Logistica - Soluções e Aplicações 01
A saída para o transporte rodoviário é a Logistica integrada? Deveria ser, mas infelizmente o Brasil apostou no passado na implementação do transporte de cargas no modal rodoviário, em detrimento de outras grandes possibilidades utilizando-se menos do transporte de cabotagem, ferroviário, aquaviário e mesmo o modal aéreo, que ultimamente está crescendo no país com a entrada de outros players. O desenvolvimento e a atuação do setor de logística, que é a engenharia de movimentação de cargas com a finalidade de otimizar a distribuição e a oferta de bens, e ainda face à constatação acima, depende exclusivamente de investimentos governamentais na malha rodoviária nacional o que está deixando muito a desejar, com poucos investimentos ou até incipientes no momento, mesmo com o PAC. 02
Citando Peter Wanke, professor da Coppead/Centro de Estudos em Logística - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Comparando com o corpo humano, a logística seria o sistema circulatório, e o sistema circulatório do Brasil está sofrendo de uma doença degenerativa já há alguns anos. As principais perguntas que envolvem a logística são: - Quem vai transportar? - Como transportar? - Quanto será transportado? - Quando transportar? - Para onde transportar? E uma das mais preocupantes, - Quanto tempo tenho para transportar? 03
No Brasil, a grande maioria do transporte de cargas é realizado por rodovias e além disso, feito por pequenas empresas prestadoras de serviços de transporte, terceirizadas ou mesmo quarteirizadas, com custos de transporte que somados aos de estocagem e com os de armazenagem podem representar, em média, cerca de aproxima-damente 20% do total do preço dos produtos oferecidos no mercado sendo a margem de lucro destas empresas em média de 5 a 8%. Uma caracteristica singular do mercado, face à crise global, está na consolidação de algumas das empresas em grupos de logistica integrados, visando a redução de seus custos e otimização de seus recursos. Além da aquisição de algumas transportadoras (Mercurio e Araçatuba) pela TNT - CEVA Logistics, vimos um exemplo de outra consolidação que ocorreu recentemente, quando cinco empresas do Grande ABC (a Ajofer, a Fantinati, a Trans-Postes, a Transvec e a Mestralog) uniram-se para criar a Trafti. Esta empresa já pode ser considerada uma das dez maiores do segmento. 04
Embora a infra estrutura não tenha acompanhado o crescimento natural/ vegetativo no transporte rodoviário de cargas, nós ainda dependemos fortemente deste modal para a movimentação logistica de nossas cargas, mas para que o Brasil não passe por um apagão logistico, seria de suma importancia que as autoridades voltassem também sua atenção para os demais modais de transporte, como cabotagem, por hidrovias e ferrovias, analisando as necessidades de infra estrutura necessárias para o seu desenvolvimento pelos próximos 10 a 20 anos, caso contrário a possibilidade de termos em mãos efetivamente um apagão logistico não pode ser descartada. Hoje o quadro das empresas brasileiras é bastante pulverizado e desorganizado, acarretando uma competição predatória. O frete rodoviário cada vez mais reduzido oferece uma boa competitividade para os outros modais de transporte crescerem, como cabotagem, ferroviário e aéreo, mas ainda temos muito o que progredir. 05
E sobre a quantidade de roubos de cargas no Brasil? O segmento de transporte de cargas é apenas um dos integrantes do conjunto de serviços de logística, incluindo-se ai os Operadores Logisticos, as Transportadoras, Gerenciadoras de Risco, Corretoras, Seguradoras e demais profissionais atuantes neste segmento. Ainda, na realidade atual, com uma estatística oficial de 2008 com mais de 12000 roubos e mais de R$ 1 bilhão em prejuízos, uma tendencia crescente estimada em 16% neste primeiro semestre de 2009 no Estado de São Paulo, e com uma média mensal chegando a 600 roubos de carga, fica patente que esta evolução dos índices no transporte de carga no Brasil preocupa sobremaneira. 06
