RESENHA. CARDOSO, Francilene do Carmo. O negro na biblioteca: mediação da informação para a construção da identidade negra. Curitiba: CRV, p.

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Transcrição:

RESENHA CARDOSO, Francilene do Carmo. O negro na biblioteca: mediação da informação para a construção da identidade negra. Curitiba: CRV, 2015. 114p. Franciéle Carneiro Garcês da Silva Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia Brasil Este livro é fruto da pesquisa de mestrado da bibliotecária e professora Francilene do Carmo Cardoso. Desenvolvido em três partes mais conclusão, este material de referência possui o intuito de, nas palavras da autora, [...] contribuir com a discussão filosófico-epistemológica na Biblioteconomia e Ciência da Informação a partir do debate da questão racial (CARDOSO, 2011, p.15). A autora afirma que, a partir da experiência na Biblioteca Pública no Maranhão, foram realizadas reflexões sobre a representação do negro e avaliados os efeitos trazidos para a construção da identidade negra dentro dessa unidade de informação. A referida pesquisa de mestrado que resultou neste livro, se desdobrou do trabalho de conclusão de curso da autora e de sua experiência enquanto estagiária da unidade de informação estudada. Conforme ressalta Francilene Cardoso, é a partir da biblioteca pública que são difundidos e representados conflitos socioculturais e ideológicos. Historicamente, esta unidade de informação tem sido palco de sustentação da estrutura social, política e econômica que existe em nossa sociedade e possui como função adaptar o sujeito ao meio social em que vive. Quando se refere aos negros, a autora aborda que a memória da população negra está sendo excluída da Biblioteca Pública do Maranhão, e esta exclusão acontece (entre outros fatores) pela ausência de materiais bibliográficos e ações culturais que demonstrem a contribuição deste povo na construção do país, bem como, aspectos econômicos, sociais, educacionais e demais experiências do cotidiano desta população. 225

A partir disso, a autora questiona sobre qual o papel que é representado, personificado e incorporado da história desses grupos sociais dentro da biblioteca pública e se o bibliotecário/profissional da informação está preocupado com a preservação da cultura e registro dessa população. Francilene Cardoso ressalta que o bibliotecário/profissional da informação, poderá ser um reprodutor de dominação cultural e reforçar o complexo de inferioridade nos usuários negros que foi construído ao longo dos séculos, além de fortalecer posições como a do branqueamento e da democracia racial constituídas no período pósabolição. Pensando que a biblioteca pública não pode ser construída sem pensar na sociedade, a autora ressalta que o Brasil é um país onde a discriminação etnicorracial e o preconceito são realidades presentes na vida dos negros e que para a biblioteca pública, vista enquanto instituição social inserida numa sociedade que possui as marcas do racismo, seria impossível que ficasse privada de tais marcas. Assim, quais seriam as causas e consequências da nãorepresentatividade da memória e história das populações negras dentro do espaço da Biblioteca Pública Maranhense e que dificultam a reconstrução da identidade negra pelos bibliotecários e usuários reais e potenciais da referida biblioteca? Esta indagação é respondida nas três partes do livro e conclusões. Na primeira parte intitulada O negro na Biblioteca Pública no Maranhão, a autora verifica, a partir de sua experiência enquanto estagiária, como a história oficial da população negra brasileira representadas em livros do acervo da biblioteca pública do Maranhão tem sido contada. Foi realizado um levantamento de livros de literatura infantil e infanto-juvenil com a hipótese de que os livros podem ser, tanto transmissores de estereótipos negativos em relação ao negro por intermédio de seus textos e ilustrações, quanto podem ser ferramentas de construção de uma identidade negra positiva se incluso nas práticas do bibliotecário. Após o levantamento, a autora detectou que uma quantidade grande dos livros encontrados continha ilustrações e conteúdo que representavam os 226

