operação (3). Marcenaria Costura Estrutura e percinta Estofamento Montagem final Linha de produção Atendimento e vendas Figura 4 Fluxograma simplificado do processo de fabricação de sofá A referida movelaria possui fluxos de diferentes materiais em sua linha de produção, tais como: madeira, cinta de nylon, espuma, cola, tecido, aviamentos, entre outros. O fluxo diário não é contínuo e sofre alterações constantes, em função da existência de uma linha de produção ou montagem do produto não padronizada. A linha de produção segue a demanda 1 Neste trabalho, em respeito ao sigilo empresarial, identifica-se a microempresa em estudo por letra. 8

por pedido/produto. Além disso, o arranjo físico da área de produção não se encontra planejado para esse processo. O arranjo físico de uma operação produtiva refere-se à localização física dos recursos de transformação. Consiste em estratégia que define a distribuição de instalações, máquinas, equipamentos e pessoal de produção, visando facilitar e/ou melhorar o fluxo de pessoas e/ou de materiais. As decisões inerentes ao arranjo físico são decisões estratégicas, motivadas por três importantes aspectos: a) aumento da capacidade produtiva; b) racionalização no dispêndio de dinheiro em instalações (reorganizar antes de construir); c) dificuldades técnicas para futuras alterações. Os tipos de arranjo físico (layout) são classificados de acordo com os diferentes tipos de sistemas produtivos: arranjo físico por produto e/ou serviço (sistema de produção contínua); arranjo físico por posição fixa (sistema de produção por projetos); arranjo físico celular (sistema de produção por célula de manufatura); arranjo físico por processo (sistema de produção funcional por fluxo intermitente). Tanto o arranjo físico por produto e/ou serviço quanto o arranjo físico por processo adequam-se ao sistema de fabricar sofá em estudo (MACHADO & TAKARABE, 2008). No caso da Empresa A, observa-se a demanda de revisão dos setores e compartimentos de distribuição e reposicionamento das atuais bancadas de trabalho, máquinas e equipamentos para uma melhor adequação do espaço disponível à linha de produção/montagem do produto sofá. O espaço físico existente comporta a proposta de um novo arranjo físico para atender a atual demanda, a partir da reorganização do ambiente de produção, utilizando-se máquinas, equipamentos e mobiliários existentes, com pequenos ajustes do ponto de vista dimensional e ergonômico de alguns postos de trabalho. O novo arranjo físico deve ser elaborado de forma flexível na localização e distribuição funcional, levando em conta necessidades futuras de expansão. Os materiais e equipamentos utilizados em um produto ou em um dia de produção, não são necessariamente os mesmos utilizados no próximo produto ou dia seguinte, uma vez que a linha de produção está estruturada a atender por pedido. Os materiais e resíduos encontram-se acondicionados basicamente juntos, contribuindo ainda mais para o desperdício e para a não reutilização, já que não há setorização de Entrada-Saída (E/S). O processo produtivo de fabricação do sofá na Empresa A é realizado conforme as etapas ilustradas pelos Quadros 1, 2 e 3. Processo 1 Estrutura e percinta Etapa 1. Corte e montagem da estrutura Quadro 1 Etapas do Processo Produtivo 1 Etapa 2. Pré-espuma e percintamento 9

Etapa 1. Medição e marcação espuma Etapa 2. Corte final espuma Processo 2 Estofamento Etapa 3. Colagem espuma Etapa 4. Marcação e medição manual do tecido Etapa 5. Corte manual tecido Quadro 2 Etapas do Processo Produtivo 2 Etapa 6. Grampeação e colagem tecido Processo 3 Montagem final Etapa 1. Montagem módulos acabados Quadro 3 Etapas do Processo Produtivo 3 Etapa 2. Secagem (tempo de espera) Conforme sintetizado no Quadro 4 e no Diagrama da Figura 5, as principais matérias-primas utilizadas são: espuma (de vários tipos e espessuras), cinta de nylon, madeira certificada liptus (adquirida da Bahia), tecido (dos mais variados tipos e fibras), flocos de espuma (subproduto/insumo interno derivado da espuma residual) e aviamentos de costura em geral. Quanto aos resíduos, foram identificados: aparas de madeira, pó de serra, aparas de espuma; flocos de espuma, aparas de cinta, retalhos de tecidos. As aparas de madeira são geralmente vendidas para uso nos fornos de Padarias e/ou Olarias e o pó de serra é vendido para a forração das cama de galinhas na produção avícola local. Não há um acompanhamento por parte da empresa com relação as rotas e destinações finais dos resíduos e/ou subprodutos depois que saem do ambiente da empresa. Quanto aos resíduos da espuma são transformados em flocos e reutilizados na própria empresa para produção de almofadas. O excendente é vendido para outras empresas de mesmo ramo e/ou correlato. Já os retalhos dos tecidos são descartados no lixo comum. Embora não haja um planejamento específico para como reutilizar ou reinserir os resíduos na produção a partir da reciclagem interna, verifica-se ações independentes na linha de produção no sentido de transformar os resíduos em subprodutos de outros processos. Empresa Área de atuação Matérias-primas Tipos de Resíduos Destino dos resíduos (entradas) (saídas) Madeira Aparas madeira Fornos de Padarias e Olarias Pó de serra Granjas Cinta de nylon Aparas cinta Descartados no lixo Espumas Aparas espuma Tranformadas em flocos 10

