AULA 6: ORALIDADE E ESCRITURALIDADE

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Transcrição:

AULA 6: ORALIDADE E ESCRITURALIDADE Texto: Língua falada e enunciação 1. Introdução Textos: enunciados, produtos da enunciação (realizada nas interações determinadas pelas práticas sociais dos falantes) o Assumem marcas das condições em que são produzidos o Variados gêneros derivam dessas condições Condições de proximidade: geração de textos identificados pela oralidade (marcas próprias da fala) Condições de distanciamento: geração de textos marcados pela escrituralidade (ausência em > ou < grau de traços da fala) Oralidade e escrituralidade: o Modos de ser dos textos que independem do meio em que se dão (texto falado ou escrito) o Caracterizam tanto texto expresso pela fala, quanto pela escrita Análise da conversação (vertente lingüístico-textual): descrição de textos falados, caracterizados pela oralidade prototípica o Não volta a atenção para a oralidade em textos medialmente escritos 2. Noções de enunciação Enunciação: ato de um sujeito-destinador interagir, em situação de comunicação comum sujeito-destinatário o Essa interação Destinador: fazer persuasivo Destinatário: fazer interpretativo o Produto do ato da enunciação (falado ou escrito): o enunciado Enunciação: interação entre enunciador e enunciatário (papéis enunciativos) o Na comunicação face a face: papéis exercidos pelos interlocutores Enunciador = falante Enunciatário = ouvinte o Na interação escrita: papéis exercidos pelos autor e leitor implícitos ou abstratos Enunciador = autor Enunciatário = leitor Na enunciação: enunciador e enunciatário são sujeitos da enunciação o Enunciador leva em conta o enunciatário a quem se dirige na produção do discurso 1

3 grandes categorias da enunciação (por acontecer em situações comunicativas desencadeadas no âmbito das práticas sociais dos indivíduos): o A pessoa Eu no discurso (quem anuncia) / tu: condição do diálogo o O tempo Agora o O espaço Aqui 3 instâncias da enunciação o Enunciador-enunciatário: instância da enunciação propriamente dita: aqui e agora; não mais se realiza no enunciado, mas pode aparecer projetada nele o Relação narrador-narratário: quando se instala a enunciação no enunciado enunciador delega a voz ao narrador o Relação interlocutor-interlocutário: enunciação se revela por uma segunda delegação de voz, do narrador para o interlocutor. Ex.: discurso direto no enunciado Mecanismos que instauram as categorias de enunciação do enunciado: o Debreagem o Embreagem (A) Debreagem: operação de projetar no enunciado as marcas de pessoa, espaço e tempo o Debreagem actancial: marcas de pessoa o Debreagem espacial: marcas de espaço o Debreagem temporal: marcas de tempo Essas debreagens podem ser manipuladas pelo enunciador: marca ou apaga o enunciado com traços do ato enunciativo o Debreagem enunciativa o Debreagem enunciva Debreagem enunciativa: instalam-se no enunciado os actantes da enunciação (eu/tu), o espaço da enunciação (aqui) e o tempo da enunciação (agora) discurso em 1ª. Pessoa. o Exemplos de textos enunciativos caracterizados pela oralidade Conversas informais Chats e e-mails Cartas particulares Autobiografias Debreagem enunciva: o enunciador opta por não marcar no enunciado as marcas da enunciação o Discursos em 3ª. pessoa, onde eu, aqui e agora estão apagados o Textos enuncivos: produzem efeitos de sentido de objetividade e distanciamento 2

Ex.: textos marcados pela escrituralidade trabalhos acadêmicos, reportagens jornalísticas, discursos jurídicos (B) Embreagem: mecanismo onde são neutralizadas as oposições dentro de uma das categorias da enunciação Dentro da categoria de pessoa, a embreagem consiste em empregar uma pessoa com o valor de outra, na categoria de tempo, usar um tempo com valor de outro Exemplo: manchetes de jornal embreagem temporal, emprego do presente com valor de pretérito, produzindo efeito de sentido de presentificação, ilusão de enunciatividade Igreja cria 10 mandamentos para os motoristas católicos Texto: produto de um ato de interação lingüística realizado, seja pela interação falada, seja pela comunicação escrita o O que se estuda no texto: enunciado enquanto depositário dos procedimentos da enunciação Identificar e descrever os traços do ato no produto 3. O texto falado à luz da enunciação a configuração do objeto de pesquisa em língua falada Um texto para ser considerado de língua falada precisa cf. Schwitalla (1980, p. 314): o Ser uma formulação livre, sem preparação detalhada anterior o Consistir numa fala em situação face a face - tempo e lugar de produção e recepção coincidem (conversa telefônica) o Consistir em fala em situação natural a fala em si mesma não é objeto de observação o Ocorrer na ausência de observadores, não participantes da atividade de fala, que possam exercer influência inibidora sobre a interação dos falantes No âmbito da língua falada: um texto consiste em parte em produzir o texto como tal No processo de produção do texto de língua falada: todos os desvios, reinícios, repetições e correções são diretamente observáveis Identificação do texto falado: ato de enunciação em si e até com as próprias condições externas de sua produção A produção do texto: atividade desencadeada a partir do momento em que os falantes, encontrando-se em situação face a face, iniciam a interação, e caracterizada por todos os fatores que configuram o contexto lingüístico e extralingüístico de interação 3

