DISCUTINDO OS CONCEITOS DE HABILIDADES E DE COMPETÊNCIAS

Documentos relacionados
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DOCENTES: UMA ANÁLISE DAS CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA

BNCC ENSINO FUNDAMENTAL

MATEMÁTICA, AGROPECUÁRIA E SUAS MÚLTIPLAS APLICAÇÕES. Palavras-chave: Matemática; Agropecuária; Interdisciplinaridade; Caderno Temático.

Habilidades Cognitivas. Prof (a) Responsável: Maria Francisca Vilas Boas Leffer

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA. Abril/2016

Tema - EDUCAÇÃO BRASILEIRA: Perspectivas e Desafios à Luz da BNCC

Competências para o Letramento Digital

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ALFABETIZADORES EM FOCO

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Avaliação Educacional e Institucional Carga horária: 40

REGULAMENTO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

REGULAMENTO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

UMA REFLEXÃO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE ESTÁGIO CURRICULAR E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O FUTURO LICENCIADO EM CIÊNCIAS AGRÍCOLAS.

DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA UTFPR

Bases psicopedagógicas para a matriz conceitual do ENEM. Robert Lassance MSc, Prof. UCB, Pesquisador Inep

A Reforma do Ensino Médio e a Educação Profissional

REFLETINDO UM POUCO MAIS SOBRE OS PCN E A FÍSICA

CONHECIMENTOS DE FÍSICA NAS QUESTÕES DO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO

AVALIAÇÃO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO (ANA) Profa. Ivana de Oliveira Carvalho FaE/UEMG

O PLANEJAMENTO DA PRÁTICA DOCENTE: PLANO DE ENSINO E ORGANIZAÇÃO DA AULA

A PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NO CURSO DE FISIOTERAPIA

Diretrizes Curriculares 17 a 18 de janeiro de 2002

A formação geral comum. São Paulo, junho de 2019

CURRÍCULO, TECNOLOGIAS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL DA ROBÓTICA EDUCACIONAL NO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO.

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Câmpus Ponta Grossa PLANO DE ENSINO

PIBID: Química no ensino médio- a realidade do ensino de química na escola Estadual Professor Abel Freire Coelho, na cidade de Mossoró-RN.

ENSINO DE GEOMETRIA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS DE ORIENTAÇÃO CURRICULAR NO ENSINO MÉDIO: BREVE ANÁLISE

Palavras-chave: Competências; habilidades; resolução de problemas.

OFICINAS TEMÁTICAS NO ENSINO DE QUIMICA: DISCUTINDO UMA PROPOSTA DE TRABALHO PARA PROFESSORES NO ENSINO MÉDIO.

A FORMAÇÃO DOCENTE: PIBID E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO

O papel das Tecnologias Digitais no Currículo de Matemática 1. Palabras clave: Tecnologias Digitais, Currículo de Matemática, Educação Básica.

NOVAS METODOLOGIAS DE ENSINO: UMA PESQUISA SOBRE O USO DO SOFTWARE GEOGEBRA NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO

A INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE GEOGRAFIA E LITERATURA NAS PROVAS DO ENEM

Aprovação do curso e Autorização da oferta

CURRÍCULOS E PROGRAMA

COMPETÊNCIAS E HABILIDADES REFERENTES AO CONTEÚDO DE GEOMETRIA NAS QUESTÕES DO EXAME NACIONAL DO ENSINO MEDIO

SABERES DOCENTES NECESSÁRIOS À PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL TECNOLÓGICA

MATERIAL COMPLEMENTAR PARA A (RE)ELABORAÇÃO DOS CURRÍCULOS

Limites e possibilidades de uma política pública de avaliação da educação profissional e tecnológica na perspectiva emancipatória

AVALIAÇÃO NACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO (ANA) Profa. Ivana de Oliveira Carvalho FaE/UEMG

CURRÍCULO DO CURSO DE PSICOLOGIA

Profa. Viviane Araujo

DIDÁTICA DA FÍSICA NO ENSINO SUPERIOR: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Pró-Reitoria de Graduação Plano de Ensino 1º Quadrimestre de 2017

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

Organização da Aula 4. Sistemas de Ensino e Políticas Educacionais. Aula 4. Contextualização

INTEGRAÇAO CURRICULAR E O ENSINO DE CIÊNCIAS NO CURSO DE PEDAGOGIA

Habilidades Cognitivas. Prof (s): Maria Francisca Vilas Boas Leffer

ENSINO MÉDIO: INOVAÇÃO E MATERIALIDADE PEDAGÓGICA EM SALA DE AULA 1. Palavras-Chave: Ensino Médio. Inovação Pedagógica. Pensamento docente.

A EDUCAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA: QUESTÕES LEGAIS E PEDAGÓGICAS.

PEDAGOGIA. Currículo (Teoria e Prática) Componentes Curriculares Parte 2. Professora: Nathália Bastos

As contribuições das práticas laboratoriais no processo de Ensino-Aprendizagem na área de Química

INSTITUTO DE PESQUISA ENSINO E ESTUDOS DAS CULTURAS AMAZÔNICAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ACRIANA EUCLIDES DA CUNHA

PROGRAMA DE DISCIPLINA

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DAS FUNÇÕES INORGÂNICA EM UMA ESCOLA ESTADUAL DO MUNICÍPIO DE ESPERANÇA- PB

Adaptação Curricular. Andréa Poletto Sonza Assessoria de Ações Inclusivas Março de 2014

LEI / 2003: NOVAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DA CULTURA AFRICANA E AFROBRASILEIRA.

ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS NOS CURRÍCULOS OFICIAIS: A DICOTOMIA ENTRE O PRESCRITO E O VIVIDO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Terminada a última guerra mundial foi encontrada, num campo de concentração nazista, a seguinte mensagem dirigida ao professores:

Professor ou Professor Pesquisador

GT-3 DIDÁTICA, CURRÍCULO E POLÍTICA EDUCACIONAL REALIDADE VIRTUAL NA EDUCAÇÃO: as TICs e a renovação pedagógica

OS NÚCLEOS DE PESQUISA EM DIREITO E SEU IMPACTO NA GRADUAÇÃO

TÍTULO: ENSINO E CONTABILIDADE: A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DO DOCENTE DE CONTABILIDADE E SEUS REFLEXOS NO ENSINO/APRENDIZAGEM DOS DISCENTES.

CURSO: PEDAGOGIA EMENTAS º PERÍODO DISCIPLINA: CONTEÚDO E METODOLOGIA DO ENSINO DA ARTE

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA DIRETORIA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERDISCIPLINARIDADE: UMA PROPOSTA DE INVESTIGAÇÃO DA PRÁTICA

OFICINA DE APROPRIAÇÃO DE RESULTADOS 2011

A prática como componente curricular na licenciatura em física da Universidade Estadual de Ponta Grossa

Reflexões Pedagógicas

FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA CIBERCULTURA: ESTUDO SOBRE A EVASÃO DOS PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DOS CURSOS OFERTADOS PELO PROINFO.

Mary Lúcia Pedroso Konrath, Liane Margarida Rockebach Tarouco e Patricia Alejandra Behar

Currículos e Programas. Profª. Luciana Eliza dos Santos

Prof. Dra. Eduarda Maria Schneider Universidade Tecnológica Federal do Paraná Curso Ciências Biológicas Licenciatura Campus Santa Helena

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO CAMPO NAS PESQUISAS ACADÊMICAS

Texto referência para a audiência pública sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Relações Internacionais

ORIENTAÇÕES DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A ATUAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTE

unesp Universidade Estadual Paulista Faculdade de Filosofia e Ciências - Campus de Marília Departamento de Educação Especial Curso de Fisioterapia

O ENSINO DE FRAÇÕES POR MEIO DE RECURSOS DIDÁTICO- PEDAGÓGICOS: EXTENSÃO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO PONTAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

CURSO: PEDAGOGIA EMENTAS º PERÍODO

OFICINA DE APROPRIAÇÃO DE RESULTADOS 2011

Palavras-chave: Geografia, Ensino; Fotografia Aérea com Pipa; Cidade; Urbano.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA PROFESSORES: FORMAÇÃO CONTINUADA NO SEMIÁRIDO PARAIBANO.

