LEPLAC INTERNACIONAL, NACIONAL E REGIONAL

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SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ LEPLAC INTERNACIONAL, NACIONAL E REGIONAL MELISSA LIMA OLIVEIRA RÊGO PROFESSORA DO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO PORTUÁRIA UNAERP - UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO - CAMPUS GUARUJÁ MREGO75@UOL.COM.BR ESTE SIMPÓSIO TEM O APOIO DA FUNDAÇÃO FERNANDO EDUARDO LEE Seção 1 - Curso de Tecnologia em Gestão - Portuária Direito Marítimo Apresentação: oral RESUMO Há um corpo de opinião em desenvolvimento, bem como uma prática em processo de consolidação entre os Estados envolvidos com a exploração e o desenvolvimento de petróleo, os quais têm convergido para a celebração de diversos tratados, entre dois ou mais Estados, para regular esse desenvolvimento conjunto. O Brasil, que não teve de enfrentar este tema até o momento, por dispor de gigantesca costa sem questões de vizinhança, como países recentemente envolvidos em controvérsias que resultaram na redefinição do traçado divisório de suas fronteiras no mar, deverá preparar-se, por todas as razões, para o enfrentamento técnico e jurídico de uma possibilidade, sujeita à confirmação de sua viabilidade geológica, que se avizinha: reservatórios contíguos às áreas além da PC ou da ZEE. Palavras chave: Zona Econômica Exclusive, Plataforma Continental, LEPLAC.

1. INTRODUÇÃO O Direito do Mar é parte importante do direito internacional público e suas normas, durante muito tempo, não estiveram definidas. Para uma compreensão mais precisa das questões envolvidas, o conhecimento básico de conceitos atinentes aos espaços marítimos é crucial. A soberania tem seu alcance definido de forma diversa em relação a cada uma dessas zonas, sendo regra geral que, quanto mais perto da costa do Estado, maior o grau de controle por parte do Estado Costeiro. Assim, o desfecho de uma controvérsia envolvendo o Direito do Mar pode estar centrado na localização precisa do local de certos eventos críticos. Por outro lado, o panorama do Direito do Mar contemporâneo está se desenvolvendo em uma abordagem funcional, mais do que zonal, das linhas demarcatórias de cada um dos espaços. Apesar da integração da plataforma continental submarina brasileira ao domínio nacional ter ocorrido há mais de cinqüenta anos (com a publicação do Decreto-Lei no. 28.840, datado de 8 de novembro de 1950, que expandiu o território nacional em, aproximadamente, 850.000 km 2 ), os mapas oficiais, em sua maioria, nunca trouxeram essa informação. O próprio sítio (site) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trazem como área oficial do Brasil o valor 8.514.876,599 km 2 (IBGE, 2008), leva em consideração apenas o total de terras emersas. No Brasil, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) estabeleceu uma subcomissão que se responsabilizou pelo Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC), cuja realização coube à Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil. O LEPLAC foi concluído e entregue à Subcomissão de Limites da ONU e, confirmando o pleito de nosso país à expansão da MC, que passa à denominação de Plataforma Continental Jurídica Brasileira, a qual inclui novas áreas, ampliando seu direito a exploração de recursos, vivos ou não; elevando a área total do território nacional. Desta forma, acreditamos ser de capital importância a confecção de material didático que explique a idéia de Margem Continental (MC) ou Plataforma Continental Jurídica (PCJ), bem como ao contexto que envolve o processo que a legitima. Para tanto, é relevante investigar as formas existentes de abordagem desse tema em manuais escolares e em atividades didáticas de escolas de educação básica. A ampliação desta área interessa ao Brasil no que diz respeito à exploração, portanto, o que prevalece é o interesse econômico, já que se terá um significativo aumento em uma área responsável pelo comércio exterior, exploração de petróleo e gás natural e para a pesca. 2. ESPAÇOS MARÍTIMOS 2.1. PRIMEIROS ENSAIOS Na antiguidade clássica, os povos que viviam às margens do Mar Mediterrâneo tinham o mar como fonte de alimentos, meio de transporte e local de batalhas. Dentre as diversas civilizações que ali existiam, os gregos se sobressaíram entre os séculos VII e V a. C, já existindo uma preocupação destes em relação às águas próximas à costa, tanto no aspecto econômico (pesca e comércio marítimo principalmente) como no aspecto militar (defesa continental). 2.2. MARE CLAUSUM X MARE LIBERUM Na segunda metade do século XV e ao longo de todo o século XVI a preocupação com as águas próximas aos respectivos reinos perdeu importância para as rotas de longo curso. Com a explosão das viagens ultramarinas no final do século XV, Portugal e Castela dividiram o mundo ultramarino entre eles, formalizando o conceito de Mare Clausum (mar fechado), que reservava o direito de posse e navegação a quem descobrisse qualquer terra ou rota marítima para além da costa européia. Obviamente que tal decisão foi mal recebida entre os outros Estados europeus, entre eles a França. Em 1603 o mercante português Santa Catarina foi capturado em alto mar pelo capitão holandês Jacob van Heemskerk, então empregado da Companhia das Índias Ocidentais. A ação gerou protestos internacionais e até mesmo dentro da Holanda. Para defender-se, os representantes da companhia se utilizaram uma longa defesa sobre os princípios de 2

