PERFIL DO ABSENTEÍSMO-DOENÇA NOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS NA UNIDADE SIASS/INSS/ALAGOAS Anna Carolina Omena Vasconcellos Le Campion 1 ; Edglei Vergetti de Siqueira Melo 2 ; Vanessa de Almeida Pinto Monteiro 3 Orientadora: Prof.ª Dr.ª Nancy Alfieri Nunes 4 1,2,3 Acadêmicas do Curso de Pós Graduação lato sensu Perícia Oficial em Saúde do Centro Universitário de Lins-Unilins, Lins-SP, Brasil 4 Docente do Curso de Pós Graduação lato sensu Perícia Oficial em Saúde do Centro Universitário de Lins - Unilins, Lins-SP, Brasil. Resumo O absenteísmo-doença é tema relevante para o setor público pelos seus altos índices de incidência. Este trabalho teve por objetivo analisar os afastamentos por motivo de doença nos servidores públicos federais da Unidade SIASS/INSS/Alagoas de março de 2012 a fevereiro de 2013. A metodologia consistiu de uma pesquisa descritiva e documental onde as informações foram obtidas através do Sistema Siapenet/Módulo Perícia Médica, utilizando como variáveis a CID-10, sexo, faixa etária e tempo de afastamento, comparando-se com os achados na literatura. Os resultados demonstraram que foram concedidas 1.097 licenças médicas, a 829 servidores, que permaneceram afastados por 17.535 dias, com média de 1,32 afastamentos por servidor. Os afastamentos foram mais frequentes no sexo feminino (64%), na faixa etária entre 51 e 60 anos (41,61%), bem como as patologias osteomusculares (18%). Concluiu-se que nos resultados encontrados as CIDS mais frequentes foram referentes a doenças osteomusculares (M00-M99), seguido pelas doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99), pelas doenças do aparelho respiratório (J00- J99) e pelos transtornos mentais e comportamentais (F00-F99). O número total de dias de afastamento foi de 17.535 dias no decorrer de um ano. Os índices e taxas obtidos foram: o Índice de Gravidade (Ig) 7,877; o Índice de Frequência (If) 49,2; a Duração Média das Licenças (Dml) 15,98 dias e a Taxa de Absenteísmo-Doença (Tad) 0,20. As mulheres e na faixa etária de 51-60 anos foram as que mais solicitaram licenças. Os resultados encontrados nas unidades SIASS permitem criar estratégias conforme a realidade de cada órgão, possibilitando humanizar as relações e o trabalho nas organizações. Palavras chaves - doenças, servidor público, absenteísmo, afastamentos por doenças. Summary Absenteeism and illness is a relevant issue for the public sector for its high incidence rates. This study aimed to analyze the absences due to illness in the federal public servants Unit SIASS / INSS / Alagoas during March 2012 to February 2013. The methodology consisted of a descriptive and documentary study, where the information was obtained through Siapenet System / Module Forensic Medicine, using variables such as ICD-10, sex, age, and time off, compared with the findings in the literature. The results showed that 1.097
medical licenses were granted, to 829 servers, which remained away for 17.535 days, with an average of 1,32 absences per server. The clearances were more frequent in females (64%), aged between 51 and 60 years (41.61%), as well as musculoskeletal disorders (18%). It was concluded that the results were ICD-10 are more frequently related are the musculoskeletal disorders (M00-M99), followed by infectious and parasitic diseases (A00-B99), diseases of the respiratory system (J00-J99) and the mental and behavioral disorders (F00-F99). The total number of days off was 17.535 days during a year. Indexes and rates obtained were: Severity Index (Ig) 7,877; Frequency Index (If) 49,2, the Average Duration of Licenses (Dml) 15,98 days and Absenteeism Rate- Disease (Tad) 0, 20. And women and aged 51-60 years were the most requested licenses. The results allow the SIASS to strategize as the reality of each Unit, allowing humanize relations and labor organizations. Keywords - diseases, public servant, absenteeism, illness absenteeism. Introdução Saúde e trabalho são temas relacionados entre si: ambos fazem parte do ambiente no qual o trabalhador exerce sua atividade e passa a maior parte de sua vida. O trabalho ocupa um lugar importante na vida de qualquer pessoa e é através dele que o homem busca seu sustento, satisfação, valorização e realização como ser humano útil e provido de