TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE LOMBAR PARA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM OSTEOPOROSE

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Transcrição:

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE ÓRTESE LOMBAR PARA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM OSTEOPOROSE CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ENGENHARIAS INSTITUIÇÃO: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO AUTOR(ES): JADE VILAS BOAS ARÃO ORIENTADOR(ES): JOSÉ AUGUSTO LOPES

1. RESUMO Osteoporose é a doença metabólica mais comum, definida como a redução da massa óssea e deterioração do tecido ósseo, que provocam fraturas dolorosas em 50% dos casos, a maioria envolvendo vértebras lombares, quadril e punho. Apesar de sua aparência rígida e resistente, o osso é um tecido vivo e que está em constante processo de formação e reabsorção. Este processo é chamado de remodelação óssea. Ou seja, no início da vida a formação óssea é superior à reabsorção, e há aumento no tamanho e na resistência do osso. Já no envelhecimento, ocorre o inverso, a reabsorção é maior que o processo de formação óssea e conforme o passar dos anos podem surgir diversos problemas, como por exemplo, a osteoporose. (CHAMLIAN, 2010). Segundo PEDROSA (2009), a perda óssea global começa por volta dos 40 anos de idade, tanto em homens como em mulheres. Em mulheres, no período da menopausa, ocorre uma aceleração da perda óssea a uma taxa duas vezes maior do que nos homens. Com o passar do tempo, as mulheres com osteoporose podem perder até metade de sua massa óssea. Estima-se que mundialmente 1 em cada 3 mulheres e 1 em cada 5 homens acima dos 50 anos tem osteoporose. Durante o processo de reabilitação física do paciente, tendo sido adotada uma solução cirúrgica ou não, é importante o uso de órteses que tenham função na prevenção de fraturas vertebrais, redução da dor do paciente, bem como a manutenção do alinhamento postural, além de evitar novas fraturas e sobrecargas sobre as vértebras já fraturadas. Neste projeto, após o estudo da anatomia, fisiologia e condições alteradas na biomecânica pelas fraturas na coluna vertebral, foi sugerida uma órtese lombar ativa adequada para a reabilitação de pacientes com osteoporose, com o desenvolvimento do projeto mecânico completo e a fabricação de um protótipo básico para testes clínicos posteriores. 2. INTRODUÇÃO Cerca de 30% das mulheres e 13% dos homens apresentam fratura por OP ao longo da vida. Metade das fraturas por osteoporose ocorre na coluna vertebral, mas apenas um terço delas é sintomática. A carga necessária para causar uma

fratura varia de acordo com as características da estrutura, do conteúdo mineral e da qualidade do osso. (NATOUR, 2010). Pacientes com fraturas de coluna podem apresentar um quadro agudo de dor intensa na região torácica posterior ou lombalgia, por vezes com irradiação em faixa para a região anterior. Alguns pacientes podem precisar de repouso no leito. Há a possibilidade de refratura, bem como de aparecimento de problemas biomecânicos decorrentes da fratura. JÚNIOR & NATOUR (2010) destacam que o principal tratamento da osteoporose é a prevenção de fraturas, principalmente na coluna vertebral. Devido à osteoporose estar associada ao envelhecimento, é de extrema importância a reabilitação do equilíbrio e estabilidade postural tanto para prevenção quanto para correção de fraturas vertebrais, e não menos importante, o fortalecimento da musculatura da coluna. A figura 1 (a) e (b) abaixo mostram nitidamente a diferença entre pacientes que fazem uso da órtese lombar e os que não fazem. É possível visualizar a eficácia da órtese lombar na figura 1 (b) no caso de pacientes com osteoporose, proporcionando maior equilíbrio e estabilidade postural, design adequado ao paciente e conforto.

