PRÓTESES METÁLICAS AUTOEXPANSÍVEIS NO TRATAMENTO PALIATIVO DA OBSTRUÇÃO GASTRODUODENAL: EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO

Documentos relacionados
A obstrução colônica aguda é uma condição grave que traz risco de vida, e que requer tratamento cirúrgico imediato.

O PAPEL DA CIRURGIA NA PALIAÇÃO DO CANCRO GÁSTRICO. Maria João Ventura Nogueira

UTILIZAÇÃO DE PRÓTESES ESOFÁGICAS METÁLICAS EXPANSÍVEIS COBERTAS NA PALIAÇÃO DE ESTENOSES MALIGNAS ANTRO-PILÓRICAS

XXIII Jornadas ROR-SUL. 15, 16 e 17 Fevereiro 2016 Lisboa

I Data: 03/05/05. II Grupo de Estudo: Dra. Silvana M. Bruschi Kelles Dra. Lélia de Almeida Carvalho Dra. Marta Alice Campos Dr. Adolfo Orsi Parenzi

CIRURGIA DO PÂNCREAS Câncer do Pâncreas. Dr. José Jukemura assistente doutor serviço de vias biliares e pâncreas da FMUSP

OCLUSÃO INTESTINAL Tratamento. Isabel Costa Serviço de Cuidados Paliativos IPO - Porto

Sarcomas de partes moles do adulto Estudo Populacional/Institucional Regiões do Alentejo e Algarve

Ministério da Saúde COORDENAÇÃO DE ENSINO. Aperfeiçoamento nos Moldes Fellow em Endoscopia Oncológica JULIANA DELGADO CAMPOS MELLO

Opções endoscópicas no tratamento das complicações do anel de restrição em pacientes pós by-pass gástrico. Série Endoscopia Bariátrica - junho 2018

MAURICIO KAZUYOSHI MINATA

Hospital de São Marcos Departamento de Cirurgia Director: Dr. António Gomes. Ratio dos Gânglios Linfáticos Metastizados no Carcinoma Gástrico

Estenoses Malignas do Esôfago. Everson L. A. Artifon, TCBC

Luís Lourenço, David Horta Director de Serviço: Dr. Jorge Reis

DRENAGEM ENDOSCÓPICA DE COLEÇÕES PERIPANCREÁTICAS

Paciente de 80 anos, sexo feminino, com dor abdominal, icterícia progressiva e perda de peso não quantificada há 08 meses.

NÚCLEO DE ECOENDOSCOPIA COMENTÁRIOS DO ARTIGO - EUS-guided gastroenterostomy: the first U.S. clinical experience

Tumores da Junção Esófago-Gástrica

Hospital de São Marcos Departamento de Cirurgia Director: Dr. António Gomes

ADENOCARCINOMA NASOSSINUSAL EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO ORL DO HOSPITAL DE BRAGA

ENFERMAGEM DOENÇAS GASTROINTESTINAIS. Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

Factores associados ao insucesso do controlo hemostático na 2ª endoscopia terapêutica por hemorragia digestiva secundária a úlcera péptica

ESTÔMAGO ANATOMIA FISIOLOGIA ULCERA PÉPTICA

Ingestão de cáusticos - avaliação de factores preditivos de gravidade. Ver PDF

XXIII Jornadas ROR-SUL. 15, 16 e 17 Fevereiro 2016 Lisboa

CANCRO DO PANCREAS - ABORDAGEM PALIATIVA. Sara Gomes; Enfermeira - Serviço de Cuidados Paliativos

EFICÁCIA DA TERAPÊUTICA NEOADJUVANTE EM DOENTES COM ADENOCARCINOMA DO PANCREAS: ANÁLISE MULTICÊNTRICA DOS ÚLTIMOS 5 ANOS.

