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Transcrição:

A IMPORTÂNCIA E APLICABILIDADE DO INGLÊS INSTRUMENTAL NA FURB: UMA ANÁLISE DE NECESSIDADES NA ENGENHARIA ELÉTRICA E QUÍMICA ROMÃO, Maria Regina Marcondes FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau RESUMO Como um grande número de informações científicas são veiculadas em inglês, este trabalho abordará a necessidade de leitura desta língua estrangeira nos cursos de Engenharia Elétrica e Química. Após a introdução inicial, destacar-se-á os quatro principais métodos de ensino de língua estrangeira (Método da Gramática e Tradução, Método da Leitura, Método Direto e Método Audiolingual) enfocando seus aspectos históricos, suas características, métodos de ensino e relação com o Inglês Instrumental. É importante salientar que cada um desses métodos guarda íntima relação com a situação sócio-econômica da época e seus reflexos são, claramente, sentidos na metodologia usada para ensinar línguas estrangeiras. Atualmente, o mesmo quadro se repete e, mais uma vez, a economia influencia de maneira inexorável. A seguir, será feito uma abordagem sobre as origens e desenvolvimento do Inglês Instrumental, traçando um paralelo entre o "General English" e o "English for Specific Purpose", já que comumente se desconhece os objetivos e a abordagem de ambos. Além disso, enfatizar-se-á a importância da "análise de necessidades" que é uma das características do Inglês Instrumental. E, finalmente, mostrar-se-á os resultados da pesquisa realizada entre professores e alunos da Engenharia Elétrica e Química, que delineou o quadro de necessidades de tais cursos. Concluindo, apresentar-se-á sugestões para melhorar a situação existente.

Parte II Um fator ainda não estabelecido no ensino de línguas é até que ponto a metodologia empregada faz a diferença entre o sucesso e o fracasso da aprendizagem. Às vezes dá-se à metodologia uma importância maior do que ela realmente possui, esquecendo-se de que o aluno pode tanto deixar de aprender como também aprender apesar da abordagem usada pelo professor. As inúmeras variáveis que afetam a situação de ensino podem sobrepujar a metodologia usada, de modo que o que parece funcionar numa determinada situação não funciona em outra e vice-versa. (LEFFA, 1988 p.229) Abordando doravante o Inglês Instrumental, observar-se-á que, mais uma vez, os aspectos históricos e principalmente os econômicos foram fundamentais. Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, a ciência foi impulsionada por dois fatores: tecnologia e comércio. As pessoas precisavam comunicar-se e, como os Estados Unidos detinham o poder econômico, o inglês foi gradualmente sendo empregado como a língua usada nas transações comerciais e na área tecnológica. Dessa maneira, as pessoas começaram a se interessar em aprender inglês, não por prazer ou para adquirir prestígio, mas por necessidade. Afinal, em poucos anos a língua inglesa foi "adotada" como o idioma mundial do comércio e da tecnologia. Surgia, dessa forma, uma nova "geração de leitores" com características bem diferentes dos que existiam antes da Segunda Guerra Mundial. Até então, geralmente, aprendia-se uma segunda língua por questões culturais, pois fazia parte da educação de uma pessoa com posição social elevada dominar um segundo idioma. Poucos, realmente, questionavam por que isso era importante. Contudo, segundo HUTCHINSON e WATERS (1987, p.6), essa nova "geração de leitores" era constituída por pessoas sem grande ou nenhuma projeção social como: mecânicos e eletricistas que tinham seus manuais de instrução escritos em inglês, homens de negócios ansiosos por vender seus produtos, médicos que precisavam atualizar-se, estudantes em busca de novos conhecimentos disponíveis apenas em inglês. O mais importante nisso tudo é que tais indivíduos tinham consciência da necessidade de dominar uma segunda língua. Além disso, a crise do petróleo, na década de setenta e as pressões comerciais dela decorrentes, começara, também a exercer influência. Ocorreu um fluxo muito

