PIBID DANÇA UFRN: AÇÕES E REFLEXÕES NA ESCOLA MUNICIPAL ANTÔNIO CAMPOS Suzanne Rhaquel Guerra da Silva (UFRN) i Yasmin Rodrigues Cabral (UFRN) ii Orientadora: Karenine de Oliveira Porpino (UFRN) iii RESUMO: Este trabalho objetiva apresentar e refletir sobre ações realizadas pelo Subprojeto PIBID DANÇA UFRN, no ano de 2014, junto a Escola Municipal Antônio Campos. As ações estão vinculadas a dois projetos: Vivências em Dança e Dança em Trânsito. O primeiro pretendeu promover atividades direcionadas à comunidade escolar, já o Dança em Trânsito propôs o intercâmbio entre escola e artistas, com o intuito de formação de público para a dança no contexto escolar e o reconhecimento da arte de dançar como patrimônio cultural e conteúdo curricular. Como resultados, observamos um interesse da comunidade escolar pela dança como conhecimento a ser discutido e vivenciado na escola, ultrapassando assim a ideia da dança como divertimento. PALAVRAS CHAVE: Dança. Educação. PIBID. Escola. PIBID UFRN DANCE: ACTIONS AND REFLECTIONS IN MUNICIPAL SCHOOL ANTÔNIO CAMPOS ABSTRACT: This work has goal to presente and reflect about some actions performed by Subproject PIBID DANÇA UFRN, in 2014, at public school Antônio Campos. The actions are linked to two projects: Vivências em Dança and Dança em Trânsito. The first intended promote activities directed to the school community, the second Dança em Trânsito proposed the exchange between schools and artists, with the goal of public education for dance in the school context and recognition of the art of dance as cultural heritage and curriculum content. As a result, we noted an interest of the school community for dance as knowledge to be discussed and experienced in school, thus overcoming the idea of dance as fun. KEYWORDS: Dance. Education. PIBID. School. 1
Apresentação Em seu primeiro ano, o Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) 1 do curso de Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Norte teve como campo de atuação duas escolas municipais, sendo uma delas a E. M. Antônio Campos, situada no bairro de Mãe Luiza na zona Leste de Natal-RN. Este trabalho pretende apresentar, discutir e refletir sobre a importância das intervenções realizadas através do programa, tanto para a formação dos licenciandos, quanto para o ensino da Dança na educação formal. O PIBID Dança da UFRN possui quinze bolsistas divididos entre as duas escolas, atuando com suas respectivas supervisoras, ambas com formação artística de nível superior (Educação Artística e Dança). Essas professoras ministram a disciplina de Artes, trabalhando a Dança nas turmas de 5º ano de acordo com a Resolução 06/2009 do Conselho Municipal de Educação (CME) de Natal-RN, onde é apresentada a Matriz Curricular para o ensino das Artes no Ensino Fundamental das escolas municipais. A Escola Municipal Antônio Campos oferece o Ensino Fundamental I, funcionando nos turnos matutino e vespertino. Com uma estrutura física reduzida, além das salas de aula, a escola conta com um laboratório de informática, uma biblioteca, cozinha, sala dos professores e um pequeno pátio situado na entrada da escola que também é utilizado como refeitório. Idealização dos projetos Com a publicação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96, o Brasil começou a alçar voos em direção a uma educação formal mais reflexiva e humanista (LDB, 1996). A Arte passa a ser reconhecida como um importante elemento de reflexão e possível transformação do olhar do homem sobre 1 O PIBID é um Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, financiado pelo Governo Federal e desenvolvido pelo Ministério da Educação, desde junho de 2010, em diversos centros de ensino superior. Tal programa tem como objetivo promover o aperfeiçoamento e a valorização da formação de professores para a educação básica através da parceria entre instituições de ensino superior e escolas de educação básica vinculadas à rede pública de ensino. (Fonte: http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid) 2
