Descritores: Vocabulário. Crianças em idade pré-escolar. Linguagem. Psicometria. Desenvolvimento. Comunicação.

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CIÊNCIA COGNITIVA: TEORIA, PESQUISA E APLICAÇÃO, v.1, n.1, p.353-80, 1997 DESENVOLVIMENTO LINGÜÍSTICO NA CRIANÇA DOS DOIS AOS SEIS ANOS: TRADUÇÃO E ESTANDARDIZAÇÃO DO PEABODY PICTURE VOCABULARY TEST DE DUNN & DUNN, E DA LANGUAGE DEVELOPMENT SURVEY DE RESCORLA 1 Fernando C. Capovilla 2 e Alessandra G. S. Capovilla 3 Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo Resumo: Atraso de linguagem é o problema de desenvolvimento mais comum em pré-escolares e correlacionase com distúrbios posteriores de aprendizagem. É identificado via avaliação do número de palavras faladas e compreendidas, já que aos 2a o vocabulário expressivo mínimo é de 50 palavras com combinações de 2-3 palavras. Metade das crianças com atraso de fala aos 24-30 meses apresentará atraso severo entre 3-4 anos. No Brasil faltam instrumentos estandardizados para identificar precocemente atraso de linguagem. O estudo fornece traduções brasileiras do Peabody Picture Vocabulary Test (PPVT) ou Teste de Vocabulário por Imagens Peabody (TVIP), e da Language Development Survey (LDS) ou Lista de Avaliação de Vocabulário Expressivo (LAVE) e normas preliminares. Avalia correlações entre vocabulários receptivoexpressivo e analisa desenvolvimento em função de idade, nível de escolaridade e tipo de escola. Descritores: Vocabulário. Crianças em idade pré-escolar. Linguagem. Psicometria. Desenvolvimento. Comunicação. A importância da avaliação do vocabulário para a análise do desenvolvimento lingüístico O atraso de linguagem é o problema de desenvolvimento mais comum em pré-escolares (Bax, Hart & Jenkins, 1980) e está fortemente correlacionado com posteriores problemas de 1 Pesquisa realizada com Auxílio da FAPESP (Processos: 96/1394-5; 96/6481-3). 2 Bolsista Produtividade do CNPq. Endereço para correspondência: PSE, IP-USP, Av. Prof. Mello Moraes, 1721, São Paulo, SP, 05508-900, tel. (011) 818.4001 r 29, 30, 40; fax (011) 818.4909; e-mail capovila@usp.br. 3 Bolsista de Doutorado da FAPESP. 353

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. aprendizagem (Aram, Ekelman & Nation, 1984; Tallal, 1988). Pode ser identificado já a partir dos dois anos de idade, por meio da avaliação do número de palavras que a criança fala e compreende. Estudos conduzidos com crianças falantes de língua inglesa e com desenvolvimento lingüístico normal sugerem que aos dois anos de idade as crianças apresentam um vocabulário expressivo de pelo menos 50 palavras e são capazes de formar combinações de duas ou três palavras (Coplan et al., 1982; Rescorla, 1989; Resnick, Allen & Rapin, 1984). Tem sido demonstrado que cerca de metade das crianças identificadas como tendo atraso específico de linguagem expressiva entre 24 e 30 meses tendem a continuar apresentando um severo atraso de fala entre três e quatro anos de idade (Rescorla & Schwartz, 1988). Assim, fica clara a necessidade de desenvolver e validar instrumentos para identificar precocemente possíveis atrasos de linguagem em crianças já a partir dos dois anos de idade. O presente estudo oferece uma tradução brasileira do Teste de Vocabulário por Imagens Peabody ou TVIP (Dunn & Dunn, 1981; Dunn et al., 1986a, 1996b), e da Lista de Avaliação de Vocabulário Expressivo ou LAVE (Rescorla, 1989). O TVIP é uma prova de vocabulário receptivo, uma vez que avalia a compreensão do vocabulário. Nele a criança deve apontar a figura que corresponde à palavra que ouve. A LAVE, por outro lado, é uma prova de vocabulário expressivo, uma vez que avalia o vocabulário em termos das palavras que a criança emite, segundo o relato da mãe que preenche o questionário. O vocabulário auditivo-receptivo é um requisito para a recepção e o processamento de informação auditiva. Portanto, a extensão do vocabulário é uma importante medida da habilidade intelectual. De fato, tem sido demonstrado que provas de vocabulário receptivo fornecem o melhor índice individual de aproveitamento escolar (Dale & Reichert, 1957) e que as subprovas de vocabulário são as que mais contribuem para os escores das provas de inteligência geral (Elliott, 1983). O vocabulário receptivo está fortemente correlacionado com a habilidade de leitura e com o quociente de inteligência (Eysenck & Keane, 1990). A correlação com a inteligência geral decorre do fato de que a aquisição do vocabulário requer o uso de informações contextuais para fazer inferências plausíveis sobre o significado de palavras desconhecidas. Um exemplo de como inferências são empregadas para derivar o significado de palavras desconhecidas a partir do contexto frasal em 354

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos que aparecem é fornecido por Sternberg (1985). Numa sentença como Ao amanhecer, o blen surgiu no horizonte brilhando intensamente, o significado (sol) da palavra desconhecida blen é dado pelo contexto frasal. Este mesmo tipo de processamento ativo de construção de inferências que caracteriza a aquisição de vocabulário também caracteriza a compreensão de leitura. Daí a relação entre vocabulário receptivo e compreensão de leitura. Programas voltados à expansão do vocabulário tendem a ter forte impacto sobre a compreensão da leitura. Tem sido demonstrado (McKeon et al., 1985) que boa parte do efeito dos procedimentos que buscam aumentar a compreensão de leitura em leitores fracos por meio da expansão do vocabulário deriva do desenvolvimento de habilidades inferenciais feitas em sentenças em que as palavras são usadas, mais do que simplesmente da rotineira aprendizagem das palavras apresentadas com suas definições. Naquele estudo o método de ensino de vocabulário baseado em contexto produziu maior melhora na compreensão global do texto do que o método de ensino de definições. Leitores fracos mostraram maior habilidade em raciocinar com as novas palavras quando lhes era ensinado o uso dessas novas palavras em contextos diferentes e a união de palavras relacionadas, do que quando simplesmente aprendiam as novas palavras juntamente com suas definições. Já que os programas voltados à expansão do vocabulário receptivo têm impactos tão relevantes, é muito importante poder avaliar a eficácia relativa de diferentes programas por meio de instrumentos estandardizados. Objetivos Este estudo teve quatro objetivos. O primeiro foi fornecer uma tradução brasileira do Teste de Vocabulário por Imagens Peabody ou TVIP (Dunn & Dunn, 1981; Dunn et al., 1986a, 1986b), bem como normas preliminares de seu emprego com crianças de dois a seis anos de idade. Num estudo paralelo (Capovilla et al., 1997) são oferecidas normas preliminares de seu emprego para crianças de seis a 14 anos de idade. O segundo objetivo foi fornecer uma tradução da Language Development Survey (Rescorla, 1989), aqui denominada Lista de Avaliação de Vocabulário Expressivo (LAVE), bem como normas preliminares de seu emprego com crianças da mesma faixa etária. O terceiro foi analisar o desenvolvimento lingüístico dessas crianças em termos de vocabulários receptivo e expressivo como função de idade (em anos e semestres), nível de escolaridade (entre 355