OFICINA DE APROPRIAÇÃO DE RESULTADOS 2011

OFICINA DE APROPRIAÇÃO DE RESULTADOS 2011

A CONCEPÇÃO DA CONTEXTUALIZAÇÃO E DA INTERDISCIPLINARIDADE SEGUNDO OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO RESOLUÇÃO N , DE 22 DE ABRIL DE 2014

Material Para Concurso

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL

Aulas CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS Aula/Data Ficha-Resumo % Questões Revisão Prefeitura de Cerquilho/SP - Prova 21/05/2017

ESTUDANTES COM DEFICIENCIA INTELECTUAL

OFICINA DE APROPRIAÇÃO DE RESULTADOS 2011

O ENSINO NA CONSTRUÇÃO DE COMPETÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

PROJETO ENADE ENFERMAGEM 2013/2

A biblioteca escolar na visão dos estudantes do Curso de Pedagogia UFAL

A PROVINHA BRASIL SOB A ÓTICA DOS PROFESSORES ALFABETIZADORES

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: ENSINO DE CIÊNCIAS INTERDISCIPLINAR NA PERSPECTIVA HISTÓRICO- CRÍTICA

Formação do Médico Especialista no Brasil e no mundo PERSPECTIVAS

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO/INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR

SONDAGEM DOS CONHECIMENTOS DOS DISCENTES DO 9º ANO REFERENTES ÀS TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS

Competências e Habilidades 1

Educação superior, ensino e aprendiizagem e o impacto na saude mental de estudantes do curso de agronomia de uma universidade pública estadual

Transcrição:

DISCUTINDO OS CONCEITOS DE HABILIDADES E DE COMPETÊNCIAS 1 Aparecida Francisca da Silva, 2 Anderson Savio de Medeiros Simões 1 Discente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba Campus Sousa, cidabahia10@yahoo.com.br 2 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba Campus Sousa, anderson.simoes@ifpb.edu.br INTRODUÇÃO Atualmente, a sociedade tem exigido maior capacidade de percepção dos seus indivíduos frente aos problemas do dia a dia. Por esse motivo, o ensino deve adequar-se as novas demandas, buscando a formação de profissionais mais competitivos e capacitados. As limitações no processo ensino/aprendizagem é visível, e cabe às instituições escolares e sociedade superarem tais limitações para formarem cidadãos críticos, capazes de exercer a cidadania, como também, preparados para enfrentarem as exigências do mercado de trabalho. Documentos como: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (BRASIL, 1996) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1997) ressaltam a necessidade das escolas trabalharem de modo que seus estudantes desenvolvam habilidades e competências básicas, exigidas para o enfrentamento dos desafios que o mundo proporciona, trabalhando a contextualização e a interdisciplinaridade dos conteúdos. Para desenvolver competências e habilidades nos discentes, é crucial que o professor conheça suas potencialidades e utilize-as, desenvolvendo as capacidades necessárias que permitam usufruir dos bens que lhes proporcionarão. O professor deve considerar que os discentes possuem pensamentos e ritmos de aprendizagem diferenciados, e isso exigirá atenção especifica na integração desse processo. O desenvolvimento de habilidades e competências ocorre de diversas formas onde podemos listar a pesquisa, vivência, reflexão e ação, que se desenvolverá com um trabalho contextualizado e interdisciplinar, e cabe ao professor estar preparado para os desafios do exercício de uma prática baseada na contextualização e na interdisciplinaridade (FELIX; NAVARRO, 2009). De modo a realizar uma discussão sobre o tema, este trabalho teve por objetivo realizar uma revisão bibliográfica narrativa sobre os conceitos de habilidades e de competências e suas interações com a contextualização e a interdisciplinaridade como

