CARACTERIZAÇÃO DOS POTENCIAIS DOADORES DE ÓRGAOS E TECIDOS PARA TRANSPLANTE DE UM HOSPITAL DA FOZ DO RIO IGUAÇÚ NO ANO DE 2008

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Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO DOS POTENCIAIS DOADORES DE ÓRGAOS E TECIDOS PARA TRANSPLANTE DE UM HOSPITAL DA FOZ DO RIO IGUAÇÚ NO ANO DE 28 Lourenai Pereira dos Santos Alves¹*, Silmara da Costa Maia²[ orientadora] 1 Professora, Universidade do Vale do Itajaí, Câmpus Itajaí, Santa Catarina. 2 Pesquisadora. Enfermeira, Univali, Câmpus Itajaí. lourenai@gmail.com *Autor para correspondência Resumo: Este estudo teve como objetivo caracterizar os potenciais doadores de órgãos e tecidos para transplante de um hospital da Foz do Rio Itajaí Açu.Trata-se de uma pesquisa com análise quantitativa. Os dados foram coletados a partir de relatórios de atividade mensal de captação de órgãos e tecidos para transplante do hospital estudado no período de janeiro a dezembro de 28. No ano de 28 houve 133 notificações de potenciais doadores, através destes foi traçado o perfil dos potenciais doadores de órgãos e tecidos para transplante, sendo verificado a efetivação de doação, os motivos da não doação e distinguidos os órgãos captados dos potenciais doadores. Diante do observado obtiveram-se os seguintes dados no período de janeiro a dezembro de 28; notificações realizadas, a idade, o número, sexo, grupo étnico, patologia e tipos de morte dos potenciais doadores, assim como a efetivação e não efetivação da doação e por fim motivos para a não doação. Por meio desta verifica-se a grande importância da discussão sobre a necessidade da doação em todos os setores da sociedade. Palavras-chave: Políticas de Saúde, Transplante de Órgãos. Introdução O Transplante de órgãos e tecidos é uma prática terapêutica segura e eficaz no tratamento de várias doenças crônico-degenerativas e irreversíveis. Com os avanços das ciências da saúde, o transplante ganhou grande espaço no Brasil e no mundo, contudo tornou-se vítima do seu próprio sucesso, justificado pelo crescente número de pessoas na lista de espera de receptores. Grande parte da falta de órgãos se deve a vários fatores como problemas culturais, médico-legais, diagnóstico tardio de morte encefálica, abordagem familiar inadequada, assim como problemas logísticos, como a dificuldade no transporte rápido do órgão para o centro transplantador. Embora haja instrumentos norteadores para desenvolver a busca ativa e captação de órgãos e tecidos para transplante, estudos recentes mostram que estas atividades vêm sendo pouco desenvolvidas, cujas causas ainda não foram bem definidas. Diante destes fatos, entende-se a necessidade de realizar pesquisas com relação ao assunto, traçar o perfil dos potenciais doadores de órgãos e tecidos para transplante. Com base nisto, este estudo se propõe a analisar o perfil dos potenciais doadores de órgãos e tecidos para transplantes de um hospital da Foz do Rio Itajaí Açu, no ano de 28, com a finalidade de identificar os potenciais doadores e as causas da não doação. Material e Métodos O trabalho foi realizado por intermédio de um estudo descritivo exploratório com abordagem quantitativa. Foi desenvolvido em um Hospital Geral de grande porte situado em um dos municípios que compõem a Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu (AMFRI), no Estado de Santa Catarina (SC). A população foi composta por 133 notificações adquiridas através dos relatórios de atividades mensais da Comissão Intra- Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante CIHDOTT do hospital da região de SC, no ano de 28. Foi criado um instrumento de coleta de dados, a partir dos dados contidos no relatório de atividade mensal da CIHDOTT, sendo assim estruturado em uma planilha eletrônica Excell, para codificação e estabelecimento de 17 e 18 de Outubro de 211 89

