XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
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- Isabel Lombardi Canário
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1 O LABORATÓRIO E O PIBID: UMA AÇÃO CONJUNTA PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES Dora Soraia Kindel Resumo: Muito tem sido dito sobre a necessidade de uma formação inicial voltada para os novas perspectivas educacionais. O Laboratório de Observações, Vivências e Experiências em Educação Matemática do Instituto Multidisciplinar, LOVE_EMIM, nasceu em 2013 visando propiciar aos graduandos e professores da Baixada Fluminense a possibilidade de vivenciar diferentes possibilidades de ensino e de aprendizagem através de diferentes ações: aulas de disciplinas pedagógicas específicas, eventos, cursos de extensão; grupos de estudos e em 2014, ações do PIBID no subprojeto Interdisciplinar passam também a fazer parte das ações do laboratório. Este grupo de pibidianos, em particular, é formado por uma equipe de dois supervisores, professores da rede pública municipal, quinze licenciandos de matemática, atuando em turmas do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental de duas escolas da Baixada Fluminense para as quais elaboram sugestões de atividades a partir dos desafios enfrentados pelos professores no ensino de línguas e linguagens. Com base nessa opção, destacamos, entre outros, os diálogos interdisciplinares entre as linguagens literária e a matemática desenvolvendo propostas a partir da leitura de livros de literatura infantil. O acervo também tem servido de base para a elaboração de monografias em que uma abordagem teórica e reflexivo é feita sobre o conteúdo matemático buscando entender como esse conceito e apresentado nos livros didáticos e nas pesquisas e em seguida são pensadas formas alternativas de se abordar o conteúdo elaborando fichas de trabalho, jogos e planos de aula e curso sobre o conteúdo estudado. A base teórica dos trabalhos realizados pelo e no laboratório se apoia na matriz histórico-cultural inspirada nas obras de Vigotsky, na resolução de problemas, no desenvolvimento de atividades investigativas em sala de aula e nos trabalhos colaborativos. Ou seja, na multiplicidade de ações em busca de respostas e propostas para modificar o sentimento que move a maioria dos alunos das escolas que odeiam essa disciplina. Palavras-chave: Formação inicial de professores; laboratório de matemática; trabalho colaborativo. 1. Introdução Muitas são as possibilidades e limites do laboratório de ensino de matemática. No Brasil existem pesquisadores (LORENZATO,2009; KALEFF,2001), e outros (Perez, Gaspar, Rego & Rego, Sheffer, citados por Lorenzato), que vem desenvolvendo 5113
2 2 trabalhos em laboratórios de ensino de matemática (LEM) em diferentes instituições públicas e privadas de ensino superior. Se por um lado, cada um desses pesquisadores apresenta um olhar diferenciado sobre as concepções e propostas para a utilização do LEM, por outro essas visões contribuem para a importância da implementação e desenvolvimento de atividades nesse espaço privilegiado de aprendizagem. No caso do LOVE_EMIM não pode ser diferente. A partir dos cursos de extensão visando contribuir com a formação inicial dos futuros professores e observou-se que os graduandos, de um modo geral, nunca tiveram na sua trajetória estudantil, vivências com jogos e materiais concretos em sala de aula de matemática. Essa constatação nos mostra, entre outros pontos, que existe contradições, dificuldades e estratégias usadas pelas redes de ensino para implementar as políticas públicas em todos os níveis de ensino, particularmente no que se refere ao ensino de matemática. Assim, pensar na existência de um laboratório e na sua implementação pode ser o primeiro ou mais um dos passos necessários para que um novo olhar seja lançado para a disciplina de matemática e o seu ensino. O laboratório visa a) propiciar aos graduandos dos cursos de pedagogia e da matemática e aos professores da Baixada Fluminense um espaço em que eles possam