A utilidade clínica das órteses (aparelhos ortopédicos utilizados para oferecer apoio, alinhar, evitar e corrigir deformidades de uma parte do corpo ou para melhorar a função de partes móveis do corpo) para o tronco, como por exemplo, a órtese lombar, sugere que alguns pacientes experimentam diminuição da dor e alcançam assim um nível melhor de função durante o período de uso de uma órtese. Além disso, a limitação da movimentação em uma amplitude em que produz dor ajuda o paciente a retornar às suas atividades de rotina. A curto prazo o efeito terapêutico é desejável, entretanto, caso a órtese para o tronco seja utilizada em um período prolongado, o paciente desenvolverá atrofia e fraqueza por desuso. Os efeitos psicossociais da órteses não podem ser ignorados: a órtese é um indicador visível de deficiência. (EDELSTEIN & BRUCKNER, 2006). 3. OBJETIVOS Os objetivos desta pesquisa, que deve implicar no desenvolvimento do protótipo da órtese para a reabilitação no caso de fraturas da coluna vertebral, são: compreensão da anatomia e fisiologia do sistema músculo esquelético na região da coluna vertebral, compreensão da biomecânica da coluna: movimentos, cargas, pontos de aplicação e distribuição de forças, compreensão e análise da biomecânica da coluna: alterações causadas por fraturas, compreensão da importância da correção postural e de sua relação com a dor no paciente com fratura, conhecimento dos recursos terapêuticos de apoio à reabilitação do paciente com osteoporose, levantamento completo das soluções disponíveis no mercado, seus benefícios e limitações, proposição de alternativas para a melhoria do desempenho da órtese e conforto do paciente, desenvolvimento do Projeto Mecânico (Projeto Básico e Projeto Executivo) da órtese, compreensão dos materiais que se adequem às restrições do projeto, simulação em computador da funcionalidade física da órtese, a partir de sua representação em CAD (programa SolidWorks), simulação em computador da resposta de componentes da órtese às cargas normais e extremas durante o uso (CAE), realização do protótipo físico para validação posterior (após este projeto) em testes clínicos. 4. METODOLOGIA

A base teórica deste projeto foi realizada a partir do estudo da anatomia, fisiologia e condições alteradas na biomecânica pelas fraturas na coluna vertebral a partir da osteoporose, utilizando livros (disponíveis na Biblioteca da PUC-SP), revistas, trabalhos científicos e acesso web que se dispõe do acesso ao portal Periódico Capes, amplamente utilizado nesta pesquisa. Em seguida, foi estudado o método de reabilitação dos pacientes osteoporóticos através do uso de diversos tipos de órteses para o tronco e os diferentes recursos terapêuticos utilizados neste caso. Além do estudo de patentes sobre órteses para coluna vertebral e da pesquisa de soluções disponíveis no mercado e escolha de benchmarks para o projeto. Nesta etapa do projeto a busca por informações ultrapassou a base teórica dos livros por meio de participação na Feira+Fórum Reabilitação 2014, no Curso de Órtese e Próteses nas Afecções Neurológicas e Musculoesqueléticas (AACD/2014) e em Julho de 2015 no Congresso Internacional da AACD. Para o desenvolvimento do projeto, foram utilizados os Laboratórios do Departamento de Engenharia da PUC-SP, com o programa SolidWorks, da Dassault Systemes, a fim de desenvolver o protótipo em 3D da órtese lombar, além das ações de representação gráfica e análise de engenharia, com o desenvolvimento dos projetos Básico e Executivo. Nesta fase, foram estudadas e determinadas a escolha de materiais e processos de fabricação, a adequação geométrica do projeto, visto que este demanda 100% de design anatômico, além da definição detalhada de cada componente da órtese. Enfim, as simulações físicas serviram para validar o projeto e preparar a fabricação do primeiro protótipo realizada no Laboratório de Órteses e Próteses do Departamento de Engenharia da PUC-SP. Na fabricação do protótipo para testes clínicos posteriores, foram aplicadas as técnicas e métodos de usinagem (estudados em uma das vertentes do curso de Engenharia Biomédica da PUC-SP), além de que a modelagem do protótipo foi realizada 100% artesanalmente. 5. DESENVOLVIMENTO

