UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MORFOMÉTRICA COMO INSTRUMENTO PARA AVALIAR A VULNERABILIDADE AMBIENTAL EM SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA/MG

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1 UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE MORFOMÉTRICA COMO INSTRUMENTO PARA AVALIAR A VULNERABILIDADE AMBIENTAL EM SUB-BACIAS HIDROGRÁFICAS NO MUNICÍPIO DE RIO POMBA/MG Pedro José de Oliveira MACHADO (Professor da UFJF; Juiz de Fora/MG; pjomachado@gmail.com); Ricardo Tavares ZAIDAN (Professor da UFJF; Juiz de Fora/MG; rtzaidan@oi.com.br); Judson Lima BERNARDINO (Acadêmico da UFJF; Juiz de Fora/MG; judsongeo@gmail.com); Sandro Vieira TEOFILO (Acadêmico da UFJF; Juiz de Fora/MG; sandrovieira895@gmail.com); 1) Introdução De maneira geral, pode-se afirmar que a maior parte dos problemas relacionados aos recursos hídricos, tem como causas principais a sua má utilização e, sobretudo, a falta de planejamento. DREW (1986:87) analisa esta relação, salientando o exemplo dado pelas chamadas civilizações hidráulicas, do antigo Egito, da China, da Índia e da Mesopotâmia, enfatizando que sua ascensão e subseqüente queda estão intimamente relacionadas ao uso e abuso da água. A utilização indevida dos recursos hídricos, aliada à falta de planejamento e gestão adequada dos usos e modelos de ocupação do solo tem trazido, em geral, graves problemas econômicos e ambientais. Sendo a água de um manancial o resultado da drenagem de sua bacia hidrográfica, sua qualidade e, portanto, suas características físicas, químicas, biológicas e ecológicas, encontram-se sempre na dependência direta das ações (usos e modelos de ocupação) que se realizam no solo dessa bacia, bem como do grau de controle que se tem (ou não se tem) sobre essas fontes. É importante destacar o conceito de Bacia Hidrográfica, visto que ela tem sido adotada internacionalmente como unidade físico-territorial básica para estudos, planejamento e gestão dos recursos naturais. A Geografia, especialmente a Geografia Física, está familiarizada com a bacia hidrográfica como unidade espacial desde o final da década de 1960, quando Chorley (1969) escreve seu célebre artigo sobre a bacia como unidade geomórfica fundamental (...) (BOTELHO & SILVA, 2004:156/157). O estudo detalhado de uma bacia hidrográfica quer seja de suas características físicas, de seus modelos de uso e ocupação do solo ou de suas características sociais e econômicas é fundamental para que se proceda à utilização e ao manejo adequado dos recursos dessa bacia, especialmente os hídricos.

2 Os processos erosivos e as inundações, por exemplo, são fenômenos naturais que podem ser significativamente alterados - geralmente intensificados de forma negativa - pela ação humana, o que os torna veículos causadores de grandes prejuízos humanos e econômicos à sociedade. A Erosão, intensificada pelo mau uso do solo e/ou pela ausência de práticas conservacionistas pode acarretar desde a substancial perda de solo agricultável aos efeitos negativos do processo de assoreamento dos corpos d água. A inundação, fenômeno de natureza hidro-meteorológica que causa grandes prejuízos humanos e econômicos, tem sido intensificada pelas alterações ambientais e intervenções urbanas produzidas pelo Homem, como a impermeabilização do solo, retificação dos cursos d água e redução no escoamento dos canais devido a obras ou por assoreamento (IPT, 2006:77). A Análise Morfométrica abrange um grande número de parâmetros que permitem melhor caracterizar o ambiente de uma bacia, sua pré-disposição à ocorrência de alguns eventos e sua incompatibilidade com certas atividades humanas e/ou com alguns modelos de uso e ocupação do solo. Muitos desses parâmetros têm sido utilizados como indicadores da deterioração ambiental ao qual determinada bacia está exposta e assim, seu estudo permite melhor avaliar sua susceptibilidade à ocorrência de processos erosivos e às inundações, por exemplo. Essa Vulnerabilidade Ambiental pode ser compreendida como o risco de degradação do ambiente natural, relacionada à erosão do solo, perda de biodiversidade, assoreamento, contaminação do recurso solo-água, etc. (COSTA et al, 2007:2493). Levantar parâmetros morfométricos de várias bacias hidrográficas de uma mesma região permite identificar aquelas que apresentam maior Vulnerabilidade Ambiental, ou seja, aquelas que são mais susceptíveis à ocorrência de processos relativos à Erosão do solo e à Inundações, por exemplo, o que permite orientar o uso mais racional e menos impactante a ser desenvolvido em tais bacias. O presente trabalho, que envolveu a participação de dois acadêmicos do Curso de Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ligados ao Programa PROVOQUE de incentivo à pesquisa, objetivou exatamente avaliar a Vulnerabilidade Ambiental de 5 pequenas bacias hidrográficas (sub-bacias) localizadas no município de Rio Pomba/MG, todas pertencentes à Bacia Hidrográfica do Rio Pomba, através da utilização de alguns parâmetros da Análise Morfométrica.