o mundo e sua realidade. É nesse período que a Arte, dividindo-se em áreas específicas (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro), começa a se estabelecer na educação formal como campo de conhecimento que vai além de uma visão tecnicista reprodutiva, afirmando sua potencialidade educativa na formação do indivíduo. Quase vinte anos após a publicação da LDB e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o ensino da Dança como conteúdo nas escolas do nosso contexto ainda é reduzido. Porpino (2012, p.10) diz que embora a Dança esteja comumente presente na escola, em situações variadas, a abordagem da mesma como um conteúdo ainda é tímida em nosso país. Na maioria dos casos, a Dança continua sendo vista apenas como estratégia de ensino de outras áreas de conhecimento e ferramenta utilizada em datas comemorativas do calendário escolar. Tendo em vista essa realidade, percebemos a necessidade de apresentar à comunidade escolar a Dança enquanto área de conhecimento, bem como contemplar as propostas presentes nos PCNs, nos objetivos do PIBID Dança UFRN e no capítulo III da Resolução 06/2009-CME Natal-RN, principalmente no que dizem respeito à educação estética do indivíduo, abordada por Porpino (2006) em seu livro Dança é Educação: Interfaces entre corporeidade e estética. Com base nessas discussões realizadas em grupo, formulamos os projetos intitulados Vivências em Dança e Dança em Trânsito, a serem aplicados nas duas escolas, devidamente adaptados às realidades distintas. Apesar de atingirem toda a comunidade escolar, as intervenções foram concentradas nas turmas de 5º ano. Na E. M. Antônio Campos, executamos as ações propostas dentro da intitulada Quinta da Dança, utilizando o segundo horário das aulas de Artes, todas as quintasfeiras. Vivências em dança O projeto Vivências em Dança foi elaborado pensando na necessidade de apresentar à comunidade escolar a importância da dança enquanto linguagem e área específica no currículo. Foi dividido em três ações principais: 3
Seminários temáticos elaborados com o propósito de introduzir aos alunos conceitos que seriam utilizados nas intervenções do PIBID Dança e também de promover reflexões, trazendo questionamentos como O que é dança e o que não é?, Para que serve a dança?, Onde a dança pode acontecer?. Para isso, apresentamos o vídeo SUA DANÇA ano 6 nº1 2. Os alunos reconheceram a visão de dança que cada um deles possuía, compartilharam as imagens mais significativas do vídeo, por meio de desenhos e visitaram locais da escola buscando espaços cênicos em potencial. Laboratório de composição coreográfica Dividimos as turmas em pequenos grupos e, tendo por base a visão de que a construção em Dança envolve muito mais do que a simples reprodução de movimentos predeterminados, mas que trata de uma apropriação reflexiva, consciente e transformadora do movimento (STRAZZACAPPA; MORANDI, 2009, p.74), orientamos os alunos nas composições a partir de elementos, intenções e inquietações trazidas por eles. Por falta de espaço adequado às práticas, usamos espaços alternativos como a própria sala de aula, pátio e corredores. Oficina de dança para a comunidade escolar (pais e funcionários) Realizada no dia da reunião de pais e mestres, teve como ministrante a coordenadora do PIBID Dança Karenine Porpino. Concordamos com Strazzacappa (2001) quando ela afirma que ao experimentarem as descobertas trazidas pelo movimento, os professores podem compreender melhor o que se passa no corpo dos alunos, reconhecendo os benefícios físicos e mentais e podem ver com outros olhos essas atividades na escola. A oficina possibilitou a aproximação dos docentes, funcionários e pais às ações do PIBID Dança. Dança em trânsito O Dança em trânsito propôs o intercâmbio entre escola e artistas, visando promover a formação de público em Dança. Foi realizado em duas etapas: Via 1 Consistiu em levar os alunos para apreciar a dança fora do espaço escolar. Dentro da programação do Encontro Nacional de Dança Contemporânea, os 2 Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=wjtejda1jai> 4
