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O Grupo AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social e, através da cultura e da arte, desperta potencialidades artísticas que elevam a autoestima de jovens das camadas populares. Tem por missão promover a inclusão e a justiça social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira e a educação como ferramentas para a criação de pontes que unam as diferenças e sirvam como alicerces para a sustentabilidade e o exercício da cidadania. O InfoReggae é uma publicação semanal e faz parte dos conteúdos desenvolvidos pela Editora AfroReggae. Sede Rio de Janeiro Rua da Lapa, nº 180 Centro Rio de Janeiro (RJ) +55 21 3095.7200 InfoReggae - Edição 61 IDHM - Brasil 04 de Dezembro de 2014 Coordenador Executivo José Júnior Coordenador Geral Adjunto Danilo Costa Gerência de Informação e Monitoramento Thales Santos Assistentes de Pesquisa Nataniel Souza Juliana Paula Mattos Coordenação Editorial Marcelo Reis Garcia Representação São Paulo Rua João Brícola, nº 24 18º andar Centro São Paulo (SP) +55 11 3249.1168 Contatos www.afroreggae.org facebook.com/afroreggaeoficial twitter.com/afroreggae inforeggae@afroreggae.org É permitida a reprodução dos conteúdos desta publicação desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. Patrocínio Institucional Parceria Apoio
Apresentação Esta edição do InfoReggae apresenta e media as informações divulgadas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM), com dados de 2010. Vamos fazer uma comparação proposta pelo próprio PNUD entre 2000 e 2010 levando em conta os 27 melhores municípios resultados e os 27 piores. Nossa equipe avaliou os dados e não focou apenas no ranking, mas nas "pistas" que devem ser entendidas para que a Política Social brasileira seja sustentável. Não temos qualquer dúvida de que a melhora em educação é muito lenta e indica que o Desenvolvimento Humano no Brasil vivência uma inércia justamente por causa dos sérios problemas que a educação no Brasil não consegue superar. O InfoReggae, desde 2013, vem trabalhando e propondo ações para fortalecer a educação, mas observamos por meio desta edição que temos um enorme atraso em relação a uma Agenda Progressiva e Progressista no campo educacional. O IDH dos municípios poderia ser melhor, mas não é, pois a educação segue frágil. Os dados que vamos observar e avaliar mostram que temos hiatos de desenvolvimento que precisam ser enfrentados com coragem e urgência social. 01
O que é o IDHM? Em 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento criou o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano que resume, em um único indicador 3 das dimensões mais importantes do desenvolvimento humano: a oportunidade de ter uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e um padrão de vida digno. O diferencial do IDH é o fato de se considerar, além da renda, as condições de vida como saúde e educação. O Ipea, articulado com o PNUD Brasil e a Fundação João Pinheiro adaptaram a metodologia do IDH Global pra calcular o indicador de todos os municípios brasileiros, a partir dos três últimos Censo Demográficos realizados pelo IBGE: 1991, 2000 e 2010. Mutirão - Projeto do AfroReggae que vai de casa em casa conhecendo a condição de vida dos moradores. 02