justiça natural denominada provisoriamente de De Indis. Num dos capítulos, denominado De Mare Liberum (Sobre a Liberdade dos Mares), era defendido o princípio de que o mar era um território internacional e todas as nações podiam utilizá-lo para comércio. Incomodados com a concorrência holandesa e a pesca próxima das ilhas britânicas, o Estado inglês então declarou soberania das águas próximas às ilhas pertencentes ao seu império. Para sustentar seus argumentos, os ingleses basearam-se nos estudos do jurista John Selden, que reformulou o conceito de Mare Clausum. Neste novo entendimento, o mar era equiparado a um território continental e, por conseqüência, passível de apropriação. Seguiram-se sucessivas disputas marítimas, muitas delas levadas para tribunais e mediadores ditos independentes, sem que houvesse uma clareza nas decisões tomadas. 2.3. CONCEITO MODERNO No final do século XVII e início do século XVIII, surgiu um novo conceito, segundo o qual, o mar deveria ser dividido em "mar proximal" e "mar distal". Limites oficiais de mar territorial fixados em três milhas náuticas começaram a surgir no final do século XVIII. Os Estados Unidos, por exemplo, unilateralmente definiram o seu mar territorial de três milhas em 1793. Em 1818 foi firmado o tratado anglo-americano de comércio que assegurou os direitos de pesca ao longo da fronteira norte dos EUA. Logo no seu artigo I o tratado já apresentava essa distância. "(...) And the United States hereby renounce for ever, any liberty heretofore enjoyed or claimed by the Inhabitants thereof, to take, dry, or cure fish, on or within three marine miles of any of the Coasts, Bays, Creeks, or Harbours, of His Britannic Majesty's Dominions in America, not included within the above-mentioned limits; provided, however, that the American Fishermen shall be admitted to enter such Bays or Harbours, for the purpose of shelter and of repairing damages therein, of purchasing wood, and of obtaining water, and for no other purpose whatever(...)" Esta prática das três milhas, mesmo que informalmente, passou a ser empregada por diversas nações ou até mesmo em acordos comerciais entre elas. Por volta de 1840, o conceito de mar territorial de três milhas náuticas estava bastante difundido, mas não significava necessariamente uma regra mundial e foi motivo de muita controvérsia durante todo o século XIX. Um dos grandes marcos para a definição do mar territorial foi a convenção de pesca do Mar do Norte de 1882, que acabou empregando os princípios básicos do tratado anglo-americano de 1818 e estabelecendo o limite de três milhas. A convenção apresentava, de forma muito mais detalhada, como deveria ser medido o ponto de partida da limitação de distância, além de apresentar um novo conceito (posteriormente definido como "águas interiores") legal para o acidente geográfico denominado "baía". "(...) The fishermen of each shall enjoy the exclusive right of fishery within the distance of 3 m. from low-water mark along the whole extent of the coasts of their respective countries, as well as of the dependent islands and banks. As regards bays, the distance of 3 m. shall be measured from a straight line drawn across the bay, in the part nearest the entrance, at the first point where the width does not exceed io m. The present article shall not in any way prejudice the freedom of navigation and anchorage in territorial waters accorded to fishing boats, provided they conform to the special police regulations enacted by the powers to whom the shore belongs. (...)" Mas os acordos internacionais só eram válidos entre os signatários, e seus preceitos não podiam ser simplesmente extrapolados para toda e qualquer situação conforme os interesses de cada um. Nesta época, o termo "mar territorial" ganhou força e passou a substituir o termo "águas territoriais". Pela primeira vez as questões relacionadas ao subsolo e ao leito marinho foram tratadas como uma extensão do território continental. Era uma importante mudança de foco, uma vez que não somente as águas territoriais eram importantes, mas também o que estava sob elas. A Proclamação do presidente Truman serviu de inspiração para outras nações seguirem o mesmo modelo e muitas delas estabeleceram a profundidade de cem braças (algo como 200 metros) como o limite de sua plataforma continental. A atitude norte-americana detonou um processo de avanço sobre o mar por algumas nações a partir de 1946. Países como Chile e Argentina estenderam seus domínios até o limite de 200 milhas náuticas. Alguns no entanto (como Venezuela, Líbia e Arábia Saudita), prolongaram o mar territorial até 12 milhas e outra parcela de nações manteve o limite de três milhas. Na metade da década de 1950, as diferentes aspirações nacionais de países costeiros sobre os mares próximos, causada por uma ausência total de regras universais era um convite ao surgimento de conflitos armados entre Estados. A criação de um conjunto de 3

regulamentos de ampla aceitação era necessária e o melhor foro para esta discussão era a Organização das Nações Unidas (ONU). 3. A CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR Embora um regime jurídico para o meio marinho estivesse em curso desde a primeira sessão da Comissão de Direito Internacional da ONU, ocorrida em 1949, foi somente no ano de 1956 que o assunto realmente tomou fôlego. Os trabalhos da Comissão de Direito Internacional foram reunidos em uma única conferência ocorrida entre 24 de fevereiro e 27 de abril de 1958 em Genebra (Suíça). A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, também conhecida pela sigla em inglês UNCLOS I, resultou na produção de quatro diferentes tratados: Convenção da Plataforma Continental, Convenção da Pesca e Conservação dos Recursos Biológicos de Alto-mar, Convenção do Mar Territorial e Zonas Contíguas e Convenção do Alto-mar. Esta convenção foi um importante passo no sentido de estabelecer regras universais para o uso e a regulamentação do espaço marinho, mas ainda estava longe de ser o documento final. A UNCLOS II, ocorrida em Genebra em 1960, foi desapontadora e não resultou em maiores avanços no direito internacional para o meio marinho. A terceira Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS III) começou os seus trabalhos em 1973 com o propósito de estabelecer um regime internacional justo para o ambiente marinho além da área sob jurisdição dos países costeiros, apontando direitos e deveres das nações. Com a participação de mais de 160 nações, a Convenção realizou onze sessões ao longo de dez anos de trabalho. A conclusão deu-se no dia 10 de dezembro de 1982, e foi celebrada em Montego Bay, Jamaica, mas só entrou em vigor (conforme seu artigo 308) no dia 16 de novembro de 1994, após um ano da sua ratificação pelo sexagésimo Estado, que foi a Guiana. Dentre as várias regulamentações estabelecidas pela Convenção estão as definições dos espaços marítimos. A compreensão destas definições e este histórico são fundamentais para entendermos