capacidade intelectual (SANTOS E MATTOS, 2010). O termo trabalho pode ser definido como um conjunto de atividades realizadas com o objetivo de atingir uma meta. É através do trabalho que os indivíduos desenvolvem e aperfeiçoam habilidades, suprem as necessidades materiais e integram-se socialmente (OLIVEIRA, 2003). Atualmente, tão importante quanto o trabalho/trabalhadores, paras as instituições públicas e privadas é o absenteísmo. Essa palavra tem origem francesa, absentéisme e significa pessoa que falta ao trabalho proposital ou independente da vontade do trabalhador (SOUZA, 2006). Inúmeras são as causas do absenteísmo e dentre estas pode-se enumerar as doenças, os acidentes de trabalho, direitos legais como doação de sangue, participação em júri, eleições e licença maternidade, fatores sociais e culturais. O impacto gerado pelo absenteísmo nas organizações particulares e públicas é relevante, uma vez que determina um aumento dos custos tanto diretos (financeiros) quanto indiretos representando uma diminuição no quantitativo dos trabalhadores que executarão as atividades com uma sobrecarga de trabalho, pois haverá menos servidores, com consequente efeito na produtividade e na qualidade dos serviços prestados. Esta redução na qualidade do trabalho executado determina efeitos negativos importantes nas organizações, pois as transformações resultantes da globalização aumentam cada vez mais as exigências pela competitividade e cumprimento de metas (SOUZA, 2006). Os custos do absenteísmo são uma preocupação mundial. No Reino Unido, em 1994, perderam-se 177 milhões de dias de trabalho, sendo que o valor atribuído às perdas de produtividade foi superior a 11 milhões de libras esterlinas. Em 1993, os empregadores alemães gastaram 60 milhões de marcos em seguros de segurança social para cobrir os pagamentos durante os períodos de falta ao trabalho, havendo
inúmeros exemplos em outros países (SINOPSE EUROPÉIA, 1997). A principal causa de ausências não previstas no trabalho e que caracterizam o absenteísmo, são as doenças, que determinam incapacidade temporária, prolongada ou permanente para trabalhar (SINOPSE EUROPÉIA, 1997). Os problemas de saúde podem surgir por inúmeros fatores intrínsecos e/ou extrínsecos aos trabalhadores, onde o ambiente e as relações de trabalho vem se destacando como fontes de adoecimento. Desta forma, fica evidente que o absenteísmo doença é um grande problema das organizações, sejam elas públicas ou privadas. Trata-se de um fenômeno complexo e multicausal, incluindo fatores psicossociais, econômicos e referentes ao ambiente de trabalho, que gera custos diretos e indiretos para toda a sociedade (ANDRADE et al., 2008). Contudo, os dados sobre este tema são escassos, em especial entre os servidores públicos federais, o que limita o conhecimento da real situação de saúde, dificultando a definição de prioridades para implementação das ações de saúde para este grupo específico de trabalhadores. Diante do exposto e considerando a relevância deste tema, o presente trabalho teve por objetivo analisar o perfil do absenteísmo-doença nos servidores públicos federais da Unidade SIASS/INSS/Alagoas no período de março de 2012 a fevereiro de 2013, utilizando-se como variáveis a CID-10, a faixa etária, sexo e o tempo de afastamento. Metodologia Tratou-se de uma pesquisa descritiva documental. Foram extraídos do Sistema Siapenet/ Módulo Perícia Médica, os dados obtidos pela identificação do servidor e dos atestados dos servidores periciados em exame singular ou junta médica e os que estavam de acordo com o Decreto n 7.003 de 09/11/2009, tinham seus atestados registrados no sistema, sem necessidade de realização de perícia médica ou odontológica. Ou seja, foram avaliados todos os atestados, independente do tempo de duração da licença para tratamento de saúde recebidos pela Unidade SIASS/INSS/Alagoas no período de março de 2012 a fevereiro de 2013. Esta data inicial foi escolhida, pois foi a partir desta que todos os médicos passaram a ter acesso ao sistema com suas respectivas senhas. Foram avaliadas as variáveis CID-10, sexo, faixa etária e tempo de afastamento A unidade SIASS/INSS/Alagoas é formada por quatro órgãos: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL), Instituto Nacional de Previdência Social (INSS), Departamento de Polícia Federal (DPF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os dados obtidos foram tabulados Os dados obtidos foram tabulados pelo Microsoft Office Excel 2007. A análise descritiva buscou caracterizar o perfil dos servidores afastados, bem como as características destes afastamentos. Também foram quantificados índices e taxas, de acordo com as recomendações do Subcomitê de Absenteísmo da Associação Internacional de Medicina do Trabalho (SILVA E MARZIALE, 2000; SANTOS E MATTOS, 2010). Trabalhou-se com 246 dias úteis. Foram excluídos 119 dias, entre domingos, sábados e 14 feriados. As fórmulas utilizadas para calcular a taxa de absenteísmo-doença (Tad) - equação 1, o índice de frequência (If) - equação 2, o índice de gravidade (Ig) - equação 3 e a duração média das licenças (Dml) - equação 4, estão descritas abaixo: Tad = Total de dias de licença médica / nº de servidores x nº dias úteis (x 100) (1) If = Total de licenças médicas/ nº de servidores (x 100) (2) Ig = nº de dias de afastamento total/ nº de servidores (x 100) (3)
Dml = nº de dias de afastamento total/ nº de licenças médicas x 100 (4) O presente trabalho foi finalizado com uma avaliação comparativa dos dados existentes na literatura catalogados no período de realização deste estudo através de um levantamento bibliográfico retrospectivo, por meio dos bancos de dados Lilacs (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Medline (National Library of Medicine), SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), e revistas científicas nacionais e internacionais que possam não estar enquadradas nestas bases de dados. Resultados A unidade SIASS/INSS/Alagoas possui 2.226 servidores ativos, sendo 1.227 (55,1%) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL), 706 (31,7%) do Instituto Nacional de Previdência Social (INSS), 161 (7,3%) do Departamento de Polícia Federal (DPF) e 132 (5,9%) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No período de março de 2012 a fevereiro de 2013, foram concedidas 1.097 licenças médicas a 829 servidores, com uma média de 1,32 afastamentos/servidor. Foram avaliadas todas as licenças médicas e odontológicas, independente do período de duração destas. Dentre as doenças que mais afastaram os servidores, as de maiores proporções (18%) estiveram relacionadas às doenças osteomusculares (M00-M99), que incluiu: ciática, cervicalgia, sinovite e tenossinovites, dorsalgia; seguido pelas doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99), responsável por 14% dos afastamentos, citando-se como mais frequentes a infecção viral não especificada, diarreia e gastroenterite de origem infecciosa presumível e a dengue. As doenças do aparelho respiratório (J00-J99) corresponderam a 13% dos afastamentos (influenza devido a vírus não identificado, sinusite aguda, nasofaringite aguda, amigdalite aguda e faringite aguda) e os transtornos mentais e comportamentais (F00- F99), por 11% dos afastamentos, tendo como principais patologias a ansiedade generalizada, a depressão e a reação aguda ao estresse. (tabela 1). Quanto aos servidores afastados para tratamento da própria saúde, 64% foram do sexo feminino e 36% do sexo masculino. A classificação da faixa etária foi feita conforme a disponibilizada pelo Siapenet/Módulo Perícia Médica, como mostra a Tabela 2. Os afastamentos foram mais frequentes na faixa etária entre 51 e 60 anos, com 41,61% dos afastamentos, seguido pelos servidores com 41-50 anos, com 23,88% dos afastamentos. Tabela 1 - Distribuição dos diagnósticos (segundo CID-10) mais envolvidos nas licenças para tratamento de saúde dos servidores públicos federais atendidos na Unidade SIASS/INSS/Al. Categoria CID-10 Nº de LTS %
Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00-M99) 194 18 Algumas doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99) 151 14 Doenças do aparelho respiratório (J00-J99) 141 13 Transtornos mentais e comportamentais (F00-F99) 123 11 Fatores que influenciam o estado de saúde e 82 7,6 o contato com os serviços de saúde (Z00-Z99) Doenças do aparelho circulatório (I00-I99) 78 7,2 Doenças do olho e anexos (H00-H59) 71 6,6 Lesões, envenenamentos e algumas outras 60 5,5 consequências de causas externas (S00-T98) Doenças do aparelho digestivo (K00-K93) 53 4,9 Neoplasias [tumores] (C00-D48) 42 3,9 Doenças do aparelho geniturinário (N00-N99) 38 3,5 Gravidez, parto e puerpério (O00-O99) 23 2,1 Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório 21 1,9 não classificados em outra parte (R00-R99) Doenças do sistema nervoso (G00-G99) 11 1,0 Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E00-E90) 06 0,5 Doenças da pele e do tecido subcutâneo (L00-L99) 03 0,2 Total 1097 100 Fonte: Dados da pesquisa Tabela 3 Distribuição por faixa etária dos servidores públicos federais afastados para tratamento de saúde na Unidade SIASS/INSS/Al Faixa etária Órgão / nº de servidores Nº total Frequência % IFAL INSS DPF MTE 22 a 25 14 1 0 0 15 1,89 26 a 30 19 14 2 8 45 5,42 31 a 35 34 31 11 9 85 10,25 36 a 40 15 13 19 16 63 7,59 41 a 50 50 91 37 20 198 23,88 51 a 60 46 255 23 21 345 41,61 > 60 15 59 4 0 78 9,4 Total 193 464 96 74 829 100 % orgão 23,28 55,97 11,58 8,92 100 --- Fonte: Dados da pesquisa O número total de dias de afastamento foi de 17.535 dias no decorrer de um ano. Com relação aos índices e taxas calculados, o Índice de Gravidade (Ig) foi de 7,877, o Índice de Frequência (If) foi de 49,2, a Duração Média das Licenças (Dml) foi de 15,98 dias e a Taxa de Absenteísmo-Doença (Tad) foi de 0,20. Discussão O número de servidores afastados do INSS é proporcionalmente muito superior ao de servidores afastados do IFAL (órgão com maior número de servidores, 55,1%) e que durante o período de um ano, foi responsável por apenas 23,28% dos servidores afastados. Já o INSS, com 31,7% dos servidores do SIASS, foi responsável por 55,97% dos servidores afastados. Este número maior de afastamentos de servidores do INSS pode ser justificado pela dinâmica de trabalho institucional, onde os servidores são cobrados e monitorados para o cumprimento de metas, com fixação de número de atendimentos, sem considerar a individualidade de cada servidor. Outro fator que pode ser responsável por um quantitativo maior de afastamentos deste
órgão, pode ser a faixa etária mais elevada dos servidores. Quanto aos servidores afastados para tratamento da própria saúde, 64% foram do sexo feminino e 36% do sexo masculino, semelhantemente a trabalhos encontrados na literatura. Costa et al. (2009), relacionam como causa do absenteísmo feminino, o fato da maioria das mulheres inseridas no mercado de trabalho serem ainda responsáveis pelos afazeres domésticos e cuidados com os filhos. Andrade et al., (2008), verificaram relação estatisticamente significativa entre sexo e apresentação de atestados médicos, sendo a prevalência maior entre as mulheres. No entanto, apesar do sexo feminino retirar mais licenças, não houve significância entre esta variável e o número de dias de ambos os sexos e o número de dias de afastamento; ambos os sexos se ausentaram por número de dias semelhantes. No SIASS/INSS/Alagoas, no período de um ano, os CIDs 10 mais frequentes foram os relacionados às doenças osteomusculares (M00-M99) responsáveis por 18% do total de afastamentos, seguido pelas doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99), responsável por 14% dos afastamentos, pelas doenças do aparelho respiratório (J00-J99), com 13% dos afastamentos, e pelos transtornos mentais e comportamentais (F00- F99), correspondendo a 11% dos afastamentos. Segundo Sala et al. (2009), os diagnósticos que mais frequentemente motivaram as licenças médicas entre trabalhadores da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, correspondem aos capítulos do CID 10 referentes a doenças do sistema osteomuscular, semelhante a este trabalho e do tecido conjuntivo (21,5%); seguido de transtornos mentais e comportamentais (19,2%); lesões, envenenamentos e algumas outras consequências de causas externas, (11,8%), doenças do aparelho circulatório, (10,3%) e doenças do aparelho respiratório (5,9%). Em trabalho realizado por Santos e Mattos (2010), as doenças que mais afastaram os servidores da Prefeitura Municipal de Porto Alegre foram os transtornos mentais e comportamentais. Nesta categoria verificou-se que os diagnósticos mais frequentes foram: episódios depressivos, transtorno afetivo bipolar, episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos, transtornos depressivos recorrentes e transtornos mentais e comportamentais pelo uso