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. Maternal e Pré 3), e tipo de escola (pública ou privada). O quarto foi avaliar a existência de correlações entre vocabulários receptivo e expressivo avaliados via TVIP e LAVE. Método Participantes Participaram do estudo 238 crianças entre 2-6 anos de idade. Destas, 103 crianças eram de escola pública municipal, sendo 23 do Maternal, 25 do Pré 1, 30 do Pré 2 e 25 do Pré 3. As 135 crianças restantes eram de escola particular, sendo sete do Maternal, 19 do Pré 1, 47 do Pré 2 e 62 do Pré 3. Todas eram da cidade de Marília, SP, e variavam em idade entre 31 e 79 meses, com média de 58,3. Aparato e situação ambiental Para avaliar o vocabulário expressivo, foi usada a Lista de Avaliação de Vocabulário Expressivo (LAVE). Para avaliar o vocabulário receptivo, o Teste de Vocabulário por Imagens Peabody (TVIP). A Lista de Avaliação de Vocabulário Expressivo A Lista de Avaliação de Vocabulário Expressivo (LAVE) foi desenvolvida por Rescorla (1989) para identificar atraso de linguagem em crianças a partir de dois anos de idade. Ao possibilitar uma detecção precoce de tal atraso, permite intervir a tempo de obter resultados satisfatórios. A LAVE consta de duas partes: um questionário em que são pedidas informações sobre a criança e sua família, e uma lista com 309 palavras arranjadas em 14 categorias semânticas. Estas palavras foram escolhidas com base em estudos sobre o desenvolvimento lexical inicial e são consideradas de alta freqüência. A LAVE deve ser respondida preferencialmente pela mãe da criança, que deve preencher o questionário e assinalar na lista quais são as palavras que a criança fala espontaneamente. O estudo de Rescorla (1989) validou o uso da LAVE como instrumento de avaliação de vocabulário expressivo em crianças pequenas. A LAVE foi por nós traduzida e a tradução usada neste estudo encontra-se no Apêndice 1. Neste estudo o nível econômico-profissional dos pais foi definido a partir de informações obtidas via questionário apresentado na LAVE referentes ao nível de ocupação, período de emprego (parcial ou integral), entre outras. O nível econômico-profissional variava numa escala de 1 a 5, sendo que o nível 1 correspondia a sem renda ou renda mínima (ex.: desempregado, aposentado), o nível 2 356

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos correspondia a renda baixa (ex.: empregada doméstica, operário), o nível 3 a renda média-baixa (ex.: técnicos de diferentes ocupações), o nível 4 a renda média-alta (ex.: profissões liberais de modo geral) e o nível 5 a renda alta (ex.: empresários, industriais). O Teste de Vocabulário por Imagens Peabody O Teste de Vocabulário por Imagens Peabody (TVIP) avalia o desenvolvimento lexical no domínio receptivo, i.e., as habilidades de compreensão de vocabulário, de crianças entre 2a6m até 18a de idade. Fornece avaliação objetiva, rápida e precisa do vocabulário receptivo-auditivo em ampla variedade de áreas, incluindo pessoas, ações, qualidades, partes do corpo, tempo, natureza, lugares, objetos, animais, termos matemáticos, ferramentas e instrumentos. É indicado para avaliar o nível de desenvolvimento da linguagem receptiva em pré-escolares, bem como em crianças ou adultos que não lêem, que não escrevem e mesmo que não falam. É especialmente apropriado para avaliar o vocabulário de pessoas incapazes de vocalizar palavras de modo inteligível já que, para avaliar a compreensão auditiva de palavras isoladas, requer apenas que o examinando escolha a figura correspondente à palavra falada pelo examinador. É ideal para avaliar crianças ou adultos com distúrbios emocionais, psicose, autismo, retardo mental, afasias ou paralisia cerebral. Desde a sua versão original em inglês (Dunn, 1959) o teste tem sido revisado (Dunn & Dunn, 1981) e adaptado a outras línguas como espanhol (Dunn et al., 1986a, 1986b). O TVIP correlaciona-se fortemente com a maior parte dos testes de vocabulário e de inteligência verbal. Uma revisão da literatura sobre a validade e a fidedignidade da versão original em inglês pode ser encontrada em Robertson e Eisenberg (1981). Em termos de indicação, o TVIP avalia o vocabulário receptivo-auditivo de examinandos entre dois anos e seis meses e 18 anos de idade. Pode ser empregado como prova de aproveitamento escolar ou de inteligência verbal, sendo também ideal em estudos longitudinais para avaliar o efeito de diversas variáveis sobre o desenvolvimento do vocabulário durante períodos extensos de tempo. Um de tais estudos longitudinais, por exemplo, avaliou os efeitos da generalização de ganhos advindos de programas de tratamento de habilidades lingüísticas em crianças com retardo no desenvolvimento da linguagem (Warren & Kaiser, 1986). No entanto, TVIP é pouco recomendado para crianças com perda 357

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. auditiva ou visual acentuada. Ele está sendo presentemente estandardizado e computadorizado com recursos de multimídia para permitir avaliar crianças não-falantes com severos distúrbios motores (TVIP-Comp, Capovilla et al., 1996). A presente tradução foi feita a partir da adaptação hispano-americana do TVIP (Dunn et al., 1986a, 1986b) que consiste em cinco pranchas de prática seguidas de 125 pranchas de teste, organizadas em ordem crescente de dificuldade. As pranchas são compostas de quatro desenhos de linha preta em fundo branco. O teste é organizado de acordo com um modelo de múltipla escolha. Ele não requer que o examinando leia, escreva ou vocalize qualquer coisa. A tarefa consiste simplesmente em selecionar, dentre as alternativas, a figura que melhor representa a palavra falada apresentada pelo examinador. O Apêndice 2 contém o Quadro 1 que lista todas as palavras faladas pelo examinador para cada uma das pranchas de treino (A a E) e de teste (1 a 125) da presente tradução. Nessa versão o teste é administrado individualmente em cerca de 10 a 15 min. Procedimento A LAVE era entregue às mães por intermédio das crianças. As mães preenchiam a lista em casa e as próprias crianças a traziam de volta, entregando-a às professoras. Foram retornados 52% das listas enviadas. O retorno das listas por série foi o seguinte: 50% para Maternal, 45,5% para Pré 1, 48% para Pré 2, e 61% para Pré 3. A aplicação do TVIP ocorreu durante o período escolar normal e deu-se em situação individual para crianças de Maternal e Pré 1, e em situação coletiva para aquelas de Pré 2 e Pré 3. O teste era apresentado sob forma de um caderno plastificado contendo quatro conjuntos de comparações por folha, sendo que cada um desses conjuntos constava de quatro figuras e era emoldurado por uma margem de cor amarela, azul, verde ou vermelha. A margem colorida funcionava como referência. Assim, por exemplo, o aplicador dizia que as crianças deviam olhar para os desenhos dentro do quadrado amarelo e escolher a figura cujo nome era dito pelo aplicador. As crianças então apontavam para a figura escolhida e o aplicador anotava as respostas escolhidas pelas crianças. Resultados A progressão dos vocabulários receptivo e expressivo do Maternal ao Pré 3 358