as controvérsias envolvidas na definição destas áreas e na delimitação de competências, direitos e deveres dos Estados. Em relação a Área (fundo do mar e o seu subsolo localizado além dos limites sob jurisdição nacional, de acordo com a classificação trazida pela Law of the Sea Convention - LOSC), vale ressaltar que a exploração dos recursos minerais aí localizados está sujeita às regras, regulamentos e procedimentos específicos da Autoridade Internacional do Fundo do Mar. Na prática, na Área, há somente atividades de prospecção e pesquisa, e tais atividades adstringem-se a minerais polimetálicos, e devem servir ao benefício da humanidade. Não há qualquer discussão, normativa ou regra específica para petróleo e gás. Pode ser que a Área não seja de relevância para a exploração de hidrocarbonetos, eis que as teorias geológicas, que não nos cabe aqui analisar, não parecem apontar para a prospectividade petrolífera nestes fundos oceânicos, além das jurisdições nacionais. Todas estas questões reforçam a relevância do Direito Internacional para as decisões de negócio envolvendo depósitos petrolíferos comuns. 3.1. MAR TERRITORIAL É uma zona de mar adjacente ao continente ou ao Estado arquipélago. Seu limite não deve ultrapassar 12 milhas marítimas. O ponto inicial de medida deve ser feito a partir das linhas de bases retas (nos locais onde a costa apresenta-se recortada) ou linhas de bases normais (linhas de baixa-mar ao longo da costa). Neste espaço marítimo o Estado costeiro exerce sua soberania, incluindo o espaço aéreo, o solo e o subsolo marinho. Porém, os navios de outros países possuem o direito de "passagem inocente" (definida como contínua, rápida e ordeira) e a jurisdição penal do Estado costeiro não se aplica a bordo do navio estrangeiro em passagem. O Mar Territorial, conforme a lei 8.617/93, no seu "Art. 1º compreende uma faixa de doze milhas marítima de largura, que equivale a 22.2 km, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil". Segundo a referida lei no seu art. 2º. O Brasil exerce soberania no mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo. 4

3.1.1. Águas Interiores São as águas situadas no interior das linhas de base do mar territorial. Podem ser estuários, lagoas, etc. Os Estados costeiros possuem total liberdade para legislar e regulamentar seu uso, bem como explorar qualquer recurso natural. As embarcações estrangeiras não possuem o direito de passagem. 3.1.2. Zona contígua É uma faixa de mar adjacente ao mar territorial. Ela estende-se a partir das linhas de base do mar territorial até o limite máximo de 24 milhas. Na zona contígua e nos demais espaços marítimos situados além dela, os Estados costeiros não exercem mais sua soberania, mas a jurisdição prevista na Convenção. Ou seja, execução de ações que fiscalizem o cumprimento das leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, sanitários e de imigração ilegal. A zona contígua é a faixa em que o Estado executa as medidas de fiscalização, policiamento e repressão para evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no seu território ou no seu mar territorial (art. 4º e 5º da lei 8.617/93). 3.1.3. Zona Econômica Exclusiva (ZEE) É uma faixa de mar adjacente ao mar territorial. Ela estende-se a partir das linhas de base do mar territorial e não deve exceder o limite máximo de 200 milhas. Na ZEE os Estados costeiros exercem soberania sobre os recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do solo e do subsolo marinhos. Cabe aos Estados costeiros tomar as medidas necessárias (incluindo visitas, inspeções, apresamentos e medidas judiciais) para garantir o cumprimento das leis que regem o aproveitamento, a exploração, a conservação e a gestão dos recursos vivos na ZEE. Na zona econômica exclusiva o Estado apenas exerce o monopólio sobre os recursos econômicos existentes como a pesca e outros recursos naturais. A largura desta área é 200 milhas marítimas, não obstante ao Estados que por questões geográficas não contam com as 200 milhas, isso não impossibilita que Estados, como o Brasil, possam exercer exclusividade sobre esta zona, que não poderá ultrapassar as 200 milhas contando do Mar Territorial. Este entendimento se descortinou através do reconhecimento que o Institutoluso-americano de Direito Internacional (Lima, 1970) do qual emanou a assertiva de que o Direito de fixação da largura da zona econômica pertencia a cada Estado. 3.1.4. Plataforma Continental A Convenção estabelece que a Plataforma Continental de um Estado Costeiro abrange o leito e o subsolo das zonas marinhas que se estendem além do seu Mar Territorial, por todo o seu prolongamento natural até o limite externo da margem continental ou até a distância de 200 milhas marítimas, medidas a partir das linhas de base utilizadas para medir o Mar Territorial, sempre que o limite externo da margem continental for inferior a essa distância. O Estado Costeiro exerce, em sua plataforma continental, os direitos de soberania com relação à exploração e o aproveitamento dos recursos naturais existentes, sendo esse direito de natureza exclusiva. Porém, deverá efetuar pagamentos ou contribuições relativos ao aproveitamento dos recursos não-vivos da plataforma continental por intermédio da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos. Mesmo no caso em que o Estado Costeiro não explore os recursos de sua plataforma, ninguém poderá fazê-lo sem o seu consentimento. Há restrições, contudo, à determinação dos limites, além dos quais não poderá estenderse a Plataforma Continental. São eles as 350 milhas de extensão a partir das linhas de base ou 100 milhas de distância a partir da isóbata de 2500 metros. O Estado pode optar pelo que mais lhe convier. Isto significa que a Plataforma Continental poderá, até mesmo, avançar além de 350 milhas marítimas. Artigos da mesma Convenção abriam, porém, uma possibilidade à extensão territorial do país através da definição de uma Plataforma Continental Jurídica (PCJ). Visando regulamentar a PCJ e as águas jurisdicionais brasileiras, é sancionada a lei no. 8617, de 04 de janeiro de 1993, que estabelece também a existência da plataforma continental brasileira, cujo limite exterior será fixado em conformidade com os critérios estabelecidos no artigo 76 da CNUDM. Por esses critérios, o delineamento da PCJ é feito pela utilização 5

