II Seminário Dos Estudantes De Pós-Graduação Uso e ocupação do solo: um estudo sobre a expansão urbana do município de Santo Antônio do Monte/MG

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Transcrição:

Uso e ocupação do solo: um estudo sobre a expansão urbana do município de Santo Antônio do Monte/MG Guilherme Henrique Rodrigues Rocha 1 ; Paulo Márcio Vieira Wild¹; Jessica Elias Reis 2 ; Moacir Alves Andrino 2 ; Fabiano Gonçalves 1 ; Leonardo Rodrigues 1 ; Bruno Senna Correa 3 (1) Aluno especial da disciplina de Ecologia Aplicada do mestrado em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental, Instituto Federal Minas Gerais - IFMG campus Bambuí. Rod. Bambuí/Medeiros km 5. CEP: 38900-000. Bambuí-MG. (2) Estudante do mestrado em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental, Instituto Federal Minas Gerais - IFMG campus Bambuí. Rod. Bambuí/Medeiros km 5. CEP: 38900-000. Bambuí-MG. (3) Professor Orientador. IFMG campus Bambuí. RESUMO O uso intensivo e impactante da terra é inerente ao processo desenvolvimentista nos países capitalistas em desenvolvimento. O objetivo deste trabalho foi analisar o uso e ocupação do solo na área urbanizada do perímetro urbano de Santo Antônio do Monte/MG, no período entre 2009 a 2016 e o levantamento dos possíveis impactos socioambientais. Este município está localizado na região Centro-Oeste do estado de Minas Gerais, possui área de unidade territorial de 1.125,780 km². Para avaliação e cálculo da área foram coletadas imagens no Google Earth no mês de maio de 2016, sendo considerados os arquivos do programa para as datas de 26/09/2009 e 19/04/2016. A área foi calculada utilizando o software autocad 2007. As análises mostraram que houve um acréscimo de 140.55.86 ha entre os anos de 2009 a 2016, na área urbanizada da cidade, considerando todos os novos loteamentos implantados no período. Entre os maiores problemas detectados desse crescimento elevado destaca-se a impermeabilização do solo que promove a redução da qualidade da água e dificulta a infiltração de água nas áreas de recarga. PALAVRAS-CHAVE: Impactos Ambientais; Crescimento urbano; Gestão urbana. INTRODUÇÃO O processo de urbanização traz profundas modificações no uso do solo, que por sua vez causam marcas permanentes nas respostas hidrológicas das áreas urbanizadas, apresentando os efeitos mais notáveis no aumento do escoamento superficial e na diminuição da infiltração de água (FONTES, 2003). O estudo do processo de expansão urbana deve considerar dois fatores distintos; o crescimento populacional e o modelo de expansão do espaço físico, este último é crucial para determinar possíveis situações de vulnerabilidade socioambiental de forma espacial e temporal (OJIMA, 2007). Alves, et al. (2010), descreve alguns impactos que a expansão urbana pode gerar pelas situações de vulnerabilidade socioambiental, sobretudo aquelas ligadas a degradação ambiental tais como enchentes, deslizamentos de terra, poluição, contato com doenças de veiculação hídrica, etc. Apesar dos riscos socioambientais estarem mais intimamente ligados a expansão urbana em regiões metropolitanas, o estudo e planejamento das pressões que o crescimento populacional e da