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos A Figura 1 representa os efeitos do nível escolar da criança sobre os escores no TVIP (à esquerda) e na LAVE (à direita). Como pode ser observado, os escores em ambos, vocabulário receptivo e expressivo, foram função direta monotônica do nível escolar da criança. Como também pode ser observado, houve maior regularidade e menor variabilidade na função do TVIP do que na da LAVE. Ainda assim, ambas as curvas são bastante regulares e mostram um claro aumento nos desempenhos em função do nível escolar da criança. Escore em TVIP 70 60 50 40 30 20 10 M P1 P2 P3 Nível escolar da criança Escore em LAVE 359 300 290 280 270 260 250 240 M P1 P2 P3 Nível escolar da criança Figura 1. Efeitos do nível escolar da criança (M: Maternal; P1: Pré 1; P2: Pré 2; P3: Pré 3) sobre os escores no TVIP (à esquerda) e na LAVE (à direita). Dados representam médias e erros-padrão. Em termos de desempenho em vocabulário receptivo no TVIP, ANCOVA de nível escolar da criança sobre os escores no TVIP tendo como covariantes os níveis de escolaridade materna e paterna, bem como os níveis profissionais materno e paterno, revelou efeitos significantes do nível de escolar da criança (F [3,111] = 100,2, p = 0,000), mas não de qualquer covariante. Análises de comparação de pares via teste de Bonferroni revelaram que o desempenho de crianças no Maternal foi significantemente inferior ao das crianças dos níveis Pré 1, 2 e 3; que o desempenho de crianças de Pré 1 foi inferior aos das de Pré 2 e 3; e que o das crianças de Pré 2 foi inferior aos das de Pré 3. Em termos de desempenho em vocabulário expressivo na LAVE, ANCOVA de nível escolar da criança sobre os escores na LAVE tendo como covariantes os níveis de escolaridade materna e paterna, bem como os níveis profissionais materno e paterno, revelou efeitos significantes do nível de escolar da criança (F [3,109] = 7,03, p = 0,000), mas não de qualquer covariante. Análises

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. de comparação de pares via teste Fisher LSD revelaram que o desempenho de crianças no Maternal foi significantemente inferior ao das crianças dos níveis Pré 2 e 3; e que o desempenho de crianças de Pré 1 foi inferior aos das de Pré 2 e 3. A progressão dos vocabulários receptivo e expressivo dos dois aos seis anos A Figura 2 representa os efeitos da idade da criança (em anos) sobre os escores no TVIP (à esquerda) e na LAVE (à direita). Como pode ser observado, os escores em ambos, vocabulário receptivo e expressivo, também foram função direta monotônica da idade da criança em anos. Aqui também pode ser observada uma maior regularidade e uma menor variabilidade na função do TVIP do que na da LAVE. Ainda assim, uma vez mais, ambas as curvas foram bastante regulares e mostram um claro aumento nos desempenhos em função da faixa etária da criança. Em termos de desempenho em vocabulário receptivo no TVIP, ANCOVA de idade da criança (em anos) sobre os escores no TVIP tendo como covariantes os níveis de escolaridade materna e paterna, bem como os níveis profissionais materno e paterno, revelou efeitos significantes do nível de escolar da criança (F [4,110] = 56,04, p = 0,000), mas não de qualquer covariante. Análises de comparação de pares via teste Fisher LSD revelaram que o desempenho de crianças de dois anos foi significantemente inferior ao de todas as demais; que o daquelas de três anos foi inferior ao das de quatro, cinco e seis anos; e que o das crianças de quatro foi inferior ao das de cinco e seis anos. Em termos de desempenho em vocabulário expressivo na LAVE, ANCOVA de idade da criança (em anos) sobre os escores na LAVE tendo como covariantes os níveis de escolaridade materna e paterna, bem como os níveis econômico-profissionais materno e paterno, revelou efeitos significantes do nível de escolar da criança (F [4,120] = 3,44, p = 0,011), bem como do covariante nível profissional paterno (F [1,120] = 4,54, p = 0,035). Análises de comparação de pares via teste Fisher LSD revelaram que o desempenho de crianças de dois anos foi significantemente inferior ao das de três, quatro, cinco e seis anos; e que o daquelas de três anos foi inferior ao das de cinco e seis anos. Invertendo os papéis de covariante e de variável dependente, ANCOVA de nível econômicoprofissional paterno tendo como covariante a idade das crianças em ano revelou que os escores na LAVE foram função do nível 360

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos econômico-profissional paterno (F [3,134] = 3,41, p = 0,02). Análises de comparação de pares via Fisher LSD revelaram que o escore na LAVE da criança cujo pai tinha nível econômico-profissional 2 foi significantemente inferior ao da criança cujo pai tinha nível 3 ou 4. Escore em TVIP 70 60 50 40 30 20 10 0 2 3 4 5 6 Idade da criança (anos) Escore em LAVE 300 280 260 240 220 200 2 3 4 5 6 Idade da criança (anos) Figura 2. Efeitos da idade da criança (em anos) sobre os escores no TVIP (à esquerda) e na LAVE (à direita). Dados representam médias e erros-padrão. A progressão dos vocabulários receptivo e expressivo ao longo dos semestres A Figura 3 representa os efeitos da idade da criança (em semestres) sobre os escores no TVIP (à esquerda) e na LAVE (à direita). Como pode ser observado, os escores em ambos, vocabulário receptivo e expressivo, também foram função direta monotônica da idade da criança em semestres. Na figura, o semestre 5 indica o período entre 2a6m e 2a11m, o 6 indica o período entre 3a e 3a5m, e assim por diante. Como nas figuras anteriores, aqui também pode ser observada uma menor variabilidade na função do TVIP do que na da LAVE, mas ambas as curvas são regulares e demonstram um aumento nos desempenhos ao longo dos semestres. Em termos de desempenho em vocabulário receptivo no TVIP, ANCOVA da idade da criança (em semestres) sobre os escores no TVIP tendo como covariantes os níveis de escolaridade materna e paterna, bem como os níveis profissionais materno e paterno, revelou efeitos significantes do nível de escolar da criança (F [8,106] = 40,35, p = 0,000), mas não de qualquer covariante. Análises de comparação de pares via teste Fisher LSD revelaram que o desempenho de crianças com cinco ou seis semestres de idade foi inferior ao das 361

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. crianças com sete semestres em diante; que o das crianças com sete ou oito semestres de idade foi inferior ao das com nove semestres em diante; que o das com nove semestres foi inferior ao das com dez semestres em diante; e que o das crianças com dez semestres foi inferior ao das crianças com onze semestres em diante. Em termos de desempenho em vocabulário expressivo na LAVE, ANCOVA de idade da criança (em semestres) sobre escores na LAVE tendo como covariantes os níveis de escolaridade materna e paterna, bem como os níveis profissionais materno e paterno, revelou efeitos significantes do nível de escolar da criança (F [7,117] = 2,9, p = 0,008), bem como do covariante nível profissional-econômico do pai (F [1,117] = 5,68, p = 0,019). Análises de comparação de pares via Fisher LSD revelaram que o desempenho de crianças com cinco semestres de idade foi inferior ao das crianças com sete semestres em diante; que o das crianças com seis semestres foi inferior ao das com nove em diante; que o das com sete ou oito semestres foi inferior ao das com onze em diante. Escore em TVIP 90 80 70 60 50 40 30 20 10 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Idade da criança (semestres) Escore em LAVE 310 295 280 265 250 235 220 5 6 7 8 9 10 11 12 Idade da criança (semestres) Figura 3. Efeitos da idade da criança (em semestres) sobre os escores no TVIP (à esquerda) e na LAVE (à direita). Dados representam médias e erros-padrão. Os efeitos do tipo de escola (particular versus pública) A Figura 4 representa os efeitos do tipo de escola (particular versus pública) para cada uma das idades da criança (em anos) sobre os escores no TVIP (à esquerda) e na LAVE (à direita). Como pode ser observado, os escores das crianças da escola particular foram mais altos do que os daquelas da escola pública em todas as faixas etárias entre 2-6 anos no vocabulário receptivo, e entre 4-6 anos no vocabulário expressivo. As únicas exceções foram os grupos de dois 362

