A parte traseira do TALAV, onde ficavam os motores (acima) e a dianteira, na qual estava a porta de acesso (abaixo). Essa feira foi criada e totalmente financiada pelo Governo Federal, em comemoração ao Sesquicentenário da Independência do Brasil, e cujo objetivo maior era divulgar todos os tipos de produtos brasileiros e estimular a venda a compradores de todo o mundo.
O conjunto propulsor do veículo era composto de duas turbinas (Reator Marbore VI) situadas externamente na traseira, assim como o cockpit dos condutores (abaixo). Com o protótipo pronto, era hora de transportá- lo até o Parque Anhembi, em São Paulo, numa viagem de aproximadamente 40 quilômetros. Para se ter uma idéia das dimensões do TALAV, uma parede do galpão da Engenharia Mecânica precisou ser derrubada para facilitar sua saída. Ele Para facilitar o embarque e o desembarque e reduzir espaço na plataforma, a porta era frontal. foi erguido por guindaste e transportado por uma carreta até o pátio externo do recinto de exposições do Anhembi. Antes da abertura do Salão houve um momento de tensão, que no fim transformou-se em mais uma das histórias do DEPV. O professor Rigoberto Soler precisou se afastar do TALAV e, em seguida, o ministro Pratini de Moraes aproximou-se do protótipo e pediu para os alunos e técnicos da FEI para fazê-lo funcionar. Sem ter como negar um pedido do ministro, com muita relutância, acabaram ligando o motor. Ao ouvi-lo funcionar, Soler veio correndo para saber o que estava acontecendo. Muito nervoso, perguntou quem tinha mandado ligar o veículo, ao que os alunos responderam: Foi o ministro.... Depois desse episódio, ficou terminantemente proibido que qualquer pessoa até mesmo um ministro de Estado pusesse o TALAV para funcionar sem a presença de Rigoberto Soler. A apresentação do TALAV na Brasil Export foi coroada de êxito, para usar uma frase da época
. Foram produzidas fotos de divulgação do protótipo com passageiros (acima). Abaixo, Rigoberto Soler analisa os detalhes construtivos do projeto, já em sua fase final, pouco antes de ir para a Brasil Export 72.
Com a pintura pronta, os técnicos fazem a última revisão do TALAV antes do transporte para o Anhembi. Autoridades e visitantes de vários países ficaram admirados com o arrojo e o alto nível tecnológico do protótipo, totalmente concebido e construído no Brasil, com material e mão-de-obra locais. O TALAV sendo erguido por guindaste e transportado em carreta durante a madrugada para a Brasil Export.
No ano seguinte, a maquete e o projeto do TALAV foram apresentados na Brasil Export 73, realizada em Bruxelas, na Bélgica, como uma amostra da arte industrial brasileira. Para o TALAV entrar efetivamente em produção, seria necessário construir pistas de testes, para revelar maiores detalhes sobre o desgaste da via e o consumo de combustível, entre outros itens. A mais próxima de ser construída foi uma via prevista para um trecho margeando a rodovia Rio- Santos, a partir da restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro, que depois dos testes poderia ser estendida até Santos e se tornar a primeira pista do novo meio de transporte. O protótipo do TALAV chega ao seu destino e é cuidadosamente colocado na área externa do Parque Anhembi, onde seria exibido na feira comemorativa aos 150 anos da Independência do Brasil.
Outras cidades que se interessaram pela construção do TALAV foram Brasília - DF e São José dos Campos - SP, e ainda havia o plano de construir uma pista que ligaria os aeroportos de Congonhas e Viracopos, em Campinas - SP. No entanto, para isso o projeto dependia de um novo financiamento do Governo Federal, que enfrentava a primeira crise do petróleo (1973) e uma desaceleração na economia que prenunciava o fim do Milagre Brasileiro. O presidente Médici e o ministro Pratini de Moraes também já estavam em fim de mandato, já que em 1974 seria empossado Já no Anhembi, o TALAV é visitado pelo ministro Pratini de Moraes (foto abaixo, no centro, conversando com Soler), Caio de Alcântara Machado (realizador da feira, à direita na foto) e autoridades do Governo Federal e Estadual (abaixo). o general Ernesto Geisel como novo presidente da República. Apesar das indefinições do governo, o grupo do DEPV não desanimou. Enquanto o projeto do TALAV circulava entre os gabinetes de Brasília à espera de financiamento, Soler e seus alunos puseram-se a construir novos protótipos, como o TAL (Trem Automático Leve), que seria um dos componentes do Sistema Delta de Transporte, o ônibus Uiraquitan, o VA-1 (Veículo Aerodeslizante) e o carro de corrida FEI X-9. As promessas de financiamento e produção do TALAV assim como de todo Sistema Delta não se concretizaram. No entanto, para todos os alunos, técnicos e professores que se envolveram
O TALAV em exposição no Anhembi (acima), resultado de muito trabalho da equipe do DEPV (abaixc à esquerda), que no final posou orgulhosa dentro do protótipo (abaixo à direita). no projeto, o que ficou foi uma experiência única e incomparável. Para eles, todo o projeto foi um magnífico arsenal de aulas práticas que os tornou, conforme previam os objetivos do DEPV, profissionais altamente qualificados para os mais avançados projetos na área de transporte.