CONTROVÉRSIAS EM CORONARIOPATIA AGUDA:

Documentos relacionados
Angiotomografia Coronária. Ana Paula Toniello Cardoso Hospital Nove de Julho

Síndrome Coronariana Aguda (SCA) sem Supradesnivelamento do Segmento ST (SSST)

ISQUEMIA SILENCIOSA É possível detectar o inesperado?

PROJETO: INTERVENÇÃO BRASILEIRA PARA AUMENTAR O USO DE EVIDÊNCIAS NA PRÁTICA CLÍNICA SÍNDROMES CORONARIANAS AGUDAS

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

BIOMARCADORES e PROTOCOLOS de URGÊNCIA

ASSUNTO. Associação entre Protocolo Manchester de Classificação de Risco e. Protocolo de Dor Torácica GRUPO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

PROTOCOLO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ Capítulo JCI Responsável pela elaboração Número do documento Data da 1ª versão

Síndrome Coronariana Aguda

TEP suspeita: tratar ou não tratar? AngioTCMD negativa exclui o diagnóstico de TEP?

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO. Dr Achilles Gustavo da Silva

AVALIAÇÃO DO PROTOCOLO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

Introdução. (António Fiarresga, João Abecassis, Pedro Silva Cunha, Sílvio Leal)

Doença Coronária Para além da angiografia

SCA Estratificação de Risco Teste de exercício

Evolução do prognóstico das síndromes coronárias agudas ao longo de 12 anos - a realidade de um centro.

AVALIAÇÃO DOS DOENTES COM SUSPEITA CLÍNICA DE TEP COM RECURSO A ANGIO-TC Estudo retrospectivo

TÍTULO: OS MARCADORES BIOQUÍMICOS NO DIAGNÓSTICO DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Projeto BPC: Conceitos Gerais. Sabrina Bernardez Pereira, MD, MSc, PhD

Módulo: Insuficiência Coronária - Diagnóstico e Tratamento

Qualidade dos Dados. Enfª Erica D. M. Morosov

Conflitos de interesse

Dra. Claudia Cantanheda. Unidade de Estudos de Procedimentos de Alta Complexidade UEPAC

METODOS DE IMAGEM PARA DIAGNÓSTICO

COMISSÃO DE CULTURA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA CCEX. Av. Dr. Arnaldo, 455 1º andar sala 1301 FORMULÁRIO DE PROGRAMA DE COMPLEMENTAÇÃO ESPECIALIZADA

Valor prognóstico da interleucina-6 na evolução de pacientes... com síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento

Insuficiência Renal Crônica

Unidade de Pronto Atendimento

Universidade de São Paulo

Síndromes Coronarianas Agudas. Mariana Pereira Ribeiro

Abordagem intervencionista na síndrome coronária aguda sem supra do segmento ST. Roberto Botelho M.D. PhD.

Ressonância Magnética Cardíaca & Angiotomografia Cardíaca

Estratificação de risco cardiovascular no perioperatório

Paulo Henrique dos Santos Corrêa. Tecnólogo em Radiologia

Artigo Original. Resumo

TÍTULO: IMPORTÂNCIA DA DOSAGEM DOS BIOMARCADORES CARDÍACOS NO DIAGNÓSTICO DO INFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO

Serviço de Cardiologia do Hospital de Braga

Atualização Rápida CardioAula 2019

Abordagem do Paciente Tabagista Hospitalizado

JANEIRO A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS EM 34 SEMANAS CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 EXTENSIVO

Palavras-chave: Dor torácica. Eletrocardiograma. Doença arterial coronariana.

Avaliação de Marcadores Prognósticos na Síndrome Coronariana Aguda sem Supradesnivelamento do Segmento ST na Sala de Emergência

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA AULA TESTES DIAGNÓSTICOS Eleonora D Orsi Lúcio

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 SUPER INTENSIVO JUNHO A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS

Sugestões para o rol. Núcleo Amil de Avaliação de Tecnologias em Saúde. Suzana Alves da Silva Maria Elisa Cabanelas Pazos

Resultados 2018 e Novas Perspectivas. Fábio P. Taniguchi MD, MBA, PhD Investigador Principal

Valor Prognóstico da Troponina I de Alta Sensibilidade versus Troponina T nas Síndromes Coronarianas Agudas

TRATAMENTO DAS SINDROMES CORONARIANAS AGUDAS

CRONOGRAMA PRÉVIO CARDIOAULA TEC 2019 EXTENSIVO. JANEIRO A SETEMBRO. PROVA: SETEMBRO. 350 horas/aulas. EM 35 SEMANAS

14 de setembro de 2012 sexta-feira

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2019 INTENSIVO. ABRIL A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 25 SEMANAS

julho A SETEMBRO. PROVA: OUTUBRO. 360 horas/aulas. EM 14 SEMANAS

Resultados Demográficos, Clínicos, Desempenho e Desfechos em 30 dias. Fábio Taniguchi, MD, MBA, PhD Pesquisador Principal BPC Brasil