grande de dinheiro e tecnologia ocidental para os ricos países produtores de petróleo. O inglês, repentinamente, tornou-se um grande negócio. Essa nova situação exigia cursos com objetivos definidos e, mais do que nunca tempo passou a ser dinheiro. Tais influências foram, inclusive, sentidas na lingüística, que, tradicionalmente, descrevia os aspectos formais da língua, isto é, a gramática e agora, voltava a atenção para a maneira como a língua é, efetivamente, usada em comunicações reais. Observou-se, então, que a fala e principalmente a escrita e o vocabulário variam de um contexto para o outro, que há diferenças significativas entre, por exemplo, o inglês usado no comércio e o usado na engenharia. Essas novas idéias levaram os estudiosos da área a desenvolver uma abordagem diferente para o estudo do inglês. Alguns cursos, na década de sessenta e início de setenta, passaram a ser montados de acordo com as necessidades imediatas dos alunos. Surgia, dessa maneira, o inglês para estudos médicos (English for Medical Studies), inglês para engenheiros (English for Engineering), inglês para administração (English for Business), inglês para secretárias (English for Secretaries) etc..., ficando estabelecido a diferença entre o English for General Purpose (Inglês para Propósitos Gerais) e o English for Specific Purpose (Inglês para fins específicos). O English for General Purpose (Inglês para Propósitos Gerais) passou a ser a língua estrangeira ensinada no primeiro e segundo graus que visa transmitir os aspectos básicos e preparar os alunos para o vestibular e, ainda, a ensinada nas escola de línguas que têm por objetivo desenvolver as quatro habilidades, enfatizando a fala e audição. Já o English for Specific Purpose é usado em circunstâncias em que a língua relaciona-se a uma ocupação específica ou a um estudo específico. Todavia, um novo quadro surgiu com a nova geração de leitores. Eles não poderiam esperar três ou quatro anos para ter acesso aos manuais e demais materiais de trabalho escritos em inglês. Frente a essa necessidade é que novos procedimentos metodológicos são desenvolvidos; principalmente pela PUC de São Paulo através de um projeto de âmbito nacional (Projeto de Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras) surgindo o que em língua portuguesa passou a ser conhecido como " Inglês Instrumental". Enquanto o ensino do Inglês Geral (General English) serve como base para uma aprendizagem posterior, os cursos de Inglês Instrumental são planejados para pessoas que necessitam usar a língua imediatamente ou num futuro próximo. Dessa

forma, o propósito utilitário da língua fica caracterizado. Portanto, o estudante de Inglês Instrumental aprende uma segunda língua objetivando executar uma determinada tarefa que exige alguma habilidade nessa nova língua. Sendo assim, o aluno aprenderá, por exemplo, Inglês para Administração de Empresas (English for Business) ou Engenharia Elétrica e prestará exames nestas áreas e não em inglês, indo atuar como administrador ou engenheiro elétrico. Portanto, uma outra característica do Inglês Instrumental é desempenhar papel auxiliar. Dessa forma, é fundamental que se determine quais são os fatores que levaram o indivíduo a estudar a segunda língua, em que situação ela será empregada, que habilidades precisarão ser desenvolvidas, qual o nível de conhecimento que o aluno já tem e qual precisará alcançar, etc... Em suma, é necessário fazer a análise das necessidades do indivíduo para que se possa traçar os objetivos do curso e o conteúdo programático que deverá ser desenvolvido. A este processo dá-se o nome de "need analysis" (análise de necessidades) que em Inglês Instrumental é fundamental. Afinal, o aluno conhece suas necessidades de maneira mais objetiva (por exemplo, precisa ler livros técnicos e escrever resultados de pesquisa), sabe, realmente, para que precisa do inglês. Enfim, ele tem consciência de suas necessidades. Aliás, Hutchinson e Waters (1987, p.53) fazem uma colocação muito apropriada a respeito. Eles dizem que "o que distingüe o English for Specific Purpose (inglês Instrumental) do General English (Inglês Geral) não é a existência de uma necessidade como tal, mas, ao invés disso, uma consciência da necessidade." A análise de necessidades, conforme acabou de ser dito, é um dos pontos centrais do Inglês Instrumental, bem como a consciência de tal necessidade. Todavia, é possível que a visão do aluno não seja a mesma do professor, do programa do curso ou mesmo do patrocinador (i.e. do empregador ou futuro empregador). Vários exemplos são dados por HUTCHINSON e WATERS (1987, p.57) e um deles é de um vendedor sociável e comunicativo que precisa falar ao telefone com fregueses, colegas e precisa, ainda ler catálogos e cartas comerciais. O inglês falado por esse vendedor, embora fluente, não é correto. O empregador julga necessário que melhore seus conhecimentos para não cometer tantos erros durante uma conversação. Afinal, isso pode comprometer a imagem da companhia. Porém, para o vendedor, as preocupações da firma não têm razão de ser. Afinal, consegue se comunicar bem e julga