subsídio para o desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem. Para o levantamento das referências bibliográficas, foram realizadas pesquisas nas bases de dados: Google Acadêmico e Scielo, usando os termos habilidades, competências, contextualização e interdisciplinaridade, onde foram selecionados para a referida revisão, um total de dez trabalhos que apresentassem data de publicação dos últimos 15 anos. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS As discussões de competência surgiram por volta da década de setenta entre os psicólogos e administradores nos Estados Unidos. Na mesma época, ocorreram na França, debates sobre o tema, a partir dos questionamentos sobre os conceitos de qualificação e formação profissional dando ênfase a formação técnica. Devido às necessidades do mercado de trabalho (indústrias), os administradores procuraram então aproximar os estudos às empresas, com intuito de aumentar as capacitações e as possibilidades de emprego dos trabalhadores, estabelecendo uma relação entre as competências e saberes (FLEURY, M.; FLEURY, A., 2001). No Brasil, não há consenso quanto ao surgimento dessa discussão. Alguns autores afirmam que essa temática surgiu nas discussões acadêmicas, e a partir destas discussões, as empresas passaram usar esses modelos (FLEURY, M.; FLEURY, A., 2001). No sistema educacional brasileiro, o termo competência surgiu com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), como também nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), (BRASIL, 1998), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), (BRASIL, 1997) e suas orientações complementares (PCN+ ) (BRASIL, 2006), documentos que regulamentam e orientam o ensino. A LDB determina em seu Art. 9, inciso IV que a União deve: [...] estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996, p.26). Nas Matrizes Curriculares de Referência do Sistema de Avaliação da Educação Básica- SAEB (1998) entendem-se: [...] por competências cognitivas as modalidades estruturais da inteligência ações e operações que o sujeito utiliza para estabelecer relações com e entre os objetos, situações, fenômenos e pessoas que deseja conhecer e as habilidades instrumentais referem-se, especificamente, ao plano do saber fazer e decorrem,

diretamente, do nível estrutural das competências já adquiridas e que se transformam em habilidades (BRASIL 1998, p.7). No documento Exame Nacional para o Ensino Médio (ENEM) - Fundamentação Teórico- Metodológica, a competência pode ser considerada como uma habilidade de ordem geral, enquanto a habilidade é uma competência de ordem particular específica (BRASIL 2005, p. 20). O Documento Básico que descreve o ENEM, define: Competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. As habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do saber fazer. Por meio das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando nova reorganização das competências (BRASIL 2002, p.11). Segundo Perrenoud (1999 apud SILVA & FELICETTI, 2014),"habilidade trata-se de uma sequência de modos operatórios, de induções e deduções, onde são utilizados esquemas de alto nível, enquanto competência, é a capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Para Garcia (2005), competência envolve uma associação dos conhecimentos e esquemas adquiridos, para a utilização em resolução de problemas inéditos, desenvolvendo-os de forma eficaz e inovadora. A autora afirma que a complexidade das habilidades é menor e pode contribuir com diferentes competências. As competências ainda podem ser definidas como um conjunto de conhecimentos, atitudes, capacidades e aptidões, que habilitam uma pessoa para desempenhar em diversas situações, perpassando à vida escolar do indivíduo (FÉLIX; NAVARRO, 2009). Primi et al (2001, p.155) coloca habilidade como a facilidade de lidar com uma informação, mas para que esta transforme em competência, será preciso investimentos na aprendizagem. Os autores destacam ainda que, se uma pessoa possui habilidade, mas não procura investir em experiências de aprendizagem, ela não terá competência. As definições dadas entre autores são concordantes. Ricardo e Zylbersztajn (2008, vol.13, p.262) definem competência como operações mentais das estruturas cognitivas em relação ao objeto e fatos, já as habilidades, estão relacionadas com o saber fazer as competências. Portanto, as habilidades e competências servirão como referenciais para propostas pedagógicas e para construir princípios que conduzam a uma organização curricular que alcance a aprendizagem dos discentes, se faz necessária a utilização de práticas, por partes dos professores, de caráter interdisciplinar e contextualizado (BRASIL, 2006).

