capacidade de suporte, lotação rotacionada, massa de forragem, sistema intensivo, taxa de lotação

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CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO DE UMA PASTAGEM DE CAPIM BRAQUIARÃO ( BRACHIARIA BRIZANTHA CV MARANDU) IRRIGADA E MANEJADA INTENSIVAMENTE EM UMA FAZENDA COMERCIAL, AO LONGO DE DOIS ANOS1 ADILSON DE PAULA ALMEIDA AGUIAR2, JULIANO RICARDO RESENDE3, LUIZ GONZAGA DE OLIVEIRA FILHO4, LUIS ROBERTO TORMIM ARANTES5, SERGIO EDUARDO TORMIM ARANTES5 1 Projeto financiado pela Agropecuária Hugo Arantes. 2 Professor de Pastagens e Plantas Forrageiras I, Zootecnia I e III (Bovinocultura de Corte e Leite) da FAZU (Faculdades Associadas de Uberaba) e Prof. de Agrostologia da UNIUBE (Universidade de Uberaba) em Uberaba, MG. E-mail adilson@consupec.com.br 3 Zootecnista e consultor pela CONSUPEC Consultoria e Planejamento Pecuário. www.consupec.com.br E-mail: juliano@consupec.com.br 4 Administrador de Empresas, Consultor em Gestão Pecuária, Pecuarista. lugonza@uol.com.br 5 Equipe da Agropecuária Hugo Arantes. searantes55@uol.com.br RESUMO Variáveis como a massa de forragem e a altura do relvado no pré e no pós-pastejo, a taxa de acúmulo de forragem, a eficiência de pastejo e a capacidade de suporte da pastagem são importantes, pois podem ser adotadas no planejamento do manejo do pastejo. O objetivo deste trabalho foi avaliar as variáveis citadas em uma pastagem de capimbraquiarão irrigada e explorada intensivamente em uma fazenda comercial durante dois anos. O sistema de irrigação foi do tipo pivô central. Uma área de 103 ha foi dividida em 30 piquetes que foram pastejados no método de lotação rotacionada. Os animais eram cruzados e zebuínos nas fases de recria e engorda. A produção da pastagem foi medida pela técnica direta de medição. As alturas do relvado no pré e no pós-pastejo foram 37,4 e 23,3 cm e a massa de forragem no pré e no pós-pastejo foram 5.354,5 kg MS/ha e 2.423,7 kg MS/ha, respectivamente. A densidade media do relvado no pré-pastejo foi de 143,5 kg de MS/ha/cm; a taxa de acúmulo de forragem foi de 81,8 kg MS/ha/dia, a forragem acumulada foi de 29.815,3 kg MS/ha/ano e a eficiência de pastejo foi e 55 %. No período e nas condições deste trabalho foi possível trabalhar com taxa de lotação animal média de 5,9 UA/ha, mas a capacidade de suporte foi de 6,1 UA/ha, indicando que é possível trabalhar com a lotação ajustada sem comprometer o desempenho animal e obter o ótimo da produção de forragem. PALAVRA CHAVE capacidade de suporte, lotação rotacionada, massa de forragem, sistema intensivo, taxa de lotação TITLE GROWTH CHARACTERISTICS OF A BRAQUIARÃO GRASS PASTURE ( BRACHIARIA BRIZANTHA CV MARANDU) IRRIGATED AND MANAGED INTENSIVELY IN A COMMERCIAL FARM, OVER TWO YEARS ABSTRACT Variables such as herbage mass before and after grazing, sward height before and after grazing, forage accumulation rate, grazing efficiency and carrying capacity are important to

adopt in the planning of grazing management. The objective of this work was to assess those variables on pastures of Braquiarão grass irrigated and managed under an intensive grazing, in a commercial farm over two years. The irrigation system was a central pivot. The quantities of lime and fertilizers were calculated taking account the soils tests and forage demand. An area of 103 ha was divided in 30 paddocks which were grazed using a rotational stock method. The animals were of zebu breeds and European x zebu crossbreeding in growth and fattening. The pasture production was measured by direct technique of measurement. The heights of sward before and pos-grazing were 37,4 and 23,2 cm and the herbage mass before and pos-grazing were 5.354,5 kg DM/ha and 2.423,7 kg DM/ha, respectively. The average bulk density of the sward was 143,5 kg DM/ha/cm, the forage accumulation rate was 81,8 kg DM/ha/day; the accumulated mass was 29.815,3 kg DM/ha/year and the grazing efficiency was 55%. During the period and under the conditions of this work was possible to work with a stocking rate of 5,9 AU/ha, but the carrying capacity was 6,1 AU/ha, indicating the possibility to increase the stocking rate. KEYWORDS carrying capacity, herbage