Conhecendo o IDHM no Brasil Foram avaliados todos os 5.565 municípios brasileiros, a partir da metodologia do IDHM. Os resultados, assim como outras informações específicas de cada estado são publicados no Altas Brasil ( www.atlasbrasil.org.br ). TABELA 1 - MUNICÍPIOS COM MAIORES IDHM UF MUNICÍPIO IDHM SP SÃO CAETANO DO SUL 0,862 SP ÁGUAS DE SÃO PEDRO 0,854 SC FLORIANÓPOLIS 0,847 ES VITÓRIA 0,845 SC BALNEÁRIO CAMBORIÚ 0,845 SP SANTOS 0,840 RJ NITERÓI 0,837 SC JOAÇABA 0,827 DF BRASÍLIA 0,824 PR CURITIBA 0,823 SP JUNDIAÍ 0,822 SP VALINHOS 0,819 SP VINHEDO 0,817 SP ARARAQUARA 0,815 SP SANTO ANDRÉ 0,815 SP SANTANA DE PARNAÍBA 0,814 MG NOVA LIMA 0,813 SP ILHA SOLTEIRA 0,812 SP AMERICANA 0,811 MG BELO HORIZONTE 0,810 SC JOINVILLE 0,809 SC SÃO JOSÉ 0,809 PR MARINGÁ 0,808 SP SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 0,807 SP PRESIDENTE PRUDENTE 0,806 SC BLUMENAU 0,806 SC RIO FORTUNA 0,806 TABELA 2 - MUNICÍPIOS COM MENORES IDHM UF MUNICÍPIO IDHM MA SATUBINHA 0,493 AL OLIVENÇA 0,493 AM SANTO ANTÔNIO DO IÇÁ 0,490 MA JENIPAPO DOS VIEIRAS 0,490 PA AFUÁ 0,489 PA IPIXUNA DO PARÁ 0,489 PI BETÂNIA DO PIAUÍ 0,489 PI CAXINGÓ 0,488 PE MANARI 0,487 BA ITAPICURU 0,486 PI SÃO FRANCISCO DE ASSIS DO PIAUÍ 0,485 RR AMAJARI 0,484 PA ANAJÁS 0,484 AL INHAPI 0,484 PA PORTEL 0,483 AM IPIXUNA 0,481 AM SANTA ISABEL DO RIO NEGRO 0,479 AM ITAMARATI 0,477 PA CACHOEIRA DO PIRIÁ 0,473 PA BAGRE 0,471 AC JORDÃO 0,469 RR UIRAMUTÃ 0,453 PA CHAVES 0,453 MA MARAJÁ DO SENA 0,452 AM ATALAIA DO NORTE 0,450 MA FERNANDO FALCÃO 0,443 PA MELGAÇO 0,418 MA SATUBINHA 0,493 As Tabelas 1 e 2 nos apresentam os municípios de maior IDHM e os municípios com os piores IDHM. O que nos chama mais atenção é o fato de que entre os 27 03
municípios melhor avaliados, os estados das regiões norte, nordeste e centro oeste não estão representados, ao passo que entre os 27 piores, todos são das regiões norte e nordeste. Os dados nos mostram e indicam a grande desigualdade existente entre as regiões brasileiras. Quando se compara a distância entre o pior e melhor IDH em 2000 e 2010, observa-se uma queda, entretanto ainda é alarmante o fato de que entre as regiões. O sudeste e sul se destacam de forma positiva mas as outras regiões ainda sofrem com a mortalidade infantil, a baixa escolaridade e a baixa renda. Ainda vale a pena destacar que mesmo dentro dos município de maior IDHM, encontra-se bairros com condições extremamente precárias, destacando assim a desigualdade também dentro do município. Gráfico 1: Municípios por nível do IDHM 33,9 40,1 24,6 0,8 0,6 Muito alto Alto Médio Baixo Muito Baixo Fonte: Atlas Brasil, 2014. As regiões Norte e Nordeste do país não apresentam nenhum estado com um nível muito alto de IDHM. Por outro lado, as regiões são as únicas que apresentam índices muito baixos. Esse fato mostra, mais uma vez, que apesar de melhor a entre os dados de 2000 e 2010, o país ainda enfrenta uma dura desigualdade regional. Já as regiões sudeste e sul representam 97,7% dos índices muito alto. Além disso, dos 1.889 municípios que têm um alto índice de IDHM, as duas regiões somam 86,8%. 04
São Paulo Distrito Federal Curitiba Belo Horizonte Grande Vitória Rio de Janeiro Goiânia Cuiaba Porto Alegre São Luís Salvador Recife Natal Belém Manaus 0,714 0,794 0,68 0,792 0,698 0,783 0,682 0,774 0,678 0,772 0,686 0,771 0,667 0,769 0,668 0,767 0,685 0,762 0,642 0,755 0,636 0,743 0,627 0,734 0,625 0,733 0,621 0,729 0,585 0,72 Gráfico 2: IDHM das 16 Regiões Metropolitanas do Brasil 2000 2010 Fonte: Atlas Brasil, 2014. Enquanto em 2000 São Paulo era a única Região Metropolitana com IDHM considerado alto, em 2010 todos os 16 estados tiveram índice acima de 0,7, nota alta segundo o Ipea. A renda também teve um bom crescimento neste período. As grandes regiões que mais avançaram foram as que estavam nas últimas colocações no ranking. Houve uma redução na diferença entre o melhor e o pior colocado no ranking do IDHM das regiões metropolitanas entre os anos de 2000 e 2010. São Paulo e Manaus que permaneceram em primeiro e último colocado, respectivamente, reduziram a diferença que de 0,129 para 0,074. 05