3 2) Metodologia O objetivo principal desse estudo foi realizar a Análise Morfométrica de 5 pequenas sub-bacias, levantando vários parâmetros. A partir das informações desses parâmetros tornouse possível comparar tais sub-bacias e definir, segundo esses mesmos parâmetros, o grau de Vulnerabilidade Ambiental das mesmas (e entre elas), hierarquizando-as quanto à susceptibilidade da ocorrência de fenômenos ligados a Inundações e Processo Erosivos. Com base na Carta Rio Pomba, do IBGE, na escala 1/ procedemos à delimitação das 5 Sub-bacias previamente definidas (Mapa 1). Todas elas se localizam no município de Rio Pomba/MG e fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio Pomba, um dos principais afluentes mineiros da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. Posteriormente foram realizados os estudos morfométricos de cada Sub-bacia, levantando-se os seguintes parâmetros: Padrão de Drenagem, Área e Perímetro; Hierarquia Fluvial; Densidade de Drenagem (Dd); Coeficiente de Manutenção (Cm); Índice de Circularidade (Ic); Fator de Forma (Kf); Coeficiente de Compacidade (kc); Declividade Média (Dm); Coeficiente de Rugosidade (RN); Gradiente do rio principal (G). A metodologia empregada para determinar os citados parâmetros morfométricos seguiu especialmente, dentre outros, os procedimentos apresentados por CHRISTOFOLETTI (1980) e VILLELA & MATTOS (1975). De posse desses levantamentos foi possível comparar as informações morfométricas entre as 5 Sub-bacias e definir, segundo esses mesmos parâmetros, o seu grau de Vulnerabilidade Ambiental, o que poderá se converter em um importante instrumento para definir futuras ocupações e usos do solo mais apropriados e menos impactantes a serem desenvolvidos na área dessas Sub-bacias. A cada parâmetro morfométrico foi atribuído, para cada sub-bacia, um valor, variável de 1 a 5, segundo sua maior (valor 5) ou menor (valor 1) vulnerabilidade à ocorrência de inundações e/ou processos erosivos, conforme apresentado a seguir. O somatório dos valores de todas as variáveis aponta uma hierarquização das sub-bacias quanto à suscetibilidade de ocorrência de tais eventos.

4 3) Resultados e Discussões Os quadros a seguir trazem uma síntese dos resultados do Índice de Vulnerabilidade Ambiental das 5 sub-bacias avaliadas, mostrando aquelas mais susceptíveis à ocorrência de eventos ligados à inundação e processos erosivos. Nota-se que a Sub-bacia do Córrego Santa Maria é, em função dos parâmetros avaliados, a mais vulnerável à ocorrência de inundações, enquanto a bacia do Córrego do Vogado é a que apresenta a maior probabilidade de ocorrências de processos erosivos.

5 Quadro 1A IVA (Inundações) Sub-bacias Dd Ic Kf Kc Σ Vogado Boa Vista Independência Santa Isabel Santa Maria Quadro 1B IVA (Processos Erosivos) Sub-bacias Dm RN Σ Vogado Boa Vista Independência Santa Isabel Santa Maria ) Conclusões e Considerações Finais Obviamente torna-se necessário o estudo de outros vários parâmetros para melhor compreender a ocorrência de inundações e processos erosivos, sobretudo aqueles ligados à ação da sociedade, usos do solo, modelos de ocupação, cobertura vegetal e outros que aqui não foram considerados. Contudo, os parâmetros morfométricos avaliados podem subsidiar decisões sobre futuros usos e modelos de ocupação nas áreas dessas sub-bacias, de modo a minimizar os impactos negativos e contribuir para a utilização mais racional dessas áreas. 5) Referências Bibliográficas BOTELHO, Rosângela G. M. & SILVA, A. S. Bacia Hidrográfica e Qualidade Ambiental. In: VITTE, A. C. & GUERRA, A. J. T. (Orgs.). Reflexões sobre a Geografia Física no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. São Paulo: Edgard Blucher, COSTA, T. C. e C. et al. Vulnerabilidade ambiental em sub-bacias hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro por meio de integração temática da perda de solo (USLE), variáveis morfométricas e o uso/cobertura da terra. In: Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, abril/2007, INPE, p DREW, D. Processos Interativos Homem-Meio Ambiente. São Paulo: Difel, IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Curso de Capacitação em mapeamento e gerenciamento de risco. Brasília: Ministério das Cidades, VILLELA, S. M. & MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. São Paulo: McGraw-Hill, 1975.