o inglês falado por ele de bom nível. Como se vê, os "needs" do empregador são diferentes dos "wants" do empregado. Tal situação é, também, muito comum em sala de aula. O aluno, além de querer ( os "wants"), tem consciência de que precisa (os "needs") ler assuntos técnicos escritos apenas em inglês. Contudo, deseja fazê-lo como um passe de mágica. Se ele tem o conhecimento básico bem estruturado (adquiridos no primeiro e segundo graus), conseguirá fazer progressos relevantes. Entretanto, uma boa parte dos alunos não domina as estruturas básicas da língua nem um vocabulário mínimo. Por outro lado, nem sempre o que o aluno quer é o que ele precisa no momento. Se ele não apresenta o conhecimento mínimo necessário para iniciar um curso de Inglês Instrumental, caberá ao professor tentar reverter tal situação. Pauline Robinson, na sua obra "English for Specific Purpose" (1981), sugere um "inglês correcional", mas com direcionamento específico. A experiência em sala de aula tem mostrado a necessidade desse inglês correcional, embora muitos alunos não o julguem necessário (como no caso do vendedor há pouco citado). Ele não vê motivo para estudar as estruturas básicas da língua, dizendo que isso é assunto apenas do primeiro e segundo graus. Em tais casos, a conscientização tem que ser trabalhada.. É necessário que o aluno perceba que, sem o domínio das estruturas básicas, não é possível atingir estágios mais avançados. Infelizmente, um bom número de alunos do terceiro grau encontram-se em tal situação. Finalizando esta parte, faz-se necessário dizer que embora os "wants" do aluno não sejam exatamente iguais aos "needs" determinados pelos professores, pelos cursos e pelos empregadores, eles não podem ser esquecidos. Nesse "querer" é que está grande parte da motivação do estudante e, no processo ensino-aprendizagem, a motivação é essencial. Por isso, o inglês correcional (citado acima) e direcionado para assuntos técnicos tem fundamental importância. Afinal, ele é empregado pelo professor com o intuito de ensinar ao aluno as estruturas básicas da língua inglesa que não foram adequadamente aprendidas ("needs"). Por outro lado, atende também à motivação do aluno ("wants") através de textos que são, desta vez, técnicos e vocabulário pertinente à área. Quanto a pesquisa propriamente dita e realizada entre os alunos de Engenharia

Elétrica e Química, faz-se necessário informar que ela ocorreu no final do ano de 1995 e início de 1996. Os alunos foram escolhidos aleatóriamente e divididos em três grandes grupos: semestres iniciais (primeiro e segundo), semestres intermediários (terceiro, quarto, quinto e sexto) e semestres finais (sétimo, oitavo e nono). Quanto ao questionário, composto por doze perguntas, pode-se dividi-lo em quatro partes. A primeira parte (perguntas 1,2 e 3) objetivou identificar o aluno segundo o curso e semestre que freqüenta. A segunda parte (perguntas 4, 5, 6 e 7) teve por finalidade delinear o perfil do aluno quanto ao conhecimento de Inglês - oral, auditivo, escrito e de leitura - que ele julga possuir. Na terceira parte (perguntas 8 e 9) procurou-se investigar a freqüência de leitura, em inglês indicada pelos professores. E na quarta parte (perguntas 10, 11 e 12) o objetivo foi verificar com que freqüência o aluno, por conta própria, recorre à leituras em inglês. Quanto aos professores, participaram da pesquisa os que lecionam disciplinas das áreas técnicas dos cursos em questão como: Circuitos Digitais, Microprocessadores, Análise de Conceitos Elétricos etc. O questionário, composto de dez perguntas, objetivou: caracterizar a área de trabalho; traçar o nível de conhecimento de inglês que o professor julga ter; se as disci;plinas ministradas requerem bibliografia em inglês; com que freqüência são indicadas leituras nesta língua e em que semestres as leituras em inglês se fazem mais necessárias. Os dados, analisados quantitativamente, mostraram que: 1 - há necessidade da leitura em inglês nos cursos pesquisados; 2 - essa necessidade é pouca nos semestre iniciais (porque neste nível existe material escrito em português), maior nos semestres intermediários, intensificando-se nos finais; 3 - os alunos dos dois cursos julgam-se medíocres quanto as habilidades orais e também quanto à escrita; 4 - a leitura mostra-se deficiente nos semestres iniciais melhorando, significativamente, à medida que atingem os semestres mais avançados; 5 - os professores começam a indicar leitura em inglês nos semestres intermediários intensificando-as nos finais (nos semestres iniciais ela praticamente