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos e três anos de idade em LAVE. Em termos de desempenho em vocabulário receptivo no TVIP, ANCOVA do tipo de escola (particular versus pública) sobre os escores no TVIP tendo como covariante a idade em anos da criança revelou efeitos significantes do tipo de escola (F [1,145] = 15,17, p = 0,000), bem como do covariante idade em anos (F [1,145] = 198,12, p = 0,000). Na ANCOVA de tipo de escola sobre escores no TVIP, as crianças da escola pública tiveram média de 49,7 (erro padrão 1,48), enquanto que as da escola particular, 57,1 (erro padrão de 1,17). É preciso observar aqui que foi necessário empregar ANCOVA pois a idade média das crianças da escola pública que foram submetidas ao TVIP era menor do que a das crianças da escola particular que foram submetidas ao mesmo teste, o que inflacionaria artificialmente os resultados. Por exemplo, numa ANOVA simples as crianças da escola pública tiveram média de 43,6 (erro padrão 1,7), enquanto que as da particular tiveram média de 57,0 (erro padrão de 1,5). Escore em TVIP 70 60 50 40 30 20 10 2 3 4 5 6 Idade da criança (anos) Particular Pública 363 Escore em LAVE 310 290 270 250 230 210 2 3 4 5 6 Idade da criança (anos) Particular Pública Figura 4. Efeitos do tipo de escola (particular versus pública) para idade da criança (em anos) sobre os escores no TVIP (à esquerda) e na LAVE (à direita). Em termos de desempenho em vocabulário expressivo na LAVE, ANCOVA do tipo de escola (particular versus pública) sobre os escores na LAVE tendo como covariante a idade em anos da criança revelou efeitos significantes do tipo de escola (F [1,161] = 4,87, p = 0,029), bem como do covariante idade em anos (F [1,161] = 15,79, p = 0,000). Na ANCOVA de tipo de escola sobre escores na LAVE, as crianças da escola pública tiveram média de 277,2 (erro padrão 4,3), enquanto que as da particular tiveram média de 290,2 (erro

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. padrão de 4,0). Aqui, embora tenha sido empregada ANCOVA, uma ANOVA simples poderia ter sido empregada, já que a idade média das crianças cujas mães preencheram a LAVE era aproximadamente a mesma em ambas as escolas. Assim, numa ANOVA simples as crianças da escola pública tiveram média de 275,4 (erro padrão 4,4), enquanto que as da particular tiveram média de 290,2 (erro padrão de 4,0), que são muito similares àquelas obtidas por meio da correção feita pela ANCOVA. Análise da correlação entre os desempenhos de vocabulário receptivo no TVIP e expressivo na LAVE Como descrito acima, das 238 crianças que receberam os formulários da LAVE para entregar às suas mães para preenchimento, apenas 52% delas retornaram os formulários preenchidos. Os dados de correlação abaixo consideram apenas o desempenho no TVIP das crianças que retornaram os formulários preenchidos. A análise de regressão dos escores na LAVE sobre os escores no TVIP revelou correlação positiva r = 0,36 significante (F [1,120] = 17,5; p = 0,000). Tais resultados estão representados na Figura 5. 350 Escore em LAVE 300 250 200 150 100 0 20 40 60 80 100 Escore em TVIP Figura 5. Correlograma (reta de regressão e intervalo de confiança) do desempenho no TVIP e na LAVE. Tabelas de estandardização de escores no TVIP e na LAVE A Tabela 1 de estandardização dos escores de vocabulário expressivo na LAVE para Maternal, Pré 1, Pré 2, Pré 3 encontra-se no Apêndice 3. A Tabela 2 de estandardização dos escores de vocabulário receptivo no TVIP para Maternal, Pré 1, Pré 2, Pré 3 encontra-se no Apêndice 4. Para a estandardização da pontuação em 364

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos cada teste, eram primeiramente obtidas a média e o desvio-padrão das distribuições da pontuação em cada teste para cada nível escolar (M, P1, P2, P3) e para cada faixa etária (2, 3, 4, 5, 6 anos). Para a obtenção da pontuação-padrão correspondente a cada pontuação de 1 a 125 no TVIP e de 100 a 230 na LAVE, tais pontuações eram submetidas à seguinte seqüência de operações: de cada pontuação era subtraída a média da distribuição correspondente, e o resto era dividido pelo desvio-padrão da distribuição correspondente. Tal razão era multiplicada então por 15, e a este produto era acrescido 100. Todas as operações foram feitas por meio do pacote estatístico Systat for Windows (Systat, 1992). A fórmula pode ser assim representada: pontuação-padrão = ([pontuação - média]/desvio padrão) 15 + 100. Conclusões Nas presentes traduções, LAVE e TVIP mostraram-se instrumentos úteis para avaliar o desenvolvimento lingüístico da criança brasileira entre 2-6 anos de idade, em termos de vocabulários expressivo e receptivo, respectivamente. Foram úteis para descrever o aumento no desempenho como função do nível escolar e da idade em anos e meses. Neste sentido, foram bastante sensíveis, já que, de modo geral, as diferenças entre um e outro nível de tais variáveis foram grandes o suficiente para serem detectadas via análises estatísticas post-hoc de comparação de pares. As presentes traduções também mostraram-se úteis para avaliar o efeito do tipo de escola, sendo que o desempenho de crianças da escola particular foi, de modo geral, superior ao daquelas da pública. O estudo também identificou correlação positiva significante entre os desempenhos na LAVE e no TVIP. Forneceu também tabelas preliminares de normatização das presentes traduções de ambos os testes, com o objetivo de permitir um pano de fundo para avaliar o desempenho lingüístico de crianças entre 2-6 anos. Estudos ulteriores com um maior número de crianças e de um maior número de escolas são necessários para permitir chegar a normas mais gerais. Tal observação é especialmente válida para o TVIP, uma vez que este estudo empregou a ordenação original da versão hispano-americana das pranchas do teste. Com base na análise de itens permitida pelo presente estudo e pelo estudo de Capovilla, Nunes et al. (1997), a ordem das pranchas foi refeita de acordo análise de itens envolvendo 365

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. o exame do grau de dificuldade apresentado pelas crianças do Maternal à oitava série em cada uma delas. Tal reordernação encontra-se no Apêndice 3 daquele estudo. CAPOVILLA, F.C.; CAPOVILLA, A.G.S. Language development in children from 2 to 6 years of age: Brazilian translation and norms for Dunn & Dunn s Peabody Picture Vocabulary Test and Rescorla s Language Development Survey. Ciência Cognitiva: Teoria, Pesquisa e Aplicação. São Paulo, v.1, n.1, p.353-80, 1997. Abstract: Speech delay is the most common developmental problem among preschoolers, and correlates with later language disturbances. It is identified by assessing words that the child is able to speak and understand. By age two, the minimal expressive vocabulary is about 50 words with 2-3 word combinations. Half the children who are speech-delayed by age 24-30 months will present severe delays by ages 3-4. Standardized instruments for early identification of language delay are missing in Brazil. The present study offers Brazilian translations of both the Peabody Picture Vocabulary Test (PPVT) and Rescorla s Language Development Survey (LDS) as well as preliminary norms for ages 2-6. Using such instruments, it assesses correlations between receptive-expressive vocabularies, and analyzes linguistic development as a function of age, school level, and school type. Index terms: Preschool age children. Development. Language. Communication. Vocabulary. Psychometrics. 366