mass, intensive system, rotational stock, stocking rate INTRODUÇÃO Nas reuniões anuais da SBZ, os trabalhos sobre irrigação em pastagens foram poucos até 2000 (cinco trabalhos), seis em 2001 e mais de dez trabalhos em 2002. Esta evolução demonstra uma renovação do interesse da comunidade científica sobre o assunto. Muitos destes trabalhos têm sido realizados em casa de vegetação e em canteiros, não refletindo as condições sob pastejo. Em poucos trabalhos, como os de Aguiar et al. (2004) apareceram resultados em áreas pastejadas de capim-braquiarão avaliando taxa de lotação e intensidade de pastejo. Nem sempre os centros de pesquisa têm recursos disponíveis para investir em pesquisa com animais sob pastejo, principalmente em pastagens irrigadas, devido aos altos custos deste tipo de trabalho e por isso, é importante fazer parcerias com produtores dispostos a produzirem informações dentro de suas propriedades. Variáveis como a massa de forragem no pré e no pós-pastejo (MFPRP e MFPOP), a altura do relvado no pré e no pós-pastejo (ARPRP e ARPOP), a densidade da massa de forragem no pré e pós pastejo (DMFPREP e DMFPOP), a taxa de acúmulo de forragem (TAF), a eficiência de pastejo (EP) e a capacidade de suporte da pastagem (CSP) são importantes, pois podem ser adotadas a campo no planejamento do manejo do pastejo. O objetivo deste trabalho foi o de avaliar as variáveis citadas em uma pastagem de capim-braquiarão irrigada e explorada intensivamente durante dois anos. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi desenvolvido na Fazenda Santa Ofélia, da Agropecuária Hugo Arantes, no município de Selviria, MS, em altitude de 357 m, 20 0 21 de latitude Sul e 51 0 26 de longitude Oeste de Greenwich, nos anos de 2004 e 2005. As normais climatológicas de 2004 e 2005 foram: temperatura média de 24,5 e 24,9 graus; evapotranspiração diária de 4,2 e 4,0 mm (1533 e 1460 mm/ano); precipitação de 1.138 e 1.003 mm, 6,9 e 6,9 horas de insolação (estação meteorológica da UNESP, Ilha Solteira, localizada à menos

de 20 km da propriedade). Uma área de 103 ha que estava estabelecida com capimbraquiarão desde o inicio da década de 80, foi escolhida para a implantação de um pivô central. A área foi dividida em 30 piquetes de 3,45 ha os quais foram manejados em lotação rotacionada, com ciclos de pastejo de 30 a 45 dias que variou de acordo com a altura do relvado, sendo a média de 40 cm no pré pastejo e 20 cm no pós pastejo. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho Distrófico, de textura argilosa a média, que apresentou no resultado de análise, antes do inicio dos trabalhos, os seguintes valores: matéria orgânica (MO), 22 g/dm3 ; fósforo (P-resina), 10 mg/dm3 ; ph CaCl2, 5,5; potássio (K), 3,7 mmolc/dm3 ; cálcio (Ca), 35 mmolc/dm3, magnésio (Mg), 15 mmolc/dm3 ; capacidade de troca de cátions (CTC), 75 mmolc/dm3 ; saturação por bases (V%), 72; enxofre (S), 3 mg/md3 ; boro (B), 0,12 mg/dm3 ; cobre (Cu), 0,4 mg/dm3 ; ferro (Fe), 134 mg/dm3 ; manganês (Mn), 10 mg/dm3 e zinco (Zn), 1,1 mg/dm3. Foram aplicados 325 e 370 kg/ha de nitrogênio (N), sendo que parte veio de uma aplicação de quatro toneladas de cama-de-frango/ha em 2004, 128 e 0 kg/ha de P2O5, 213 e 68 kg/ha de K2O, 42 e 20 kg/ha de enxofre, 0 e 0,4 kg/ha de boro para os anos de 2004 e 2005 respectivamente. As adubações foram via fertirrigação durante 2004 e a lanço durante 2005 sempre após cada pastejo. O manejo da irrigação foi de acordo com os dados coletados nas cinco baterias de tensiômetros instalados na área e na estação meteorológica da UNESP de Ilha Solteira. Para a coleta de dados das variáveis seguiram os seguintes procedimentos: lançamento da moldura ao acaso em quatro pontos de cada piquete antes de cada pastejo; medição da ARPRP; corte da matéria original dentro da moldura e pesagem. A matéria original foi secada até peso constante em forno a gás. Estes procedimentos e estas definições foram adotados conforme Pedreira (2002) para a técnica direta de medição da produção da pastagem. Com base nos resultados obtidos fez se o cálculo da TAF (kg MS/ha/dia) pela diferença entre a MFPRP e a MFPOP (kg MS/ha), dividida pelo número de dias entre medições. A FA (kg MS/ha) foi