relações entre os mesmos. O instrumento contém os seguintes dados a serem preenchidos: número da notificação, tipo de morte, turno em que ocorreu a morte, entrevista, status múltiplos órgãos (MO), recusa MO, status córneas (CO), recusa CO, patologia, sexo, idade e raça. Foi considerado o número da notificação, tipo de morte, turno em que ocorreu a notificação, a realização da entrevista familiar para autorização de captação de órgãos e tecidos para transplantes, status de múltiplos órgãos, sendo EFETIVO para os casos em que houve captação, NÃO para os casos em que não houve captação e BRANCO para os casos de Parada Cardiorespeiratória (PCR) ou em que a entrevista familiar não foi realizada. Também considerado a causa da não efetivação da captação de múltiplos órgãos como NAF para não autorização familiar; CIM para os casos de contra indicação médica e PCR para morte do paciente por Parada cardiorrespiratória. Os dados coletados são referentes às notificações realizadas no período de janeiro a dezembro do ano de 28.Durante duas semanas coletaram-se os dados para o armazenamento das informações. Estes dados foram coletados, no período de 8 a 15 de fevereiro de 21, a partir na notificação dos relatórios mensais da CIHDOTT do ano de 28. Resultados e Discussão Durante o período da pesquisa foram identificados 133 possíveis doadores. Os resultados foram analisados a partir de diversos autores e pesquisas realizadas sobre doação e transplante de órgãos e tecidos. As figuras desenvolvidas representam a distribuição das notificações, no período de janeiro a dezembro de 28. Quanto à distribuição das notificações no período de janeiro a dezembro de 28 constatou-se que as notificações seguiram em média com a mesma proporção, apresentando extremos de 76 notificações realizadas no mês de fevereiro e 1 no mês de abril. Conforme figura 1, no que se refere à idade do potencial doador, identifica-se que o maior número de potenciais doadores estão na faixa etária de 64 a 72 anos apresentando 17% dos casos. De acordo com o Ministério da Saúde (28), foi observado que em 25, os números que se destacam são a faixa etária acima de 6 anos com 58,8% da população e em segundo lugar a população de 2 a 59 anos com 32,2%. Ao confrontar os dados podemos perceber que o hospital apresentou a mesma proporção de óbitos que o nacional, no que se refere a faixa etária. Com relação ao sexo dos potenciais doadores identifica-se na Figura 2 que 54% são do sexo masculino, 43,3% são do sexo feminino. Para o Ministério da Saúde (29), em uma pesquisa sobre a morbimortalidade da cidade do Paraná, foi constatado que os homens possuem maior morbi-mortalidade porque os fatores de risco são maiores, os quais envolvem: fumantes, ex-fumante, com excesso de peso, consumo de carne com gordura, leite integral, refrigerantes, fisicamente inativos, consumo abusivo de bebida alcoólica, assim como direção após consumo de bebida alcoólica. Outro fator que contribui para a maior mortalidade masculina é o fato de as mulheres buscarem com maior freqüência os serviços ambulatoriais, em uma pesquisa realizada na Região Metropolitana de São Paulo, em 1989/199, encontrou-se, em todas as idades, uma proporção de aproximadamente 5% a mais de mulheres que em inquéritos domiciliares relatam queixas com maior freqüência se for comparada ao homem (CÉS et al, 1991 apud LAURENTI; JORGE; GOTLIEB, 25 ). Quanto ao grupo étnico dos potenciais doadores observamos que 3% dos potenciais doadores são brancos, 1,9% negros, 1,35% pardos e,19% morenos. Quando confrontado com os dados do censo do Ministério da Saúde de 23, esta estimativa também prevalece, visto que em 2 a população brasileira, no que se refere à cor de pele, era distribuída da seguinte forma 53,8% para a branca, 6,2% de pessoas negras, 39,1% de pessoas pardas e em torno de,5% de amarelas e indígenas. Evidenciando assim, que a população 17 e 18 de Outubro de 211 9