TRANSFUSÃO DE HEMÁCIAS. Gil C. De Santis Hemocentro de Ribeirão Preto

Diagnóstico de TEV Perspetiva do Laboratório: o papel dos D-Dímeros no diagnóstico. Luísa Lopes dos Santos IPO-Porto

ENDOCARDITE DE VÁLVULA PROTÉSICA REGISTO DE 15 ANOS

PROTOCOLO CLÍNICO. IAM sem supra de ST / Angina Instável. É definida pela duração e intensidade da angina. Pode se apresentar de 3 formas:

04/06/2012. Biomarcadores de Infecção. Biomarcadores em PAC Presente e Futuro. Conflitos de interesse

Curso Avançado em Gestão Pré-Hospitalar e Intra-Hospitalar Precoce do Enfarte Agudo de Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST

Atualização de Angina Instável e IAM sem supra ST AHA/ACC Guideline

Sessão Interativa. Atualizações do Protocolo de Dor Torácica

Monitorização Eletrocardiográfica Ambulatorial. Helcio Garcia Nascimento

Núcleos Clínico-Cirúrgicos InCor

DIAGNÓSTICO. Processo de decisão clínica que baseia-se, conscientemente ou não, em probabilidade. Uso dos testes diagnósticos

Síndromes aórticas agudas. na Sala de Urgência

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 3. Profª. Tatiane da Silva Campos

Fazer um diagnóstico. Testes Diagnósticos. Necessidade dos testes. Foco principal

PROCESSO SELETIVO SANTA CASA RESIDÊNCIA MÉDICA PRÉ-REQUISITO

UNIVERSIDADE TIRADENTES DIREÇÃO DE SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM ADRIANO DE CARVALHO LIMA JOSE LUCIVALDO DE JESUS COSTA

Há mais de uma lesão grave, como definir qual é a culpada? Devemos abordar todas ao mesmo tempo ou tentar estratificar? O papel do USIC, OCT e FFR

Fazer um diagnóstico. Necessidade dos testes. Foco principal. Variabilidade do teste. Diminuição das incertezas definição de normal

04/03/2008. Identificar o desenho do estudo. Opinião de especialista Exemplo: Revisão Narrativa. Identificando Principais Tipos de Estudos

Tratamento domiciliar da TEP. Renato Maciel

Estratificação do risco e terapêutica antitrombótica

Programa BPC: Painel Hospitais

Artigo. de CARDIOLOGIA do RIO GRANDE DO SUL REVASCULARIZAÇÃO PRECOCE NAS SÍNDROMES ISQUÊMICAS AGUDAS SEM ELEVAÇÃO DO SEGMENTO ST

Thoracic pain in a general

Cirurgia Cardiotorácica

CUIDADO É FUNDAMENTAL

Curso Preparatório para Concursos- Enfermeiro 2012 Infarto Agudo do Miocárdio

II Curso Nacional de Reciclagem em Cardiologia da Região Centro-Oeste. Dr. Maurício Milani

A Descoberta da Jornada do Paciente Utilizando a Mineração de Processos

Teste Ergométrico Imediato em Pacientes com Dor Torácica na Sala de Emergência

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FUNÇÃO VENTRICULAR PRESERVADA. Dr. José Maria Peixoto

Cardioversão Química Oral de Fibrilação Atrial Aguda na Unidade Básica de Saúde

QUARTA DEFINIÇÃO UNIVERSAL DE INFARTO DO MIOCÁRDIO 2018

Validação Prospectiva do Escore de Risco Dante Pazzanese em Síndrome Coronariana Aguda sem Supradesnivelamento do Segmento ST

arcadores laboratoriais nas síndromes coronarianas agudas: lbumina modificada pela isquemia (IMA

XXI CONGRESSO CEARENSE DE CARDIOLOGIA PROGRAMAÇÃO PRELIMINAR. 07 de agosto de 2015

Fisiopatologia Laboratorial. Exames Complementares de Diagnóstico e sua Validade

Ultrasensitive Troponin Contribution to Risk Rating by the Timi Risk Score in Patients with Acute Coronary Syndrome without ST Elevation

Angina Instável Identificaçã. ção o e Abordagem. XV Congresso de Cardiologia de Mato Grosso do Sul Campo Grande CELSO RAFAEL G.

Registro de Síndrome Coronariana Aguda em um Centro de Emergências em Cardiologia

Velhas doenças, terapêuticas atuais

LEANDRO TEIXEIRA DE CASTRO

Farmaceutica, Graduada pela Universidade Regional do Estado do Rio Grande do Sul, 3

Qual o Fluxograma da Dor Torácica na Urgência? Pedro Magno

Programa de Cuidados Clínicos no IAMST: Indicadores e Resultados.