discutir, observar, experimentar e vivenciar novas formas de abordagem dos conteúdos de matemática tendo acesso a jogos, materiais manipuláveis e softwares bem como o acesso a livros que fundamentam este acesso; b) aprofundar questões de cunho teórico acerca do conhecimento através do discurso matemático. Esse objetivos estão norteados por duas questões de pesquisa: De que forma o laboratório pode ser um espaço de formação de graduandos? De que modo o trabalho colaborativo no laboratório pode influenciar em melhoria na formação de professores? A base teórica do estudo tomará como base a matriz histórico-cultural inspirada na obra de Vigotski, no Modelo de Estratégias Argumentativas desenvolvido por Casto e Bolite Frant e na Teoria da Cognição Corporificada de Lakoff e Nunez. 2. O laboratório no contexto da universidade Considerando as diferentes linhas de pesquisas na área da Educação Matemática, várias sugestões de usos de materiais tem sido apontadas para o uso em salas de aula de matemática para atender os diferentes interesses do alunado. Entre essas contribuições podemos citar a resolução de problemas, os jogos e quebra-cabeças, a história da 5114
3 3 matemática como subsídio para fomentar discussões acerca do surgimento e desenvolvimento dos conceitos, o uso das Tecnologias da informação e comunicação (TICs), o desenvolvimento e uso de softwares educativos. Segundo Rego e Rego (2009) As novas demandas sociais educativas apontam para a necessidade de um ensino voltado para a promoção do desenvolvimento da autonomia intelectual, criatividade e capacidade de ação, reflexão crítica pelo aluno (REGO ®O, 2009, p.41) Assim, um espaço rico em material pode facilitar o desenvolvimento dessas habilidades. Por outro lado, de acordo com a legislação concernente, RESOLUÇÃO Nº 3, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2003 i, art. 1º as Diretrizes Curriculares para os cursos de bacharelado e licenciatura em Matemática, integrantes do Parecer CNE/CES 1.302/2001 ii, deverão orientar a formulação do projeto pedagógico do referido curso, e o PARECER N.ºCNE/CES 1.302/2001 os cursos de Bacharelado em Matemática existem para preparar profissionais para a carreira de ensino superior e pesquisa, enquanto os cursos de Licenciatura em Matemática têm como objetivo principal a formação de professores para a educação básica. Assim, de acordo com as orientações curriculares do projeto político pedagógico do curso de licenciatura em matemática do Campus de Nova Iguaçu da UFRRJ, entre as várias competências e habilidades elencadas para a formação do licenciando, destacamos duas que estão diretamente relacionada com a existência de um laboratório de educação matemática. A primeira, visa desenvolver a capacidade de utilizar as novas tecnologias como vídeo, áudio, computador, internet entre outros e a segunda, visa desenvolver a capacidade de: analisar e produzir materiais didáticos instrucionais; desenvolver projetos relacionados a elaboração de livros textos, softwares educacionais e outros materiais didáticos. O laboratório, LOVE_EMIM, tem sido usado como ambiente de aula para algumas disciplinas e desta forma servindo como modelo alternativo para o ensino de matemática. Seu acervo, de jogos e materiais manipuláveis, tem sido usado para discutir os temas mais variados nas disciplinas de Ensino de Matemática, presente nas grades curriculares dos cursos de Pedagogia e de Licenciatura em Matemática. LOVE_EMIM também tem sido o lugar privilegiado para o desenvolvimento das atividades a serem realizadas nas escolas parceiras e que integram o subprojeto Interdisciplinar do PIBID. 5115
