EFEITO DE DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO E FERTILIZAÇÃO QUÍMICA SOBRE A DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO
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- Mônica Angelim Beppler
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1 EFEITO DE DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO E FERTILIZAÇÃO QUÍMICA SOBRE A DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO FERREIRA, C.F.; ANDREOLI, C.V.; PEGORINI, E.S., CARNEIRO, C.; SOUZA, M.L.P. Efeito de diferentes dosagens de lodo de esgoto e fertilização química sobre a disponibilidade de fósforo no solo. Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências do Solo, Londrina, Andréia C. Ferreira 1 Cleverson V. Andreoli 2 Eduardo S. Pegorini 3 Charles Carneiro 4 Marcos L. de Paula Souza 5 1 Engª. Agrônoma, MSc. em Ciência do Solo (UFPR), Bolsista DTI/RHAE, Pesquisadora do Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa - GECIP, Companhia de Saneamento do Paraná/SANEPAR. andreiacf@sanepar.pr.gov.br 2 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UFPR). Coordenador do Programa Interdisciplinar de Pesquisas em Reciclagem Agrícola do Lodo de Esgoto da Companhia de Saneamento do Paraná SANEPAR/Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa - GECIP. Professor do Departamento de Solos da Universidade Federal do Paraná. c.andreoli@sanepar.pr.gov.br 3 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Ciência do Solo (UFPR), Pesquisador na SANEPAR/Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa - GECIP. epegorini@sanepar.pr.gov.br 4 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo (UFPR), Pesquisador junto a Companhia de Saneamento do Paraná SANEPAR/Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa GECIP. ccc00@bol.com.br 5 Professor Sênior do Departamento de Solos da Universidade Federal do Paraná; Dr. (UFPR). Endereço: Grupo Específico de Consultoria, Intercâmbio e Pesquisa - GECIP/Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR Rua Engenheiro Rebouças, 1376 Rebouças - Curitiba-PR CEP Fone: (41) Fax: (41)
2 EFEITO DE DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO E FERTILIZAÇÃO QUÍMICA SOBRE A DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO SOLO Objetivos Comparar o efeito do lodo de esgoto versus a adubação química no fornecimento de fósforo à cultura do milho e sua relação com a produtividade do milho; Avaliar a taxa de mineralização do fósforo oriundo do lodo de esgoto e sua disponibilização para absorção pelas plantas. Material e Métodos A partir de um experimento de produtividade de milho em função de diferentes dosagens de lodo de esgoto, paralelamente avaliou-se a influência destas diferentes dosagens e adubações químicas, sobre a concentração de fósforo solúvel (P) no solo. O experimento foi desenvolvido no município de Londrina PR, sob terra roxa estruturada distrófica e textura argilosa (QUADRO 01), com material de origem rochas eruptivas básicas; entre os anos de 1997 e 1999, com cultivos sucessivos de aveia preta (Avena strigosa) e milho (Zea mays). QUADRO 01 - CARACTERIZAÇÃO QUÍMICO-FÍSICA DO SOLO LONDRINA / PR Prof. ph Al 3+ H+Al Ca 2+ +Mg 2+ Ca 2+ K + T P C m % V % Areia Silte Argila cm CaCl 2 cmol c /dm 3 mg/dm 3 g/dm 3 % ,8 0,2 5,7 5,1 3,6 0,41 11,2 10,0 19,0 3,5 49,2 4,0 20,0 76, ,9 0,2 5,3 4,9 3,2 0,12 10,3 2,0 14,3 3,8 48,6 4,0 14,0 82,0 O lodo utilizado provinha de reator anaeróbio de leito fluidizado (RALF), e parcialmente desidratado em leito de secagem (umidade média de 62,5%); (QUADRO 02). Como processo de higienização, o lodo foi caleado com CaO a 50% em base de peso seco. QUADRO 02 - CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO LODO LONDRINA / PR ph N Ca 2+ +Mg 2+ Ca 2+ K + Mg P 2 O 5 C CaCl 2 g/kg cmol c /dm 3 mg/dm 3 g/dm 3 6,1 22,2 1,13 0,83 0,34 0,30 10,0 20,1
3 A proposta para rotacionamento das culturas aconteceu da seguinte forma: Aveia (97) Milho (97/98) Aveia (98) Milho (98/99); O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados, com 5 tratamentos e 3 repetições: T 0 tratamento testemunha; T 6 tratamento com 6 t MS/ha de lodo + 40 kg de superfosfato simples; T 12 - tratamento com 12 t MS/ha de lodo; T 18 - tratamento com 18 t MS/ha de lodo; T q - tratamento com adubação química * * 200 kg/ha superfosfato simples; 178 kg/ha uréia; 67/ha kg de cloreto de potásssio). obs: todos os tratamentos com lodo foram ainda suplementados com 40 kg/ha de cloreto de potássio. O solo da área experimental foi devidamente calado (CaCO 3 ) com base na análise de solo antes da implantação do experimento. Os tratamentos com lodo de esgoto que não atenderam a necessidade recomendada à cultura foram complementados com adubação química. A complementação química teve como base a análise de solo e a quantidade disponibilizada pelo lodo (50% de P). As amostras