própria expansão urbana geram no meio ambiente é considerado um dos principais desafios do século 21 (OJIMA, 2007). No atual modelo de federalismo vivenciado no Brasil, muitas das funções formuladoras de gestão pública no que se referem a diversos serviços, inclusive o parcelamento de solo estão a cargo dos municípios, porém como relatado por Carneiro, et al. (2010) ainda permanecem indefinidas as reais funções e papeis dos municípios principalmente pela falta de legislação e capacidade técnica na esfera municipal. Este trabalho tem como objetivo analisar o uso e ocupação do solo na área urbanizada (loteada) do perímetro urbano de Santo Antônio do Monte, Minas Gerais e levantar os dados sobre a expansão urbana no período entre 2009 a 2016 e analisar os possíveis impactos gerados pela impermeabilização do solo por meio método de coletas de dados de campo e de imagens do Google Earth e do banco de dados cadastrais da Prefeitura de Santo Antônio do Monte. MATERIAL E MÉTODOS O município de Santo Antônio do Monte na região Centro-Oeste do estado de Minas Gerais, possui área de unidade territorial de 1.125,780 km², com densidade demográfica de 23,07 hab/km² (IBGE Cidades, 2016). Para avaliar e calcular a área de expansão loteada do perímetro urbano, foram coletadas imagens do Google Earth durante o mês de maio de 2016, sendo considerados os arquivos do programa para as datas de 26/09/2009 e 19/04/2016, o polígono traçado no Google Earth foi exportado para autocad 2007 e obteve-se sua área total. Nas imagens foram projetados quatro pontos que delimitaram um quadrante que englobasse todo o perímetro da área urbanizada, sendo os pontos nas coordenadas P1: 467546/7780357; P2: 471102/7781264; P3: 468797.93/7775469.86 e P4: 472350.87/7776377.88, perfazendo uma área de perímetro 3.670,98 x 5.047,59 m 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO No período de sete anos entre 2009 e 2016, nove loteamentos foram implantados, sendo dois em áreas de remanescentes vegetais circundados pela área já urbanizada do município até 2009. O mapa de uso e ocupação do solo do município pode ser observado na Figura 1.

Figura 1: Mapa de uso e ocupação do solo no município de Santo Antônio do Monte, MG (Fonte: Fabiano Gonçalves) O crescimento populacional estimado pelo IBGE no período entre 2010 a 2015 foi de 6,84%, passando de 25.975 habitantes em 2010 para 27.752 habitantes em 2015. Neste mesmo período a área urbanizada (loteada) do município cresceu cerca de 25,51%. Nos remanescentes de vegetação e no entorno urbanizados foram registradas duas nascentes, um lago proveniente do represamento de uma nascente, e dois cursos d água (córregos), as áreas de preservação permanente (APP) foram respeitadas sem alteração somente nas nascentes, nos demais houve algum tipo de impacto, como descaraterização da APP. Nestes ambientes, o processo de urbanização causará impactos, como impermeabilização de áreas de recarga de nascentes, redução de matas ciliares entre outros. Tucci (2008), relata que a ocupação de áreas a montante ou em torno desse tipo de local levam a diminuição da qualidade da água por possíveis faltas de tratamento dos efluentes, ainda criando potenciais riscos ao abastecimento de água para a população, visto que ocupam áreas que contribuem com a recarga desses mananciais. Os demais empreendimentos foram implantados no entorno do antigo perímetro, expandindo efetivamente o perímetro da área loteada. A área urbanizada em 2009, correspondia a um total de 550.97.08 ha (quinhentos e cinquenta hectares, noventa e sete ares e oito centiares) considerando todos os bairros, inclusive o industrial. A área urbanizada em 2016, corresponde a um total de 691.52.94 ha (seiscentos e noventa e um hectares, cinquenta e dois ares e noventa e quatro centiares) considerando todos os bairros, inclusive o industrial. A análise do traçado do perímetro

da área urbanizada no município mostra entre os anos de 2009 e 2016 um acréscimo de 140.55.86 ha (cento e quarenta hectares, cinquenta e cinco ares e oitenta e seis centiares) na área urbanizada da cidade, considerando todos os novos loteamentos implantados no período na Figura 2 é mostrado a área no ano de 2016. Figura 2: Perímetro da área loteada no perímetro urbano de Santo Antônio do Monte/MG em 2016, destaque para as área em amarelo que representam os loteamentos implantados no período de 2009 à 2016. Carvalho et al., (2000), citado por Nunes e Roig (2015), afirmam que a impermeabilização do solo através da expansão urbana pode afetar a percolação das águas pluviais e o regime hídrico. Além da dificuldade de infiltração que compromete as nascentes, SILVA e PORTO (2003), relatam que a ocupação desordenada traz esgoto doméstico, lixo e uma carga de poluição de diversos tipos, levando ao comprometimento da qualidade da água e a impossibilidade de uso do manancial, junto com isso vêm o aumento do custo do tratamento, chegando ao risco da inviabilização desse tratamento, pois o consumo desta água é arriscado devido à possível presença de substâncias tóxicas associadas à poluição urbana. A expansão desordenada causa devastação de remanescentes de vegetação, gerando impactos na fauna e flora locais, causando prejuízos também nos organismos aquáticos, é necessário que se estabeleça uma legislação mais específica com relação aos níveis máximos de poluentes presentes na água, que ocorra uma fiscalização mais efetiva e medidas mitigadoras realmente eficientes, além de estimular o crescimento da consciência ambiental de empresários e do mercado consumidor (GOULART e CALLISTO, 2003).