Um ensino contextualizado ocorre a partir de discussões durante a formação de professores, que compreende desde a inicial e se estende pela formação continuada, de modo a desenvolverem os conhecimentos teóricos relevantes à problematização e ao ensino contextualizado (SILVA; MARCONDES, 2010). A contextualização se constitui num instrumento teórico e princípio curricular de suma importância para o projeto de uma educação que se enquadre na perspectiva transformadora, ou seja, precisa ser debatida em conjunto, professores e estudantes, pois estes são agentes capazes de transformar a sociedade (COELHO; MARQUES, 2007). Cardoso e Hora (2013) relacionam esse saber à utilidade, à contextualização do trabalho e à mobilização. Para as autoras, o conhecimento descontextualizado só terá validez para aqueles que conseguirem aprofundar seus estudos, e que seja capaz de contextualizar na resolução de problemas. As autoras ainda afirmam que, uma educação por competências é possível quando a escola percebe que os conteúdos disciplinares precisam fazer sentido para os alunos, ou seja, não basta estudá-los, é necessário que estes estejam conectados com o cotidiano do aluno. Dessa forma, competência é a capacidade de usar as inteligências, pensamentos, memória e outros recursos mentais para realização de uma tarefa desejada com eficiência (CARDOSO; HORA, 2013, p.4). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os conceitos de habilidades e de competências presentes nos artigos pesquisados, se mostram similares, e todos de alguma forma mostram a importância do ensinar de modo a desenvolvê-las, contribuindo assim, na formação de um discente crítico e reflexivo, entendendo o seu papel de transformador social. É preciso que os professores, em suas práticas pedagógicas, tentem aproximar suas metodologias de ensino ao proposto pelos documentos oficiais, com um ensino contextualizado e interdisciplinar, que desenvolve nos discentes as competências e as habilidades necessárias à sua formação e ao exercício da cidadania.

REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC/SEF, 126p. 1997. BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): fundamentação teóricometodológica. Brasília: MEC/INEP, 2005. BRASIL. Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília, DF, 1998. Parecer CEB 15/98, aprovado em 1/6/98. BRASIL, Ministério da Educação (MEC), Secretaria da Educação Básica. Orientações Curriculares Nacionais. Brasília, vol.2, 2006. BRASIL, MEC, INEP, Matrizes Curriculares de Referência para o SAEB. Maria Inês Gomes de Sá Pestana et al. 2.ed. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 1998. BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20/12/1996. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03 >Acessado em: 29/03/2016. COELHO, Juliana Cardoso; MARQUES, Carlos Alberto. Contribuições freireanas para a contextualização no ensino de Química. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, v. 9, n. 1, p. 1-17, 2007. CARDOSO. M. C; HORA. D. M. Competências e Habilidades: alguns desafios para a formação de professores. 2013.Disponível em: <www.histedbr.fe.unicamp.br/.../artigo_simposio_7_713_micheli_ccardos...>acessado em: 29/03/2016. FELIX, Fabiola Angarten; NAVARRO, Elaine Cristina. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS: NOVOS SABERES EDUCACIONAIS E A POSTURA DO PROFESSOR. Revista Eletrônica Interdisciplinar, v. 2, n. 2, 2009. Disponível em: <www.univar.edu.br/revista/downloads/habilidades.pdf > Acesso em: 26/03/16. FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o conceito de competência. Revista de administração contemporânea, v. 5, n. SPE, p. 183-196, 2001. GARCIA, Lenise Aparecida Martins. Competências e habilidades: você sabe lidar com isso. Educação e Ciência On Line, p. 3, 2005. Disponível em: <www.educacao.es.gov.br/.../roteiro1_competenciasehabilidades.pdf >Acesso em: 04/04/2016. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (1999). Exame Nacional do Ensino Médio: Documento Básico 2002. Brasília: INEP.

PRIMI, Ricardo et al. Competências e habilidades cognitivas: diferentes definições dos mesmos construtos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 17, n. 2, p. 151-159, 2001. RICARDO, E. C. Competências, interdisciplinaridade e contextualização: dos Parâmetros Curriculares Nacionais a uma compreensão para o ensino das Ciências. Tese (Doutorado em Educação Científica e Tecnológica). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis: UFSC, 2005. RICARDO, E. C.; ZYLBERSZTAJN, A.; Os Parâmetros Curriculares Nacionais para as Ciências do Ensino Médio: uma análise a partir da visão de seus elaboradores. Investigações em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v.13, n.3, p. 257-274, 2008. SILVA, G. B.; FELICETTI, V. L. Habilidades e competências na prática docente: perspectivas a partir de situações-problema. Porto Alegre:Educação Por Escrito, v. 5, n. 1, p. 17-29, jan.-jun. 2014. SILVA, E. L.; MARCONDES, M. E. R. Visões de Contextualização de Professores de Química na Elaboração de seus Próprios Materiais Didáticos. Belo Horizonte: Rev. Ensaio,v.12, n. 01, p.101-118, jan- abr. 2010.