BOLETIM DO LEITE. Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 23 nº 267 Agosto Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP AGOSTO

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Transcrição:

BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA ESALQ/USP Ano 23 nº 267 Agosto 2017 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada ESALQ/USP AGOSTO 2017

Por Natália S. Grigol Preço ao produtor registra queda de quase 3% LEITE AO PRODUTOR O preço do leite recebido por produtores registrou a segunda queda consecutiva em julho, conforme expectativas de agentes consultados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Na média Brasil (GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA), o preço líquido (que não considera frete nem impostos) recuou 3 centavos/litro (ou 2,7%) frente a junho, a R$ 1,2343/litro. Com a queda, a cotação do leite retomou o patamar de julho de 2014, em termos reais (valores defl acionados pelo IPCA de junho/17). É a primeira vez neste ano que o preço fi ca abaixo do registrado em 2016 frente a julho do ano passado, o recuo é de 12,8%. A diminuição dos preços do leite no campo esteve atrelada à demanda ainda enfraquecida por lácteos e ao aumento da captação. A menor procura por lácteos na ponta fi nal da cadeia continua sendo o principal desafi o do setor neste ano. Uma vez que o consumo da maior parte dos derivados ocorre em função da elevação da renda, a diminuição do poder de compra do brasileiro impacta negativamente as negociações. Segundo agentes consultados pelo Cepea, laticínios, atacado e varejo continuam com difi culdades em manter o fl uxo de vendas, o que tem estreitado suas margens e, como consequência, pressionado as cotações no campo. Além disso, de acordo com cálculos do Cepea, o Índice de Captação de Leite (ICAPL) aumentou 6,8% de maio para junho na média Brasil. Houve elevação na captação em todos os estados pesquisados, com exceção da Bahia (2,96%). As variações foram signifi cativas no Sul do País, onde, de modo geral, o clima propício às pastagens e às forrageiras de inverno favoreceu a produção. Santa Catarina e Paraná apresentaram as altas mais expressivas, de 8,57% e 8,13%, respectivamente, e o Rio Grande do Sul, de 5,51%. As captações em Goiás, São Paulo e Minas Gerais aumentaram 5,78%, 4,94% e 2,97% respectivamente. O menor preço do leite e a maior competitividade dos laticínios infl uenciaram na alta da captação. Mesmo com o menor volume de chuvas no Sudeste, a produção não foi tão afetada por conta dos baixos preços do concentrado. Para agosto, a maioria dos agentes consultados pelo Cepea continua esperando queda nos preços. Quase 83% deles (que também respondem por 83% do volume amostrado) apostam em novo recuo no próximo mês, mas 10,8% (4,2% do volume amostrado) esperam estabilidade. A porcentagem de colaboradores do Cepea que acredita em alta nas cotações é de 6,3% (com participação de 12,9% do volume). INTERNACIONAL A partir de agora, o Cepea passa a divulgar análises sobre a balança comercial do mercado internacional de leite. O balanço do primeiro semestre de 2017 já está em nosso site. Confi ra: http://www.cepea.esalq.usp.br/br/mercadointernacionalleite.aspx Gráfico 1 ICAPL/Cepea Índice de Captação de Leite JUNHO/17 (Base 100 = Junho/2004) Gráfico 2 Série de preços médios pagos ao produtor defl acionada pelo IPCA EXPEDIENTE Equipe Leite: Natália Salaro Grigol Pesquisadora do Projeto Leite Equipe de Apoio: Wagner Hiroshi Yanaguizawa, Lucas Henrique Ribeiro, Maximilian Rizzardo, Aline Figueiró dos Santos, Aline Pires e Bianca Ferraz Teixeira Editora Executiva: Natália Salaro Grigol Pesquisadora do Projeto Leite Jornalista Responsável: Alessandra da Paz Mtb: 49.148 Editores Científicos: Prof. Geraldo Sant Ana de Camargo Barros e Prof. Sergio De Zen Impressão: Gráfi ca Riopedrense Editora Contato: (19) 34298834 leicepea@usp.br Endereço para correspondência: Av. Centenário, 1080 Cep: 13416000 Piracicaba/SP O Boletim do Leite pertence ao CEPEA Centro de Estudos Avançados Equipe Grãos: Lucilio Alves Pesquisador Projeto Grãos em Economia Aplicada ESALQ/USP Revisão: Equipe de Apoio: 2André Sanches, Camila Pissinato, Débora Kelen Bruna Sampaio Mtb: 79.466 A reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida Pereira da Silva, Yasmin Pascoal Butinhão, Ketlyn Accorsi, Isabela Rossi, CEPEA Flávia CENTRO Gutierrez DE Mtb: ESTUDOS 53.681 AVANÇADOS EM ECONOMIA desde que citados APLICADA os nomes dos ESALQ/USP autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea Isabella Garcia e Beatriz Massola Nádia Zanirato Mtb: 81.086 e a devida data de publicação.

