A C Ó R D Ã O Nº COMARCA DE SÃO GABRIEL J.S.L... L.R.V... APELANTE APELADO. Vistos, relatados e discutidos os autos.

Documentos relacionados
VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

APELAÇÃO. UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA. DERAM PARCIAL PROVIMENTO. Nº COMARCA DE MONTENEGRO A C Ó R D Ã O

Nº XXXXXXXX (N CNJ: YYYYYYYYYYYYYY) COMARCA DE VVVVVVVV M.P... M.M.M... R.R.R... APELANTE APELADO APELADO

TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL RIO GRANDE DO SUL Coordenadoria de Taquigrafia e Acórdãos

DERAM PROVIMENTO. Nº COMARCA DE SÃO LEOPOLDO A C Ó R D Ã O

APELAÇÃO PROVIDA. Nº COMARCA DE ALVORADA L. G. L. APELANTE R. C. C. L. APELADO R. W. C. L. APELADO A C Ó R D Ã O

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA

Sessão de 02 de fevereiro de 2016 RECURSO Nº ACÓRDÃO Nº REDATOR CONSELHEIRO PAULO EDUARDO DE NAZARETH MESQUITA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DESEMB - ANNIBAL DE REZENDE LIMA 5 de novembro de 2013

T., acima identificados. ACÓRDÃO. AGRAVO DE INSTRUMENTO N /001 Comarca de Guarabira

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

ESTADO DO CEARÁ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GABINETE DESEMBARGADOR WASHINGTON LUIS BEZERRA DE ARAUJO

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DO DES. GENÉSIO GOMES PEREIRA FILHO

APELO DESPROVIDO. A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL CONVOCADO RUBENS DE MENDONÇA CANUTO - 1º TURMA RELATÓRIO

Grupo de Estudos de Empresas Familiares GVlaw/ Direito GV. Reflexos Familiares e Sucessórios na Empresa Familiar. Apresentação

Nº (N CNJ: ) COMARCA DE SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA DARCI SILVEIRA DOS SANTOS

sendo apelado MIRA FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA.

LACB Nº /CÍVEL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DESEMBARGADORA TEREZA CRISTINA SOBRAL BITTENCOURT SAMPAIO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

Precedente da Câmara. APELAÇÃO DESPROVIDA. EDUARDO SANTOS DA SILVA

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Federal Geraldo Apoliano RELATÓRIO

VISTOS, relatados e discutidos os autos acima

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO I. RELATÓRIO

PROCESSO Nº CSJT-Cons A C Ó R D Ã O (C S J T) BL/rk/BL

DE LÚCIA REGINA MOREIRA SALLES REP/P/S/INV MIGUEL ÂNGELO CURIA E OUTRO

Superior Tribunal de Justiça

APELO DESPROVIDO. Nº COMARCA DE CAXIAS DO SUL RIO GRANDE ENERGIA S A A C Ó R D Ã O

APELAÇÃO. SEPARAÇÃO. PARTILHA. DERAM PARCIAL PROVIMENTO. Nº COMARCA DE ERECHIM A C Ó R D Ã O

APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA GOIÂNIA APELANTE

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL

A C Ó R D Ã O Nº XXXXXXXXX (N CNJ: YYYYYYYYYYYYY) COMARCA DE XXX XXXXXXX M.C.L... L.V.B... M.P... APELANTE APELANTE APELADO

O processo prosseguiu e o r. Juízo de Direito a quo fez a entrega da prestação jurisdicional, declarando nula a fiança e extinguindo a execução.

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro 23ª CÂMARA CÍVEL

DECISÃO (Fundamentação legal: artigo 557, caput, do CPC)

Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, em DAR PROVIMENTO AO RECURSO.

DECISÃO. proferida em demanda de cobrança do seguro DPVAT, em virtude de atropelamento

ACÓRDÃO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 11ª REGIÃO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO NONA CÂMARA CÍVEL

Apelante: Apelado: Constante Zahn Comarca: São Paulo (18ª Vara Cível Foro Central) Juíza: Renata Barros Souto Maior Baião

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL R E L A T Ó R I O

Nº COMARCA DE LAJEADO A C Ó R D Ã O. Vistos, relatados e discutidos os autos.

LFBS Nº /CÍVEL

Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Gabinete da Desembargadora Marilia de Castro Neves Vieira

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE BARBARA DE PAULA GUTIERREZ GOOGLE BRASIL INTERNET LTDA A C Ó R D Ã O

PROCESSO Nº: APELAÇÃO APELANTE: CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE

A C Ó R D Ã O Nº COMARCA DE CAPÃO DA CANOA P.L.L... N.F.G.M... C.R.S... A.A.S.F... R.G.L... APELANTE APELANTE APELADO APELADO INTERESSADO

Supremo Tribunal Federal

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE

: MIN. JOAQUIM BARBOSA

APELAÇÃO CÍVEL Nº: APELANTE: SINDICATO DAS EMPRESAS DE TRANSPORTES RODOVIÁRIOS

Superior Tribunal de Justiça

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São José dos Campos, em que é