inexiste); 6 - os alunos da Engenharia Química recorrem à leitura em inglês com mais freqüência que os da Engenharia Elétrica. Constatou-se, portanto, a necessidade do inglês nos cursos de Engenharia Elétrica e Química, principalmente, nos semestres finais. Os resultados da pesquisa mostraram que o Inglês Instrumental deveria ser incluído nos semestres intermediários (terceiro ou quarto semestre) porque é nesta fase que os professores das áreas técnicas começam a indicar bibliografia em inglês. Nos semestres iniciais, sua inclusão não é aconselhada porque neste nível de estudo a bibliografia indicada pelos professores é, geralmente, em português. Dessa forma, o aluno ainda não sente necessidade da língua estrangeira e sentir a necessidade é fundamental no processo de aprendizagem. Diante do exposto nos parágrafos anteriores, sugeriu-se que fosse oportunizado ao aluno com deficiência no domínio da leitura em inglês curso com ênfase na abordagem instrumental. O Método da Gramática e Tradução e o da Leitura não seriam atraentes para um público com necessidades imediatas como este. métodos. Poder-se-ia empregar, esporadicamente, apenas alguns exercícios desses Já os que desenvolvem as quatro habilidades como o Método Direto, o Audio- Lingual e outros que não foram citados, requerem tempo de aprendizado longo para o aluno quem acesso imediato às leituras, principalmente as voltadas para as áreas técnicas. Portanto, a sugestão que se fez é que esse curso, com abordagem instrumental, fosse oferecido pelo Laboratório de Linguas da Universidade. Quanto a contribuição dada, pode-se afirmar que tem sido muito pouca até então (há apenas trinta horas-aula no curso de Engenharia Elétrica e na Engenharia Química esta disciplina não é oferecida). Todavia, este quadro tem sofrido mudanças positivas desde o término da pesquisa. Há crescente interesse no aumento do número de horas-aula de Inglês Instrumental no curso de Engenharia Elétrica e a Engenhria Química percebe a necessidade de auxiliar o aluno deficiente quanto à leitura nesta língua estrangeira. Por outro lado, o laboratório de línguas da universidade tem sido procurado por professores (principalmente mestrandos) e alunos interessados em desenvolver a habilidade da leitura. Inclusive, há turmas já formadas e um crescente

interesse por parte de estudantes de Psicologia e das áreas voltadas ao comércio. Todavia, o fantástico desenvolvimento deste final de século obriga a universidade ir além do tempo presente. Os computadores, a multimídia e, principalmente, a Internet trouxeram o mundo para perto de todos. E, nesse esquema global, a língua ensinada através da abordagem instrumental não poderá ficar restrita só à leitura. A escrita já se faz também necessária para comunicar-se com o resto do mundo via Internet. E quiçá, num futuro bem próximo, não estará o mundo se comunicando (via Internet), mas com a presença da imagem e do som? Estaremos preparados para esse futuro? Estaremos preparando o aluno para ele?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HUTCHINSON, Tom ; WATERS, Alan. English for specific purposes: a learning - centred approach. London: Cambridge University Press, 1987. JOHNS, A. M. ; DUDLEY-EVANS, T. English for specific purpuses: international in scope, specific in purpose. Tesol Quartely, v.25, n.2, p.297-314, summer, 1991. KENNEDY, Chris ; BOLITHO, Rod. English for specific purposes. London: Mcamillan Press, 1991. LEFFA,Wilson J. Metodologia do ensino de línguas estrangeiras. In: BOHN, H. ; VANDRESEN P. (Org.). Tópicos de lingüística aplicada: o ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis: UFSC, 1988. p.211-236. MONTANER, Armando Humberto Baltra. Reading for academic purpose: an eclectic exploration into reading theories and practical classroom applications. São Paulo, 1982. Tese (Doutorado em Ciências Humanas) - Lingüística Aplicada ao Ensino de Línguas. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. RICHARDS, Jack C,; RODGERS Theodore S. Approaches and methods in language teaching: a description and analysis. Cambridge: Cambridge Language Teaching Library. 1986. RIVERS, Wilga. Teaching foreign-language skills. Chicago: The University of Chicago Press, 1971. A metodologia do ensino de línguas estrangeiras. São Paulo: Pioneira,1975. ROBINSON, Pauline. ESP today: a practitioner's guide. Great Britain: Prentice Hall International, 1991. STERN, H. H. Fundamental concepsts of language teaching. 4. ed. Oxford: Oxford University Press, 1986.