Tabela 1 Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em JULHO/17 referentes ao leite entregue em JUNHO/17 1,5289 1,3780 1,4960 1,4978 1,4296 1,4849 1,3518 1,4614 1,3508 1,5077 1,4450 1,6204 1,4544 1,4886 1,4946 1,5125 1,5119 1,3528 1,8632 1,2556 1,5245 1,3800 1,4131 1,3904 1,3393 1,6295 1,5492 1,1528 1,0681 1,1241 1,1227 1,0045 1,1148 1,2210 1,3100 1,1529 1,2208 1,2683 1,0877 1,3536 1,4149 1,1958 1,1985 1,1070 1,0888 0,9956 1,0218 1,1111 1,1365 1,0485 1,0876 1,0803 0,9236 1,0721 1,3531 1,2805 1,3213 1,3308 1,2630 1,3258 1,3449 1,4159 1,3278 1,3280 1,3700 1,4273 1,4372 1,4475 1,4012 1,3743 1,4120 1,2942 1,4023 1,1889 1,3602 1,2607 1,2819 1,2768 1,2138 1,2017 1,2899 1,4019 1,2904 1,3822 1,3922 1,2965 1,3740 1,3195 1,3595 1,2043 1,3827 1,3423 1,4853 1,3558 1,4191 1,3906 1,3940 1,4198 1,2046 1,7301 1,1799 1,4116 1,2541 1,2947 1,2688 1,2114 1,4854 1,3942 1,0343 0,9888 1,0187 1,0256 0,8810 1,0123 1,1917 1,2115 1,0136 1,1023 1,1697 0,9644 1,2640 1,3471 1,0994 1,0822 1,0231 0,9466 0,8821 0,9514 1,0060 1,0145 0,9382 0,9722 0,9582 0,7954 0,9278 1,2301 1,1918 1,2111 1,2290 1,1337 1,2185 1,3128 1,3150 1,1817 1,2071 1,2689 1,3784 1,3098 1,3779 1,3137 1,2547 1,3114 1,1503 1,2797 1,0998 1,2469 1,1114 1,1510 1,1413 1,0887 1,0672 1,1464 dez/jan 2,91% 2,25% 2,69% 3,68% 0,04% 3,06% 0,53% 0,33% 1,82% 3,19% 1,64% 1,16% 0,14% 2,17% 1,86% 4,19% 3,33% 0,79% 0,09% 4,71% 2,86% 4,39% 4,00% 3,62% 0,36% 0,68% 0,02% dez/jan 2,83% 2,14% 3,09% 3,85% 0,13% 3,37% 0,54% 0,32% 1,52% 3,21% 1,62% 5,06% 0,11% 2,26% 0,85% 3,55% 4,59% 1,26% 0,09% 5,25% 2,94% 6,50% 5,20% 4,96% 0,39% 1,49% 0,21% LEITE AO PRODUTOR 1,4847 1,1414 1,3448 1,3723 1,0364 1,2343 2,59% 2,73% Tabela 2 Preços em estados que não estão incluídos na média Brasil RJ, MS, ES e CE 1,5935 1,3673 1,4106 1,4268 1,4999 1,4219 1,2639 1,3627 1,4767 1,4973 1,4149 1,3811 1,1413 1,3134 1,1722 0,9865 1,2247 1,1020 1,1189 1,0656 1,1906 1,1338 1,1821 1,1444 1,3637 1,3395 1,2985 1,3002 1,3518 1,2929 1,2129 1,2629 1,3373 1,4418 1,2623 1,2667 1,5105 1,1163 1,3089 1,2364 1,3354 1,2545 1,2566 1,2823 1,4309 1,4058 1,3824 1,3271 1,0685 1,1072 1,0833 0,8198 1,0664 0,9459 1,1120 0,9909 1,1515 1,0506 1,1550 1,0945 1,2858 1,1128 1,1982 1,1333 1,1907 1,1347 1,2056 1,1830 1,2947 1,3515 1,2333 1,2145 0,61% 0,05% 0,64% 4,71% 0,41% 3,72% 4,39% 3,24% 0,06% 2,02% 0,93% 0,37% 0,54% 0,17% 0,12% 4,52% 0,27% 3,82% 2,85% 1,04% 0,02% 3,06% 0,92% 0,47% MÉDIA GERAL 1,4793 1,1406 1,3411 1,3678 1,0364 1,1208 2,52% 2,55% CEPEA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA ESALQ/USP 3

Por Maximilian Rizzardo Apesar de queda do leite, relação de troca segue favorável em SP Mesmo com a queda no preço do leite no campo de junho para julho, a relação de troca por concentrado continuou favorável ao produtor paulista. Foram necessários 564,9 litros de leite para adquirir uma tonelada de concentrado 22% de proteína bruta, 0,41% abaixo do necessário em junho (de 567,2 litros/tonelada). É a menor relação de troca desde dezembro de 2011. O resultado é explicado pela redução no preço do insumo, que foi superior à desvalorização do leite no período. Uma vez que o concentrado é o principal insumo da atividade leiteira, respondendo por cerca de 40% do Custo Operacional Efetivo (COE que representa o desembolso direto do produtor: insumos, mão de obra, operações mecânicas e despesas administrativas), os custos da produção também diminuíram. De acordo com o levantamento do Cepea, em parceria com a CNA, o COE das propriedades modais paulistas registrou a sexta queda consecutiva de junho para julho, de 0,53%. CUSTOS E RECEITA Do lado da receita, o preço do leite recebido por produtores em São Paulo registrou a primeira queda do ano em julho, de 0,85% frente a junho. Quanto ao concentrado, a pesquisa do Cepea que monitora os preços nas casas agropecuárias do País apontou que o valor em São Paulo caiu 1,3% na mesma comparação. A safra recorde de milho, que é o principal componente do concentrado (junto ao farelo de soja) tem pressionado as cotações. Com a maior oferta do grão, o preço médio da saca recuou 40,7% de jul/16 a considerandose o Indicador do milho ESALQ/BM&FBOVESPA. 