NUTRIÇÃO ENTÉRICA POR GASTROSTOMIA

Hemangioma hepático: Diagnóstico e conduta. Orlando Jorge Martins Torres Professor Livre-Docente UFMA Núcleo de Estudos do Fígado

Neoplasias. Margarida Ascensão. Teresa Matias

Questões das aulas teóricas de Propedêutica Cirúrgica II

Dongwook Oh, Do Hyun Park, Min Keun Cho, Kwangwoo Nam, Tae Jun Song, Sang Soo Lee, Dong-Wan Seo, Sung Koo Lee, Myung-Hwan Kim

I Data: 22/11/2005. II Grupo de Estudo:

ADENOCARCINOMA DE JEJUNO OCASIONANDO VÔMITOS RECORRENTES: um relato de caso

CIRURGIA DO PÂNCREAS

Imagem da Semana: Colangioressonância

Sessão Educacional I Cancro de Pâncreas: A melhor decisão multidisciplinar. Enfª Joana Ferreira Unidade de Digestivo - Fundação Champalimaud

Tratamento Endoscópico de Deiscências de Anastomose Esofágica em Pacientes Oncológicos - Série de Casos

Luciano Moreira MR3 Radioterapia Liga Norte Riograndense Contra o Cancer, Natal-RN

Experiência do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Braga no Tratamento de Diabéticos Tipo 1 com Bombas Infusoras de Insulina

congresso nacional cancro digestivo

Hospital de São João, E.P.E. Grupo Oncológico Hepato-Bilio-Pancreático INDICAÇÕES: Carcinoma Hepatocelular. Colangiocarcinoma

C a ro l i n a Te r ra D i re tor de serviço: Pro f. D r. Pa u l o D o n ato

XXIII Jornadas ROR-SUL. Mesotelioma Pleural no Sul do País. 15, 16 e 17 Fevereiro 2016 Lisboa

Tumores Neuroendócrino do Pâncreas - Tratamento cirúrgico dos insulinomas pancreáticos

Diretor Dr. Mesquita Dois anos de experiência de hernioplastias inguinais em ambulatório com ProGrip

CATÉTERES VENOSOS CENTRAIS DE LONGA DURAÇÃO Experiência com 1000 catéteres

irurgia Revista Portuguesa de Órgão Oficial da Sociedade Portuguesa de Cirurgia II Série N. 16 Março 2011

A deglutição é definida como processo que resulta no transporte do alimento da boca ao estômago. Preparatória

Gastroenteroanastomose

PERFURAÇÃO COLORRETAL DURANTE POSICIONAMENTO DE STENT EM CÂNCER DE RETO ESTENOSANTE: RELATO DE CASO

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE PACIENTES PARA REIRRADIAÇÃO DE TUMORES DE CABEÇA E PESCOÇO

Avaliação da redução da FC durante a fase de recuperação de PE numa população de doentes diabéticos

9º Imagem da Semana: Radiografia Tórax

Caso Clínico - Tumores Joana Bento Rodrigues

Módulo 1 ABORDAGEM E OPÇÕES TERAPÊUTICAS NO DOENTE COM LITÍASE RENAL AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA CÓLICA RENAL 3 OBSERVAÇÃO 4 OPÇÕES TERAPÊUTICAS

Papel do Gastroenterologista na Paliação do Cancro do Esófago

ENDOCARDITE DE VÁLVULA PROTÉSICA REGISTO DE 15 ANOS

Anastomose pancreática: quando melhor com o estômago e quando melhor com o intestino? Orlando Jorge M. Torres Professor Livre-Docente UFMA

INCIDÊNCIA DE NÁUSEAS E VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO EM PEDIATRIA

Sangramentos em Bypass Gástrico. Dr Roberto Rizzi Clinica Dr Roberto Rizzi Centro de Excelencia em Cirurgia Bariatrica - HMSL

AVALIAÇÃO DOS DOENTES COM SUSPEITA CLÍNICA DE TEP COM RECURSO A ANGIO-TC Estudo retrospectivo

CIRURGIA DE ADENOAMIGDALECTOMIA. Informações sobre a cirurgia

EXAME CONTRASTADO TRÂNSITO INTESTINAL

ASPECTOS ATUAIS DO TRATAMENTO CIRÚRGICO RGICO DA PANCREATITE CRÔNICA Curso Continuado de Cirurgia CBC

Enquadramento e Racional

DESTAQUES ASCO 2017 CÂNCER DO TRATO GASTROINTESTINAL NÃO COLORRETAL

Cancro de Pâncreas Tumores localmente avançados /Borderline ressecáveis

Título principal. Modelo_3. Texto

Parte 1.

