TÍTULO: ESTABELECENDO UM PERFIL INVESTIDOR PARA ANÁLISE TÉCNICA E FUNDAMENTALISTA: UMA ABORDAGEM ORIENTATIVA. CATEGORIA: CONCLUÍDO



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Anais do Conic-Semesp. Volume 1, 2013 - Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN 2357-8904 TÍTULO: ESTABELECENDO UM PERFIL INVESTIDOR PARA ANÁLISE TÉCNICA E FUNDAMENTALISTA: UMA ABORDAGEM ORIENTATIVA. CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS SUBÁREA: ADMINISTRAÇÃO INSTITUIÇÃO: FACULDADE ANHANGUERA DE RIO CLARO AUTOR(ES): DÉBORA MONTEIRO DA SILVA AVELINO ORIENTADOR(ES): AMALIO COELHO BRIENZA, WALTER CÉSAR CAMURI

ESTABELECENDO UM PERFIL INVESTIDOR PARA ANÁLISE TÉCNICA E FUNDAMENTALISTA: Uma abordagem orientativa. 1. RESUMO O atual cenário econômico brasileiro permitiu a população, buscar formas de rentabilizar suas economias, e a renda variável destaca-se neste sentido pela possibilidade de maiores retornos financeiros. Sendo a aplicação em ações, uma das formas de se investir em renda variável, a apropriação de uma das análises de investimentos; técnica ou fundamentalista, de acordo com o perfil investidor; conservador, moderado e arrojado, podem convergir em uma eficaz combinação que auxilia as tomadas de decisões no mercado de capitais. Desta forma, entende-se a necessidade de identificar os aspectos que norteiam tais análises, correlacionandoas com um perfil investidor, possibilitando assim, melhor aplicação e utilização das práticas das escolas de análises. 2. INTRODUÇÃO Na atual conjuntura econômica do Brasil, medidas promovidas pelo governo, como, por exemplo, estímulos para o aumento do consumo e geração de emprego aliados a uma taxa de juros a fim de mitigar a inflação, direcionam investidores a buscarem cada vez mais investimentos que proporcionem maior retorno financeiro, mesmo que tais investimentos estejam condicionados a riscos proporcionalmente iguais, como a renda variável. Diante da busca pela ponderação entre risco e rentabilidade do investidor pessoa física, A ANBIMA com o código ANBID de Regulação e Melhores Práticas para Fundos de Investimentos, dispõe, em seu capítulo XII, sobre o dever das instituições participantes verificarem a adequação dos investimentos recomendados aos investidores. (BANDINELLI, 2010, p.19). Sendo assim, convencionou-se identificar o perfil do investidor a fim de indicar os mais adequados investimentos que atendam suas necessidades. Esta identificação ocorre através da determinação do nível de risco que este investidor estará disposto a assumir. Desta forma, os analistas das corretoras de valores puderam estruturar carteiras elencando-as com o perfil do investidor. Contudo após a popularização da bolsa de valores e difusão do conceito do home broker, ferramenta de acesso aos mercados, que foi implementada no Brasil no final de 1.999, muitos investidores passaram a operar na bolsa por conta própria,

o que conforme KOBORI (2011) aumentou a busca por técnicas de análises capazes de auxiliar os investidores no mercado de capitais. Isso fez com que o uso demasiado das escolas de análises, tanto fundamentalistas quanto tecnicistas elevasse consideravelmente. Desta forma, os interesses se voltam para outra vertente, que consiste na determinação do tipo de análise de investimentos que melhor atenda ao perfil investidor. 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Correlacionar os perfis investidores existentes às diferentes escolas de análises; tecnicista e fundamentalista. 3.2 Objetivos Específicos Identificar os conceitos e aspectos relevantes que caracterizam e distinguem as diferentes análises de investimentos abordadas, de modo que possam convergir em um dos diferentes perfis investidores; conservador, moderado e arrojado, a fim de direcionar investidores às escolas de investimentos que mais adequem ao seu perfil. 4. METODOLOGIA Abordando os aspectos da conjuntura atual, apresentaremos os principais fatores que influem no crescimento da cadeia de investidores no mercado acionário, e que o torna exequível, enfatizando então, a importância da determinação de um perfil investidor para cada escola de investimentos. Em seguida, para estabelecermos uma relação entre os perfis investidores e as divergentes análises de investimentos, é necessário que compreendamos as diferentes categorias de perfil investidor baseado no nível de propensão ao risco. Os conceitos das escolas de análises, suas características peculiares e suas principais ferramentas, também serão apresentadas para permitir a assimilação dos aspectos das escolas de análise com os diferentes perfis de investidores para cada escola de análise. 5. DESENVOLVIMENTO 5.1Aspectos Conjunturais No cenário atual, mesmo com a inflação elevada pressionada por algumas variáveis econômicas, como o aumento do acesso ao consumo das classes menos abastadas, a ampliação do emprego e massa salarial, percebe-se que a política