calculada pelo somatório da FA em todos os ciclos de pastejos. A Densidade da Massa de Forragem (DMF) foi calculada dividindo a massa de forragem pela altura do relvado. A Capacidade de Suporte da Pastagem (UA/ha) foi calculada considerando uma oferta de forragem de 6 kg de MS/100 kg de peso vivo. A EP (%) foi calculada dividindo a forragem consumida (kg MS/animal/dia) pela MFPRP e é dada em porcentagem. Os resultados foram comparados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos dois anos de avaliação das variáveis relacionadas com características de crescimento da pastagem (Tabela 1) observamos que as ARPRP e a ARPOP médias foram de 37,4 e 23,3 cm, sem diferenças significativas entre os anos e de acordo com o valor sugerido por Lupinacci (2002) que obteve um platô para os valores de taxa de acúmulo e de produção de forragem em pastagem de capim-braquiarão entre as alturas de pasto de 20 e 40 cm. A MFPRP também se manteve constante, sendo de 5.329 kg MS/ha no ano 2004 e 5.380 kg MS/ha em 2005, sem diferença significativa. A DMFPREP, assim como a MFPRP, foi igual entre os dois anos, sendo 143,4 kg MS/ha/cm, em 2004 e 143,6 kg MS/ha/cm em 2005, sem diferença significativa. Desta forma, podemos observar que quando a ARPRP e a MFPRP são monitoradas por um período de tempo, a densidade poderá ser usada posteriormente para calcular a MFPRP somente com mensuração a campo da altura do relvado. Estes resultados têm nos embasados para recomendações de técnicas de medição de forragem em sistemas de manejo intensivo,

onde sugerimos medir forragem pela técnica direta em um período de no mínimo um ano e posteriormente trabalhar somente com a técnica indireta de medição, onde usamos a densidade média de acordo com a estação do ano. O peso do resíduo pós pastejo reduziu de 3.103,2 kg MS/ha, em 2004, para 1.744,2 kg MS/ha em 2.005. Com a MFPOP muito acima do ideal em 2004, tentamos reduzir para próximo de 2.000 kg MS/ha, quantidade mínima de resíduo que não limita a ingestão de forragem (Gomide, 1993) e que resulta em desempenho animal acima de 210 kg de peso vivo ao ano (Aguiar et al., 2004), porém devido a TL ficar acima da CSP, isto não foi possível, ocorrendo um superpastejo durante alguns meses de 2005. A CSP foi calculada considerando uma oferta de forragem de 6 kg de MS/100 kg de peso vivo ou 27 kg de MS/UA/dia com base na MFPRP, e variou de 6,9 UA/ha em 2004, a 5,3 UA/ha em 2005, com CSP média, nos dois anos, de 6,1 UA/ha, valor acima da taxa de lotação potencial de 5,0 UA/ha, estimada por Balsalobre et al., (2003) com base na temperatura e latitude do município de Três Lagoas, MS, que se localiza em latitude e altitude semelhantes as do município de Selviria. Observa-se que em 2004 a taxa de lotação de 6,1 UA/ha esteve abaixo da CSP, resultando em uma EP de 43 %, mas em 2005, a TL esteve acima da CSP, de 5,7 e 5,3 UA/ha, respectivamente, com conseqüente maior EP, que foi de 67 %. Na média dos dois anos a taxa de lotação foi de 5,9 UA/ha contra uma CSP de 6,1 UA/ha, uma diferença de 0,2 UA/ha, ou seja, podemos perceber que a taxa de lotação pode ser praticamente igual à capacidade de suporte, o que garante a perenidade da pastagem e uma boa eficiência tanto no desempenho animal quanto na produção da forragem. A TAF reduziu de 89,1 kg MS/ha/dia para 74,3 em 2005, o que resultou em um total de FA de 32.503,9 e 27.126,7 kg de MS/ha/ano, em 2004 e 2005, respectivamente. Aguiar et al., (2004), avaliando estes mesmos parâmetros de crescimento na mesma área experimental, obteve resultados muito semelhantes aos apresentados, porém a forragem acumulada foi de 34.300 kg/ms/ha/ano, capacidade de suporte de 7,36 UA/ha, eficiência de pastejo de 55 %. Apesar de o manejo ser o mesmo desde 2001, estas variações de produtividade podem ser atribuídas aos níveis de adubações, que apesar de calculada com base na mesma meta de lotação 6 UA/ha, a adubação real é feita em função do preço do adubo e do fluxo de caixa. O desempenho animal foi de 0,649 kg para 2004 e 0,526 kg em 2005 Aguiar et. al. (2006 no prelo). Tabela 1. Características de crescimento de uma pastagem irrigada de capimbraquiarão em uma fazenda comercial ao longo de dois anos.