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

PODER JUDICIÁRIO. São Paulo, 27 de abril de REBOUÇAS DE CARVALHO RELATOR

Acórdão. Processo ri /001

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: XXX ACÓRDÃO

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE

1 te-vet PODER JUDICIÁRIO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA. VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima identificadas:

Supremo Tribunal Federal

PROCESSO: RO

PODER JUDICIÁRIO. Gabinete do Desembargador Olavo Junqueira de Andrade 5ª Câmara Cível

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO EMENTA PROCESSO: /002

EMENTA. 2. Recurso parcialmente conhecido e improvido. ACÓRDÃO

DO RIO DE JANEIRO 2ª CÂMARA CRIMINAL

Ação Indenizatória em virtude de Acidente de Trânsito. Rito. sumário. Sentença que julgou procedente o pedido,

VISTOS, relatados e discutidos os autos da Apelação Cível, acima descrita: RELATÓRIO

Supremo Tribunal Federal

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 04ª Junta de Recursos

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: XXX ACÓRDÃO

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Á'Os. Poder yudiciário 'Tribunal de :Justiça do Estado da 'Paraíba Gabinete da Desembargadora Maria de Fátima Moraes BeJerra Cavalcanti

JUSTIÇA ELEITORAL TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

Advogados : Wanuza Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326), Celso Ceccato (OAB/RO 111) e outros

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Nº COMARCA DE LAJEADO A C Ó R D Ã O

Supremo Tribunal Federal

18/10/2011 Segunda Turma. : Min. Joaquim Barbosa

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO. 26* Câmara

CONSELHO DA MAGISTRATURA PROCESSO Nº RELATOR: DES. RICARDO COUTO DE CASTRO A C Ó R D Ã O

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

Dados Básicos. Legislação. Ementa. Íntegra

PARECER. Ao Sr. Antônio José Francisco F. dos Santos. Diretor da FENAM FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Dados Básicos. Ementa. Íntegra

Transcrição:

APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL. REGIME PATRIMONIAL. ESCRITURA PÚBLICA COM CLÁUSULA DE SEPARAÇÃO DE BENS. HIGIDEZ DO ATO. PEDIDO DE PARTILHA AFASTADO. SENTENÇA MANTIDA. 1. O art. 1.725 do CCB possibilita que, para disciplinar as relações patrimoniais, os conviventes estabeleçam o regime de bens de seu interesse. E não há na lei exigência de que, para tal estipulação, estejam acompanhadas de advogados e testemunhas. As formalidades referidas pela apelante não tem previsão legal e não são da essência do ato. Exige a lei, apenas, que seja por escrito. 2. A recorrente se reporta à escritura pública como prova da convivência, isto é, defende a higidez da cláusula que afirma a convivência em união estável, mas quer a desconsideração daquela que definiu o regime de bens a vigorar em tal relacionamento (separação de bens). 3. Eventual êxito na pretensão de partilha pressupõe prévia comprovação do vício na manifestação de vontade, com aprofundamento da instrução probatória quanto à alegada causa de nulidade. E não houve encaminhamento da questão, pela autora, neste sentido. NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. APELAÇÃO CÍVEL OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE SÃO GABRIEL J.S.L... L.R.V... APELANTE APELADO A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. 1

Acordam os Desembargadores integrantes da Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento à apelação. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes Senhores DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ E DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL. Porto Alegre, 27 de outubro de 2011. DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS, Relator. R E L A T Ó R I O DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (RELATOR) Cuida-se de apelação interposta por JACIARA A.L. em face da sentença que, nos autos da ação para reconhecimento de união estável ajuizada contra LICIELO R.V., julgou parcialmente procedente o seu pedido (fls. 49-50v.). Sustenta que: (1) ajuizou a ação postulando, também, a partilha por metade dos bens amealhados durante o relacionamento; (2) este é o ponto de sua inconformidade, porque a sentença afastou o pedido em razão de terem pactuado o regime da separação de bens; (3) o Direito de Família deve atentar aos reclamos da realidade social e a escritura pública serviu para comprovar, junto ao Exército brasileiro, a união estável; (4) a apelante não dispunha de qualquer auxílio técnico jurídico quando esteve perante o tabelião, e privá-la da partilha de bens significa premiar 2

indevidamente o requerido, caracterizando seu enriquecimento ilícito; (5) dedicou mais de dez anos de sua vida a um relacionamento, tendo contribuído financeiramente para a constituição um patrimônio que tocará exclusivamente ao varão. Requer o provimento do recurso para reformar a sentença no sentido de que seja determinada a partilha dos bens havidos durante a união estável reconhecida (fls. 53-58). Houve oferta de contrarrazões (fls. 61-66). Deixou o Ministério Público de lançar parecer de mérito por entender não estar configurada hipótese legal de sua intervenção (fl. 71). Vieram os autos conclusos, restando atendidas as disposições dos arts. 549, 551 e 552 do CPC, pela adoção do procedimento informatizado do Sistema Themis2G. É o relatório. V O T O S DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (RELATOR) Não assiste razão à apelante. Acerca do regime de bens que deve vigorar nas uniões estáveis, o art. 1.725 do CCB dispõe que Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. 3