590,4 litros/tonelada 567,2 litros/tonelada 564,9 litros/tonelada Para os próximos meses, a expectativa do setor é de queda no preço do leite no campo, o que deve impactar a relação de troca e as margens do produtor. Por outro lado, os preços do concentrado devem permanecer em baixos patamares. De qualquer maneira, para muitos produtores, assegurar lucratividade ainda é um desafi o, ao passo que o momento atual tem ajudado a recuperar as margens que foram limitadas no ano passado, quando os elevados custos de produção prejudicaram a atividade. 899,6 litros/tonelada 828,0 litros/tonelada 845,6 litros/tonelada 9,8 litros/frasco 50 ml 9,6 litros/frasco 50 ml 9,7 litros/frasco 50 ml 4,6 litros/frasco 10 ml 4,6 litros/frasco 10 ml 4,6 litros/frasco 10 ml Sal Mineral (130g de Fósforo) 63,6 litros/sc 25 kg 63,4 litros/sc 25 kg 63,1 litros/sc 25 kg 34,4 litros/litro de herbicida 34,3 litros/litro de herbicida 34,0 litros/litro de herbicida Nota: As relações de troca referemse ao estado de São Paulo. e CNA (2017) 4 CEPEA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA ESALQ/USP

Negociações brasileiras de lácteos no mercado internacional se enfraquecem em julho Por Bianca F. Teixeira e Lucas H. Ribeiro De junho para julho, tanto as importações quanto as exportações de lácteos brasileiros recuaram em volume e em receita. Em julho, as compras externas de lácteos registraram volume 6,52% menor frente a junho/17 (17,38 milhões de litros em equivalente leite) e 34,23% inferior a julho/16, segundo a Secex. O montante gasto com as importações também diminuiu em 13,6%, chegando a US$ 53,75 milhões em julho. Quanto às vendas internacionais, foram embarcados 7,06 milhões de litros em equivalente leite em julho, forte diminuição de 62,47% em relação a junho/16. A receita, por sua vez, foi de US$ 6,98 milhões, baixa de 52,93% na mesma comparação. Com a queda mais expressiva do volume exportado, a balança comercial de lácteos registrou défi cit de 110,3 milhões de litros de equivalente leite, saldo negativo de 46,75 milhões de dólares, 3% superior ao de junho, quando chegou a 106,7 milhões de litros de equivalente leite. Os principais produtos importados pelo Brasil foram o leite em pó e os queijos, responsáveis por 70% e 28,6% do total de volume adquirido em equivalente leite. O Uruguai e a Argentina continuaram sendo os principais fornecedores de lácteos ao País, representando 53,2% e 38,3% do volume total comprado. A signifi cativa queda nas exportações se deve ao menor volume de leite em pó vendido, que recuou 99,79% em relação ao mês anterior. Isso porque a Venezuela, principal comprador deste produto do Brasil, não importou em julho. Entretanto, houve aumento de 187,5% do volume exportado do iogurte, 19,89% do leite fl uido e de 15,13% dos queijos, conforme dados da Secex. A Argentina foi o principal importador de produtos brasileiros, com a compra de queijos, leite condensado e leite modifi cado. Em julho, o país registrou aumento de 49,5% nas compras de lácteos, totalizando 1,48 milhões de litros de equivalente leite, 21,1% do total exportado. Tabela 1 Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ Julho/17 Junho/17 Julho/17 (%) Participação no total importado em Julho/17 Julho/17 Julho/16 (%) Total Leite em pó (integral e desnatado) Queijos Manteiga 117.389 82.169 33.544 976 6,52% 6,69% 3,67% 13,69% 70,00% 28,58% 0,83% 34,23% 39,48% 16,53% 5,19% Total acumulado