econômica brasileira tramita sobre a vertente expansionista, na qual figuram uma série de medidas econômicas que visam estimular o crescimento do país. No que se refere a políticas expansionistas, o governo tem conferido medidas com o intuito de subsidiar o desenvolvimento e acelerar a economia, como a concessão de incentivos fiscais, programas de aceleração do crescimento (PAC), concessões de estradas, ferrovias, aeroportos e de portos, além dos investimentos massivos aplicados na Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016. Tais medidas favorecem o desenvolvimento e a redução do índice de desemprego, onde o Brasil, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no final de 2012 registrou seu menor índice nos últimos nove anos. Especificamente, a política monetária brasileira também tem se projetado expansionista em decorrência da taxa básica de juros, contudo o Banco Central (BACEN), agente regulador da política monetária brasileira, tem elevado-a gradativamente para assegurar as metas de inflação. Ainda assim, a atratividade dos investimentos de renda fixa atrelados à Selic, como Certificados de Depósitos Bancários (CDB s) ou mesmo fundos de renda fixa, se torna limitada devido à incidência de imposto de renda e taxas administrativas, fazendo com que os investidores migrem para o mercado de renda variável. 5.2 Evolução da Cadeia de investidores Diante da conjuntura econômica e expectativa inflacionária, surge como estratégia a aplicação no mercado de renda variável, onde investidores que aplicam suas economias em poupança ou em fundos de renda fixa podem ser atraídos para o mercado acionário a fim de potencializar seus investimentos. Ainda, conforme o Jornal Folha do Estado de São Paulo (2013), dentro de três anos a educação financeira será implementada no ensino básico. Possivelmente tais estímulos do governo farão com que se crie uma nova mentalidade com relação a investimentos, favorecendo ainda mais a participação de pessoas físicas no mercado acionário. De acordo com dados históricos captados pela Bolsa de Valores e Mercadorias Futuras (BM&FBovespa), a participação de pessoas físicas no mercado acionário, registrou um aumento considerável, cerca de 637% nos últimos onze anos, podendo ser observado no gráfico 1. Atribui-se a este fato, provavelmente, a

popularização do home broker aliado ao programa de difusão da bolsa de valores, o Bovespa Vai Até Você, que desmistificou a bolsa ampliando a expectativa do Bacen quanto ao número de investidores futuros no mercado. Gráfico 1: Evolução participação pessoa física na Bolsa Fonte: Elaborado a partir de dados estatísticos de mercado da BM&FBovespa, 2013. Esta crescente classe de investidores busca por investimentos que projetem retornos favoráveis, e isso faz com que optem pela utilização massiva de mecanismos, que tornem seus investimentos rentáveis. ABE (2009) afirma que o investidor precisa ter um método de análise de investimentos que possibilite a seleção dos ativos mais adequados para investir. E para isso apostam em estratégias de análises, sejam elas técnicas ou fundamentalistas. 5.3 Perfil Investidor A identificação e adequação do perfil investidor se dá pela construção de uma ferramenta avaliativa denominada API (avaliação de perfil investidor). A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) define três classificações compulsórias que devem ser estabelecidas dentro da ferramenta API como, nível de conhecimento em investimentos; objetivo do investimento e situação financeira do investidor, aplicada em forma de questionário, caracterizando o perfil do investidor que pode ser conservador, moderado ou arrojado. BANDINELLI (2010, apud LIMA, GALARDI e NEUBAUER 2006) definem três categorias e principais características do investidor, baseadas no grau de aversão ao risco; o conservador é avesso ao risco e privilegia a segurança; o moderado tolera certo volume de risco procura um equilíbrio entre segurança e rentabilidade e o arrojado aceita grande quantidade de risco para obter maior rentabilidade. 5.4 Análise Fundamentalista Concebida por Benjamin Graham em 1949, a análise fundamentalista é um método que se baseia em três fatores como determinante: análise da empresa ou