Texto falado para os propósitos da análise da conversação: é aquele no qual vêm projetadas as marcas do aqui e agora de sua produção Status nascendi do texto falado: as marcas que aparecem no objeto de análise e que produzem a ilusão de que o texto está se constituindo ou nascendo aqui e agora o Exemplo de texto falado: pág. 72 o Status nascendi deste texto: A alternância de turnos, as perguntas dirigidas por um interlocutor ao outro, os sinais do falante do tipo né", marcando o caráter de diálogo Alongamentos vocálicos [::] e pausas [...], as interrupções, os abortamentos sintáticos, as correções Simultaneidade da formulação e do planejamento do texto Maior evidência no texto de todas as condições destacadas: processo metadiscursivo de busca da palavra adequada Atividade metaenunciativa que se caracteriza pela não-coincidência entre as palavras e as coisas - como é que se diz Metaenunciação: produz no texto o efeito do aqui e agora da enunciação enunciativa o Envolve relações subjetivas e próximas o Ausência de planejamento prévio o Condições face a face de interação Essas características de interações efetivas do dia-a-dia: produzem efeito de realidade Ausência de marcas de metaenunciatividade: efeito de nãorealidade, de encenação da realidade ou de ficção (novelas e peças de teatro) O ato de enunciar: objeto de análise evidenciado por meio de seus traços, no enunciado Na perspectiva da enunciação: não existe o texto falado, mas uma diversidade de textos expressada por meio da fala e que se distinguem uns dos outros, com base nas diferenças entre as marcas de enunciação neles projetadas o Se se considera as escolhas do enunciador na enunciação projetadas no enunciado e os efeitos de 4

sentido que tais escolhas produzem, os textos serão falados, embora sejam escritos, com relação ao meio de manifestação 4. Oralidade e escrituralidade Conceitos de fala e escrita nos estudos que põem em relação textos falados e escritos cf. Koch & Oesterreicher (1985, 1990, 1994) o Distinção dicotômica fala/escrita enquanto meios de manifestação lingüística: Fala: caráter fônico Escrita: natureza gráfica o Distinção entre fala/escrita do ponto de vista conceitual: Classificação escalar: mais ou menos falados, ou mais ou menos escritos Ex.: E-mails ou balões de fala das estórias em quadrinhos, embora sejam escritos, aproximam-se mais da fala Conferência acadêmica ou discurso de inauguração de empresa: proferidos oralmente, mas aproximam-se da situação da escrita Classificação escalar: distribuição em um continuum: Vai de um gênero marcado pela máxima oralidade (oralidade prototípica) a outro marcado pela mínima oralidade ou pela ausência de qualquer traço dela Oralidade prototípica Escrituralidade prototípica Oralidade prototípica: conversa de bar, chat na iternet, conversa telefônica, carta particular Escrituralidade prototípica: conferências acadêmicas, trabalhos científicos, textos legais Oralidade e escrituralidade: independem do meio em que se manifestam, o que os identificam são as situações de comunicação o Situações marcadas pela proximidade: determinam a oralidade o Situações marcadas pela distância: promovem a escrituralidade Caracterização de proximidade e distância: relações interativas como grau de privacidade, envolvimento emocional, espontaneidade, cooperação e dialogicidade Situações de proximidade e distância: determinam diferentes formas e estruturas que 5

identificam os mais variados gêneros de textos índice maior ou menor de planejamento textual, referências metadiscursivas, seleção lexical, sintaxe paratática (ligação de frases por coordenação) ou hipotática (ligação de frases por subordinação) o Perspectiva da enunciação: reconhecer a oralidade e escrituralidade nas marcas de enunciatividade ou enuncividade no texto projetadas Oralidade: debreagens enunciativas aqui e agora da enunciação, produzindo efeitos de proximidade espácio-temporal, efeitos de subjetividade, privacidade, envolvimento emocional e cumplicidade Ver marcas de enunciatividade no bilhete de Graciliano Ramos pág. 74. Escrituralidade: característica enunciva dos textos, por apagamento das marcas de enunciação no enunciado ocultando o enunciatário e a natureza da enunciação Esse apagamento: produz ditanciamento objetividade, impessoalidade e formalidade Escrituralidade pode ser encontrada em gêneros medialmente falados: aulas, conferências, discursos e mesmo nos diálogos das comissões parlamentares de inquérito A distância não se dá no sentido espácio-temporal (interlocutores presentes no mesmo contexto discursivo), mas por traços lingüísticos próprios de distanciamento: o Uso do pronome de tratamento Vossa Excelência nas CPIs, estruturas sintáticas marcadas pela hipotaxe, denunciando planejamento prévio Oralidade e escrituralidade no estudo da compreensão e interpretação dos textos o Oralidade e escrituralidade: marcas do discurso que podem ser interpretadas à luz da manipulação enunciativa Tanto em texto falado como escrito: relações de proximidade e distância não evocam necessariamente distância e proximidade espácio-temporal, mas relações de subjetividade, envolvimento emocional, cumplicidade, informalidade, objetividade, imparcialidade, formalidade 6

Marcas da oralidade: podem ser estratégias de persuasão, para levar a comunicação a bom termo. Exemplo de texto escrito que combina enuncividade e enunciatividade pág. 75 O uso de 3ª. pessoa (o banco) traz para o texto a escrituralidade distanciamento, configura o banco como instituição de força e poder, qualidades importante para que o cliente considere o banco como instituição de respeito e confiança O uso da 2ª. pessoa (você, cliente) traz para o texto oralidade proximidade com o cliente, tom de cumplicidade e comprometimento, criando ilusão de simetria entre os dois interlocutores. o Para certas funções comunicativas, o poder persuasivo está no recurso à escrituralidade, para outras, recorre-se às estratégias da oralidade. o Isto é válido tanto para textos em meio escrito, quanto falado. Referência bibliográfica HILGERT, J. G. Língua falada e enunciação. Calidoscópio, v. 5, n. 2, p. 69-76. 7