JanJul/2017 frente ao mesmo período de 2016: 13,8% Notas: (1) Consideramse os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros. Fonte: Secex / Elaboração: CepeaEsalq/USP MERCADO INTERNACIONAL Tabela 2 Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ Julho/17 Junho/17 Julho/17 (%) Participação no total exportado em Julho/17 Julho/17 Julho/16 (%) Total Leite em pó (integral e desnatado) Leite Condensado Queijos Leite Modificado 7.065 26 2.586 2.633 953 62,47% 99,79% 7,39% 15,13% 5,40% Leite Fluido 809 19,89% Total acumulado JanJul/2017 frente ao mesmo período de 2016: 25,6% Notas: (1) Consideramse os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modifi cado e doce de leite. Fonte: Secex / Elaboração: CepeaEsalq/USP 0,37% 36,61% 37,28% 13,50% 11,46% 60,22% 99,75% 21,34% 40,54% 29,59% 9,46% ¹A categoria leites em pó considera os seguintes NCM defi nidos pela Secex: 04021010; 04022110; 04021090. ²A categoria queijos considera os seguintes NCM defi nidos pela Secex: 04061010; 04061090; 04062000; 04063000; 04064000; 04069010; 04069020; 04069030; 04069090. CEPEA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA ESALQ/USP 5

Por Aline Figueiró dos Santos e Aline Pires UHT se desvaloriza mais de 40% em um ano Em julho, o preço do leite UHT teve média de R$ 2,38/ litro no mercado atacadista de São Paulo, baixa de 5,46% frente ao mês anterior (R$ 2,52/l) e de 42% na comparação com julho de 2016 (R$ 4,11/l). O queijo muçarela, por sua vez, se desvalorizou 3,2% entre junho e julho, registrando preço médio de R$ 15,30/kg em julho. Em relação ao mesmo período de 2016, a queda é de 30,64%. A pesquisa diária de preços é realizada pelo Cepea e tem apoio fi nanceiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). As cotações de outros lácteos também caíram (Tabela 2). De acordo com a pesquisa quinzenal de derivados, na Média Brasil (composta por SP, MG, GO, PR e RS), o leite pasteurizado foi cotado a R$ 2,24/l; o leite UHT a R$ 2,27/l; o leite em pó (sachê 400 gramas) a R$ 15,55/kg; o queijo prato, a R$ 17,63/ kg; o queijo muçarela, a R$ 16,60/kg e a manteiga (pote 200 gramas), a R$ 24,77/kg. O cenário baixista dos preços dos lácteos refl ete a demanda enfraquecida e o aumento da captação de leite, sendo que os preços negociados de leite cru (leite spot) diminuíram 6,67% entre junho e julho, com média nacional de R$ 1,29/litro em julho. O produto, assim como o UHT, é um bom balizador para as movimentações do mercado de leite. Com o aumento da produção no campo, as expectativas dos agentes do setor são de reduções nos valores tanto da matériaprima quanto dos derivados nos próximos meses. DERIVADOS Variações em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de Julho/2017) Cotação diária atacado do Estado de São Paulo Média de preços em julho/17 Variação (%) em relação a julho/16 Variação (%) em relação a junho/17 R$ 2,38/litro R$ 15,30/kg 41,99% 30,64% 5,46% 3,20% e OCB Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias. Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a infl ação do período. Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados no mercado atacadista e as variações no mês de julho em relação a junho de 2017 Produto GO MG PR RS SP Média Brasil Jun Jul (%) Jun Jul (%) Jun Jul (%) Jun Jul (%) Jun Jul (%) Jun Jul (%) Leite Pasteurizado Leite UHT 2,33 2,45 2,32 2,41 0,63% 1,69% 2,20 2,31 2,15 2,27 2,48% 1,72% 2,26 2,26 2,25 2,14 0,46% 5,13% 2,48 2,31 6,90% 2,26 2,36 2,23 2,22 1,52% 6,12% 2,26 2,37 2,24 2,27 1,26% 4,33% Queijo Prato Leite em pó int. (400g) Manteiga (200g) Queijo Muçarela 16,37 15,53 27,65 16,51 16,04 15,19 26,80 16,30 1,98% 2,18% 3,10% 1,32% 20,85 20,37 17,04 16,90 25,07 25,02 18,94 18,98 2,32% 0,83% 0,20% 0,23% 17,33 16,75 14,52 14,65 22,76 23,08 16,71 15,57 3,37% 0,90% 1,37% 6,79% 17,92 17,42 16,04 15,91 25,10 25,17 16,85 16,35 2,81% 0,80% 0,29% 2,98% 18,13 17,56 15,22 15,09 24,42 23,81 16,40 15,82 3,16% 0,87% 2,50% 3,54% 18,12 17,63 15,67 15,55 25,00 24,77 17,08 16,60 2,73% 0,78% 0,91% 2,80% Nota: Valores reais, defl acionados pelo IPCA de julho/2017. Evoluímos a linha de produtos para que sua produção de leite também evolua. Conheça a nova linha Bovigold 0800 011 6262 www.tortuga.com.br 6 CEPEA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA ESALQ/USP