ativo; indústria ou mercado na qual está inserido; e finalmente, os indicadores econômicos no geral (Chaves, 2004, p. 11). Sob a ótica contábil, a análise fundamentalista se apoia na análise dos demonstrativos contábeis, tal qual, o Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), visando exprimir a situação econômico-financeira atual da empresa. Segundo TALATI (2002), essas análises geralmente são feitas sob intermináveis dados econômicos, dando vazão a uma análise extremamente quantitativa, cujo objetivo principal é determinar o valor intrínseco de um ativo, ou seja, seu valor justo. A situação financeira de uma empresa evidenciada a partir da análise quantitativa das informações contidas nos demonstrativos financeiros pode ser verificada através de alguns indicadores como Liquidez, Endividamento, Rentabilidade e Mercado. O Índice de liquidez Corrente (ILC) é a relação entre o ativo circulante e o passivo circulante, que determina quantos reais a empresa possui em disponibilidade de curto prazo, para cobrir cada real em dívidas de mesmo prazo. O Endividamento Geral (LC) indica a relação entre o capital de terceiros e o patrimônio líquido e evidencia quanto a empresa possui captado junto a terceiros em relação a seu capital próprio. O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RSPL) realça a rentabilidade de uma empresa sobre o capital do acionista em um período de um ano, onde é obtido pela relação entre lucro líquido e patrimônio líquido. O Dividend Yield (DY) representa o percentual do preço da ação que o acionista recolheu em forma de dividendos e apresenta-se através da divisão do total dos dividendos pelo preço da ação. Preço/Lucro (PL) evidencia o período em anos que haverá retorno do capital investido através da divisão do preço da ação pelo lucro por ação. Contudo, é preciso efetuar o tratamento destes dados, transformando-os em informações que podem sugerir possíveis cenários futuros influenciando nas tomadas de decisão do investidor. As demonstrações financeiras produzem dados (números, descrições de objetos, etc.) que sozinhos nada podem informar para quem os observa. A análise de balanços transforma esses dados das demonstrações financeiras em informações que passam a ter poder influenciador na tomada de decisões. Lisboa (2001, p. 3).

Ainda, segundo LISBOA (2008 apud GITMAN, 1997) para que a análise ganhe credibilidade, é necessário que seus resultados sejam comparados com as informações do setor de atividade da empresa analisada. Essa comparação é chamada de análise setorial. Os estudos de KOBORI (2011) complementam que os indicadores isolados tendem a mostrar apenas como as contas estão sendo administradas. É preciso interpretá-los num contexto geral, inclusive com o mercado. A análise fundamentalista aborda ainda, a análise vertical e horizontal dos balanços, onde, conforme KOBORI (2011), na análise vertical são analisadas as contas das demonstrações, mostrando quanto elas representam com relação ao seu referencial. Na horizontal, o quanto representam ao seu referencial passado. 5.6 Análise técnica A análise técnica ou gráfica possui suas bases centralizadas na tendência dos preços do ativo estudado, e para isso os técnicos se apoiam na análise detalhada dos preços passados. O primeiro conceito a ser discutido sobre a análise técnica é a representação dos preços através da compreensão do gráfico, que pode ser tipificado como gráfico de linha, barra ou candlesticks, podendo ser ajustado conforme a periodicidade intradiária (30 minutos, 15 minutos, 5 minutos etc.) diária, semanal e mensal. Uma das representações gráficas comumente utilizadas é o gráfico candlestick, criado por um trader Japonês aproximadamente no séc. XVIII, a fim de utilizá-lo como ferramenta de análise no mercado de arroz. Formado por retângulos posicionados verticalmente, denominados corpo, os candles de cor clara ou branca representam fechamento de preço positivo acima da abertura, já os candles de cor escura ou preta, identificam o fechamento de preço negativo abaixo da abertura. Os corpos podem possuir linhas verticais em suas extremidades conhecidas como sombras. As sombras identificadas na parte superior do candle simbolizam o preço máximo de uma ação negociada e as sombras localizadas na parte inferior representam o seu preço mínimo. A análise técnica possui ainda, conceitos de suporte e resistência cuja compreensão é essencial para a análise de um ativo. ABE (2009) define suporte como nível de preços em que a força de compra supera a de venda, e resistência como a região de preços em que a pressão de venda supera a pressão de compra. As características do gráfico candlestick podem ser observadas abaixo.