A Estofados Flocos de espuma Reutilizados em almofadas Vendidos outras empresas ou artesãos Tecidos Retalhos de tecidos Descartados no lixo Madeira Cinta de nylon Espuma Forro Cola Grampos Aviamentos (costura em geral) Sem resíduos (mínimo) Quadro 4 Mapeamento preliminar das Entradas e Saídas da Empresa A Entradas Operações Etapas Saídas Estrutura e percinta 1. Corte e montagem da estrutura 2. Colocação de cinta de nylon 3. Colagem espuma estrutura 4. Colagem e grampeação forro inferior Espuma Tecido Aviamentos Cola Estofamento 1. Medição e marcação espuma 2. Corte final espuma 3. Colagem espuma 4. Marcação e medição manual do tecido 5. Corte manual tecido 6. Costura e forração 7. Grampeação e colagem tecido Aparas madeira Pó de serra Aparas cinta Poeira Aparas espuma Retalhos forro Resíduos cola Aparas espuma Flocos de espumas Retalhos tecido Resíduos cola Cola Montagem final Resíduos cola 4. Montagem módulos Fonte: Adaptado do modelo TECLIM-UFBA (2010). Figura 5 Diagrama simplificado de Entradas/Saídas do Processo Produtivo de Fabricação de Sofá A área de produção não apresenta uma planta estruturada de forma a viabilizar uma produção sem perdas e/ou resíduos, e ainda sem emissões. Entende-se por resíduos, todos e quaisquer materiais sólidos, líquidos e gasosos emitidos no ar, na água ou no solo, além do ruído e do calor. A minimização dos resíduos traduz-se em: i) aumento da eficiência ecológica da empresa, quando se consegue transformar a matéria-prima em produto ou subproduto; ii) vantagem comercial, quando se potencializa a competitividade; iii) minimização de custos de retrabalho e redução de impactos ambientais associados ao processo produtivo, quando se utiliza menos materias e recursos naturais. O Quadro 5 enumera os potenciais aspetcos e impactos asspociados a E/S do processo em estudo, bem como as oportunidades de PmL identificadas e sugeridas. Etapas 1. Estrutura e percinta Potenciais Aspectos/Impactos associados às E/S Processo - Linha de montagem única para dois fluxos distintos: móveis novos e móveis a reformar; - Área de produção agregada a área de armazenagem de produtos a reformar; - Geração de resíduos: aparas de madeira; pó de serra; aparas de cinta; cola residual; - Geração de efluente na limpeza de equipamentos; - Emissões e gases gerados pelo uso de equipamentos. - Linha de montagem desorganizada e não sequencial; - Área de produção não setorizada; - Medição manual; Identificação de oportunidades - Plano de minimização dos resíduos e reciclagem interna de subprodutos; - Plano de minimização e controle dos efluentes gerados na limpeza dos equipamentos; - Uso de Equipamento de Proteção Coletiva e de EPI; - Melhoria no arranjo físico 11