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAM, D.; EKELMAN, B.; NATION, J. Preschoolers with language disorders: 10 years later. Journal of Speech and Hearing Research, v.27, n.2, p.232-44, 1984. BAX, M.; HART, H.; JENKINS, S. Assessment of speech and language development in the young child. Pediatrics, v.66, p.350-54, 1980. CAPOVILLA, F.C.; NUNES, L.R.O.P.; NOGUEIRA, D.; NUNES, D.; ARAÚJO, I.; BERNAT, A.B.; CAPOVILLA, A.G.S. Desenvolvimento do vocabulário receptivo-auditivo da pré-escola à oitava série: normatização fluminense baseada em aplicação coletiva do Peabody Picture Vocabulary Test. Ciência Cognitiva: Teoria, Pesquisa e Aplicação, v.1, n.1, p.381-440, 1997. CAPOVILLA, F.C.; MACEDO, E.C.; DUDUCHI, M.; RAPHAEL, W.; GUEDES, M.; CAPOVILLA, A.G.S.; GONÇALVES, M.J. Avaliação computadorizada de vocabulário e compreensão auditiva em crianças falantes ou não. O Mundo da Saúde, v.20, n.1, p.421-4, 1996. COPLAN, J.; GLEASON, J.R.; RYAN, R.; WILLIAMS, M.L. Validation of an early language milestone scale in a high-risk population. Pediatrics, v.70, p.677-83, 1982. DALE, E.; REICHERT, D. Bibliography of vocabulary studies. Columbus, OH, Ohio State University Bureau of Educational Research, 1957. DUNN, L.M. Peabody Picture Vocabulary Test. Circle Pines, MN, American Guidance Service, 1959. DUNN, L.M.; DUNN, L.M. Peabody Picture Vocabulary Test - revised. Circle Pines, MN, American Guidance Service, 1981. DUNN, L.M.; PADILLA, E.R.; LUGO, D.E.; DUNN, L.M. Manual del examinador para el Test de Vocabulario en Imágenes Peabody. Circle Pines, MN, American Guidance Service, 1986a. DUNN, L.M.; PADILLA, E.R.; LUGO, D.E.; DUNN, L.M. Test de Vocabulario en Imágenes Peabody: adaptación hispanoamericana. Circle Pines, MN, American Guidance Service, 1986b. 367

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. ELLIOTT, C.D. The British ability scales. Manual 2: technical and statistical information. Windsor, UK, NFER-Nelson, 1983. EYSENCK, M.W.; KEANE, M.T. Cognitive psychology: a student s handbook. New York, NY, Lawrence Erlbaum, 1990. MCKEON, M.G.; BECK, I.L.; OMANSON, R.C.; POPLE, M.T. Some effects of the nature and frequency of vocabulary instruction on the knowledge and use of words. Reading Research Quarterly, v.20, n.5, p.522-35, 1985. RESCORLA, L. The Language Development Survey: A screening tool for delayed language in toddlers. Journal of Speech and Hearing Disorders, v.54, n.4, p.587-99, 1989. RESCORLA, L.; SCHWARTZ, E. Outcome of Specific Expressive Language Delay (SELD). Poster presented at the meeting of the International Conference on Infant Studies, Washington, DC, 1988. RESNICK, T.; ALLEN, D.A.; RAPIN, I. Disorders of language development: Diagnosis and intervention. Pediatrics in Review, v.6, n.3, p.85-92, 1984. ROBERTSON, J.R.; EISENBERG, J.L. Technical supplement to the Peabody Picture Vocabulary Test - revised. Circle Pines, MN, American Guidance Service, 1981. STERNBERG, R.J. Beyond I.Q.: A triarchic theory of human intelligence. Cambridge, MA, Cambridge University Press, 1985. SYSTAT Systat for Windows: Statistics, version 5 edition. Evanston, IL, Systat Inc., 1992. TALLAL, P. Developmental language disorders. In KAVANAGH, J.F.; TRUSS, JR., T.J., eds. Learning disabilities: Proceedings of the national conference. Parkton, MD, York Press, 1988. p.181-272. WARREN S.F.; KAISER, A.P. Generalization of treatment effects by young language-delayed children: A longitudinal analysis. Journal of Speech and Hearing Disorders, v.51, n.3, p.239-51, 1986. 368

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos APÊNDICE 1 Tradução e adaptação da Lista de Avaliação de Vocabulário Expressivo - LAVE. Prezados Pais: Estamos conduzindo uma pesquisa sobre linguagem em crianças préescolares. Estamos especialmente interessados em crianças que apresentem precocidade ou atraso no desenvolvimento da linguagem. Os testes serão realizados na escola em que seu filho estuda durante o período escolar normal, e incluirão crianças na faixa etária entre dois e seis anos de idade. A pesquisa está sendo realizada pela Universidade de São Paulo. Os resultados dos testes serão confidenciais, e a identidade de seu filho (ou sua filha) não será revelada. Além dos testes realizados na escola com seu filho, é também necessário que vocês preencham estas folhas com as informações solicitadas. Sua colaboração é essencial para o sucesso desta pesquisa que poderá ajudar muitas crianças com dificuldades escolares. Por favor preencham o formulário abaixo que permitirá que tenhamos acesso a informações importantes sobre a criança. Data: Seu nome: Nome da criança: Data de nascimento: Sexo: Nome da mãe: Nome do pai: Endereço: Endereço: Telefone: Telefone: Data de nascimento: Data de nascimento: Estado civil: Estado civil: Escolaridade: Escolaridade: Emprego: Emprego: Não empregado: Não empregado: Empregado tempo parcial: Empregado tempo parcial: Empregado tempo integral: Empregado tempo integral: Ocupação: Ocupação: Por favor escreva o sexo e idade de outras crianças da família: Alguém em sua família apresentou atraso ao aprender a falar? Se sim, quem? Sua criança é prematura? Se sim, de quantas semanas? Quantas infecções de ouvido sua criança teve? 369

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. Outras infecções ou convulsões? Quais? Sua criança é cuidada por babá? Quantas horas por semana? Sua criança já foi ao fonoaudiólogo? Qual o motivo? Sua criança já foi ao psicólogo? Qual o motivo? Além da escola, sua criança tem aulas de algum outro tipo? (_) natação; (_) balé; (_) música; (_) línguas; (_) creche; (_) Outros Sua criança tem anos e meses de idade. Ela já tem meses de escolarização (não incluir os períodos de férias) e forma frases com até: ( ) uma palavra; ( ) duas palavras; ( ) três palavras; ( ) quatro palavras; ( ) cinco palavras; ( ) seis palavras; ( ) sete ou mais palavras Você está preocupado com o desenvolvimento de linguagem de sua criança? Se sim, em que sentido? POR FAVOR, COMPLETE AGORA A LISTA DE AVALIAÇÃO DE VOCABULÁRIO NA PÁGINA SEGUINTE. Por favor, na lista faça um risco sobre cada palavra que sua criança fala. Você pode incluir palavras que a criança não pronuncia claramente. Não inclua palavras que sua criança pode compreender mas não fala. Também não inclua palavras que sua criança repete depois de você por imitação mas não fala espontaneamente. Depois de assinalar na lista, responda às questões abaixo: Por favor escreva algumas outras palavras que sua criança usa aqui: Ela combina duas ou mais palavras em frases? (ex.: mais bolo, bebê está chorando) Sim (_) Não (_) Por favor escreva abaixo TRÊS das frases mais longas ou mais bemconstruídas que sua criança tenha falado: Por favor, assim que preencher este formulário envie-o de volta à escola o mais rapidamente possível. 370