Figura 1: Características do gráfico Candlestick das ações VALE. Fonte: Adaptado pela autora a partir do site <http://br.advfn.com> Para que o investidor consiga analisar efetivamente um gráfico, é necessário que fundamente sua análise nos princípios da Teoria de Dow, que segundo ABE (2009) foi desenvolvida no século XIX pelo então editor do The Wall Street Journal, Charles Henry Dow. A Teoria de Dow se fundamenta na máxima de que os preços se movimentam de acordo com tendências, as quais formam padrões de movimento, que evidenciam tendências de baixa, alta ou lateral. Os estudos de LISBOA (2008) afirmam que essas tendências podem ser primárias, secundárias ou terciárias. A tendência primária mantém os preços em certa constância por longos períodos (meses ou anos). A tendência secundária apresenta médias correções de preço (semanas ou meses). Já a tendência terciária ocorre em períodos curtos que podem durar poucos dias. A análise técnica de investimentos, não trabalha com dados econômicos, contudo, se apropria de alguns indicadores de mercado que evidenciam tendências futuras, como a média móvel calculada através do preço médio de uma determinada ação em dado período, e o volume financeiro que mede a força de mercado decorrente da compra e venda de ativos. 6. RESULTADOS Para assimilarmos cada análise de investimentos a um perfil investidor é necessário evidenciarmos os principais aspectos das análises e as principais características atribuídas ao investidor de cada corrente. Conforme TALATI (2002) a análise fundamentalista concentra-se no motivo pelo qual os preços se movimentam apoiando-se na análise de dados quantitativos, que buscam respaldar a situação econômico-financeira da empresa. Por outro lado, TALATI (2002) afirma que a análise técnica concentra-se na movimentação dos preços e não há preocupação dos analistas técnicos com os

fundamentos da empresa avaliada, pois buscam acompanhar os movimentos dos preços através das tendências. Logo, podemos perceber que a análise fundamentalista atua sob o horizonte de tempo voltado para períodos longos, já que uma profunda análise de demonstrativos contábeis pode demandar longos períodos. Ademais GRAHAM (2007) precursor da análise fundamentalista, afirma que o investidor adepto desta análise objetiva um retorno a médio e longo prazo. Contrariamente, dada à volatilidade do mercado, e seu nível de inversão de tendências sugere-se que os analistas técnicos se desfaçam de suas posições instantaneamente, sinalizando que suas operações tramitam sobre o horizonte de tempo de curto prazo. ABE (2009) afirma ainda, que o objetivo dos analistas técnicos é lucrar com a movimentação dos preços em curto espaço de tempo. Assim, a sutil diferença entre cada escola de análise é evidenciada, tendo a fundamentalista uma abordagem voltada para o longo prazo e a análise técnica direcionada ao curto prazo. TALATI (2002) argumenta ainda, que a análise fundamentalista permite ao investidor maior flexibilidade em tempos de incerteza, o que possibilita maior controle de entrada e saída do mercado. Para CHAVES (2002) a análise técnica pré-determina o momento de entrada e saída do mercado, uma vez que o propósito da análise técnica é a compra de ativo subavaliado e venda a um nível sobre avaliado em um período de curto prazo. Para TALATI (2002) a familiaridade de um fundamentalista com o ativo negociado define a solidez da análise. CHAVES (2002) complementa que os modelos fundamentalistas são revisados frequentemente, o que permite maior confiança nas decisões a serem tomadas. Ao contrário da análise técnica, a análise fundamentalista aproxima-se ainda, de uma estratégia que pode oferecer segurança ao investidor, uma vez que permite estabelecer o valor intrínseco de um ativo, adquirindo-o a um preço inferior, o que lhe proporcionará uma margem de segurança: Essa capacidade passada de gerar lucros acima das necessidades de juros constitui a margem de segurança com a qual se conta para proteger o investidor contra prejuízos ou desconfortos, caso algum declínio futuro ocorra nos lucros líquidos. (GRAHAM, 2007, p. 555). As características do analista fundamentalista demonstra certa racionalidade com relação à causa e efeito dos resultados esperados, que está nitidamente ligado