integrada dos critérios da margem continental (CNUDM, artigo 76, par. 4) com os critérios de restrição da extensão máxima da PCJ. A delimitação acima permite: o estabelecimento de uma extensa área oceânica, além das 200 milhas náuticas, em relação à qual o Brasil exercerá jurisdição quanto às atividades de exploração e aproveitamento dos recursos naturais do solo e subsolo marinhos. 3.2. O CONCEITO DE TERRITORIALIDADES APLICADO AO OCEANO Ao sancionar a lei no. 8617, em 4 de janeiro de 1993, o governo brasileiro delimitou não apenas as faixas correspondentes ao mar territorial e às zonas contígua e econômica exclusiva (ZEE); essa delimitação também dizia respeito à soberania sobre cada uma das faixas. A soberania militar seria total sobre o mar territorial e parcial sobre a zona contígua, na qual seriam cabíveis medidas de fiscalização necessárias para evitar e reprimir as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no seu território ou mar territorial. No que tange ao aspecto econômico fica claro também que tais faixas e, principalmente, aquela localizada sobre a PCJ e que excede as 200 milhas náuticas, são consideradas como novos territórios de exploração e os blocos de licitação que se encontram atualmente restritos a essa faixa poderão estender-se até o limite da PCJ brasileira. O território marítimo brasileiro na realidade uma superposição de vários territórios concomitantes no tempo e no espaço - necessita de uma política clara para a sua definição, atuação e regulação frente aos atores sociais (Marinha do Brasil, instituições de pesquisa, indústria extrativista e organizações não-governamentais). Assim se projetam novos rumos na oceanografia, nos quais a ciência do oceano terá de tornar-se mais holística, mais interdisciplinar, perpassando os conceitos de plataforma continental e territorialidade dos oceanos. 3.2.1. Alto-Mar A Convenção da Jamaica reafirmou, para o Alto-Mar, o princípio da liberdade de navegação para os navios de todos os Estados, tenham ou não litoral. A ampliação do comércio internacional, sobretudo por via marítima, está na origem do entendimento obtido durante a Terceira Conferência, a respeito da necessidade de se preservar a liberdade do Alto-Mar. Esta compreende, para todos os Estados, indiscriminadamente, a liberdade de navegação, de sobrevôo, de colocação de cabos e dutos submarinos, de construção de ilhas artificiais, de pesca e de investigação científica, sendo inaceitável, nos termos da Convenção, que este ou aquele Estado pretenda submeter qualquer parte do Alto-Mar à sua soberania. 3.2.2. Fundos Marinhos (a Área) Corresponde a todo o solo e subsolo marinho, situados além da jurisdição dos Estados. Segundo a Convenção, a Área e seus recursos são patrimônio comum da humanidade. Em seu nome atua a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos. A Convenção reconheceu o direito de cada Estado de explorar os recursos naturais encontrados em seu Mar Territorial, Zona Econômica Exclusiva e em sua Plataforma Continental. Esse direito, no entanto, está limitado pelo dever geral de proteger e preservar o meio ambiente. Assim, os Estados, individual ou conjuntamente, devem tomar as medidas necessárias para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho, esforçando-se por harmonizar as suas políticas a esse respeito. Quanto à pesquisa científica, a Convenção consagrou o regime de consentimento pelo Estado Costeiro para a realização de pesquisas, seja no Mar Territorial, na Zona Econômica Exclusiva ou na Plataforma Continental. Dentro dessa ótica, os Estados somente poderão realizar suas pesquisas, nesses espaços marítimos, se com fins pacíficos, tendo como objetivo o bem da humanidade e com consentimento do Estado Costeiro. Além disso, a Convenção atentou para o fato de que a exploração das riquezas do mar depende, fundamentalmente, do domínio de conhecimentos científicos e tecnológicos que permitem aos Estados avaliar e explorar os recursos naturais existentes na água, no solo e subsolo marinhos.para tanto, a Convenção houve por bem favorecer a transferência de tecnologia em condições eqüitativas para os países em desenvolvimento, sendo a cooperação internacional para a transferência de tecnologia efetuada por programas bilaterais, regionais e multilaterais, compreendendo a exploração, aproveitamento, conservação e gestão dos 6

recursos marinhos, a investigação científica e outras atividades que tenham por objetivo acelerar o desenvolvimento econômico e social dos Estados menos desenvolvidos. 4. O DIREITO DO MAR O mar é fundamental para o desenvolvimento e a sobrevivência das nações. Desde épocas mais remotas, mares e oceanos são usados como via de transporte e como fonte de recursos biológicos. O desenvolvimento da tecnologia marinha permitiu a descoberta nas águas, nos solos e nos subsolos marinhos de recursos naturais de importância capital para a humanidade. A descoberta de tais recursos fez aumentarem a necessidade de delimitar os espaços marítimos em relação aos quais os Estados costeiros exercem soberania e jurisdição. A CNUDM (Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar) está em vigor desde novembro de 1994 e constitui-se, segundo analistas internacionais, no maior empreendimento normativo no âmbito das Nações Unidas, legislando sobre todos os espaços marítimos e oceânicos, com o correspondente estabelecimento de direitos e deveres dos Estados que têm o mar como fronteira. Atualmente, a Convenção é ratificada por 156 países, dentre os quais o Brasil. O Mar Territorial, somado à ZEE, constituem-se nas Águas Jurisdicionais Brasileiras Marinhas. Trata-se de uma imensa região, com cerca de 3,5 milhões de Km2, Após serem aceitas as recomendações da CLPC, os espaços marítimos brasileiros poderão atingir cerca de 4,5 milhões de km 2, equivalentes a mais de 50% da extensão territorial do Brasil. Por seus incomensuráveis recursos naturais e grandes dimensões, essa área é chamada de Amazônia Azul. No que concerne aos espaços marítimos, todo Estado costeiro tem o direito de estabelecer um Mar Territorial de até 12 milhas náuticas (cerca