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados levantados sobre a expansão urbana no município de Santo Antônio do Monte demonstram um claro crescimento acentuado da área urbanizada no período avaliado. O processo de expansão sem respeitar aspectos ambientais, tais como áreas de preservação permanente e encostas pode gerar alterações importantes no regime hídrico, principalmente pela impermeabilização do solo, além de outros impactos à longo prazo. O crescimento urbano é um processo inerente ao desenvolvimento social e econômico de um município. Entretanto, no Brasil, existe uma clara fragilidade das políticas públicas municipais frente à legislação ambiental estadual e federal. A isso se soma uma gestão ambiental municipal defasada, atrasada e mal planejada que permite a implementação de ações danosas ao meio ambiente. De acordo com os resultados iniciais, faz-se necessário a continuidade dos estudos a fim de avaliar os impactos gerados à longo prazo, podendo assim propor medidas de mitigação e manutenção dos aspectos ambientais naturais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, H.P. da F.; ALVES, C. D.; PEREIRA, M.N. e MONTEIRO, A.M.V. Dinâmicas de urbanização na hiperperiferia da metrópole de São Paulo: análise dos processos de expansão urbana e das situações de vulnerabilidade socioambiental em escala intraurbana. R. Bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 141-159. 2010 CARNEIRO, P. R. F.; CARDOSO, A. L. ZAMPRONIO, G. B. e MARTINGIL, M. de C. A Gestão Integrada de Recursos Hídricos e do Uso do Solo em bacias urbano-metropolitanas: o controle de inundações na bacia dos rios Iguaçu/Sarapuí, na Baixada Fluminense. Ambiente & Sociedade, Campinas v. 13, n. 1, p. 29-49. 2010 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE Cidades. Disponível em http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=316040&search=minasgeraissanto-antoniodo-monte. Acesso em 10 de maio de 2016 NUNES, J. F. e ROIG, H. L. Análise e mapeamento do uso e ocupação do solo da Bacia do Alto do Descoberto, DF/GO, por meio de classificação automática baseada em regras e lógica nebulosa. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.39, n.1, p.25-36. 2015 OJIMA, R. Dimensões da urbanização dispersa e proposta metodológica para estudos comparativos: uma abordagem socioespacial em aglomerações urbanas brasileiras. R. Bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 2, p. 277-300. 2007 TUCCI, C. E. M. Inundações Urbanas. 2008. disponível em: http://4ccr.pgr.mpf.mp.br/ccr4/institucional/grupos-de-trabalho/encerrados/residuos/documentosdiversos/outros_documentos_tecnicos/curso-gestao-do-terrimorio-e-manejo-integrado-das-aguasurbanas/drenagem1.pdf. Acesso em 17 de junho de 2016 FONTES, A.R.M. Diagnóstico e Prognóstico da Ocupação e da Impermeabilização Urbanas. RBRH - Revista Brasileira de Recursos Hídricos. Volume 8 n.2 Abr/Jun 2003, 137 147. SILVA, R. T; PORTO, M. F. do A. Gestão urbana e gestão das águas: caminhos da integração. ESTUDOS AVANÇADOS 17 (47), 2003. GOULART, M. D. C; CALLISTO, M. Bioindicadores de qualidade de água como ferramenta em estudos de impacto ambiental. Revista da FAPAM, ano 2, n o 1. 2003.