à aversão ao risco, o que caracteriza o perfil conservador, onde o investidor busca resguardar-se, apoiando-se em informações econômicas mais consistentes ou mesmo realizando a compra de ações de empresas consolidadas. No que tange a escola tecnicista, TALATI (2002) discorre que, os analistas técnicos desenvolvem sistemáticos modelos, onde utilizam o preço passado da ação objetivando criar sinais de tendência, que quando evidenciados são executados. Ainda, de acordo com Chaves (2002, p. 74). A utilização de modelos técnicos e sistemas computadorizados limitam o poder de decisão do analista, os sinais de compra ou venda são fornecidos por essas ferramentas e não há espaço para decisões independentes desse sistema. Chaves (2002, p. 74). Amparado por esse modelo tecnicista, o investidor executa a operação, mesmo que as influências externas e talvez psicológicas determinem que um ativo não irá confirmar sua tendência, convergindo então nas características do perfil arrojado, que de acordo com BANDINELLI (2010 apud LIMA, GALARDI E NEUBAUER 2006) aceita grande quantidade de risco, inclusive perda de capital. O perfil investidor moderado representa a combinação das duas técnicas de análise de investimentos, pois considerando a definição de BANDINELLI (2010 apud LIMA, GALARDI E NEUBAUER 2006) o investidor moderado procura um equilíbrio entre segurança e rentabilidade. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dado o aumento da classe de investidores no mercado de capitais, as análises técnica e fundamentalista surgem como estratégias a fim de auxiliar o investidor nas tomadas de decisão no mercado acionário. Diante da complexidade das distintas escolas de análise, é natural que o investidor, na maioria das vezes, opte pela utilização de uma única análise como critério de avaliação de ativos. Neste sentido, buscou-se tornar evidente os elementos importantes, envolvidos em cada uma das análises de investimento, assimilando-os aos diferentes perfis investidores, estabelecidos através da ferramenta API, a fim de norteá-los às escolas de análise que mais se adéquam ao seu perfil. Corroborou-se, devido à similaridade entre as características dos perfis e os aspectos preponderantes às análises que, perfis mais conservadores visam lucrar a longo prazo e são menos suscetíveis a riscos, assimilando-se à escola de análise fundamentalista. Por outro lado perfis mais arrojados são mais suscetíveis a riscos e

esperam obter ganhos a curto prazo, desta forma adaptam-se à escola de análise tecnicista. A abordagem combinatória das duas escolas direciona o investidor para o perfil moderado devido ao uso de estratégias de ambas as escolas. Espera-se que a combinação aqui abordada, possa convergir em um facilitador para auxiliar os investidores nas tomadas de decisão no mercado de capitais, possibilitando a escolha da escola que mais se adeque ao perfil investidor. 8. FONTES CONSULTADAS ABE, M. Manual de Análise Técnica: essência e estratégias avançadas. São Paulo: Novatec Editora, 2009. BANDINELLI, M. B. Finanças Comportamentais: Orientação ao Perfil Investidor Pessoa Física. Trabalho de conclusão de curso - Departamento de Ciências Administrativas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. BM&FBOVESPA. Dados de Mercado. Disponível em: <http://bmfbovespa.comuniquese.com.br/listgroup.aspx?idcanal=xk1eslww+xzhflpaxaa+gq==>. CHAVES, D. A. T. Análise Técnica e Fundamentalista: Divergências, similaridades e Complementariedades. Trabalho de conclusão de curso - Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, FEA-USP: São Paulo, 2004. GRAHAM, B. O Investidor Inteligente: Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. Jornal Folha do Estado de São Paulo. Educação financeira chega ao ensino básico. São Paulo, SP, 17 fev. 2013. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1232225-educacao-financeira-chega-aoensino-basico.shtml>. Taxa de desemprego em 2012 fica em 5,5% a menor desde 2002 http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1223196-taxa-de-desemprego-em-2012-ficaem-55-a-menor-desde-2002.shtml KOBORI, J. Análise Fundamentalista: Como obter uma performance superior e consistente no mercado de ações. Rio de Janeiro, Elsevier Campus, 2011. LISBOA, P. C. Análise Fundamentalista e Análise Técnica: duas ferramentas eficazes para decisão de investimento no mercado de capitais. Valinhos:Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente, Vol XI, n. 12, Ano 2009. TALATI, J. Futures Magazine, Fundamental vs. Technical Analisys, Vol. 31, No. 1, 2002.