A proposta escolhida para desenvolvimento foi a órtese lombar do tipo toracolombossacra (TLSO) com a fácil aplicação da termoterapia. O desenvolvimento da órtese lombar foi dividido em projeto básico, executivo e a fabricação do primeiro protótipo. O projeto básico da órtese engloba: as dimensões gerais de todos os subsistemas, a definição dos pontos de apoio da órtese (o projeto da unidade de compressão na região toracolombar da coluna vertebral, o projeto da unidade de compressão abdominal, em torno da cintura do usuário e o projeto do par de tiras de fixação para extensão dos ombros e para a compressão abdominal) e a definição dos diferenciais e itens de inovação (bolsa auto aquecida acoplada à órtese). O projeto executivo comtempla os detalhes e os desenhos cotados das unidades de apoio da órtese, realizados através do software SolidWorks com o objetivo de validar o design proposto, visto que o projeto possui o desenvolvimento de uma geometria complexa, além da análise de resistência e das distribuições de tensões na órtese proposta. Para a fabricação do protótipo estudaram-se os diferentes tipos de materiais utilizados na fabricação de órteses, e o termoplástico de baixa temperatura, KlarityAqua, foi escolhido para a fabricação das unidades de apoio da TLSO. As unidades de apoio foram desenhadas e cortadas na chapa termoplástica ainda fria e através do soprador térmico foi realizada a moldagem anatômica da órtese. Máquinas fresadoras foram utilizadas na remoção de cavaco do material termoplástico com o objetivo de realizar as aberturas localizadas nas unidades de apoio para a passagem e acoplamento das tiras de fixação para extensão dos ombros e para a compressão abdominal. Na parte posterior da unidade de compressão da coluna vertebral foram utilizadas duas hastes de alumínio localizadas paralelamente na região toracolombar, fixadas através do uso de rebites, com o objetivo de aumentar a sustentabilidade da coluna vertebral do paciente em casos pós-operatório de maneira que previna a aplicação de forças externas nas possíveis fraturas

vertebrais. Para fins estéticos utilizou-se a forração de SoftSplint na região das hastes de alumínio. Além disso, utilizou-se a forração de SoftSplint, na parte anterior das unidades de apoio por ser um tecido agradável à pele e lavável, proporcionando então, alto grau de conforto para o usuário. As tiras de fixação foram fabricadas com o material Velfoam (poli-espuma laminada nos dois lados com nylon tricotado) e possuem colocação simples, sem necessidade de grande esforço, especialmente para os pacientes mais debilitados e de idade avançada. Para a fabricação do item de inovação utilizou-se a bolsa auto aquecida da marca NAUTIKA, compacta (12 cm x 9 cm) e prática, que chega a alcançar 45ºC e o calor dura aproximadamente 30 minutos, perfeita para o recurso termoterápico utilizado na osteoporose. O compartimento da bolsa auto aquecida foi feito sob medida de modo que a bolsa ficasse devidamente encaixada na parte anterior da unidade de apoio da coluna vertebral e pudesse ter contato com a pele do usuário, o material utilizado foi o nylon, com medidas de (10 cm x 12 cm). O tecido de nylon foi costurado no formato de uma bolsa e os ganchos auto adesivos foram recortados para que ficassem localizados nas bordas do compartimento, desta forma a bolsa termoterápica ficará no compartimento vazado em contato tanto com a pele do paciente quanto com a própria órtese em questão. 6. RESULTADOS O protótipo final foi fabricado a partir dos dados antropométricos da autora da pesquisa, no laboratório de Órteses e Próteses da PUC-SP e os resultados da pesquisa foram satisfatórios de modo que todos os objetivos propostos foram alcançados com êxito.

Figura 2 A figura 2 (A) ilustra o projeto final da órtese lombar desenhado no software SolidWorks, na vista frontal e (B) na lateral e a (C) o resultado da simulação realizada no software SolidWorks: distribuição das tensões gerais de von Mises na parte estrutural do apoio da coluna vertebral, vista lateral. Fonte: Autora.