2. Estofamento - Ausência de moldes/modelos para marcação e corte; - Corte auxiliado por equipamento, mas sem apoio ou ajuste de precisão para a operação; - Postos de trabalho indequados ergonomicamente; - Geração de resíduos: aparas de espumas; flocos de espuma; retalhos de tecidos; cola residual; -Geração de efluente na limpeza de equipamentos; - Dipersão dos resíduos na área de produção; - Ausência de limpeza sistemática; - Acondicionamento inadequado da matéria-prima; - Ausência de coletor e/ou coletor insuficiente para acondicionamento dos resíduos/subprodutos para a reciclagem interna aparas de espuma e retalhos de tecidos; - Emissões e gases gerados pelo uso de equipamentos. 3. Montagem - Montagem e secagem de módulos prontos na área de final 4. Recursos Humanos (gestores e funcionários) produção em meio aos resíduos. - Ausência de Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual (EPI); - Necessidade de treinamento e monitoração para sensibilização e pró-atividade para o não desperdício no manuseio dos materiais e insumos. Fonte: Adaptado do modelo TECLIM-UFBA (2010). para setorização das áreas de produção do processo 1: linha de montagem dos produtos novos e linha de montagem dos produtos para reforma; - Melhoria no arranjo físico para setorização das áreas de produção do processo 2: aproximação das matériasprimas as etapas e operações correspondentes; e, setorização e separação das matérias-primas e resíduos. - Capacitação e treinamento em PmL para gestores e funcionários da Empresa. Quadro 5 Potenciais aspectos/impactos ambientais e identificação de oportunidades de PmL Com base no estudo de caso, ações estratégicas e operacionais para implantação gradativa das oportunidades de PmL enumeradas, devem começar a fazer parte do repertório de inovações organizacionais planejadas e contínuas para as microempresas moveleiras do APL do agreste alagoano. 5. Considerações Finais Por fim, observa-se que a adoção de inovações no processo produtivo ainda se encontra distante da realidade produtiva do APL de Móveis do Agreste, sobretudo no segmento de micro e pequeno porte, que mantêm aspectos característicos de produção artesanal, limitando a produtividade, a redução de custos e a melhoria da qualidade do processo-produto e sua relação com o meio ambiente. A investigação mais detalhada acerca de possíveis tecnologias de reuso e reciclagem interna de materiais atualmente descartados na produção de móveis local também deve se converter em meta ambiental aqui recomendada, uma vez que as oportunidades identificadas são relativamente simples e de fácil execução. Demonstram ainda que há alternativas para ampliação dos lucros, redução de custos e aprimoramento da produção, sem causar danos socioambientais, aproximando as microempresas das ações relativas à produção limpa. Nesse sentido, a avaliação das oportunidades de produção limpa identificadas constituir-se-á elemento motivador de continuidade desse estudo de caso e impulsionará o desenvolvimento de futuro trabalho científico. Referências ALAGOAS-PAPL. Plano de Desenvolvimento Preliminar. APL de Móveis do Agreste. Disponível em: <www.sebrae.com.br/uf/al>. Acesso em: 23/09/09. APL-SEBRAE. Diagnóstico Integrado de Avaliação de Desempenho do APL de Móveis do Agreste. Maceió: Duarte Consultoria, [s.d.]. Documento institucional impresso. AMATO NETO, J. Gestão de sistemas locais de produção e inovação (clusters/apls): um modelo de 12

referência. São Paulo: Atlas, 2009. BRASIL-IPT. Divisão de Produtos Florestais. Prospectiva Tecnológica da Cadeia Produtiva Madeira e Móveis. São Paulo: PBPT; STI; MDIC; ONUDI, 2002. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1196944420.pdf>. Acesso em: 04/05/2010. GREENPEACE. Greenpeace Report. O que é produção limpa. 2007. Disponível em: <www.greenpeace.org.br/toxicos/pdf/producao_limpa.doc>. Acesso em: 04/05/2010. FERREIRA, M. J. B. et. al. Relatório de acompanhamento setorial indústria moveleira. Volume I. Campinas: Unicamp; ABDI, 2008. KIPERSTOK, A. et. al. Prevenção da Poluição. Brasília: SENAI/DN, 2002. LASTRES, H. M. M. & CASSIOLATO J. E. Glossário de Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais: GASPIL. Rio de Janeiro: Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais/UFRJ, 2003. Disponível em: <www.ie.ufrj.br/redesist>.acesso em: 04/05/2010. MDIC. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Matriz dos 5 APLs, por Estado. Brasília: MDIC/GTP APL, 2009. Disponível em: <www.mdic.gov.br>. Acesso em: 23/09/09. NORONHA, E. G. & TURCHI, L. Política industrial e ambiente institucional na análise de Arranjos Produtivos Locais. Texto para Discussão Nº. 1076. Brasília: IPEA, 2005. SIGEOR-SEBRAE. Sistema de Informação da Gestão Estratégica Orientada para Resultados. Projeto: APL Móveis Agreste. Disponível em: <www.sebrae.com.br>. Acesso em: 14/10/10. MACHADO, M. C. & TAKARABE, N. Logística e Operações da Produção. (2008). Disponível em: http://marciocmachado.sites.uol.com.br/apostilas/apostilalop1.pdf. Acesso em: 03/05/2010. 13