Maria Sylvia Ierardi Ribeiro

Emergência Oncológica: Oclusão do Cancro Colo-retal

Estudo Epidemiológico Neoplasia Maligna na Cabeça do Pâncreas

congresso nacional cancro digestivo

Prevalência na população portuguesa entre os 20 e 79 anos, Portugal, 2015

AVALIAÇÃO DA IMUNOEXPRESSÃO DE PROTEÍNAS DA VIA DE SINALIZAÇÃO WNT CANÔNICA E NÃO CANÔNICA NO ADENOCARCINOMA GÁSTRICO

RESOLUÇÃO CFM Nº 1.942/2010 (Publicada no D.O.U. de 12 de fevereiro de 2010, Seção I, p. 72)

CURSO CONTINUADO DE CIRURGIA GERAL

Imagem da Semana: Tomografia computadorizada (TC)

Imagem da Semana: Ressonância magnética (RM)

Como tratar Abordagem cirúrgica. Cancro Pâncreas. Outubro 2018 Joana Cunha

Manejo de Lesão Cerebral Metastática Única. Eduardo Weltman Hospital Israelita Albert Einstein Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

REUNIÃO BIBLIOGRÁFICA

DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA

Tumores múltiplos em doentes com carcinoma da cabeça e pescoço Serviço de Oncologia Médica do CHLN Hospital de Santa Maria

Fonte: Diabetes Factos e Números o ano de 2014, Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes - Edição de 2015

Dr. Bruno Pinto Ribeiro Residente em Cirurgia de Cabeça e Pescoço Hospital Universitário Walter Cantídio

A PTHi PODE PREVER AS VARIAÇÕES DO CÁLCIO APÓS TIROIDECTOMIA TOTAL?

Punção Aspirativa com Agulha Fina Guiada por Ultrassonografia Endoscópica PAAF-USE primeira linha suspeita de neoplasia do pâncreas

ATUALIZAÇÃO/ MEDICAL PROGRESS

Objetivos. Metodologia. Metodologia 30/05/2016 SÍNDROME DA REDE AXILAR NO CÂNCER DE MAMA EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO, E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS.

Nutrição em Cuidados Paliativos. Nutrição e Alimentação Papel, Significados e Simbolismo. Nutrição - Necessidade básica do ser humano

Tratamento paliativo dos tumores ampulares e periampulares: Comparação de custo-efetividade entre a abordagem cirúrgica e endoscópica

Revisão de Literatura

Cirurgias Restritivas Mason /Banda Gástrica Cirurgias Disabsortivas Scopinaro / Duodenal. Cirurgias Mistas. Bypass Gástrico

CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E CLÍNICA DE PACIENTES ONCOLÓGICOS 1

COLECISTITE AGUDA ANDRÉ DE MORICZ. CURSO CONTINUADO DE CIRURGIA PARA RESIDENTES COLÉGIO BRASILEIRO DE CIRURGIÕES

ESTUDO RETROSPETIVO: AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM DO UTENTE SUBMETIDO A PROCEDIMENTO ENDOSCÓPICO COM SEDAÇÃO/ANESTESIA GERAL

DOU de 22/08/2007 seção 1. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde PORTARIA Nº 467, DE 20 DE AGOSTO DE 2007

Avaliação do Doente Oncológico. José Alberto Fonseca Moutinho

Transcrição:

PRÓTESES METÁLICAS AUTOEXPANSÍVEIS NO TRATAMENTO PALIATIVO DA OBSTRUÇÃO GASTRODUODENAL: EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO Oliveira AM; Lourenço L; Branco J; Cardoso M; Anapaz V; Rodrigues C; Carvalho R; Santos L; Horta D; Martins A; Reis J Évora, 20 de Novembro de 2015

INTRODUÇÃO Os doentes com obstrução gastroduodenal maligna apresentam náuseas, vómitos incoercíveis, disfagia. Estes sintomas conduzem a distensão gástrica, desidratação, alterações eletrolíticas, perda ponderal com perturbação significativa da qualidade de vida. Deste modo, é importante que se aliviem os sintoma obstrutivos para manter uma melhor qualidade de vida nestes doentes em fase terminal. Adler DG, Baron TH. Endoscopic palliation of malignant gastric outlet obstruction using self-expanding metal stents: experience in 36 patients. Am J Gastroenterol. 2002 Jan;97(1):72-8. Ding N, Alexander S, Swan M, Hair C, W P, Clarebrough E, Devonshire D. Gastroduodenal Outlet Obstruction and Palliative Self-Expandable Metal Stenting: A Dual-Centre Experience. Journal of Oncology. Volume 2013 (2013). Canena JM, Lagos AC, Marques IN, Patrocínio SD, Tomé MG, Liberato MA, et al. Oral intake throughout the patients' lives after palliative metallic stent placement for malignant gastroduodenal obstruction: a retrospective multicentre study. Eur J Gastroenterol Hepatol. 2012 Jul;24(7):747-55.