de 22 km), uma Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e uma Plataforma Continental (PC) estendida, cujos limites exteriores são determinados pela aplicação de critérios específicos. Os Estados exercem soberania plena no Mar Territorial. Na ZEE e na PC, a jurisdição dos Estados se limita à exploração e ao aproveitamento dos recursos naturais. Na ZEE, todos os bens econômicos no seio da massa líquida, sobre o leito do mar e no subsolo marinho são privativos do país ribeirinho. Como limitação, a ZEE não se estende além das 200 milhas náuticas (370 km) do litoral continental e insular. A PC é o prolongamento natural da massa terrestre de um Estado costeiro. Em alguns casos, ela ultrapassa a distância de 200 milhas da ZEE. Pela Convenção sobre o Direito do Mar, o Estado costeiro pode pleitear a extensão da sua Plataforma Costeira até o limite de 350 milhas náuticas (648 km), observando-se alguns parâmetros técnicos. É o caso do Brasil, que apresentou, em setembro de 2004, o seu pleito de extensão da PC brasileira às Nações Unidas. 5. TRIBUNAL INTERNACIONAL DO DIREITO DO MAR O Tribunal tem competência similar à da Corte Internacional de Justiça no que tange às relações entre Estados quanto ao domínio marítimo. Então, em primeiro lugar, julga controvérsias entre Estados a respeito de limites, de fronteiras marítimas. Mas julga também questões sobre navegação, poluição do mar e exploração de recursos oceânicos. Interessante ressaltar que o Tribunal julga também questões de direitos humanos. São 21 juízes. Não há limite de idade para exercer o cargo. Cada governo apresenta um candidato e, em uma reunião dos Estados. Parte da Convenção do Mar nas Nações Unidas, os juízes são eleitos. Há uma espécie de rodízio, uma renovação periódica. Eu fui eleito este ano e ficarei mais oito anos, até 2016. Quando há casos urgentes para resolver, como esses da libertação de navios e suas tripulações, os juízes viajam imediatamente para apreciar o pedido. 5.1. DO TRIBUNAL MARÍTIMO O Tribunal Marítimo. com jurisdição em todo o território nacional, é um órgão autônomo auxiliar do Poder judiciário, vinculado ao Ministério da Marinha no que se refere ao provimento de pessoal militar e de recursos orçamentários para pessoal e material destinados ao seu funcionamento, tem como atribuições julgar os acidentes e fatos da navegação marítima, fluvial e lacustre e as questões relacionadas com tal atividade, especificadas nesta Lei. (lei n. 2.180 - de 5 de fevereiro de 1954). O Tribunal Marítimo compor-se-á de sete juízes a saber: 7

um Presidente. Oficial-General do Corpo da Armada, da Reserva Remunerada: dois Juizes Militares, oficiais de Marinha, da Reserva Remunerada; quatro Juizes Civis. O Presidente do Tribunal Marítimo indicado pelo Ministro da Marinha dentre os oficiais-generais do Corpo da Armada. da Ativa ou da Reserva Remunerada será de livre nomeação do Presidente da República com mandato de dois anos, podendo ser reconduzido, respeitado, porém, os limites de idade estabelecidos para a permanência na Reserva Remunerada. As nomeações dos Juizes Militares e Civis serão feitas pelo Presidente da República. mediante proposta do Ministro da Marinha e atendidas as seguintes condições: para Juizes Militares. capitão-de-mar-e-guerra ou capitão-de-fragata da Ativa ou da Reserva Remunerada. sendo um deles do corpo da Armada e outro do corpo de Engenheiros e Técnicos Navais. subespecializados em Máquinas ou casco. para Juizes civis: o dois bacharéis em Direito. de reconhecida idoneidade. com mais de cinco anos de prática forense e idade compreendida entre trinta e cinco e quarenta e oito anos. especializado um deles em Direito Marítimo e o outro em Direito Internacional Público: o um especialista em armação de navios e navegação comercial, de reconhecida idoneidade e competência. com idade compreendida entre trinta e cinco e quarenta e oito anos e com mais de cinco anos de exercício de cargo de direção em empresa de navegação marítima: um capitão-de-longo-curso da Marinha Mercante. de reconhecida idoneidade e competência. com idade compreendida entre trinta e cinco e quarenta e oito anos e com mais de cinco anos de efetivo comando em navios brasileiros de longo curso. sem punição decorrente de julgamento em tribunal hábil. A indicação a ser feita pelo Ministro da Marinha para os cargos de Presidente e de Juiz Militar deverá ser acompanhada, se tratar de oficial da Ativa, da declaração dos indicados de que concordam com a mesma. Os juízes civis serão nomeados mediante aprovação em concurso de títulos e provas, realizado perante banca examinadora constituída pelo Presidente do Tribunal Marítimo: por um Juiz do Tribunal Marítimo escolhido em escrutínio secreto por um representante da Procuradoria do Tribunal Marítimo. Designado pelo Ministro da Marinha, e, conforme for o caso, por um especialista em Direito Marítimo ou em Direito Intencional Público escolhido pelo conselho Federal dá Ordem dos Advogados do Brasil, ou por um representante da Comissão de Marinha Mercante designado pelo Presidente da referida comissão. 6. LEPLAC Durante dez anos, entre 1987 e 1996, a Diretoria de Hidrografia e Navegação iniciou o projeto de Levantamento da Plataforma Continental (LEPLAC), em parceria com a Petrobras e universidades brasileiras. Os dados oceanográficos coletados, ao longo de toda a margem continental brasileira, subsidiaram a confecção de mapas para o estabelecimento do limite da PC. O Projeto LEPLAC tem o propósito de estabelecer os nossos limites marítimos exteriores, no seu enfoque jurídico. O projeto é coordenado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) e envolve a Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), a empresa PETROBRAS e a Comunidade Científica brasileira. Ele foi desenvolvido para cumprir o disposto nos artigos 76 e 77 da Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar (CNUDM), assinada em Montego Bay, Jamaica, em 1982. O LEPLAC permitiu que fosse apresentada à Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU (CLPC), em 2004, uma proposta contendo o pleito brasileiro de uma área, além das 200 milhas náuticas da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), com aproximadamente 950 mil Km², sendo denominada pela Marinha de Amazônia Azul. A ampliação desse espaço marítimo é de fundamental importância para o Brasil, não apenas pelos aspectos estratégicos envolvidos, mas também pelos econômicos, visto que cerca de 95% do comércio exterior brasileiro transitam pelo mar, movimentando mais de 40 portos; e que as recentes descobertas de significativas reservas de petróleo e gás natural 8

