POSSIBILIDADES E DIFICULDADES DA APLICAÇÃO DA LEI /03 EM SALA DE AULA: temática religiosidade africana

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1 POSSIBILIDADES E DIFICULDADES DA APLICAÇÃO DA LEI /03 EM SALA DE AULA: temática religiosidade africana Camilla Aparecida Nogueira Santos Graduada do curso de História da FACIP/UFU camillasantos_ap@hotmail.com Luana Ferreira Santana Graduanda do curso de Pedagogia da FACIP/UFU luanaferreirasantana@hotmail.com Introdução A Lei /03 foi criada em 9 de Janeiro de 2003, que alterou era a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) 9.394, de 20 de dezembro de Tornou obrigatório o ensino de História e da Cultura Afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio de todo o País. Essa nova legislação veio ao encontro das antigas reivindicações e preocupações do movimento social negro em relação à educação, A lei propõe novas diretrizes curriculares, para garantir uma ressignificação e valorização cultural das matrizes africanas que formam a diversidade cultural brasileira. Permitindo uma nova visão da historiográfica da cultura afro-brasileira, desmistificando certos conceitos e estereótipos criados na sociedade. Depois de dez anos de legislação ainda é muito pequeno o número de escolas já adaptadas á nova grade curricular principalmente no município. Os principais problemas estão na formação dos professores e na conscientização a respeito da nova temática, dificuldade está que se encontra em grande número de uma severa barreira ao processo. Sabe-se que o desafio é grande na aplicação da lei, mas mesmo tendo muitas dificuldades na implementação ainda existem projetos afirmativos que possibilitam que 1

2 a história oficial não seja a única apresentada, mas a história dos próprios sujeitos históricos. Mas o principal desafio é vencer o preconceito, a discriminação e o mito da democracia racial. No entanto, acredita-se que se pode vencer por meio do conhecimento e reconhecimento da sua história, seu passado e sua cultura. Nessa perspectiva, quais as possibilidades de se trabalhar religiosidade africana? O texto presente neste artigo vai apresentar as possibilidades e ainda tratar sobre a importância da temática para sala de aula. Religiosidade Africana em sala de aula e suas dificuldades Sabemos da Lei e da sua proposta, mas onde está a dificuldade de trabalhar a temática Religiosidade Africana?! A própria temática envolve certos paradigmas, tratar de religião, religiosidade nunca foi um tema fácil até mesmo para os docentes de Educação Religiosa. Vivemos num país laico onde não tem uma religião definida, mais devemos respeitar seja ela qual for. Mas claro que existe um estereotipo criado sobre as religiões de matriz africana, tais como a religião diabólica, macumba criando de certa forma um olhar negativo sobre essas religiões. No Brasil existem muitas religiões de matriz africana como: Tambor de Mina, Candomblé, Umbanda entre outras. Mas para Santos (2005) a maior dificuldade encontrada em trabalhar essa temática está no próprio profissional da educação: Quase sempre o/a educador/a começa afirmando que era católico/a e que estava acostumado/a a ouvir horrores sobre terreiros de candomblés e centros de Umbanda, como espaço onde as pessoas eram possuídas por entidades diabólicas, mas nunca tivera muito interesse e conhecimento sobre o assunto, a pessoa concluía sua fala dizendo que não tinha nada contra os adeptos das religiões de matriz africana (SANTOS, p 4) O Docente por não conhecer a religião, prefere não trabalha com esse tema em sala de aula. Nossa experiência com a temática foi com alunos do 6 ano do ensino 2