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos COMIDAS água bala banana bebida biscoito bolacha bolinho bolo cachorro-quente café carne chá chiclete comida doce hambúrguer laranja leite maçã macarrão manteiga ovo pão pizza queijo refrigerante sopa sorvete suco sucrilhos torrada uva BRINQUEDOS balanço balão bola bolinha de sabão boneca escorregador lápis de cor lego livro presente ursinho de pelúcia AMBIENTE árvore calçada casa chuva estrela flor lua neve rua sol ANIMAIS abelha cachorro cavalo cobra coelho elefante filhote galinha gato macaco mosquito pássaro pato peixe peru porco sapo tartaruga tigre urso vaca PARTES DO CORPO barriga boca bochecha braço bumbum cabelo cotovelo dedão dedo dentes joelho mão nariz olho orelha pé peito perna pescoço queixo rosto LUGARES cantina escola hospital igreja loja McDonalds parque quarto zoológico AÇÕES abraçar acabar acertar ajudar almoçar amar andar arrumar banho bater bater palmas beber beijar café cantar chutar cócegas cocô comer conseguir correr cortar dançar dar descansar dormir empurrar esconde-esconde fazer fechar ir jantar jogar lavar ler mostrar olhar parar passear pegar pular querer sair sentar ter tomar tossir trazer ver vir xixi CASA berço cadeira 371

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. cama chão chuveiro cobertor colher copo escada espelho faca garfo garrafa janela lixo luz mesa pia porta prato privada rádio relógio sabão sala sofá telefone tigela toalha travesseiro TV xícara OBJETOS caderno caneta chave dinheiro escova escova de dente guarda-chuva lápis lenço mochila moeda óculos papel pente PESSOAS (animal estimação) (seu próprio nome/ apelido) bebê (ou) nenê homem mãe / mamãe médico menina menino mulher pai (ou) papai tia tio vó (ou) vovó vô (ou) vovô ROUPAS blusa botas calça camisa camiseta chapéu chinelo cinto cueca/calcinha fralda jaqueta meias pijama sapato short tênis vestido VEÍCULO S avião barco bicicleta caminhão carrinho carro moto ônibus patins trem MODIFICADORES aberto acabou amarelo azul baixo bom bonito branco cansado certo credo em cima escuro fechado fedido feliz fome frio grande isso limpo mais mau meu molhado pequeno pesado preto que quebrado quente sujo vermelho OUTROS (palavrões, ex.: chato) A, B, C, etc. aqui au au bem vindo boa noite comigo desculpe desligado em embaixo, debaixo fora longe gostoso lá ligado me miau mim não o que obrigado oi onde por favor por que quieto sim tchau você Xuxa 1, 2, 3, etc. 372

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos APÊNDICE 2 Quadro 1. Tradução do TVIP: Palavras faladas pelo examinador para cada uma das pranchas de treino (A a E) e de teste (1 a 125). A. boneca 22. rio 48. orientar 74. moldura 100. cítrico B. homem 23. águia 49. arbusto 75. binóculo 101. lubrificar C. balançar 24. rasgar 50. bosque 76. judicial 102. elo D. roda 25. pintor 51. agricultura 77. roer 103. moradia E. limpar 26. vazio 52. raiz 78. morsa 104. anfíbio 01. barco 27. descascar 53. nutritivo 79. confiar 105. prodígio 02. abajur 28. uniforme 54. par 80. trio 106. jubilosa 03. vaca 29. tronco 65. secretária 81. pensar 107. aparição 04. vela 30. líquido 56. iluminação 82. ave 108. ascender 05. corneta 31. grupo 57. carretel 83. portátil 109. fragmento 06. joelho 32. músico 58. transparente 84. classificar 110.perpendicular 07. jaula 33. cerimônia 59. colher 85. carniça 111. vestuário 08.ambulância 34. cobra 60. discussão 86. bússola 112. córnea 09. ler 35. bebida 61. cooperação 87. esférico 113.paralelogramo 10. flecha 36. médico 62. corrimão 88. felino 114. numeroso 11. pescoço 37.isolamento 63.surpreendido 89. paralelo 115. induzir 12. móvel 38. mecânico 64. pingar 90. submergir 116. atônito 13. abelha 39. premiar 65. funil 91. árido 117. transeunte 14. hora 40. dentista 66. caule 92. frágil 118. emissão 15. medir 41. ombro 67. ilha 93. instruir 119. obelisco 16. baleia 42. envelope 68. ângulo 94. arqueólogo 120. lamaçal 17. quebrado 43. jóia 69. desilusão 95. consumir 121. ambulante 18. acariciar 44. humano 70. carpinteiro 96.incandescente 122. côncavo 19. acidente 45. artista 71. arquivar 97. arrogante 123. incisivo 20. canguru 46. recolher 72. comércio 98. utensílio 124. elipse 21. cotovelo 47.construção 73. quarteto 99. ira 125. decíduo 373

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. APÊNDICE 3 Tabela 1. Pontuação-padrão de LAVE para Maternal, Pré 1, Pré 2, Pré 3. Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 1 32,1 25,8 36 41,3 35,5 2 32,4 26,1 37 41,6 35,8 3 32,6 26,4 38 41,8 36,1 4 32,9 26,7 39 42,1 36,4 5 33,1 26,9 40 42,4 36,7 6 33,4 27,2 41 42,6 36,9 7 33,7 27,5 42 42,9 37,2 8 33,9 27,8 43 43,1 37,5 9 34,2 28,1 44 43,4 37,8 10 34,5 28,3 45 43,7 38,1 11 34,8 28,6 46 43,9 38,3 12 35,0 28,9 47 44,2 38,6 13 35,2 29,1 48 44,5 38,9 14 35,5 29,4 49 44,7 39,2 15 35,8 29,7 50 45,0 39,4 16 36,0 30,0 51 45,3 39,7 17 36,3 30,2 52 45,5 40,0 18 36,6 30,5 53 45,8 40,3 19 36,8 30,8 54 46,0 40,5 20 37,1 31,1 55 46,3 40,8 21 37,4 31,4 56 46,6 41,1 22 37,6 31,7 57 46,8 41,4 23 37,9 31,9 58 47,1 41,7 24 38,1 32,2 59 47,4 41,9 25 38,4 32,5 60 47,6 42,2 26 38,7 32,8 61 47,9 42,5 27 38,9 33,1 62 48,2 42,8 28 39,2 33,3 63 48,4 43,1 29 39,5 33,6 64 48,7 43,3 30 39,7 33,9 65 48,9 43,6 31 40,0 34,2 66 49,2 43,9 32 40,3 34,4 67 49,5 44,2 33 40,5 34,7 68 49,7 44,4 34 40,8 35,0 69 50,0 44,7 35 41,0 35,3 70 50,3 45,0 374