INTRODUÇÃO As próteses metálicas autoexpansíveis têm sido utilizadas no tratamento paliativo da obstrução gastroduodenal maligna, como alternativa à cirurgia de bypass cirúrgico, com o objetivo de obter uma melhoria sintomática e da qualidade de vida dos doentes. Maetani I. Self-expandable metallic stent placement for palliation in gastric outlet obstruction. Ann Palliat Med. 2014 Apr;3(2):54-64. Moura EG, Ferreira FC, Cheng S, Moura DT, Sakai P, Zilberstain B. Duodenal stenting for malignant gastric outlet obstruction: prospective study. World J Gastroenterol. 2012 Mar 7;18(9):938-43. Ding N, Alexander S, Swan M, Hair C, W P, Clarebrough E, Devonshire D. Gastroduodenal Outlet Obstruction and Palliative Self-Expandable Metal Stenting: A Dual-Centre Experience. Journal of Oncology. Volume 2013 (2013).

OBJETIVOS Avaliar o papel das próteses metálicas autoexpansíveis no tratamento paliativo de obstrução gastroduodenal maligna

MATERIAL E MÉTODOS Estudo retrospetivo dos doentes submetidos a colocação de prótese metálica autoexpansível em contexto de tratamento paliativo de obstrução gastroduodenal maligna Efetuado numa instituição única Entre Janeiro de 2012 e Janeiro de 2015

Adler DG, Baron TH. Endoscopic palliation of malignant gastric outlet obstruction using self-expanding metal stents: experience in 36 patients. Am J Gastroenterol. 2002 Jan;97(1):72-8. MATERIAL E MÉTODOS A possibilidade de tolerância de via oral após a colocação da prótese foi avaliada segundo o gastric outlet obstruction score (GOOS) Grau de dieta PO Análise de sobrevida obtida através do método de Kaplan-Meier Considerou-se significativo p<0,05 Análise estatística com SPSS Statistics V20 Score Sem ingestão PO 0 Ingestão de líquidos apenas 1 Ingestão de dieta mole 2 Ingestão de dieta pobre em resíduos ou de dieta sem restrições 3

RESULTADOS Dados demográficos 19 doentes Género: Sexo masculino: 12 (63,2%) Sexo feminino: 7 (36,8%) Idade média: 69 anos (DP 10 anos) Número de doentes Grupo etário

RESULTADOS Tipos de tumores primários Tipos de tumores primários Número de doentes Adenocarcinoma gástrico 10 Adenocarcinoma do pâncreas 6 Colangiocarcinoma 3 Localização da obstrução Localização da obstrução Número de doentes Piloro 12 Bulbo 5 Duodeno 2

RESULTADOS Sucesso técnico: em todos os doentes Complicações decorrentes da colocação da prótese: Ausentes Melhoria do score de gastric outlet obstruction score em 17 doentes: Grau de dieta PO Score Número de doentes Sem ingestão PO 0 2 Ingestão de líquidos apenas 1 3 Ingestão de dieta mole 2 4 Ingestão de dieta pobre em resíduos ou de dieta sem restrições 3 10

RESULTADOS Início da dieta oral após colocação de prótese: 24 horas (24-168h) Em 3 doentes, foi necessário colocar segunda prótese gastroduodenal por progressão tumoral

Sobrevida cumulativa RESULTADOS Análises da sobrevida Tempo médio de sobrevida: 57 dias (DP 17 dias) Tempo sobrevida (dias)

CONCLUSÃO As próteses metálicas autoexpansíveis constituem um bom método paliativo nos doentes com obstrução gastroduodenal maligna, resultando na maior parte dos doentes em reinício de dieta oral, com complicações reduzidas.