dentro da ZEE, exigem que a Marinha do Brasil esteja preparada para prover a devida proteção aos nossos interesses marítimos e à soberania nacional nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), notadamente quanto ao desenvolvimento de soluções autóctones para monitorar e controlar a Amazônia Azul. A vigilância na Amazônia Azul é mais complexa que no continente e passa, necessariamente, pelo adequado aparelhamento da Marinha do Brasil, já que nossa História nos ensina que toda riqueza desperta a cobiça, cabendo ao seu detentor o ônus da proteção. A Amazônia Azul é uma área formada pela soma da Zona Econômica Exclusiva e da Plataforma Continental. Conforme estabelecido pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, todos os bens existentes ao longo de uma faixa litorânea de 200 milhas marítimas de largura estão na denominada Zona Econômica Exclusiva. A Plataforma Continental, que é o prolongamento natural da massa terrestre, pode ultrapassar essa distância, chegando até a estender 350 milhas marítimas. 7. PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA Situada na borda ocidental do Atlântico meridional, a plataforma continental brasileira se caracteriza pelo predomínio da baixa produtividade decorrente de sua localização; de um lado em relação à circulação oceânica, em grande parte ineficiente na indução de efeitos de ressurgência e de outro, em relação a uma rede hidrográfica que, apesar de importante, deságua na sua quase totalidade nas extremidades norte e sul da plataforma considerada. Geograficamente, a plataforma continental brasileira engloba diversas zonas climáticas que se expressam, de forma intensificada, na área continental e no conseqüente aporte diferenciado à plataforma, da carga sólida e líquida do sistema hidrográfico. Tal diferenciação de aporte, numa plataforma caracterizada em geral por baixa produtividade, não apenas condiciona a disponibilidade de nutrientes, como também define o tipo de cobertura sedimentar e, em alguns casos, a própria largura da margem continental. Assim, apesar de praticamente toda a drenagem continental da placa tectônica sul-americana estar direcionada para o Atlântico, em decorrência do bloqueio representado pela cordilheira dos Andes, tal descarga se concentra em dois pontos extremos: ao norte, através do sistema Amazonas, e ao sul, através da drenagem que converge para o estuário do Prata. Em decorrência do aporte sedimentar associado a esta descarga, a plataforma continental norte programou largamente, chegando a 300 km de largura defronte à ilha de Marajó, com a quebra da plataforma ocorrendo a cerca de 140 m de profundidade. A presença de estuários e o clima tropical favorecem o desenvolvimento de manguezais que, por sua alta produtividade e condições de abrigo, representam um importante elo no ciclo de vida de muitas espécies da fauna marinha. Por exemplo, os camarões peneídeos nascem na plataforma continental e migram para a costa em busca do abrigo de estuários e lagoas para voltar ao oceano após atingir a maturidade. O estabelecimento de um quociente entre as áreas ocupadas por manguezais nos diversos compartimentos costeiros e o respectivo comprimento de linha de costa que a região Norte, ao sul do Equador, apresenta, de longe, a maior densidade de ocorrência de manguezais, que se desenvolvem principalmente ao longo do litoral do Maranhão, onde constituem 53% (5.417 km2) da área total destes ecossistemas no país. Para o norte, a influência da água doce do Amazonas reduz o desenvolvimento. O projeto de ampliação da Plataforma Continental Brasileira denominado LEPLAC - LEVANTAMENTO DA PLATAFORMA CONTINENTAL BRASILEIRA tem o propósito de estabelecer os nossos limites marítimos exteriores, no seu enfoque jurídico. A atividade é coordenada e desenvolvida conjuntamente pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil (DHN), Empresa Brasileira de Petróleo S.A. (PETROBRAS) e Comunidade Científica Brasileira. Ele foi desenvolvido para cumprir o disposto nos artigos 76 e 77 da Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar (CNUDM), assinada em Montego Bay, Jamaica, em 1982. 7.1. PLANO DE LEVANTAMENTO DA PLATAFORMA CONTINENTAL Por meio da Lei nº 8.617 de 04 de janeiro de 1993, foram instituídas as larguras, contadas a partir das linhas de base, do Mar Territorial (12 milhas náuticas), da Zona Contígua (24 milhas náuticas) e da Zona Econômica Exclusiva (200 milhas náuticas). A 9

estrutura organizacional do LEPLAC inicia-se na Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), criada em 1974, tendo por finalidade assessorar o Presidente da República, por intermédio do Ministro de Estado da Defesa, no tocante às diretrizes propostas para a consecução da Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM). Para a execução de sua tarefa afeta ao LEPLAC, a CIRM conta com sua Secretaria Executiva (SECIRM), uma Subcomissão e um Comitê Executivo. A coordenação da CIRM cabe ao Comandante da Marinha, e a coordenação da Subcomissão para o LEPLAC, ao Ministério das Relações Exteriores. A Subcomissão e o Comitê Executivo assessoram a CIRM quanto ao planejamento, coordenação e controle das atividades concernentes ao levantamento da plataforma continental. O Comitê Executivo para o LEPLAC é o gerente das atividades operacionais relativas ao levantamento da plataforma continental, estando sua sede situada na Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN). 7.1.1. Dados Geofísicos Por conta da inexistência de uma metodologia consagrada para atividades de campo a qual atendesse as exigências da CNUDM, houve a necessidade do desenvolvimento de métodos próprios para a aquisição de dados batimétricos, o qual se baseou na integração das informações batimétricas e geológicas, bem como nos custos financeiros e operacionais que seriam necessários para a realização de levantamentos batimétricos destinados a atender à proposta de limite exterior da plataforma brasileira, no que tange os dados técnico-científicos que a suportasse. 