4 4 Para o trabalho com geometria usando o Tangram, os bolsistas confeccionaram 390 Tangram em cartolina, um para cada aluno das turmas do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental das escolas parceiras. Esse Tangram foi trabalhado durante um semestre para realizar diferentes atividades, tais como: montagem de figuras quaisquer usando as sete peças; montagem de figuras usando as sete peças podendo ou não sobrepor as peças ao desenho da figura proposto pelos bolsistas. Além dessas ações compartilhadas, o LOVE_EMIM vem realizando ações específicas, como exposições do acervo em datas comemorativas, cursos e oficinas de extensão, seminários para os licenciandos. Para exemplificar listamos algumas das atividades realizadas em 2015: a) exposição de jogos e materiais no pátio de entrada da universidade durante o evento, Malba Tahan e o dia da Matemática na Universidade; b) realização de oficinas para alunos da pedagogia e da matemática em eventos da universidade; c) realização das mesmas oficinas em outra universidade, a convite. A outra frente de ação do laboratório consiste em aprofundar questões de cunho teórico acerca do conhecimento através do discurso matemático. Neste sentido, em 2015, foram elaboradas cinco monografias de graduandos do curso de matemática tendo como base o acervo do laboratório, são elas: 1) A escrita numérica do Egito Antigo no contexto das aulas de matemática do século XXI: uma conexão com a literatura infantil; 2) Poliedros de Platão; 3) Quebra cabeças matemático: uma proposta lúdica para o ensino do Teorema de Pitágoras; 4) Frac_Soma 235: um arco-íris de fração; 5) Um estudo sobre funções: o caso das funções prototípicas. Considerações Finais Assim, cabe reconhecer que as ações do laboratório vem oportunizando a realização de diferentes atividades para os licenciandos dos dois cursos e servindo de base para reflexões e ações propositivas para o ensino da matemática. Neste sentido, concordamos com Rego e Rego (2012), quando afirma que se o laboratório estiver associado a formação docente, oportuniza a realização de atividades em que professores da educação básica e alunos de cursos de licenciatura possam refletir e elaborar sua avaliação pessoal do sistema de ensino adotado em nossas escolas e construir modelos viáveis para superação de seus aspectos negativos. (REGO e REGO, 2009, p.40, 41). 5116
5 5 O depoimento de Enio iii, pibidiano do subprojeto Interdisciplinar e aluno do curso de matemática exemplifica e dá a dimensão da contribuição do laboratório na sua vida acadêmica pois segundo ele o laboratório me estimulou a investigar o que realmente esta disciplina tão assustadora, ou melhor como através de ferramentas diversas é possível se pensar em matemática e como interpreta-la, sem defasar minha formação e dos meus futuros discentes. Me ajudo (sic) a entender que a matemática vai além do quadro branco, e que é possível sim entender diversas coisas na matemática sem o simples comentário já está tudo pronto ou matemática é apenas fórmulas que muitas das vezes as pessoas entendem como inúteis em nossa vida (Enio) Com vistas ao futuro, novas ações estão previstas à curto, médio e longo prazo. A curto, a continuidade das ações já realizadas, tais como: exposições no pátio para livre manuseio de toda a comunidade universitária. Realização de uma agenda de minicursos e oficinas. A médio prazo, a publicação de três livros sobre três materiais distintos em parceria com três outros professores de instituições renomadas do Estado. E a longo prazo, a ampliação do acervo do laboratório, maior participação de alunos de graduação, mestrandos, doutorandos e professores da rede pública e privada do município de Nova Iguaçu e adjacências. 3. Agradecimentos FAPERJ_RJ, CAPES/PIBID; UFRRJ. 4. Referências BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n , de 20 de dezembro de LORENZATO, Sérgio (Org.). O Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. Campinas, SP: Autores Associados, Coleção Formação de Professores. RÊGO, R.G; RÊGO, R. M. Desenvolvimento e uso de materiais didáticos no ensino da matemática. In: Lorenzato, Sérgio (org.) O Laboratório de Ensino de Matemática na formação de professores. Campinas: Autores Associados, p i ii iii Nome fantasia para o pibidiano participante do projeto PIBID Interdisciplinar 5117
Palavras-chave: Subprojeto PIBID da Licenciatura em Matemática, Laboratório de Educação Matemática, Formação de professores.
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