3 fundamental de escola publica, não conhecíamos nada sobre o tema é muito menos qual era as suas crenças e cultos. Nosso único objetivo quando trabalhamos com temática era discutir o respeito pela religião do colega. Mas não podemos necessariamente por a dificuldade apenas no professor. Existe um sistema antes dele, a política educacional ainda exercer direitos sobre a educação. Agora pensando no ensino fundamentado como disciplina em sala de aula. Será que o ensino religioso discutiu as religiões de matriz africana? De acordo com Costa (2010), ele faz uma trajetória do ensino religioso. (...) Desde o descobrimento até sua elevação a área de conhecimento para formação do cidadão, foram excluídas legalmente as Religiões de Matrizes Africanas no processo histórico da disciplina. (COSTA, p 9) Ele conclui que as Religiões de Matrizes Africanas foram totalmente excluídas do ensino religioso, demonstrando que ouve uma própria discriminação do ensino sobre essas religiões. Sabemos que necessariamente que o ensino não tem como obrigação tratar dessa temática. Mas hoje com a lei em pratica será que isso se afirma? Em verdade, na formulação de políticas educacionais o que se percebe é o Estado tratando a questão do Ensino Religioso como se não existissem as religiões de matriz africana e como se os seus representantes fossem invisíveis. (SANTOS, p 5). As possibilidades e a importância de trabalhar a Lei /03 na perspectiva da temática Religiosidade Africana em sala de aula A lei deve incluir e não excluir, pois não há como se falar na história e cultura do negro africano sem perpassar pela sua religião, pois essa é a maior força de resistência étnica que tem existido para os negros, mas é também a maior causa de discriminação. Mesmo sendo discriminadas, as religiões de matriz africana é assunto comentado em sala de aula. 3

4 Uma professora nos conta que um aluno cita que nas redondezas da escola existe um centro de macumba que toca nos fins de semana a noite toda e, como ele é vizinho, já aprendeu todas as músicas. Neste momento começa um reboliço na sala com comentários contra ao Centro Espírita e uma defesa de alguns participantes (alunos) já se pronuncia, em defesa do espaço religiosa cantando os pontos que conhecem. Uns afirma que aprenderam de tanto ouvir e outros admitem que frequentam o lugar. (Relato projeto Cor da Cultura, 2006). Como os professores vão líder com as diferenças culturais existentes em sala de aula? Será que estamos preparados para líder com essa diversidade cultural? Para entender a religiosidade africana é a sua importante o professor tem que se desligar dos conceitos de religião de forma geral é passar a conhecer mais sobre as religiões de matriz africana. O professor ao trabalhar com religião africana trabalha o conceito entre o bem e o mal. Na Religiosidade Africana tudo é sagrado e existe uma forte relação com a natureza. Os docentes devem estar atentos ao que vão passar aos alunos e os conceitos sobre a Religiosidade Africana como, por exemplo, diferenciar o termo Macumba e mostra as diferenças das religiões de matriz africana. A atividade aplicada para tratar sobre Religiões Africanas aconteceu no Estágio Supervisionado V no curso de História, no 6 ano do ensino fundamental em uma escola pública. Atividade os 3Rs Religiosidade Religião e Respeito centrava nas discussões sobre o respeito da diversidade religiosa e a xenofobia. Foi utilizado o vídeo da Cor da Cultura Histórias africanas, trabalhando o conceito de respeito de opiniões. Para encerramento, discutiu especificamente a religiosidade de matriz africana. O intuito foi desmistificar a ideia de que na África existe apenas uma religião. O sincretismo religioso foi abordado nas discussões sobre a ligação das religiões de matriz africana com as outras religiões, como o Cristianismo. O trabalho ainda abordou os orixás e o vídeo da Cor da Cultura Ifá, adivinho. Objetivo foi desmistificar a ideia preconceituosa que cercam as religiões afro brasileira candomblé, umbanda e a macumba. 4

