16. A relatividade especial e a experiência / 63 17. O espaço quadridimensional de Minkowski / 68



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Transcrição:

Sumário Prefácio A. Einstein / 9 Primeira parte A teoria da relatividade especial / 11 1. Conteúdo físico dos teoremas geométricos / 13 2. O sistema de coordenadas / 17 3. Espaço e tempo na mecânica clássica / 21 4. O sistema de coordenadas galileano / 24 5. O princípio da relatividade (em sentido estrito) / 25 6. O teorema de adição de velocidades segundo a me câ nica clássica / 29 7. A incompatibilidade aparente entre a lei de propagação da luz e o princípio da relatividade / 30 8. Sobre o conceito de tempo na física / 34 9. A simultaneidade é relativa / 38 10. A noção de distância é relativa / 41 11. A transformação de Lorentz / 43 12. Comportamento das réguas e dos relógios em movimento / 49 13. O teorema de adição de velocidades e o experimento de Fizeau / 52 14. O valor heurístico da teoria da relatividade / 56 15. Consequências gerais da teoria / 58 5

16. A relatividade especial e a experiência / 63 17. O espaço quadridimensional de Minkowski / 68 SEGUNDA PARTE A teoria da relatividade geral / 71 18. O princípio da relatividade especial e o geral / 73 19. O campo gravitacional / 77 20. A igualdade entre massa inercial e gravitacional é um argumento em favor do postulado da relatividade geral / 80 21. Até que ponto são insatisfatórios os fundamentos da mecânica clássica e da teoria da relatividade especial? / 85 22. Algumas consequências do princípio da relatividade geral / 88 23. O comportamento dos relógios e das réguas num referencial em rotação / 93 24. Contínuos euclidianos e não euclidianos / 98 25. Coordenadas gaussianas / 102 26. O espaço-tempo da teoria da relatividade especial é um contínuo euclidiano / 107 27. O espaço-tempo da teoria da relatividade geral não é um contínuo euclidiano / 110 28. Formulação precisa do princípio da relatividade geral / 114 29. A solução do problema gravitacional em virtude do princípio da relatividade geral / 118 6

Terceira Parte Reflexões sobre o universo como um todo / 123 30. Dificuldades cosmológicas da teoria newtoniana / 125 31. A possibilidade de um universo finito mas sem fronteiras / 128 32. A estrutura do espaço de acordo com a teoria geral da relatividade / 134 APÊNDICE 1. Dedução simples da transformação de Lorentz (Adendo ao capítulo 11) / 139 2. O universo quadridimensional de Minkowski (Adendo ao capítulo 17) / 146 3. Sobre a verificação experimental da teoria da relati vidade geral / 148 4. A estrutura do espaço face à teoria da relatividade geral / 158 5. A relatividade e o problema do espaço / 161 índice remissivo / 187 Sobre o autor / 191 7

1. Conteúdo físico dos teoremas geométricos É bem provável que na escola 1 o caro leitor ou leitora tenha travado conhecimento com o imponente edifício que é a geometria de Euclides e que se lembre, talvez com mais respeito do que afeição, das inúmeras horas gastas sob a tutela de professores conscienciosos na ascensão das altas escadarias desse imponente prédio. Sem dúvida, devido a essa formação, você reagiria com desprezo se ouvisse alguém chamar de falsa a mais ínfima e remota proposição dessa ciência. Mas essa orgulhosa sensação de certeza talvez se esvaísse depressa se alguém lhe perguntasse: E o que você quer dizer ao afirmar que essas proposições são verdadeiras?. Sobre tal questão queremos nos alongar um pouco. A geometria parte de certos conceitos básicos, tais como plano, ponto e reta, com os quais somos capazes de associar ideias mais ou menos claras, e de certas proposições simples (axiomas) que, em virtude dessas mesmas ideias, tendemos a aceitar como verdadeiras. Todas as demais proposições são então provadas, isto é, reduzidas a esses axiomas por meio de um método 1. Na época, o ensino médio (pré-universitário) incluía o estudo aprofundado da geometria euclidiana, muitas vezes tendo por base os próprios Elementos. (N.T.) 13

Primeira Parte lógico cuja validade somos compelidos a reconhecer. Assim, uma proposição é correta, ou verdadeira, quando é derivada dos axiomas por meio desse processo estabelecido. Com isso a questão da verdade das diferentes proposições da geometria se reduz à questão da verdade dos axiomas. Porém, há muito tempo se sabe que a esta última questão é impossível não só responder por meio dos métodos da geometria, mas até mesmo atribuir um sentido. Não se pode perguntar se é verdade que por dois pontos só passa uma reta. Podese apenas afirmar que a geometria euclidiana trata de objetos chamados de retas que gozam da propriedade de ser univocamente determinados por dois quaisquer de seus pontos. A noção de verdade não se aplica aos enunciados da geometria pura, porque verda deiro em última análise significa aquilo que está em concordância com algo real, mas a geometria não se ocupa com a relação entre seus conceitos e os objetos da nossa experiência apenas com as relações lógicas mútuas entre esses conceitos. Mas é fácil explicar por que, apesar disso, sentimos a tendência de dizer que as proposições da geometria são verdadeiras. Aos conceitos geométricos correspondem, de forma mais ou menos exata, certos objetos da natureza, que sem dúvida constituem a única razão pela qual tais conceitos existem. Para dar à sua estrutura o maior nível possível de autonomia lógica, é preferível que a geometria se mantenha afastada dessa correspondência; mas o hábito de, por exemplo, pensar numa distância como sendo dois locais mar cados num 14

A teoria da relatividade especial certo corpo praticamente rígido está profundamente arraigado em nossa maneira de pensar. Temos também o hábito de considerar que três pontos estão em linha reta quando é possível fazê-los coincidir em posição aparente ao serem vistos de um olho só, mediante escolha de um ponto de observação adequado. Suponhamos que, obedecendo à nossa maneira de pensar habitual, acrescentemos às proposições da geometria euclidiana uma única outra: a dois determinados pontos de um corpo praticamente rígido sempre corresponde a mesma distância (segmento de reta), não importando o quanto ele mude de posição. Neste caso as proposições da geometria euclidiana geram proposições sobre as posições relativas possíveis entre corpos praticamente rígidos. 2 Assim complementada, a geometria deve ser tratada como um ramo da física. Agora, sim, faz sentido indagar se uma proposição geométrica, assim interpretada, é verdadeira, pois pode-se perguntar se a proposição se aplica aos objetos reais que associamos aos conceitos geométricos. Assim podemos dizer, com certo grau de imprecisão, que por verdade de uma proposição geométrica nesse sentido entende-se sua validade numa construção com régua e compasso. Nossa convicção quanto à verdade das proposições geométricas nesse sentido repousa, é claro, sobre 2. Com isso associa-se também à linha reta um objeto natural. Três pontos A, B, C de um corpo rígido estão em linha reta quando, dados os pontos A e C, o ponto B é escolhido de forma que a soma das distâncias AB e BC seja a menor possível. Espero que esta indicação, apesar de incompleta, baste neste contexto. 15

Primeira Parte um banco de experiências bastante incompleto. Mas a princípio vamos admitir a verdade das proposições geométricas e apenas mais tarde, ao considerarmos a teoria da relatividade geral, veremos como e a que ponto essa verdade tem seus limites. 16