alunos foram ao Teatro Alberto Maranhão assistir o espetáculo De esconder para lembrar, da Cia. Meia Ponta (MG). Tratava-se de um trabalho de dança contemporânea voltado para crianças. Interativo, permitiu que os alunos experimentassem estar no palco durante algumas cenas, enriquecendo as discussões posteriores dos alunos. Via 2 - Levamos produções em dança de dois bolsistas para serem apresentadas na escola, junto com produções dos alunos do 1º e 5º ano. A Mostra de dança trouxe aos presentes a oportunidade de ver a dança em sua perspectiva artística, contribuindo para pensar o seu papel no ensino formal. Reflexões e contribuições do PIBID dança De acordo com o Art. 14, Capítulo IV da Resolução 06/2009 CME de Natal, é dever da Secretaria Municipal de Educação oferecer condições de melhoria da infraestrutura para que o ensino de Artes seja implementado de maneira significativa, contemplando os objetivos de cada componente curricular. No entanto, é notório o distanciamento entre as condições estruturais das escolas do município e a referida norma, considerando que as principais dificuldades encontradas pelos bolsistas foram de caráter básico como a falta de espaço adequado para atividades práticas. Como professores inseridos na transição do ensino das Artes, entendemos que o reconhecimento da importância da Dança no currículo deve ser conquistado por seus profissionais na medida em que os mesmos assumem uma postura política e pedagógica frente aos gestores e à sociedade. O PIBID Dança trouxe aos alunos do curso a oportunidade de pensar tais questões de suma importância nem sempre contempladas nas experiências solitárias dos estágios. As supervisoras fortaleceram suas atuações, tornando a Dança bem mais presente nas escolas ao mesmo tempo em que contribuíam para a nossa formação profissional e acadêmica. Considerações finais A primeira atuação do PIBID Dança (2014) foi considerada bastante satisfatória, atingindo grande parte de seus objetivos por meio dos projetos desenvolvidos. As dificuldades trouxeram discussões a aprimoramentos a todos os 5
envolvidos, principalmente no que diz respeito à atuação política e pedagógica do docente de Dança. Referências BRASIL (1996). Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/96. (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Arte. Brasília: MEC. CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO. Resolução 06/2009, de 29 de dezembro de 2009. Matriz Curricular para o Ensino Fundamental da Rede Municipal de Educação. Natal/RN, 2009. PORPINO, Karenine de Oliveira. Dança e currículo. Dança na escola: arte e ensino, Rio de janeiro, ano XXI, boletim 2, 2012. Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/salto/edition?idedition=8257#> Acesso em: 31 de julho de 2015. PORPINO, Karenine de Oliveira. Dança é educação: Interfaces entre corporeidade e estética. Natal: EDUFRN, 2006. STRAZZACAPPA, Márcia; MORANDI, Carla. Entre a arte e a docência A formação do artista da dança. 2ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2009. STRAZZACAPPA, Márcia. A Educação e a fabrica de corpos: a dança na escola. Cadernos Cedes, ano XXI, nº 53, 2001. Referências Hipertextuais <http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid>. (Acesso em 31 de julho de 2015). Sua Dança ano 6 número 1. (vídeo). Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=wjtejda1jai>. (Acesso em 31 de julho de 2015). i Suzanne Rhaquel Guerra da Silva é graduada em Dança pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi bolsista do PIBID Dança no ano de 2014. Email: rhaquelguerra@ymail.com ii Yasmin Rodrigues Cabral é graduada em Dança pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi bolsista do PIBID Dança no ano de 2014. Email: yasminlarbac@hotmail.com iii Karenine de Oliveira Porpino é professora associada da UFRN, atua no Curso de Licenciatura em Dança e nos Programas de Pós-graduação em Educação e Artes Cênicas. É a atual coordenadora do PIBID Dança da UFRN. Email: kporpino@gmail.com 6