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos Tabela 1 (cont.). Pontuação-padrão de LAVE para Maternal, Pré 1, Pré 2, Pré 3. Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 71 50,5 45,3 106 59,7 55,0 72 50,8 45,6 107 60,0 55,3 73 51,1 45,8 108 60,3 55,6 74 51,3 46,1 109 60,5 55,8 75 51,6 46,4 110 60,8 56,1 76 51,8 46,7 111 61,1 56,4 77 52,1 46,9 112 61,3 56,7 78 52,4 47,2 113 61,6 56,9 79 52,6 47,5 114 61,8 57,2 80 52,9 47,8 115 62,1 57,5 81 53,2 48,1 116 62,4 57,8 82 53,4 48,3 117 62,6 58,1 83 53,7 48,6 118 62,9 58,3 84 53,9 48,9 119 63,2 58,6 85 54,2 49,2 120 63,4 58,9 86 54,5 49,4 121 63,7 59,2 87 54,7 49,7 122 63,9 59,4 88 55,0 50,0 123 64,2 59,7 89 55,3 50,3 124 64,5 60,0 90 55,5 50,6 125 64,7 60,3 91 55,8 50,8 126 65,0 60,6 92 56,1 51,1 127 65,3 60,8 93 56,3 51,4 128 65,5 61,1 94 56,6 51,7 129 65,8 61,4 95 56,8 51,9 130 66,1 61,7 96 57,1 52,2 131 66,3 61,9 97 57,4 52,5 132 66,6 62,2 98 57,6 52,8 133 66,8 62,5 99 57,9 53,1 134 67,1 62,8 100 58,2 53,3 135 67,4 63,1 101 58,4 53,6 136 67,6 63,3 102 58,7 53,9 137 67,9 63,6 103 58,9 54,2 138 68,2 63,9 104 59,2 54,4 139 68,4 64,2 105 59,5 54,7 140 68,7 64,4 0,2 375

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. Tabela 1 (cont.). Pontuação-padrão de LAVE para Maternal, Pré 1, Pré 2, Pré 3. Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 141 68,9 64,7 0,9 176 78,2 74,4 23,7 21,7 142 69,2 65,0 1,5 177 78,4 74,7 24,3 22,4 143 69,5 65,3 2,2 0,2 178 78,7 75,0 25,0 23,0 144 69,7 65,6 2,8 0,9 179 78,9 75,3 25,6 23,7 145 70,0 65,8 3,5 1,5 180 79,2 75,6 26,3 24,3 146 70,3 66,1 4,1 2,2 181 79,5 75,8 26,9 25,0 147 70,5 66,4 4,8 2,8 182 79,7 76,1 27,6 25,6 148 70,8 66,7 5,4 3,5 183 80,0 76,4 28,3 26,3 149 71,1 66,9 6,1 4,1 184 80,3 76,7 28,9 26,9 150 71,3 67,2 6,7 4,8 185 80,5 76,9 29,6 27,6 151 71,6 67,5 7,4 5,4 186 80,8 77,2 30,2 28,3 152 71,8 67,8 8,1 6,1 187 81,1 77,5 30,9 28,9 153 72,1 68,1 8,7 6,7 188 81,3 77,8 31,5 29,6 154 72,4 68,3 9,3 7,4 189 81,6 78,1 32,2 30,2 155 72,6 68,6 10,0 8,0 190 81,8 78,3 32,8 30,9 156 72,9 68,9 10,6 8,7 191 82,1 78,6 33,5 31,5 157 73,2 69,2 11,3 9,3 192 82,4 78,9 34,1 32,2 158 73,4 69,4 11,9 10,0 193 82,6 79,2 34,8 32,8 159 73,7 69,7 12,6 10,6 194 82,9 79,4 35,4 33,5 160 73,9 70,0 13,3 11,3 195 83,2 79,7 36,1 34,1 161 74,2 70,3 13,9 12,0 196 83,4 80,0 36,7 34,8 162 74,5 70,6 14,6 12,6 197 83,7 80,3 37,4 35,4 163 74,7 70,8 15,2 13,3 198 83,9 80,6 38,0 36,1 164 75,0 71,1 15,9 13,9 199 84,2 80,8 38,7 36,7 165 75,3 71,4 16,5 14,6 200 84,5 81,1 39,3 37,4 166 75,5 71,7 17,2 15,2 201 84,7 81,4 40,0 38,0 167 75,8 71,9 17,8 15,9 202 85,0 81,7 40,6 38,7 168 76,1 72,2 18,5 16,5 203 85,2 81,9 41,3 39,3 169 76,3 72,5 19,1 17,2 204 85,5 82,2 41,9 40,0 170 76,6 72,8 19,8 17,8 205 85,8 82,5 42,6 40,6 171 76,8 73,1 20,4 18,5 206 86,1 82,8 43,3 41,3 172 77,1 73,3 21,1 19,1 207 86,3 83,1 43,9 41,9 173 77,4 73,6 21,7 19,8 208 86,6 83,3 44,5 42,6 174 77,6 73,9 22,4 20,4 209 86,8 83,6 45,2 43,3 175 77,9 74,2 23,0 21,1 210 87,1 83,9 45,9 43,9 376

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos Tabela 1 (cont.). Pontuação-padrão de LAVE para Maternal, Pré 1, Pré 2, Pré 3. Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 211 87,4 84,2 46,5 44,6 246 96,6 93,9 69,3 67,4 212 87,6 84,4 47,2 45,2 247 96,8 94,2 70,0 68,0 213 87,9 84,7 47,8 45,9 248 97,1 94,4 70,7 68,7 214 88,2 85,0 48,5 46,5 249 97,4 94,7 71,3 69,3 215 88,4 85,3 49,1 47,2 250 97,6 95,0 71,9 70,0 216 88,7 85,6 49,8 47,8 251 97,9 95,3 72,6 70,6 217 88,9 85,8 50,4 48,5 252 98,2 95,6 73,3 71,3 218 89,2 86,1 51,1 49,1 253 98,4 95,8 73,9 71,9 219 89,5 86,4 51,7 49,8 254 98,7 96,1 74,6 72,6 220 89,7 86,7 52,4 50,4 255 98,9 96,4 75,2 73,3 221 90,0 86,9 53,0 51,1 256 99,2 96,7 75,9 73,9 222 90,3 87,2 53,7 51,7 257 99,5 96,9 76,5 74,6 223 90,5 87,5 54,3 52,4 258 99,7 97,2 77,2 75,2 224 90,8 87,8 55,0 53,0 259 100,0 97,5 77,8 75,9 225 91,1 88,1 55,6 53,7 260 100,3 97,8 78,5 76,5 226 91,3 88,3 56,3 54,3 261 100,5 98,1 79,1 77,2 227 91,6 88,6 56,9 55,0 262 100,8 98,3 79,8 77,8 228 91,8 88,9 57,6 55,6 263 101,1 98,6 80,4 78,5 229 92,1 89,2 58,3 56,3 264 101,3 98,9 81,1 79,1 230 92,4 89,4 58,9 56,9 265 101,6 99,2 81,7 79,8 231 92,6 89,7 59,6 57,6 266 101,8 99,4 82,4 80,4 232 92,9 90,0 60,3 58,3 267 102,2 99,7 83,0 81,1 233 93,2 90,3 60,9 58,9 268 102,4 100,0 83,7 81,7 234 93,4 90,6 61,5 59,6 269 102,6 100,3 84,3 82,4 235 93,7 90,8 62,2 60,2 270 102,9 100,6 85,0 83,0 236 93,9 91,1 62,8 60,9 271 103,2 100,8 85,6 83,7 237 94,2 91,4 63,5 61,5 272 103,4 101,1 86,3 84,3 238 94,5 91,7 64,1 62,2 273 103,7 101,4 86,9 85,0 239 94,7 91,9 64,8 62,8 274 103,9 101,7 87,6 85,6 240 95,0 92,2 65,4 63,5 275 104,2 101,9 88,3 86,3 241 95,3 92,5 66,1 64,1 276 104,5 102,2 88,9 86,9 242 95,5 92,8 66,7 64,8 277 104,7 102,5 89,6 87,6 243 95,8 93,1 67,4 65,4 278 105,0 102,8 90,2 88,3 244 96,1 93,3 68,0 66,1 279 105,3 103,1 90,9 88,9 245 96,3 93,6 68,7 66,7 280 105,5 103,3 91,5 89,6 377