Gráfico 3: IDH - Estados do Brasil 2000 2010 Alagoas Maranhão Piauí Pará Paraíba Bahia Acre Sergipe Pernambuco Amazonas Ceará Rio Grande do Norte Rondônia Tocantins Roraima Amapá Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Goiás Espírito Santo Rio Grande do Sul Paraná Rio de Janeiro Santa Catarina São Paulo 0,471 0,476 0,484 0,518 0,506 0,512 0,517 0,518 0,515 0,544 0,541 0,552 0,537 0,525 0,598 0,577 0,601 0,631 0,639 0,646 0,646 0,613 0,624 0,615 0,64 0,658 0,66 0,663 0,665 0,65 0,673 0,674 0,682 0,684 0,69 0,664 0,664 0,674 0,699 0,707 0,708 0,702 0,725 0,729 0,731 0,735 0,74 0,746 0,749 0,761 0,774 0,783 Fonte: Atlas Brasil, 2014. A desigualdade entre as regiões brasileiras está diminuindo, e está queda se deu pelo fato de que as regiões com menores IDHM evoluíram mais rapidamente. As regiões norte e nordeste do país ainda são as que têm a menor qualidade de vida no país. As Regiões metropolitanas com o melhor IDHM estão no Sul e Sudeste. Na comparação entre todos os estados brasileiros, todos os 9 estados que compõem a região nordeste estão entre as últimas posições, ou seja, todo o nordeste tem o IDHM abaixo das demais regiões do Brasil. Entre os 20 municípios brasileiros com os melhores IDHM, 12 deles são do estado de São Paulo. 06
Acre Alagoas Amapá Amazonas Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Paraíba Paraná Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Rondônia Roraima Santa Catarina São Paulo Sergipe Tocantins 0,9 1 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Gráfico 5: IDH - Longevidade segundo a Unidade de Federação 2000 2010 Fonte: Atlas Brasil, 2014. Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, o IDHM Longevidade é medido pela expectativa de vida ao nascer, calculada por método indireto a partir dos dados dos Censos Demográficos do IBGE. Esse indicador mostra o número médio de anos que as pessoas viveriam a partir do nascimento, mantidos os mesmos padrões de mortalidade observados no ano de referência. Os estados brasileiros que estavam nas últimas posições do IDHM Longevidade em 2000 foram os que mais evoluíram neste índice. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Espírito Santo e São Paulo foram os 5 estados que menos cresceram neste quesito. O IDHM Longevidade é o índice que tem a menor diferença observada entre o primeiro e o último estado no ranking. A diferença entre o Distrito Federal, cuja expectativa de vida é de 69 anos, o primeiro colocado, e o último Alagoas, com expectativa de vida de 60 anos, uma diferença de quase 10 anos. 07
O IDHM Educação é calculado a partir de dois indicadores: Escolaridade da população adulta e o fluxo escolar da população jovem. O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil calcula a escolaridade dos adultos pelo percentual da população de 18 anos ou mais de idade com o ensino fundamental completo. Já a escolaridade da população jovem é calculada pela frequência escolar de crianças e jovens sem distorção idade série. A Educação foi o principal índice que ajudou a alavancar o IDHM nas Regiões Metropolitanas no Brasil. A grande surpresa neste quesito ficou por conta da cidade de São Luis (MA), que conseguiu o primeiro lugar entre as grandes metrópoles brasileiras. O Atlas considera um índice alto quando ele está entre 0,700 e 0,799, sendo assim, São Luis, São Paulo, Distrito Federal, Curitiba e Cuiabá são as Regiões Metropolitanas que tem um nível alto de educação. Já entre os estados, apenas São Paulo e Distrito Federal estão nesta situação. 08