5 Quadro Informativo: Macumba Candomblé Umbanda Instrumento africano de É o culto dos orixás uma É uma religião formada percussão. Macumbeiro é das religiões afrobrasileiras dentro da cultura religiosa quem toca macumba. praticadas no brasileira que sincretiza país. Foi trazida por vários elementos inclusive sacerdotes africanos, que vieram como escravos para o Brasil entre 1549 e de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo e as religiões afro-brasileiras. * Quadro criado pelas discentes para trabalhar Religiosidade Africana em sala de aula. (2013) Para entender sua importância além de conhecer a Religiosidade africana, temos que respeitar sem discriminar. Hoje muitos alunos têm sofrendo preconceito em sala de aula por ser adeptos das religiões de matriz africana e o professor acaba fechando os olhos diante dessa situação. Alunos /as pertencentes as religiões de matriz africana continuam sendo vitimas de preconceito racial e religioso, sem nenhuma atitude pedagógica seja tomada para imedir tal escrescência. O preconceito, a discriminação e a intolerância são tratados como se não fossem problemas éticos a serem enfrentados pelos rituais pedagógicos da escola. (SANTOS, 2005 p.5) Para Santos (2005) ao trabalhar essa temática em sala de aula, nos professores deixamos de ser submissões ao preconceito e a intolerância. E não permitindo que nossos os alunos adeptos as religiões sofram discriminação em sala de aula. Um das possibilidades de trabalhar com religiosidade africana em sala de aula seria pela espiritualidade, pois ao contrario das religiões á espiritualidade é uma coisa única, onde trabalha: o respeito, a bondade, e a solidariedade. Pois os elementos da espiritualidade são encontrados na maioria das religiões. (...) em todas as escolas e em todas as formas de educação, o ensino 5

6 religioso deveria ser focalizado na espiritualidade, num sentido amplo, e ter como meta a paz, na sua pluridimensionalidade: paz interior, paz social, paz ambiental e, consequentemente, paz militar. (D AMBROSIO, p 119) Outra possibilidade de se trabalhar a temática seria pela a ancestralidade essa que permite conhecer a história dos nossos antepassados. Na ancestralidade africana a vida não termina com a morte acredita-se na reencarnação, o ciclo de vida sempre continuara em duas dimensões, a material e a espiritual. São caminhos que possibilita aos docentes a trabalhar com religiosidade africana de acordo com Santos (2005) existem procedimentos diferenciados com relação à abordagem das religiões de matriz africana. Considerações finais Não podemos esquecer que a religião faz parte de uma tradição e da cultura dos povos, temos que desmistificar certos conceitos existentes dentro dela. Pois é papel do professor vencer qualquer tipo de preconceito seja ele social, racial e cultural. Para aplicação da Lei /03 existe ação afirmativa, para que ela possa valer é ser cumprida, na nossa perceptiva não e necessário forçar sua aplicação, precisa haver também interesse do próprio professor ao trabalhar com lei em sala de aula, seja ela em qualquer temática. Mas trabalhar Religiosidade Africana não é uma tarefa fácil de planejar é de se cumprir e preciso certo esforço do profissional docente para trabalhar a temática, o primeiro passo e vencer o próprio preconceito sobre as religiões de matriz africana e o segundo é conhecer. O docente tem que querer trabalhar com a temática ele não pode ser forçado. A escola também pode exercer um papel importante incentivado os professores da escola a trabalhar a temática. A Cultura afro-brasileira faz parte do nosso cotidiano, está inserida na sociedade, e está presente em sala de aula e não podemos fechar os olhos diante dela. 6

7 Referências Bibliográficas: COSTA, Antonio G. Neto. O Ensino Religioso e as Religiões de Matrizes Africanas: Uma visão histórico-legal do ensino religioso.dissertação apresentada na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília/ Brasília, D AMBROSIO. Ubiratan. Educação para uma sociedade em transição. Espiritualidade. Campinas, SP: Papirus RAFAEL, Luana Regina Mendes e KATRIB, Cairo Mohamad Ibrahim. Um olhar sobre a Pluralidade e Diversidade Cultural na escola Repensando a importância da Efetivação da Lei n /03. In: RODRIGUES FILHO, Guimes; OLIVEIRA, Cristiana C.; NASCIMENTO, João Gabriel (Orgs.). Formação inicial, história e cultura africana e afrobrasileira: desafios e perspectivas na implementação da Lei Federal /2003. Uberlândia, MG: Ed. Lops, RIBEIRO, Ronilda Iyakemi. Alma africana no Brasil: os iorubas. São Paulo: Oduduwa, SANTOS, Erisvaldo P. dos. A Educação e as Religiões de Matriz Africana Motivos da Intolerância. Artigo publicado no GT Afro- Brasileiros e Educação/ n.21) na 28ª Reunião Anual da ANPEd,