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. Tabela 1 (cont.). Pontuação-padrão de LAVE para Maternal, Pré 1, Pré 2, Pré 3. Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 281 105,8 103,6 92,2 90,2 296 109,7 107,8 101,9 100,0 282 106,1 103,9 92,8 90,9 297 110,0 108,1 102,6 100,6 283 106,3 104,2 93,5 91,5 298 110,3 108,3 103,3 101,3 284 106,6 104,4 94,1 92,2 299 110,5 108,6 103,9 101,9 285 106,8 104,7 94,8 92,8 300 110,8 108,9 104,6 102,6 286 107,1 105,0 95,4 93,5 301 111,0 109,2 105,2 103,3 287 107,4 105,3 96,1 94,1 302 111,3 109,4 105,9 103,9 288 107,6 105,6 96,7 94,8 303 111,6 109,7 106,5 104,6 289 107,9 105,8 97,4 95,4 304 111,8 110,0 107,2 105,2 290 108,2 106,1 98,0 96,1 305 112,1 110,3 107,8 105,9 291 108,4 106,4 98,7 96,7 306 112,4 110,5 108,5 106,5 292 108,7 106,7 99,3 97,4 307 112,6 110,8 109,1 107,2 293 108,9 106,9 100,0 98,0 308 112,9 111,1 109,8 107,8 294 109,2 107,2 100,6 98,7 309 113,2 111,4 110,4 108,5 295 109,5 107,5 101,3 99,3 378

Desenvolvimento lingüístico na criança dos dois aos seis anos APÊNDICE 4 Tabela 2. Pontuação-padrão de TVIP para Maternal, Pré 1, Pré 2, Pré 3. Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 1 70,0 55,0 17,5 36 135,6 98,7 70,0 37,9 2 71,9 56,2 19,0 37 137,5 100,0 71,5 40,0 3 73,7 57,5 20,5 38 139,4 101,2 73,0 42,1 4 75,6 58,7 22,0 39 141,2 102,5 74,5 44,3 5 77,5 60,0 23,5 40 143,1 103,7 76,0 46,4 6 79,4 61,2 25,0 41 145,0 105,0 77,5 48,6 7 81,2 62,5 26,5 42 146,9 106,2 79,0 50,7 8 83,1 63,7 28,0 43 148,7 107,5 80,5 52,9 9 85,0 65,0 29,5 44 150,6 108,7 82,0 55,0 10 86,9 66,2 31,0 45 152,5 110,0 83,5 57,1 11 88,7 67,5 32,5 46 154,4 111,2 85,0 59,3 12 90,6 68,7 34,0 47 156,2 112,5 86,5 61,4 13 92,5 70,0 35,5 48 158,1 113,7 88,0 63,6 14 94,4 71,2 37,0 49 160,0 115,0 89,5 65,7 15 96,2 72,5 38,5 50 161,9 116,2 91,0 67,9 16 98,1 73,7 40,0 51 163,7 117,5 92,5 70,0 17 100,0 75,0 41,5 52 165,6 118,7 94,0 72,1 18 101,9 76,2 43,0 53 167,5 120,0 95,5 74,3 19 103,7 77,5 44,5 1,4 54 169,4 121,2 97,0 76,4 20 105,6 78,7 46,0 3,6 55 171,2 122,5 98,5 78,6 21 107,5 80,0 47,5 5,7 56 173,1 123,7 100,0 80,7 22 109,4 81,2 49,0 7,9 57 175,0 125,0 101,5 82,9 23 111,2 82,5 50,5 10,0 58 176,9 126,2 103,0 85,0 24 113,1 83,7 52,0 12,1 59 178,7 127,5 104,5 87,1 25 115,0 85,0 53,5 14,3 60 180,6 128,7 106,0 89,3 26 116,9 86,2 55,0 16,4 61 182,5 130,0 107,5 91,4 27 118,7 87,5 56,5 18,6 62 184,4 131,2 109,0 93,6 28 120,6 88,7 58,0 20,7 63 186,2 132,5 110,5 95,7 29 122,5 90,0 59,5 22,9 64 188,1 133,7 112,0 97,9 30 124,4 91,2 61,0 25,0 65 190,0 135,0 113,5 100,0 31 126,2 92,5 62,5 27,1 66 191,9 136,2 115,0 102,1 32 128,1 93,7 64,0 29,3 67 193,7 137,5 116,5 104,3 33 130,0 95,0 65,5 31,4 68 195,6 138,7 118,0 106,4 34 131,9 96,2 67,0 33,6 69 197,5 140,0 119,5 108,6 35 133,7 97,5 68,5 35,7 70 199,4 141,2 121,0 110,7 379

Capovilla, F.C.; Capovilla, A.G.S. Tabela 2 (cont.). Pontuação-padrão de TVIP para Maternal, Pré 1, Pré 2, Pré 3 Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 Pont. Mat. Pré 1 Pré 2 Pré 3 71 201,2 142,5 122,5 112,9 99 253,7 177,5 164,5 172,9 72 203,1 143,7 124,0 115,0 100 255,6 178,7 166,0 175,0 73 205,0 145,0 125,5 117,1 101 257,5 180,0 167,5 177,1 74 206,9 146,2 127,0 119,3 102 259,4 181,2 169, 0 179,3 75 208,7 147,5 128,5 121,4 103 261,2 182,5 170,5 181,4 76 210,6 148,7 130,0 123,6 104 263,1 183,7 172,0 183,6 77 212,5 150,0 131,5 125,7 105 265,0 185,0 173,5 185,7 78 214,4 151,2 133,0 127,9 106 266,9 186,2 175,0 187,9 79 216,2 152,5 134,5 130,0 107 268,7 187,5 176,5 190,0 80 218,1 153,7 136,0 132,1 108 270,6 188,7 178,0 192,1 81 220,0 155,0 137,5 134,3 109 272,5 190,0 179,5 194,3 82 221,9 156,2 139,0 136,4 110 274,4 191,2 181,0 196,4 83 223,7 157,5 140,5 138,6 111 276,2 192,5 182,5 198,6 84 225,6 158,7 142,0 140,7 112 278,1 193,7 184,0 200,7 85 227,5 160,0 143,5 142,9 113 280,0 195,0 185,5 202,9 86 229,4 161,2 145,0 145,0 114 281,9 196,2 187,0 205,0 87 231,2 162,5 146,5 147,1 115 283,7 197,5 188,5 207,1 88 233,1 163,7 148,0 149,3 116 285,6 198,7 190,0 209,3 89 235,0 165,0 149,5 151,4 117 287,5 200,0 191,5 211,4 90 236,9 166,2 151,0 153,6 118 289,4 201,2 193,0 213,6 91 238,7 167,5 152,5 155,7 119 291,2 202,5 194,5 215,7 92 240,6 168,7 154,0 157,9 120 293,1 203,7 196,0 217,9 93 242,5 170,0 155,5 160,0 121 295,0 205,0 197,5 220,0 94 244,4 171,2 157,0 162,1 122 296,9 206,2 199,0 222,1 95 246,2 172,5 158,5 164,3 123 298,7 207,5 200,5 224,3 96 248,1 173,7 160,0 166,4 124 300,6 208,7 202,0 226,4 97 250,0 175,0 161,5 168,6 125 302,5 210,0 203,5 228,6 98 251,9 176,2 163,0 170,7 380