negros relacionando-os à escravidão, à pobreza, em condição subalterna, entre outros aspectos, que perpetuavam a manutenção de estereótipos representando os negros com uma única história, a de escravos, pobres, caricaturados e sem cidadania. Nesse sentido, a construção de uma identidade negra positiva nas crianças negras pode ser dificultada, porque os materiais disponíveis eram livros de literatura infantil e infanto-juvenil da biblioteca pública que contam uma só história dos negros e que era cheia de estereótipos. A autora discute ainda neste capítulo sobre o processo de construção da identidade, frisando que esta construção deve ser realizada coletivamente por intermédio de relações entre sujeitos e o meio em que estão inseridos. Assim, reforça que o bibliotecário/profissional da informação, precisa se informar e se manter vigilante [...] a respeito de ideologias e estereótipos veiculados nesses livros, desenvolvendo um trabalho questionador e crítico com seus usuários [...] enriquecendo seu aprendizado e resgatando de forma construtiva a contribuição do negro na sociedade brasileira (CARDOSO, 2011, p.28). Na segunda parte chamada Memória, mediação da informação e a Biblioteca Pública na Re construção da identidade negra, Francilene Cardoso realiza uma revisão de literatura sobre memória e história, aborda também sobre esquecimento e silenciamento, onde ressalta que as histórias preservadas ao longo dos tempos são as que contam as histórias dos vencedores e este fato auxiliou na construção de uma visão distorcida sobre o negro e legitimou valores negativos sobre esta população. Ainda nesta parte da revisão bibliográfica, a autora realiza breve retrospectiva histórica das abordagens desenvolvidas sobre a Ciência da Informação desde sua origem, passando por sua evolução até a atualidade. Aborda sobre a importância das narrativas orais da tradição e sobre a biblioteca pública discutindo a sua função na sociedade, bem como aborda sobre informação e contra hegemonia. Na terceira parte, Francilene Cardoso apresenta uma proposta de desenvolvimento de coleções para a Biblioteca Pública do Maranhão a 227

partir da tradição oral. A autora ressalta que esta tradição tem sido responsável pela transmissão de manifestações populares, tais como tambor de crioula, festa do divino, bumba-meu-boi, além das práticas de religiões de matriz africana, tais como, candomblé, umbanda, terecô, etc., que auxiliam na preservação da memória e história das populações de origem africana. A partir dos saberes de Griots ou pessoas mais velhas das comunidades transmitidos por meio da contação de histórias que permitem uma ligação com a ancestralidade e com o meio ao qual o sujeito está inserido, é possível construir uma identidade negra. O desenvolvimento de coleções proposto pela autora parte das narrativas orais desses sujeitos incorporadas na ação cultural dentro da unidade de informação. Ao fim, a autora apresenta uma relação de ações culturais a serem desenvolvidas que construam uma identidade negra positivada, sendo elas: Tardes Griots, A cultura negra vai às escolas e às comunidades, Lendo a África, ciclo de palestras A cultura negra hoje, entre outras. Como conclusão, a autora afirma que a identidade é uma construção social e política que pode ou não, ser afirmada ao longo da história. A reconstrução de uma identidade negra postula a mediação da informação e do conhecimento e, nesse sentido, está ligada à biblioteca. Embora a biblioteca esteja produzindo preconceito e discriminação racial, é a partir da difusão, preservação e disseminação sobre a realidade da população negra que será possível criar uma identidade da população negra positivada. O profissional da informação de uma biblioteca pública possui como função, entre outros pontos, criar um acervo popular, de resistência à cultura dominante constituído a partir das próprias camadas populares, contendo suas narrativas, tradições e memórias. A partir de ações culturais, será possível construir uma identidade que possa ser elaborada em conjunto com os usuários com uma visão crítica da realidade e com uma busca da (re)construção de uma identidade negra. Por fim, indico o livro O negro na biblioteca como um material de referência para aqueles e aquelas que possuem interesse na temática e destaco enquanto uma leitura 228

imprescindível para os estudantes dos cursos de Biblioteconomia e Ciência da Informação brasileiros para que os futuros bibliotecários e profissionais da informação possam entender, desde a graduação, a importância da valorização da cultura, história e memória das populações negras, bem como, para a serem agentes ativos na (re)construção da identidade e na erradicação de preconceitos e estereótipos contra os negros. Franciéle Carneiro Garcês da Silva Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia E-mail francigarces@yahoo.com.br Brasil 229