Registro Brasileiros Cardiovasculares. REgistro do pacientes de Alto risco Cardiovascular na prática clínica

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Transcrição:

Registro Brasileiros Cardiovasculares REgistro do pacientes de Alto risco Cardiovascular na prática clínica

Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Julho de 2011 Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Agosto de 2011

Registro REACT N = 2,403 pacientes 26 de agosto de 2010 5 de setembro de 2011 (13 meses) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Recrutamento Registro REACT (II) 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45

Recrutamento Registro REACT (III)

Registros Brasileiros Cardiovasculares 2,305 pacientes (alvo) 45 centros brasileiros Ambiente ambulatorial Seguimento clínico de 6 e 12 meses

Objetivos Objetivo Primário Documentar a prática clínica vigente (padrões de prescrição de intervenções baseadas em evidências) Objetivos Secundários Aferir incidência de eventos cardiovasculares maiores; Aferir proporção de pacientes que recebem orientações sobre modificações do estilo de vida; Aferir percentual de pacientes com hipertensão arterial e com dislipidemia com níveis controlados de acordo com Diretrizes da SBC

Elegibilidade Idade Superior a 45 anos e PELO MENOS UM dos fatores abaixo: Qualquer evidência de doença arterial coronária (DAC) Qualquer evidência AVC isquêmico ou AIT Qualquer evidência de doença vascular periférica Diabetes Mellitus (Registrada no prontuário médico) Três ou mais Fatores de Risco Cardiovascular: HAS, Tabagismo, Dislipidemia, Idade Superior a 70 anos, Nefropatia Diabética, História Familiar de DAC, Doença Carotídea Assintomática

Estimativa do tamanho de amostra mínimo Proporção de 40% para desfecho primário Erro amostral de 2% Alfa de 5% Poder estatístico de 90% 2305 pacientes necessários Análise Considerações estatísticas Dados qualitativos descritos em porcentagens. Dados qualitativos e por médias e desvios padrão no caso das variáveis quantitativas Foram calculadas estimativas globais e ponderadas pelo número de pacientes de cada centro, que variou de 3 a 213. Não foram observadas diferenças discrepantes nas estimativas obtidas pelos dois métodos. Utilizou-se um modelo de regressão logística múltipla para investigar a associação entre uso concomitante de AAS, IECA e Estatina e fatores como sexo, idade, região, especialidade e tipo de centro. Os resultados do ajuste do modelo foram apresentados por razões de chances (OR) e respectivos intervalos de confiança de nível 95%.

Controle de qualidade Treinamento Monitoria Checagem Central de dados Controle de dados CRF eletrônico

RESULTADOS Características de Baseline e Prevalência de Fatores de Risco

Tipo de serviço de saúde Especialidade do centro

Baseline Características Basais Todos (n = 2364) Idade (anos) 66,0 ± 10,1 Sexo masculino (%) 52,2 Etnia (%) Branca 68,4 Negra 12,4 Parda 17,9 IMC (%) >=25 73,90% Critérios de Elegibilidade (%) DAC 52,2 IAM prévio 28,8 AVC 12,5 Diabetes 56,1 Doença Periférica 11,3 Múltiplos fatores de risco (%) 56,8 Hipertensão 92,1 Dislipidemia 75,3 Neuropatia diabética 7,1 Idade superior a 70 anos 36,2 Tabagismo 10 Histórico familiar de DAC 41,2 Doença carotídea assintomática 9,7

Baseline Características basais (n = 2364) Pressão arterial PA sistólica 132,3 ± 21,2 PA diastólica 78,9 ± 12,4 Exames Laboratoriais Colesterol TOTAL 176,6 ± 46,6 LDL 100,5 ± 49,7 HDL 47,3 ± 24,8 Triglicérides 158,7 ± 118,9 Glicemia 124,5 ± 50,9 Hemoglobina Glicosilada 7,1 ± 3,5 Creatinina 1,1 ± 0,7

Baseline Estilo de Vida

Baseline Sintomas de depressão nas últimas duas semanas

Baseline Experiência traumática vivida no último ano

RESULTADOS Uso de Intervenções Baseadas em Evidências

Baseline Orientações sobre Modificação no Estilo de Vida ao paciente no último ano

Baseline Uso de Fármacos Baseados em Evidência

Controle sobre fatores de risco (Metas Diretrizes SBC)

Fatores associados à adesão de fármacos baseados em evidência (AAS / estatina / IECA)

RESULTADOS Análise Estratificada por Região Geográfica

Baseline Orientações sobre Modificação no Estilo de Vida ao paciente no último ano x Região

Baseline Pacientes com uso concomitante de AAS / estatina / IECA x Região Norte, Centro Oeste, Sudeste e Sul semelhantes (p=0,336) Na comparação entre Nordeste e demais regiões p<0,001

RESULTADOS Análise Estratificada por Tipo de Serviço

Baseline Orientações sobre Modificação no Estilo de Vida ao paciente no último ano x Tipo de centro

Baseline Pacientes com uso concomitante de AAS / estatina / IECA x Tipo de serviço Suplementar difere dos demais tipos (p<0,001 para AAS/Estatina/IECA e p=0,010 para AAS/Estatina

Baseline RESULTADOS Análise Estratificada por Especialidade do centro

Baseline Orientações sobre Modificação no Estilo de Vida ao paciente no último ano x Especialidade do centro

Baseline Pacientes com uso concomitante de AAS / estatina / IECA x Especialidade do centro

Conclusões Principais Maior e mais recente registro nacional envolvendo pacientes de alto risco atendidos em ambiente ambulatorial de todas as regiões do País Pacientes de alto risco cardiovascular atendidos em centros de excelência brasileiros possuem padrão demográfico e recebem condutas semelhantes às observadas em registros recentes realizados na América do Norte e Europa Ocidental Além da alta frequência de fatores de risco tradicionais, observouse também alta prevalência de estresse e depressão dentre pacientes de alto risco

Conclusões Principais Controle de fatores de risco (de acordo com metas de diretrizes para LDL, pressão arterial e glicemia) é sub-ótimo Existem oportunidades para melhoria de prática clínica com destaque para melhoria em relação à prescrição de intervenções baseadas em evidência, principalmente no uso conjunto de AAS, estatinas e IECA Dentre os fatores associados de forma independente com prescrição de terapias baseadas em evidência, destaca-se o atendimento por cardiologistas e o diagnóstico de DAC

Implicações para a Prática Clinica e Pesquisas Futuras Com base nos resultados do REACT, há a necessidade de desenvolver Programas de Melhoria de Prática Clínica sob a coordenação da SBC, incluindo pesquisa (estudos randomizados em cluster) e capacitação profissional envolvendo também o não especialista Visto que o uso concomitante de medicações com benefício comprovado foi sub-ótimo, soluções como a polipílula podem ajudar a reduzir o custo e aumentar a adesão a terapias baseadas em evidências Necessidade de conduzir estudos semelhantes em pacientes na comunidade com menos acesso a serviços especializados, onde espera-se maiores hiatos na incorporação de terapias com benefício comprovado