Leite condensado volta a liderar exportações e mostra oportunidades ao setor Por Natália Grigol, Bianca Teixeira e Lucas Ribeiro A menor demanda venezuelana por leite em pó trouxe de volta ao protagonismo das exportações brasileiras de lácteos o leite condensado. De janeiro a julho de 2017, as vendas externas do produto totalizaram 12,2 mil toneladas, volume 25% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. No primeiro semestre, as negociações do leite condensado representaram 51% da quantidade total comercializada. Quanto à receita, o montante foi de US$ 27,1 milhões nos primeiros sete meses do ano, 57% maior frente ao mesmo período de 2016, representando 37% do total obtida pelo Brasil com a venda internacional de lácteos. A volta do leite condensado à liderança da pauta de exportações veio também acompanhada da redução de 7,8% no volume total de lácteos embarcado e da queda de 4% da receita obtida com as exportações de janeiro a julho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, a maior abertura do mercado consumidor deste produto e o maior valor agregado evidenciam oportunidades ao setor. O leite condensado brasileiro foi enviado para 25 países, sendo Arábia Saudita (25% do total do volume), Estados Unidos (18%), Trinidad e Tobago (11%) e Emirados Árabes (9%) os principais compradores. O preço médio do leite condensado exportado foi de US$ 2.214/t no período, valor 43% superior à média de janeiro a julho de 2016. A produção de leite condensado segue crescendo no Brasil. Com o processamento relativamente simples, sua fabricação é viável por meio de adaptações em indústrias de pequeno e médio porte. O lácteo é obtido a partir da desidratação do leite fl uido, seguida da refrigeração ou tratamento térmico (de acordo com o fi m a que se destina), sendo conservado mediante a adição de açúcar. Ainda que tenha o termo condensado no nome, não passa pelo processo de condensação (passagem do estado de vapor ao estado líquido mediante da liberação de calor). Utilizase, na realidade, o processo de vaporização, que consiste na conversão de um líquido em vapor por meio de aquecimento ou evaporação. Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias, como as embalagens cartonadas, também favoreceu a expansão da produção e o aumento de marcas no mercado nos últimos anos. Isso porque os os custos de produção diminuíram, deixando o derivado mais acessível ao consumidor. O consumo, aliás, é um ponto importante. De acordo com pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel em 2015, o consumo de leite condensado no Brasil se mostrou relativamente estável frente à crise econômica, uma vez que o derivado é ingrediente central no preparo culinário de doces e sobremesas populares no Brasil (como o brigadeiro e o pudim). Apostar em qualidade dentro da porteira pode ser determinante para o setor. A fabricação do leite condensado é muito sensível ao teor de sais minerais (cálcio, magnésio, fosfatos e citratos), proteínas e acidez. O desequilíbrio entre esses elementos prejudica a formação dos colóides, afetando a estabilidade do produto e sua qualidade fi nal. Assim, um dos critérios importantes é a baixa contagem de células somáticas (CCS) da matériaprima. Em um mercado cada vez mais competitivo, a qualidade é o fator chave: para a indústria, pode signifi car a expansão de seu market share, tanto no mercado doméstico quanto no internacional; para o produtor, maior receita por meio de bonifi cações; e para o consumidor, a certeza de adquirir um produto com maior qualidade. PANORAMA CEPEA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA ESALQ/USP 7