Deste dispositivo não resulta a mínima dúvida acerca do livre arbítrio e liberdade de os companheiros pactuarem qualquer regime patrimonial e sequer se exige, na mencionada norma, que a escritura pública dê forma à manifestação de vontade. E, no caso, JACIARA e LICIELO celebraram escritura pública declaratória de união estável, em outubro de 2003, nesta cidade de Porto Alegre, estipulando, na cláusula segunda que: Quanto ao regime de bens, a vigorar entre ambos, conforme o art. 1725 do Código Civil Brasileiro, estipulam o da SEPARAÇÃO DE BENS, em similitude ao disposto nos artigos 1687 e 1688 do mesmo Código. Portanto, isto significa dizer que os bens permanecem no patrimônio próprio de cada convivente, sem configurar comunicação ou comunhão patrimonial a justificar pretensão de partilha por metade de tal acervo. Vê-se que, na réplica, JACIARA alega a abusividade do pactuado e que existiu vício na manifestação de vontade, de modo que se impõe a desconsideração da referida cláusula (fl. 21). Ora, eventual êxito na pretensão de partilha pressupõe prévia comprovação do vício na manifestação de vontade, a ser deduzido em ação anulatória, com aprofundamento da instrução probatória quanto à alegada causa de nulidade. E não houve encaminhamento da questão, pela autora, neste sentido. Aliás, a própria recorrente, na petição inicial (fl. 03) se reporta à escritura pública da fl. 06 (que identifica como doc. 02), para dizer que esta 4

era a prova de que convivera em união estável com o demandado por dez anos do que se conclui que defende a higidez da cláusula que afirma a convivência em união estável, mas quer a desconsideração daquela que definiu o regime de bens a vigorar em tal relacionamento. A preponderar essa tese, sua vontade estaria apenas parcialmente viciada... Em audiência, não foi colhido seu depoimento e dispensou a oitiva das duas testemunhas que arrolara, encerrando-se a instrução. Nesta solenidade, em relação ao vício do contrato, foi suscitada a ausência de advogado a dar causa para nulidade (fl. 43). Engana-se, a apelante, pois o art. 1.725, transcrito ao início, nenhuma formalidade exige para contrato que venham os companheiros a fazer, salvo que seja escrito. menciono: Neste sentido já decidi em julgamento similar, que aqui APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA. (...). EXISTÊNCIA DE CONTRATO ESCRITO ENTRE OS CONVIVENTES DISPONDO ACERCA DA SEPARAÇÃO DE BENS. DOCUMENTO HÍGIDO E EFICAZ. (...). 1. PARTILHA. Houve de parte dos litigantes a estipulação expressa acerca de um regime patrimonial específico para o relacionamento que iniciavam com cláusula de separação total de bens. O fato de dizer que "sem ler" assinou o que lhe era pedido não sustenta a alegação de obtenção ilícita e involuntária da manifestação de vontade, a caracterizar fraude. 2. Igualmente não se sustenta a assertiva no sentido de que o documento é nulo porque não se adotou pública forma, pois nenhuma exigência faz a lei neste sentido, bastando que haja entre eles contrato escrito (art. 1.725 do CCB). O dispositivo que exige escritura pública refere-se exclusivamente ao pacto antenupcial (art. 1.653 do CC atual e 256 do CC/16), não sendo aplicável, por analogia, à união estável, pois é sabido que regras atinentes à formalização dos contratos devem ser interpretadas restritivamente. (...) (Apelação Cível Nº 70039327457, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 04/08/2011) 5

Integro a fundamentação aqui lançada excerto do parecer do em. Promotor de Justiça FRANCISCO JOSÉ B.MOTTA (fl. 47): (...). Portanto, o pacto é válido e deve ser cumprido coisa que, na casuística, dispensa a discussão sobre a constituição de patrimônio no período da união, ou sobre o eventual esforço comum nessa empreitada. Registra-se, por fim, que na petição inicial não há qualquer questionamento sobre a validade do negócio jurídico estampado na referida escritura pública. E, também, que não há nenhuma prova de que a autora tenha agido com sua vontade viciada quando da pactuação. Por fim, a tese esgrimida na undécima hora (fl. 43) de que o acerto seria nulo porque as partes não estavam acompanhadas de advogados e testemunhas quando da escrituração, não convence: as formalidades referidas não tem previsão legal e nem são, portanto, da essência do ato. Ademais, repete-se, não há alegação ou prova de vício de vontade. Por todo o exposto, NEGO PROVIMENTO à apelação. DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ (REVISOR) Acompanho o eminente relator. DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL - De acordo com o(a) Relator(a). DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS - Presidente - Apelação Cível nº 70044894871, Comarca de São Gabriel: "NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: CAMILA CELEGATTO CORTELLO ESCANUELA 6