Figura 3 (A) e (B) (C) A figura 3 (A) ilustra a bolsa termoterápica, auto aquecida, a figura 3 (B) o compartimento da bolsa termoterápica fabricado no material de nylon, na vista anterior (à esquerda) e posterior (à direita) e a figura 1 (C) o dispositivo termoterápico fixado na órtese lombar. Fonte: Autora. Figura 4 (A) e (B) (C) A figura 4 (A) representa o protótipo da órtese desenvolvida finalizado na vista anterior, a figura (B) na vista posterior e a figura (C) na vista lateral. Fonte: Autora. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo o Jornal Brasileiro de Economia da Saúde - JBES (2014), foi realizado um estudo (2009-2011) com o objetivo de descrever o custo do tratamento hospitalar, sob a perspectiva do SUS, das fraturas osteoporóticas na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e o custo de fraturas vertebrais variou entre R$ 18.299,31 e R$ 36.970,99, tendo em vista este valor exorbitante, o principal objetivo desta pesquisa é o desenvolvimento de uma órtese lombar que

atue no auxílio das execuções de atividades diárias do paciente osteoporótico resultando em uma melhora na qualidade de vida e maior participação social, além de estar presente de forma ativa na reabilitação deste paciente, tanto pelo recurso ortético, como pelo recurso terapêutico, prolongando sua vida saudável e prevenindo procedimentos cirúrgicos de alto valor monetário. Para análise de custo realizou-se uma tabela com o levantamento de preço de todos os materiais utilizados para a fabricação da órtese, sem levar em consideração os custos indiretos da fabricação, como o trabalho da projetista, da costureira e os gastos de luz do laboratório. Tabela 1 Custos da fabricação da órtese proposta em relação aos materiais utilizados. Fonte: Autora. Como pode ser visto na tabela acima, o custo relacionado aos materiais utilizados é em torno de R$ 460,00. Levando em consideração que os gastos de fraturas vertebrais sob a perspectiva do SUS variam entre R$ 18.299,31 e R$ 36.970,99 pode-se dizer que ao adotar o uso da órtese proposta, seja ela no valor de aproximadamente R$850,00 o gasto para a prevenção de novas fraturas quando utilizado a órtese varia entre 2,2% e 4,6% do valor cedido pelo SUS com procedimentos cirúrgico. Ou seja, a prevenção de procedimentos cirúrgicos de alto valor monetário com o uso da órtese pode ser feita com menos de 5% do valor máximo destes procedimentos. Para análise dos objetivos alcançados e inalcançados foi realizado uma tabela com os objetivos e a classificação de cada um deles.

Tabela 2 Análise dos objetivos alcançados e inalcançados do trabalho desenvolvido. Fonte: Autora. Pode-se concluir que a maioria dos objetivos propostos com a fabricação da órtese foram alcançados, estes analisados apenas a partir do produto, sem a realização de testes clínicos. Porém, a imobilização da coluna não se apresentou satisfatória, pelo fato de que a movimentação lateral não foi 100% restringida no projeto da órtese proposta. 8. FONTES CONSULTADAS CHAMLIAN, T. Medicina Física e Reabilitação. In: PLAPER, Pérola. Reabilitação na Osteoporose. Rio de Janeiro, SP. Guanabara Koogan, 2010. EDELSTEIN, J.; BRUCKNER, J. Órteses: Abordagem Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. HIGHSMITH, J. et al. Demonstration Project on Prosthetics and Orthotics, Florida/EUA. 2011. JBES: Revista Brasileira de Economia da Saúde/Jornal Brasileiro de Economia da Saúde. Abr 2014, Vol. 6 Issue 1, p2-8. JÚNIOR, I; NATOUR, J. Reabilitação na Osteoporose. In: JARDIM, José; NASCIMENTO, Oliver. Guia de Reabilitação. Barueri, SP. Manole, 2010. p.425-428. PEDROSA, É. Correlação entre fatores de qualidade óssea mandibular e densidade óssea mineral em mulheres brasileiras. Mestre em Radiologia. Faculdade de Odontologia de Piracicaba, 2009.