de solo/lodo foram coletadas na profundidade de 0 a 20 cm, a partir de vários pontos para a constituição de amostras compostas. Foram realizadas análises químicas para obtenção do teor de P disponível (extrator Mehlich 1), após o término do ciclo de cada cultura. Resultados e Discussão A mineralização de P em lodo de esgoto, condição em que é disponível às plantas, acontece de forma lenta e gradativa. De acordo com SANEPAR (1997), acredita-se que aproximadamente 50% de P total está disponível para as plantas ao longo do primeiro ano de cultivo. A disponibilidade de P e as formas iônicas em que se encontra variam em função dos níveis de ph do meio e da solubilidade dos compostos formados. Segundo VALE et al. (1997), quando ácido, a precipitação de P ocorre com íons de Fe e Al, por outro lado, quando
4 básico a fixação acontece com íons Ca. Sendo assim, a maior disponibilidade de P se dá com níveis de ph próximos à neutralidade ( 6,0), com predominância das formas H 2 PO e HPO 4. Portanto, a calagem como processo de higienização do lodo pode diminuir a disponibilidade deste elemento. Tendo em vista que o objetivo principal do trabalho era avaliar produtividades em milho, justificava-se assim as suplementações químicas no tratamento T 6 com superfosfato triplo, que é uma fonte de P prontamente disponível em sua totalidade, diferenciando-se do lodo que promove uma liberação mais lenta e gradativa. Atribui-se a isso, a equivalência nos teores de P nos tratamentos T 6 e T 12 no primeiro ano do rotacionamento. À medida que a taxa de mineralização de P do lodo foi aumentando, proporcionalmente aumentaram as diferenças nas concentrações entre os tratamentos. Os tratamentos somente apresentaram significância (F 0,01 ) para os intervalos de rotação: aveia (97) e milho (98/99); (QUADRO 03). Da mesma forma, ocorreu para a fonte de variação blocos (QUADRO 04). Observando a tabela 03 é possível verificar a influência das diferentes dosagens de lodo na disponibilidade de P em função do tempo hábil de mineralização, caracterizada por um aumento substancial nas concentrações no transcorrer do experimento. QUADRO 03 - VALORES DE F PARA AS MÉDIAS DAS CONCENTRAÇÕES DE P DISPONÍVEL EM FUNÇÃO DAS DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO. Fonte F requ. (0,05) F requ. (0,01) Aveia 97 Milho 97/98 Aveia 98 Milho 98/99 Tratamentos 3,84 7,01 2,23 2,90 25,22 ** 4,76 9,78 4,83* QUADRO 04 - VALORES DE F PARA AS MÉDIAS DAS CONCENTRAÇÕES DE P DISPONÍVEL EM FUNÇÃO DAS DIFERENTES DOSAGENS DE LODO DE ESGOTO. Fonte F requ. (0,05) F requ. (0,01) Aveia 97 Milho 97/98 Aveia 98 Milho 98/99 Blocos 3,84 7,01 2,23 2,90 8,09** 4,76 9,78 0,37 Apesar do teste Tukey (5%) não ter caracterizado diferenças estatísticas na comparação de médias nos intervalos de rotação: milho (97/98) e aveia (98) é possível
5 observar um gradiente positivo na concentração de P lábil, proporcional ao aumento nas dosagens de lodo aplicadas ao solo (TABELA 01). TABELA 01 COMPARAÇÃO DE MÉDIAS SEGUNDO TESTE TUKEY (5%). Tukey Aveia 97 Milho 97/98 Aveia 98 Milho98/99 T18 9,00 a T18 16,00 a T18 25,00 a T12 43,33 a T6 8,00 ab T6 12,33 a T12 16,00 a T18 38,30 a T12 7,00 ab T12 11,00 a T6 12,00 a T6 29,67 a T0 5,30 b Tq 10,67 a Tq 8,33 a T0 11,00 b T0 9,00 a T0 7,33 a Tq 8,00 b As diferenças significativas nos teores de P, proporcionais ao aumento das quantidades de lodo dispostas ao solo, alcançaram altos níveis de correlações (r = 0,99). Enquanto o tratamento Tq (adubação química) manteve-se praticamente constante quanto a disponibilidade de P, atestada pelos coeficientes de correlação gradativamente negativos a medida que foram aumentadas as quantidades aplicadas de lodo (TABELA 02). TABELA 02 MATRIZES DE CORRELAÇÕES ENTRE AVEIA (97) / MILHO (97/98) / AVEIA (98) / MILHO (98/99) EM FUNÇÃO DAS DOSAGENS DE LODO APLICADAS. T0 T6 T12 T18 Tq T0 1 T6 0,88 1 T12 0,83 0,99 1 T18 0,83 0,92 0,95 1 Tq -0,16-0,58-0,70-0,87 1 Conclusões A partir dos resultados obtidos constatou-se a eficiência do lodo de esgoto em disponibilizar P, atuando como um fertilizante fosfatado de liberação lenta e gradativa. A fertilização química sendo fonte de pronta liberação promove menores efeitos cumulativos nas concentrações de P solúvel. A mineralização e disponibilidade de P tem relação direta
6 com o tempo de incubação do lodo, evidenciando a potencialidade deste biossólido em suprir adubações com P, especialmente em culturas perenes. Referências Bibliográficas SANEPAR - Companhia de Saneamento do Paraná. Manual técnico para utilização agrícola do lodo de esgoto no Paraná. ANDREOLI, C.V.; FERNANDES, F. (Coords.), Curitiba, 96 p., VALE, F.R.; GUILHERME, L.R.G.; GUEDES, G.A. de A.; FURTINI NETO, A.E. Fertilidade do Solo: dinâmica e disponibilidade dos nutrientes de plantas. UFLA/FAEPE, 171 p., 1997.
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