Vide evolução nos últimos anos: ANO OCORRENCIAS 2004 6169 2005 6222 2006 6027 2007 6192 2008 6653 2009 7396 ( * ) (Fonte SSP/SP e SETCESP/FETCESP) ( * ) Quantidade de eventos projetada sobre os roubos de Jan a Mar de 2009, totalizando 1849 no periodo. 07
SP, MG, RJ, ES e GO possuem o maior volume de Roubo de cargas do Brasil. 08
Prejuízos 87% 9% 5% 2% 56% 28% 09
O estado de São Paulo atingiu ~56% das cargas roubadas, com a maior concentração num raio de 200 Km da cidade de São Paulo (90% x ~56% = ~50% do total das perdas no país). 30% na Capital Perdas Raio de Risco 60% 50 Km 75% 100 Km 90% 200 Km 60% na área de SP 10
Face ao grande número de roubo de cargas no país e a projeção crescente esperada, várias Cias. Seguradoras estão revendo suas políticas de aceitação de riscos no transporte de cargas no Brasil. Estão revendo as garantias das apólices com a limitação de valores transportados, ampliação de áreas de risco, proibição de transporte em certos horários noturnos, utilização de mais de um veículo de escolta armada, rastreamento redundante (segundo rastreador), virus de carga (localizador adicional) e por ai vai, ou seja, se adotando Normas de Gerenciamento de Riscos mais pesadas, o que tem gerado naturalmente um aumento dos custos no transporte rodoviário de cargas e indo na contra mão do mercado, que quer redução de custos e mais competitividade. 11
Uma constatação no mínimo curiosa e preocupante é que em 30% aproximadamente dos incidentes envolvendo roubo de cargas os sistemas de rastreamento foram inutilizados de forma indefinida (mesmo satelitais), sendo que a tecnologia mais que nunca está sendo utilizada pelos meliantes com o uso de alguns bloqueadores de sinais ou jammers, e infelizmente para nós, com muito sucesso. 12
Outro ponto importante é a necessidade cada vez maior de implementação de planos de contingencia/ emergencia prevendo sistemas com equipes de pronta resposta para auxilio ao combate ao roubo de cargas no modal rodoviário. Mesmo com excelentes iniciativas por parte do setor público com a criação de Delegacias especializadas para o combate ao roubo de cargas, estas ainda são insuficientes, ficando sempre tais necessidades tendo que ser supridas pelas empresas que participam desse segmento, o que implica naturalmente em uma elevação de custos. 13
Uma possivel solução é a que algumas empresas do setor estão tentando implementar, e que se denomina PROTEÇÃO COLABORATIVA, sendo seu conceito básico o de que tanto embarcadores, como transportadoras, operadores logisticos, gerenciadoras de risco e seguradoras, possuem o interesse mais que comum na redução dos roubos de cargas. A idéia é que todos os integrantes do processo migrem para um conceito integrado de proteção, com a unificação de normas de gerenciamento de risco, ou a criação de padrões por tipo de mercadoria transportada, que podem ser até mais parrudas, mas com uma divisão de custos entre os participantes do pro-cesso. O princípio é quase como se fosse o do mutualismo, ou seja, todos pagam um pouco para terem uma proteção maior. 14
Ainda assim, algumas Cias. Já fecharam a sua aceitação para a carteira de seguros de Responsabilidade Civil no transporte rodoviário de cargas (RCTR-C), bem como para o de Responsabilidade Civil Desvio de Carga (RCF-DC), sendo que outras Cias também estão revendo sua política neste segmento no Brasil, o que é preocupante pois quem aceitar os seguros o fará, possivelmente, com tarifas mais altas que as atuais. Sem dúvida é mais que o momento de se tentar diversificar o transporte de cargas migrando também para os demais modais passiveis de utilização. Assim o setor será capaz de atender as necessidades do país num futuro próximo. Teremos então, oxalá, quem transporte, utilizando os vários modais possíveis, em volumes, prazos e custos competitivos, com normas de gerenciamento de riscos factíveis de uma forma integrada e atendendo as necessidades do país nos próximos anos. 15
Obrigado! Guilherme Brochmann DHL Logístics (Brazil) Ltda Tel: (11) 5042-5700 Cel: (11) 9996-0946 E-mail: guilherme.brochmann@dhl.com 16