predominante de potenciais doadores do hospital é de raça branca, sendo assim, seguindo a mesma estimativa do censo, contudo, observa-se que 66,2% das notificações não estavam preenchidas, apresentando o item raça em branco. Portanto, o aprofundamento do conhecimento da raça desta população foi prejudicado pelo uso incorreto da notificação. Já para as patologias constatou-se através da figura 3 que a maior incidência se deu para as patologias de origem cardiológica com 33,2% dos casos, em segundo para as respiratórias com 19,3% dos casos e como última causa com 1,2% dos casos, as mortes causadas por acidente de trânsito. Em um estudo realizado pelo do Ministério da Saúde em busca de traçar o perfil de mortalidade do brasileiro, foi constatado que as doenças cardiovasculares são responsáveis pela maior taxa de mortalidade e morbidade na maioria dos países de primeiro mundo e em desenvolvimento, inclusive no Brasil. Isto se confirma com os dados estatísticos, pois em 1998 a maior causa de morte se deu para as doenças de origem do aparelho circulatório, com 27,6%, em segundo lugar são por causas externas, com 12,7% dos casos, em terceiro pelas neoplasias malignas com 11,9% dos casos, as do aparelho respiratório vem em quarto lugar com 9,9%, as infecções parasitárias com 5,2% e as do aparelho digestivo com 4,4%, estão quase que equiparadas proporcionalmente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2). Com relação ao tipo de morte dos potenciais doadores, que 1,6% dos casos se deram por morte encefálica (ME) e 98,3% por parada cardiorrespiratória (PCR). Para Pereira (23), mesmo diante dos conceitos e critérios da morte encefálica já estarem bem estabelecidas na comunidade científica há cerca de 3 anos, a ME não é bem aceita pela sociedade, isto se deve a falta de informações quanto aos aspectos éticos morais e legais deste diagnóstico, assim como o despreparo das equipes para realizar os exames clínicos necessários a sua confirmação, desta forma, acaba levando a equipe a conduzir posturas inadvertidas, que podem resultar na perda de um potencial doador. Kioroglo (25), destaca que um dos fatores que contribuem para a não notificação de ME é o desconhecimento ou despreparo dos profissionais em identificar o paciente em ME, pois a falha no reconhecimento ou o reconhecimento tardio de morte encefálica pode levar a perda dos órgãos devido à parada cardiorrespiratória, instabilidade hemodinâmica ou infecção. No que se refere à efetivação das doações, observam-se que as doações efetivadas no período foram de 4,35% dos casos. Diante desses dados encontrados podemos questionar o por que há tão pouca efetivação no que se refere a ME, uma justificativa para isto pode ser a não identificação da ME, pois em um estudo com 195 médicos e enfermeiras envolvidos no cuidado de pacientes com lesão cerebral catastrófica, só 35% conheciam corretamente os critérios legais e médicos para o diagnostico de ME, e 58% não possuíam um conceito coerente de deste tipo de morte (NORDON; ESPOSITO, 28). Nos motivos da não doação observou-se que para os potenciais doadores com o diagnóstico de morte por parada cardiorrespiratória foram os seguintes: não Autorização Familiar (NAF) com 21,8%, 65,4% para Contra Indicação Médica (CIM) e 12,8% para a classificação outros, que por sua vez incluem pacientes sem familiares, deficiência da instituição e lacunas não preenchidas. Já para a ME o motivo da não doação foram, CIM e NAF com o mesmo resultado 43,8% e Outros com 12,4% dos casos. Vários podem ser os fatores que levam ao pequeno numero de doações de órgãos, de acordo com Moraes, et al. (26), o transplante de órgãos e a doação de órgãos são temas polêmicos que têm despertado interesse e discussões em várias comunidades. Sendo que a falta de esclarecimento, o noticiário sensacionalista sobre tráfico de órgãos, a ausência de programas permanentes voltados para a conscientização da população, bem como, o incentivo no que se refere a este quesito, contribuem para aumentar as dúvidas e arraigar mitos e preconceitos. 17 e 18 de Outubro de 211 91