Variável 2004 2005 Média CV (%) ARPRP (cm)1 37,2 a 37,7 a 37,4 10,0 ARPOP (cm)2 23,1 a 23,5 a 23,3 4,0 MFPRP (kg MS/ha)3 5.329,0 a 5.380,0 a 5.354,5 10,9 MFPOP (kg MS/ha)4 3.103,2 a 1.744,2 b 2.423,7 35,0 DMFPREP (kg MS/ha/cm)5 143,4 a 143,6 a 143,5 10,4 TAF (kg MS/ha/dia)7 89,1 a 74,3 a 81,85 26,1 FA (kg MS/ha/ano)8 32.503,9 a 27.126,7 a 29.815,3 26,6 EP (%)9 43% b 67% a 55% 23,1 CSP (UA/ha)10 6,9 a 5,3 b 6,1 25,8 TL (UA/ha)11 6,1 a 5,7 a 5,9 37,0 GMD (kg/dia)12 0,649 0,526 0,587 - Médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 1ARPRP: Altura do Relvado no Pré-Pastejo; 2Altura do Relvado no Pós-Pastejo; 3MFPRP: Massa de Forragem no Pré-Pastejo; 4MFPOP: Massa de Forragem no Pós-Pastejo; 5DMFPREP: Densidade da Massa de Forragem pré pastejo; 6DMFPOP: Densidade da Massa de Forragem pós pastejo 7TAF: Taxa de Acúmulo de Forragem; 8FA: Forragem Acumulada; 9EP: Eficiência de Pastejo; 10CSP: Capacidade de Suporte da Pastagem; 11TL: Taxa de Lotação; 12GMD: Ganho Médio Diário. CONCLUSÕES No período e nas condições deste trabalho foi possível trabalhar com taxa de lotação animal média ajustada com a capacidade de suporte, indicando que quando o sistema é monitorado, podemos ter total controle do sistema de produção e obter o ótimo na produção de forragem sem comprometer o desempenho animal. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AGUIAR et al. Crescimento de uma pastagem de capim braquiarão ( brachiaria brizantha cv marandu) irrigada e manejada intensivamente. In: SIMPOSIO DE FORRAGICULTURA NA REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. 41., Campo Grande. Anais... Campo Grande: SBZ, 2004. CD ROM 2. AGUIAR et al. Avaliação do ganho de peso de bovinos e produtividade animal em pastagem de capim braquiarão (brachiaria brizantha cv. marandú) manejada intensivamente. In: SIMPOSIO DE FORRAGICULTURA NA REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. 43., João Pessoa. Anais... João Pessoa: SBZ, 2006 (no prelo). 3. BALSALOBRE, M. A. A. Pastagens Irrigadas. In: SIMPOSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM. 20., Piracicaba, 2003. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2003. 354 p. p. 265-296. 4. GOMIDE, J. A. Produção de leite em regime de pasto. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Viçosa, v. 22, n. 4. p. 591-613, jul./agos. 1993. 5. LUPINACCI, A. V. Reservas orgânicas, índice de área foliar e produção de forragem em Brachiaria brizantha cv. Marandu submetidas a intensidades de

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