MILHO E FARELO DE SOJA MILHO: Vendedor se retrai e limita quedas em plena safra Por Ketlyn Hevelise Accorsi O avanço da colheita da segunda safra de milho continuou pressionando as cotações do cereal em julho. Entretanto, esse cenário foi limitado pela retração de vendedores que, apesar da volumosa entrada do produto, optaram pela entrega do cereal já negociado ou comercialização por meio de leilões da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Essa decisão foi fundamentada, principalmente, diante do recuo dos preços nos portos e do baixo nível de valores praticados no mercado interno, que já não cobrem os custos de produção. Nesse cenário, as negociações estiveram mais regionalizadas, com diferentes comportamentos observados entre as praças acompanhadas pelo Cepea. Em julho, as cotações do milho caíram 2,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e apenas 1% no mercado de disponível (negociações entre empresas). No acumulado do ano (de janeiro a julho), esses mercados acumulam fortes desvalorizações de 38,6% e 37,4%, respectivamente. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas/SP) fechou o mês com média de R$ 25,44/saca de 60 quilos no dia 31, queda de apenas 0,2% frente ao dia 30 de junho. No ano, o Indicado acumula queda de 33,4%. Já na BM&FBovespa, os contratos de milho apresentaram valorizações. O vencimento Set/17 subiu 1,1%, indo a R$ 26,12/sc no dia 31, enquanto o Nov/17 se valorizou 4,9%, a R$ 28,10/sc. jan/17 35,92 fev/17 36,21 abr/17 28,32 27,76 26,75 26,33 Preço médio em Campinas (SP) FARELO DE SOJA: Alta do grão eleva preços do derivado; demanda segue fraca Por Débora Kelen Pereira da Silva Os preços de farelo de soja subiram em julho, infl uenciados pela elevação nas cotações do grão. Ainda assim, a alta da matériaprima esteve mais acentuada que a do derivado, reduzindo a margem de lucro da indústria. Entre as médias de junho e julho, a valorização do farelo de soja foi de 1,6% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. A venda de farelo de soja será o grande desafi o das indústrias caso a procura por óleo se mantenha fi rme ou se eleve, como é esperado. Isso porque compradores domésticos estiveram adquirindo lotes de farelo para consumo imediato, enquanto a demanda externa segue enfraquecida, devido aos prêmios mais atrativos na Argentina, principal país exportador de derivados de soja. Na parcial do ano (de janeiro a julho), as exportações de farelo de soja somaram apenas 8,76 milhões de toneladas, queda de 11% se comparado aos embarques da parcial de 2016, de acordo com a Secex. Saíram dos portos brasileiros 1,15 milhão de toneladas de farelo em julho/17, 16,9% abaixo do exportado em junho/17 e quantidade 16,6% inferior à de julho/16. Milho (R$/sc de 60 kg) mar/17 33,77 Farelo de soja (R$/tonelada) jan/17 1.014,14 fev/17 1.011,71 mar/17 975,62 abr/17 918,78 987,29 969,40 970,20 Preço médio em Campinas (SP) ENVIE SUAS DÚVIDAS E SUGESTÕES: PARA RECEBER O BOLETIM DO LEITE DIGITAL: Contato: leicepea@usp.br Encaminhenos um email para Acompanhe mais informações CEPEA sobre o CENTRO mercado DE de ESTUDOS leite AVANÇADOS EM leicepea@usp.br ECONOMIA APLICADA com os seguintes ESALQ/USPdados: em nosso site: www.cepea.esalq.usp.br/leite nome, email para cadastro, endereço completo e telefone 8 Uso dos Correios Mala Direta Postal Básica 9912339962 DR/SPI FEALQ CORREIOS Av. Centenário, 1080 CEP: 13416000 Piracicaba/SP