do álcool Nogueira et al. (2010), ao analisarem os afastamentos de servidores públicos civis e militares, da administração pública direta do estado do Ceará, em setembro de 2009, descobriram que 30,1% dos afastamentos se enquadravam dentro do capítulo F da CID 10. A classificação mais frequente dos afastamentos por transtornos mentais e comportamentais foi a de episódios depressivos (76,92%), seguidos pelos transtornos de ansiedade (13,86%) e em terceiro os transtornos afetivos bipolar, correspondendo a 4,3% do total do grupo F. Os achados nesse trabalho se mostraram inferiores no período estudado (11%). Em estudo realizado por Brandão (2009), analisando 650 afastamentos de servidores públicos examinados pela junta de inspeção e perícia médica, concluiu-se que os transtornos psíquicos ocuparam o primeiro lugar entre os diagnósticos que provocaram o afastamento, em segundo lugar as enfermidades associadas a hipertensão e em terceiro as causas associadas a dorsalgia. De acordo com Costa et al. (2009), entre os membros da equipe de enfermagem de um hospital escola, encontraram predomínio de afastamento na faixa etária de 26 a 45 anos, com uma frequência de 81,1% de afastamentos entre as mulheres. Observaram que a maior causa do absenteísmo deu-se por doenças do sistema osteomuscular e conjuntivo. As doenças do aparelho respiratório representaram a segunda causa de afastamento entre as mulheres, seguidas das doenças do aparelho circulatório. Entre os homens, também as doenças do aparelho respiratório aparecem como a segunda causa do absenteísmo por doença. Observa-se neste trabalho resultado inferior quanto à frequência de afastamentos em mulheres, faixa etária acometida mais elevada
e uma ordem relevante, semelhante à citação com relação às doenças respiratórias. Gomes e Amedis (2005), avaliando os afastamentos de professores de sala de aula, verificaram que os transtornos mentais e comportamentais são os maiores responsáveis pelos afastamentos (18,99%), seguido pelos problemas respiratórios (15,98%). Esses problemas mentais e comportamentais podem ser explicados pelo ritmo intenso de trabalho dos professores, suas longas jornadas de trabalho, a tensão do ambiente escolar, o aumento das atividades burocráticas e a organização social do trabalho. As doenças osteomusculares nesse trabalho atingiram o mesmo percentual dos transtornos comportamentais citados neste trabalho. Braga et al. (2010), verificaram nos trabalhadores da rede básica de saúde de Botucatu (SP), que 42% dos trabalhadores apresentaram transtornos mentais comuns e que isto ocorreu mais em profissionais com exigência de nível médio de escolaridade do que no grupo com exigência de nível superior. Cunha et al. (2009), verificaram no período de 1995 a 2005 uma tendência de decréscimo nas taxas de afastamento do trabalho de servidores públicos estaduais por motivos de doença, concomitante ao aumento da média de dias para licença para tratamento de saúde, com um predomínio de transtornos mentais e do sistema osteomuscular, que exigem maior tempo de recuperação para retorno ao trabalho. Com relação aos índices e taxas calculados, o Índice de Gravidade (Ig) foi de 7,877, o Índice de Frequência (If) foi de 49,2, a Duração Média das Licenças (Dml) foi de 15,98 dias e a Taxa de Absenteísmo-Doença (Tad) foi de 0,20. Em estudo realizado na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, RS por Santos e Mattos (2010), que avaliou o absenteísmodoença nos anos de 2004 e 2005, de forma comparativa, em diversas secretarias, encontraram Tad de 0,3 a 5,5, o If variou de 0,8 a 60,1, o Ig de 0,8 a 13,6 e o Dml de 1,09 a 22,7. Estes dados não diferem muito dos encontrados em Alagoas. Em estudo de Silva e Marziale (2000) sobre o absenteísmo doença de trabalhadores de enfermagem em um Hospital Universitário, foi encontrado If oscilando entre 10 e 35, entre os diversos setores do hospital, inferior ao encontrado nesse trabalho. Desta forma, a identificação e a compreensão das causas de adoecimento são relevantes, contribuindo para a elaboração de programas de prevenção mais eficientes, o que favorece às instituições uma maior produtividade e também redução dos índices de absenteísmo. O estudo do absenteísmo doença através das informações obtidas pelas Unidades SIASS, permite