Quanto aos órgãos captados no hospital estudado, verifica-se que 98% dos órgãos captados foram córneas e 2% se deram para múltiplos órgãos. A disparidade pode ser em decorrência dos óbitos por PCR, 98,3% dos óbitos, justificando assim o número de efetivação de córneas. Conclusão Vários são os fatores que contribuem para não efetivação dos potenciais doadores como a dificuldade na identificação, e a abordagem inadequada dos familiares de potenciais doadores, porém esta não é uma problemática apenas no hospital fonte de estudo, isto se aplica a várias instituições que realizam busca ativa e captação de órgãos e tecidos para transplantes. Todavia é necessário realizar mais pesquisas concernentes ao assunto, para que se possa identificar e acarretar posturas para minimizar este problema e, consequentemente, reduzir a lista de espera para transplante Agradecimentos Á Universidade do Vale do Itajaí pelo conhecimento através dela adquirido durante o percurso acadêmico e a instituição a qual cedeu as informações necessárias para esta pesquisa. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria do Estado da Saúde do Paraná. Morbi-mortalidade por doenças e agravos não transmissíveis no Paraná, 24-28. Curitiba, 29. Disponível em: < http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/file/vig_epidemiolog/dvdnt/dant_pr_24_a_28.pdf >. Acesso em: 3 Abr. 21.. Ministério da Saúde. Saúde Brasil 27: uma análise da situação de saúde, perfil de mortalidade do brasileiro. Brasília, 28c. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/coletiva_saude_618.pdf >. acesso em: 24 Mar. 21.. Ministério da Saúde. A saúde no Brasil: estatísticas essenciais 1999-2. Brasília, 2rasi. Disponível em: < http://dtr21.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/2_257_m2.pdf >. Acesso em: 25 Mar. 21. KIOROGLO, P. S. Doação de órgãos e tecidos: a influência do luto neste processo, 25. Monografia apresentada como trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Psicologia Hospitalar da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo sob a orientação da psicóloga Rosana Trindade Santos Rodrigues. Disponível em: < http://www.bvs-psi.org.br/espec/monografiapauladasilvakioroglo.pdf > acesso em: 16 Abril 21. LAURENTI, R.; JORGE, M. H. P. M.; GOTLIED, S. L. D. Perfil epidemiológico da morbi-mortalidade masculina. Ciência & Saúde Coletiva, 1(1):35-46, 25. Disponível em: < http://www.scielosp.org/pdf/csc/v1n1/a4v1n1.pdf >. Acesso em: 3 abr. 21. MORAES, M. W.; et all. Crenças que influenciam adolescentes na doação de órgãos. Rev Esc Enferm USP 26; 4(4):484-92. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v4n4/v4n4a5.pdf > Acesso em: 6 Abril 21. NORDON, D. G.; ESPOSITO, S. B. Morte encefálica. Rev.Fac.Ciênc.Méd.Sorocaba, v. 1,n. 2,p. 31-34, 28. São Paulo, 28. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/rfcms/article/viewfile/659/567 >. Acesso em: 25 Mar. 21. PEREIRA, W. A. Reunião de Diretrizes Básicas para Captação e Retirada de Múltiplos Órgãos e Tecidos da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos 23 : Campos do Jordão, SP. Disponível em: < http://www.abto.org.br/abtov2/portugues/profissionais/biblioteca/pdf/livro.pdf > Acesso em: 8 Abril 21. 17 e 18 de Outubro de 211 92

3 2 1 RN 3 d a 18 a 18 a 25 26 a 32 33 a 4 41 a 48 49 a 55 56 a 63 64 a 72 73 a 8 mais de 8 Figura 1. Distribuição das notificações dos 133 relatórios de atividades mensais da CIHDOTT em um hospital da região de SC, no período de janeiro a dezembro de 28, segundo a idade dos potenciais doadores. 1 8 6 4 2 Masc Femin Branco Figura 2. Distribuição das notificações dos 133 relatórios de atividades mensais da CIHDOTT em um hospital da região de SC, no período de janeiro a dezembro de 28, segundo o sexo dos potenciais doadores,entretanto, houve lacunas referentes a este item, que foram contabilizados como em branco. 5 4 Cardiovascular Respiratório Outros C.A Sepsis Imunodeprimido Desconhecido HIV Prematuro Acidente de Transito em Branco Hepatite 3 2 1 Figura 3. Distribuição das notificações dos 133 relatórios de atividades mensais da CIHDOTT em um hospital da região de SC, no período de janeiro a dezembro de 28, segundo patologia dos potenciais doadores. 17 e 18 de Outubro de 211 93