Acre Alagoas Amapá Amazonas Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Paraíba Paraná Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Rondônia Roraima Santa Catarina São Paulo Sergipe Tocantins 1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Gráfico 4: IDHM - Renda segundo a Unidade de Federação 2000 2010 Fonte: PNUD, Ipea e FJP, 2014. O Atlas do Desenvolvimento considera o IDHM Renda como o rendimentos per capita da população, ou seja, a renda média mensal dos indivíduos residentes em determinado lugar (município, UF, região metropolitana ou UDH), expressa em reais de 1º de agosto de 2010. O IDHM Renda é o índice onde existe a maior diferença entre o primeiro colocado no ranking e o último colocado. Além de ser o único índice em que o estado de Alagoas não se aparece na última colocação, perdendo o posto para o Maranhão. Apesar da melhora, a renda foi o índice que menos teve avanço nestes 10 anos observados. Os estados que tiveram os maiores crescimentos foram os que estavam nas últimas colocações do ranking. Tocantins, com crescimento de 0,085 e Maranhão, com 0,081, foram os estados que mais cresceram, ao passo que São Paulo e Rio de Janeiro, com 0,033 e 0,037 respectivamente, pouco avançaram. 09
Um Debate a Ser Feito De 2000 a 2010 os municípios Brasileiros viveram uma melhora progressiva no IDHM. A Melhora em Renda deve ser, no entanto, entendida sobre 3 articulações: 1- Aumento Real do Salários Mínimo. 2- Expansão do BPC - Benefício da Prestação Continuada para idosos com mais de 65 anos (em 2000 a idade era 67 anos). 3- Consolidação e universalização dos programas de transferência de renda. O que não podemos, em hipótese alguma, é deixar de debater até que ponto esta melhoria em renda é sustentável. Em grande parte a renda do Brasileiro está sendo transferida e não conquistada pelo processo de trabalho. E ai surge mais um problema para ser entendido e debatido: A baixa escolaridade de jovens e adultos não permite que consigam empregos reais e continuados, levando que sejam públicos cativos de programas de transferência de renda. O que o IDHM 2010 explica e deve nos preocupar na formulação de estratégias são as frágeis políticas educacionais no Brasil e a total ausência de trabalho para quem não teve e não tem acesso a uma Política de Educação que se preocupe, de fato, com o futuro e com o desenvolvimento do Brasil. A situação que mais nos preocupou foi à distância do IDHM Educação. Existe um descompasso entre as médias que são muito graves e que não podemos olhar apenas acreditando que em 2020 vai estar melhor, pois não vai. Em muitas cidades o IDHM Educação é a metade ou ainda menor do que o IDHM. Não há saída para o desenvolvimento do Brasil que não seja uma reação nacional em relação à tragédia que vive a política de educação no país. Reagir e Agir são as únicas palavras possíveis neste momento. A Palavra Vergonha pode ser acoplada nas leituras dos dados sobre educação, pois ela, de fato, pode provocar um processo de mudança no comportamento da Agenda Pública de Mudanças Sociais que o Brasil precisa. 10
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