criar estratégias e projetá-las à realidade de cada órgão membro da Unidade, visando proporcionar um ambiente favorável ao bem estar de todos, na tentativa de humanizar as relações e o trabalho nas organizações, conduzindo a melhorias na execução das tarefas e consequente aumento do nível de satisfação do servidor. Conclusões Frente aos resultados encontrados, as CIDS mais frequentes foram referentes a doenças osteomusculares (M00-M99), seguido pelas doenças infecciosas e parasitárias (A00-B99), pelas doenças do aparelho respiratório (J00-J99) e pelos transtornos mentais e comportamentais (F00- F99). O número total de dias de afastamento foi de 17.535 dias no decorrer de um ano. Os índices e taxas obtidos foram: o Índice de Gravidade (Ig) 7,877; o Índice de Frequência (If) 49,2; a Duração Média das Licenças (Dml) 15,98 dias e a Taxa de Absenteísmo- Doença (Tad) 0,20. As mulheres e na faixa etária de 51-60 anos foram as que mais solicitaram licenças. Desta forma, a identificação e a compreensão das causas de adoecimento são relevantes, contribuindo para a elaboração de programas de prevenção mais eficientes, o que favorece às instituições uma maior produtividade e também redução dos índices
de absenteísmo. O estudo do absenteísmo doença através das informações obtidas pelas Unidades SIASS, permitirá criar estratégias e projetá-las à realidade de cada órgão membro da Unidade, visando proporcionar um ambiente favorável ao bem estar de todos, na tentativa de humanizar as relações e o trabalho nas organizações, conduzindo a melhorias na execução das tarefas e consequente aumento do nível de satisfação do servidor. Referências Revista Brasileira de Epidemiologia 2009; 12 (2): 226-36. Decreto n 7.003 de 09/11/2009. Disponível em:: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7003.htm. Acessado em 16 de abril de 2013. GOMES, P.C.; AMÉDIS, G. Afastamento dos Professores de 5ª a 8ª séries da Rede Municipal de Ipatinga da Sala de Aula: Principais Causadores. Tese (Mestrado). UNEC, Minas Gerais, 2006. ANDRADE, T.B.; SOUZA,M.G.; SIMÕES M.P, ANDRADE,F.B.; Prevalência de absenteísmo entre trabalhadores do serviço público. Scientia Médica (Porto Alegre) out./dez 2008; 18 (4): 166-171. BRAGA, L.C., CARVALHO, L.R., BINDER, M.C.P.. Condições de trabalho e transtornos mentais comuns em trabalhadores da rede básica de saúde de Botucatu (SP). Ciência Saúde Coletiva (Rio de Janeiro) 2010; 15: 1585-1596. BRANDÃO, M.S.D.A.R. Análise do absenteísmo em servidores públicos por motivos de doença em Apucarana-PR. Tese (Especialização em Formulação e Gestão em Ciências Públicas). Universidade Estadual de Maringá, Paraná, 2009. COSTA,F.M.; VIEIRA, M.A., SENA, R.R. Absenteísmo relacionado à doenças entre membros da equipe de enfermagem de um hospital escola. Revista Brasileira de Enfermagem, v 62, n 1, p 38-44, jan-fev, Brasília, 2009. CUNHA, J.B; BLANK, V.L.G.; BOING, A.F. Tendência temporal de afastamentos do trabalho em servidores públicos (1995-2005). NOGUEIRA, C.V.; MACIEL, E.C.; AQUINO, R.; MACIEL, R.H. Afastamentos por Transtornos Mentais entre Servidores Públicos do Estado de Ceará. Anais do VI Congresso Nacional de Excelência em Gestão. P. 4-16, 2010. OLIVEIRA, N.,T. Somatização e sofrimento no trabalho. Revista virtual textos e contextos 2003; 2 (2): 3-14. Disponível em http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.ph p/fass/article/viewfile/958/738. Acessado em 10 de abril de 2013. SALA, A.; CARRO, A.R.L.; CORREA, A.N.; SEIXAS, P.H.A. Licenças médicas entre trabalhadores da Secretaria de Estado de São Paulo no ano de 2004. Caderno de Saúde Pública (Rio de Janeiro) out 2009; 25 (10): 2168-2178. SANTOS, J.P.; MATTOS, A.P. Absenteísmodoença na prefeitura municipal de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira Saúde ocupacional (São Paulo) 2010; 35 (121):148-156. SILVA, D. M. P. P.; MARZIALE, M. H. P. Absenteísmo de trabalhadores de
enfermagem em um hospital universitário. Revista Latino-americana de Enfermagem (Ribeirão Preto) out 2000; 8 (5): 44-51. A Prevenção do absenteísmo no Trabalho. Sinopse europeia da investigação. Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades europeias. Luxemburgo, 1997. SOUZA, L.F.Q. Absenteísmo no serviço público. Jus Navigandi (Teresina) nov 2006; ano 11:1243.