7.1.2. Resultados Ao final do processamento dos dados coletados na margem continental brasileira foi possível quantificar e apresentar sob a forma de mapas os resultados alcançados. O mapa da figura ao lado apresenta o limite exterior da nossa plataforma continental mostrando a nova configuração do limite no mar do território brasileiro. 7.1.3. Os Desdobramentos O levantamento da plataforma continental brasileira reveste-se de particular importância para a política exterior do Brasil em relação ao Atlântico Sul, pois, além dos benefícios intrínsecos advindos dos novos conhecimentos, esse conjunto de atividades acentua a presença brasileira em área de atividade pioneira no Atlântico Sul, além de contribuir para despertar a consciência em outros Estados Costeiros da necessidade e conveniência de também definirem seus limites exteriores de margens continentais. O estágio alcançado pelo Brasil na condução do seu LEPLAC possibilitou a exportação de conhecimento para outros Estados Costeiros. O Brasil está participando decisivamente nos trabalhos conduzidos pela Namíbia. Angola e Moçambique já demonstraram claro interesse em receber orientações brasileiras para a condução dos seus respectivos projetos. 7.2. LEPLAC - AMAZÔNIA AZUL Em seu artigo 76, a CNUDM estabelece: a plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa distância. Entretanto, a definição para plataforma continental apresentada na CNUDM estabelece um novo conceito, revestindo-se de um entendimento jurídico ou legal. Os Estados Costeiros podem apresentar suas propostas de limite exterior até 13 de maio de 2009, sendo que o Brasil depositou sua proposta, junto ao Secretário da Organização das Nações Unidas, em 17 de maio de 2004. 7.3. VERTENTES DA AMAZÔNIA AZUL Os dados oceanográficos coletados pelo LEPLAC, ao longo de toda a margem continental brasileira, subsidiaram a confecção de mapas para o estabelecimento do limite da PC. O trabalho brasileiro está sendo examinado pela Comissão de Limites da Plataforma Continental. A perspectiva é favorável, pois o Brasil, ao contrário de muitos outros países, possui fronteiras marítimas bem definidas ao norte, com a Guiana Francesa, e ao sul, com o Uruguai. 10

A incorporação dessa nova área aumentará substancialmente a quantidade de recursos naturais da Brasil, trazendo, ao mesmo tempo, imensa responsabilidade. O binômio Recursos Naturais e Responsabilidade nos remete a estudar a Amazônia Azul, sob o enfoque de quatro grandes vertentes. O trabalho brasileiro está sendo examinado pela Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas. A perspectiva é favorável, pois o Brasil, ao contrário de muitos outros países, possui fronteiras marítimas bem definidas ao norte, com a Guiana Francesa, e ao sul, com o Uruguai. A incorporação da nova área às águas jurisdicionais brasileiras aumentará a riqueza da nação, trazendo, ao mesmo tempo, imensa responsabilidade. O binômio Riqueza e Responsabilidade nos permitiu o estudo da Amazônia Azul, sob o enfoque de quatro grandes vertentes. 7.3.1. A Vertente Econômica Riquezas da Amazônia Azul Apesar de ser lugar-comum afirmar que mais de 95% do comércio exterior brasileiro é realizado por via marítima, poucos se dão conta da magnitude que isso significa. O comércio exterior, soma das importações e exportações, totalizou, de janeiro a outubro de 2005, um montante na ordem de US$ 160 bilhões. O petróleo e o gás natural são outras grandes riquezas da nossa Amazônia Azul. No limiar da auto-suficiência, o Brasil prospecta, no mar, mais de 80% do seu petróleo. Em números, são 1,6 milhões de barris por dia que, no ano, somam US$ 35 bilhões. Quanto ao gás natural, os grandes depósitos descobertos na bacia de Santos e no litoral do Espírito Santo viabilizam a consolidação do produto no mercado brasileiro do combustível do século XXI. A atividade pesqueira é outra potencialidade da Amazônia Azul. No mundo, o pescado representa valiosa fonte de alimento e de geração de empregos. Em termos de futuro, estima-se que, até 2020, a produção pesqueira mundial cresça 40%, saindo das atuais 100 milhões de toneladas, para 140 milhões. No Brasil, a aqüicultura é o principal macro-vetor da produção pesqueira, com o cultivo de espécies em fazendas no litoral e em águas interiores. Os recursos minerais marinhos constituem-se num grande filão econômico. Considerando-se o exemplo do mineral mais explorado nos oceanos, o petróleo, que aplica a mais sofisticada tecnologia e apresenta os mais altos custos da indústria extrativista de bens minerais do mundo, a exploração dos nódulos polimetálicos tem amplas perspectivas de se viabilizar no futuro. Não apenas o extrativismo mineral, mas o segmento lazer tem elevado potencial de fomento no Brasil. A vasta e diversificada costa brasileira, aliando beleza e bom clima em quase toda a sua extensão, é um verdadeiro paraíso para os esportes náuticos. A diversidade cultural soma-se a esses fatores como importante atrativo para o turismo marítimo. 7.3.2. A Vertente Ambiental o Uso Racional do Mar A exploração racional do mar é um objetivo perseguido e alguns bons resultados estão surgindo, como a preservação da cadeia alimentar, cuja base reside nos oceanos. Organismos governamentais e não governamentais vêm desenvolvendo importante papel nesse contexto e sensibilizando a opinião pública mundial sobre a necessidade de realização de políticas públicas voltadas para a preservação dos recursos marinhos. No Brasil, pelas características do litoral, é bastante viável a adoção de procedimentos que poderão alavancar programas de preservação e exploração racional da Amazônia Azul. Destacam-se os programas de caráter regional, com a participação das comunidades, contribuindo para a inclusão social e o desenvolvimento sustentável. De certa forma, isso já vem sendo feito em programas e ações do Governo Federal. 7.3.3. A Vertente Científica: Programas Desenvolvidos no Mar O Comandante da Marinha coordena a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), com representantes de 15 Ministérios e Instituições, responsáveis por uma série de programas e ações, relacionados ao uso racional das águas jurisdicionais brasileiras, a nossa Amazônia Azul. 7.4. AMPLIAÇÃO DE PLATAFORMA CONTINENTAL GARANTE PROTEÇÃO A PRÉ-SAL 11