Uso do AAS na Prevenção Primária de Eventos Cardiovasculares

Protocolo para Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Coronariana sem Supradesnível do Segmento ST (SCA sem Supra)

Transcrição:

CONTROVÉRSIAS EM CORONARIOPATIA AGUDA: TROPONINA ULTRASSENSÍVEL NA EMERGÊNCIA - PROTOCOLOS, ESTRATÉGIAS E RESULTADOS Paulo J B Barbosa Professor Adjunto da EBMSP Professor Auxiliar da UNEB Coordenador da UCO do Hospital Santa Izabel pjbbarbosa@uol.com.br POSSUO POTENCIAL CONFLITO DE INTERESSE COM O TEMA

rotocolos de Dor Torácica Paciente com suspeita de SCA ECG em 10 ientes com SCA Supra Pacientes com suspeita de SCA- SSST sem característic cas de alto risco na admissão Pacientes com SCA-SSST com características de alto risco na admissão Terapia de eperfusão - Tratamento Farmacológico - ECGs seriados - Dosagem de ctn na admissão 3h 6h - Tratamento Farmacológico - Internamento em U - Estratificação preferencialmente invasiva

ritérios para Kits de Troponina de Alta ensibilidade ou Ultra-sensível Imprecisão 10% na definição do ponto de corte do 99º percentil. Concentrações mensuráveis abaixo do 99º percentil deve ser atingido, com um ensaio capaz de identificar uma concentração acima do limite de detecção do ensaio para pelo menos 50% (e idealmente 95%) de indivíduos saudáveis. (Clin Chem 2009;55:1303

roponinas de Alta Sensibilidade Vantagens Diagnóstico Rápido do IAM; Sensibilidade na detecção de IAM próxima a 100%. Elevado Valor Preditivo Negativo; Marcador prognóstico nas SCA, na DAC estável e em outras condições clínicas (FA, IC, TEP, etc). Desvantagens Baixa especificidade; Elevado número de falso positivos; Não é específica quanto a etiologia; Variabilidade biológica; Necessidade de melhor padronização e validação dos protocolos assistenciais.

odelo Conceitual para Interpretação Clínica Troponina de Alta Sensibilidade Elevada (JACC 2012, 60(23): 2012-2

tocolos de Uso da Troponina na Sala de Emergência Paciente com suspeita de SCA ECG em 10 oponina na Adm < LDP u < X em 1, 2 ou 3 h As outras situações Troponina significativament elevada na Adm e ou < Y em 1, 2 ou 3 h ule-out para IAM - Zona de observação - Rule-in para IAM hannes Tobias Neumann et al. JAMA Cardiol online June 1, 2016/ CMAJ, May 19, 2015, 187(8)/ JACC Vol. 59. 23, 2012 /Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2016;9:00-00/ JACC 62, No. 14, 2013/ European Heart Journal 12) 33, 988 997/ Circulation. 2011;124:136-145/ LANCET 2015 http://dx.doi.org/10.1016/s0140-6736(15)00391-8 dward Carlton et al. JAMA Cardiol online June 1, 2016/ BMJ 2015;350:h15)

gh-sensitivity cardiac troponinn I at presentation patients with suspected acute coronary syndrome: ohort study Verificou-se ctn I < 5 ng / L em 2311 (61% dos 3799 pacientes da coorte; Valor preditivo negativo de 99,6% (IC95% 99,3-99,8) para o desfecho primário (IAM o morte em 30 dias); Valores semelhantes foram observados nas 2 coortes de validação: Níveis de ctn I < 5 ng / L em 594 (56% dos 1061 pacientes; Valor preditivo negativo de 99,4% (IC95 98,8-99,9) para o desfecho primário (LANCET 2015 http://dx.doi.org/10.1016/s0140-6736(15)003

High-sensitivity cardia troponin I at presentation in patient with suspected acute coronary syndrome: a cohort study VPN foi de 97,6% (95,8% 99,2%) (LANCET 2015 http://dx.doi.org/10.1016/s0140-6736(15)00

spective validation of a 1-hour algorithm to rule-out rule-in acute myocardial infarction using a high- APACE sitivity cardiac troponin T assay study (CMAJ, May 19, 2015, 187(8): E243

spective validation of a 1-hour algorithm to rule-out rule-in acute myocardial infarction using a high- APACE sitivity cardiac troponin T assay study (CMAJ, May 19, 2015, 187(8): E243

15 ESC Guidelines for the management of acute coronary dromes in patients presenting without persistent ST- ment elevation Pacientes com Início da Dor Torácica > 3 horas (European Heart Journal (2016) 37, 267 315)

onclusões: Os médicos precisam calibrar o seu raciocínio clínico ao solicitar e interpretar o resultado de uma dosagem de ctn alta sensibilidade. A utilização da ctn de alta sensibilidade no atendimento de pacientes em Unidades de Emergência com suspeita de SCAs, dentro de protocolos validados, pode auxiliar a identificar: Pacientes que podem ser orientados a prosseguir uma investigação ao nível ambulatorial ou em unidades de internamentos abertas; Pacientes que necessitam internamentos em Unidades Fechadas e investigação diagnóstica invasiva; Pacientes que requerem uma maior observação com a realização de ECGs e dosagens adicionais de ctn, ou aindaa de investigação diagnóstica coronariana ou de outras patologias, na dependência do quadro clínico.