A proteção das recém-descobertas reservas de petróleo do Brasil está assegurada com a decisão de uma comissão internacional de acatar grande parte do pedido brasileiro de ampliação da plataforma continental do país, segundo um dos responsáveis pela solicitação brasileira. O comandante Alexandre Tagore Albuquerque, da Marinha, lembra ainda que, com a expansão da plataforma continental para além das 200 milhas náuticas padronizadas pela legislação internacional, novas descobertas poderão ocorrer. "Com base nas recomendações recebidas da CLPC, parece ser lícito intuir que as recentes reservas de petróleo descobertas pelo Brasil estão protegidas", disse Tagore em email à Reuters. O Brasil encaminhou seu pedido à CLPC em 2004 e, três anos mais tarde, recebeu resposta do órgão acatando em 80 por cento o pedido, o que eleva o espaço marítimo brasileiro de 3,5 milhões de quilômetros quadrados para cerca de 4,2 milhões de quilômetros quadrados. A camada pré-sal se estende por 800 quilômetros do Espírito Santo a Santa Catarina e pode conter um volume de petróleo capaz de colocar o Brasil entre as grande potências petrolíferas mundiais. Até agora, a Petrobras estimou somente as reservas do campo de Tupi, em entre 5 a 8 bilhões de barris de óleo equivalente (boe), mas segundo declarações do presidente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Haroldo Lima, fontes oficiosas da Petrobras falam em 33 bilhões de barris apenas na bacia de Santos. A proteção dessas recentes descobertas, localizadas próximas ao limite de 200 milhas náuticas, tem chamado a atenção do Ministério da Defesa. O país negocia com a França um acordo para a construção de um submarino a propulsão nuclear que ajudaria na proteção dessas áreas. Além disso, o ministro Nelson Jobim expressou recentemente, em evento com industriais paulistas, a opinião pessoal de que uma das prioridades da política nacional de defesa, que será anunciada no dia 7 de setembro, deve ser a negação do uso do mar para atividades ilícitas. Nesse sentido, o ministro chegou a defender que a Petrobras colabore com o reaparelhamento da Marinha, que receberia parte dos royalties resultantes da exploração de petróleo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo exposto o processo de consolidação da fronteira marítima brasileira e o levantamento de suas riquezas cabe, na conclusão, relacioná-las com a questão da vigilância e defesa das águas jurisdicionais brasileiras. A Política de Defesa Nacional (PDN), aprovada por Decreto-Lei em 2005, aponta como áreas prioritárias a Amazônia Brasileira e o Atlântico Sul, tendo em vista a importância estratégia e econômica dessas regiões. No tocante ao Atlântico Sul a PDN aponta para a necessidade do Brasil dispor de meios para o exercício da vigilância, controle e defesa marítima através do aumento da presença militar no Atlântico Sul, como forma de garantir o controle dos recursos naturais localizados na ZEE e na Plataforma continental. O Poder Naval, então, é apontado como necessário para garantir ao país os meios necessários para que seus interesses não sofram coerções. O tráfego marítimo deve ser protegido, assim como as águas jurisdicionais e os recursos nela contidos. Para isso impõese a presença dos meios militares disponíveis e em construção: porta-aviões, fragatas, torpedeiros, navios velozes e com alta capacidade e permanência no mar. O projeto do submarino nuclear, em parceria com a França, tem sido tema recorrente nas reuniões do Ministério da Defesa para reforçar a capacidade naval brasileira no exercício das suas missões. Tais atribuições, contudo, contrastam com as drásticas reduções no orçamento nacional dedicado à Marinha do Brasil. Por outro lado, o Brasil tem procurado arrolar o levantamento da plataforma continental de alguns países africanos, munido do conhecimento posto em prática com o seu próprio LEPLAC (Levantamento da Plataforma Continental), como a Namíbia, Angola e Moçambique, países notadamente defasados em seu desenvolvimento científico e tecnológico. Essa cooperação se justifica para a Marinha do Brasil tendo em vista a projeção do litoral do Brasil em direção à África, cuja instabilidade política a submete aos interesses das grandes potências acarretando conseqüências evidentes sobre a segurança e defesa da 12

Amazônia Azul. As recentes manobras militares feitas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no Arquipélago de Cabo Verde, em junho de 2006, e a reativação da IV Frota, pelos EUA, em 2008, sugerem que a combinação de riquezas naturais com vazio de poder pode despertar cobiças e conflitos que não interessam ao Brasil nem aos demais países do Atlântico Sul. Da mesma forma que o ser humano precisa ter e conhecer suas limitações, também o Estado precisa ter seus limites, ou seja, suas linhas demarcatórias, para, aí, exercer, tridimensionalmente - terra, mar e ar - sua soberania. Bem delimitado o espaço terrestre, marítimo e aéreo de uma nação, para que ela seja admirada e respeitada, é mister que se contente em viver em harmonia com o que é seu, inclusive observando os ditames de órgãos internacionais, que contribuem para que os povos vivam melhor. O Brasil espera obter reconhecimento de direito sob uma área de cerca de 900.000 km², equivalente à soma das áreas dos seguintes estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Por conta da nova área incorporada, é desejável que a sociedade brasileira tenha a sensibilidade necessária para empreender ações e gestões para a sua ocupação, conhecimento e defesa. Um efeito imediato da delimitação da plataforma continental brasileira no campo da indústria do petróleo será que os blocos de licitação da Agência Nacional de Petróleo, que se encontram no momento restritos às 200 milhas, poderão estender-se até o limite exterior da plataforma. A extrema necessidade de monitoração dessa vasta extensão inclui o planejamento das atividades relacionadas ao interesse nacional e à execução de políticas públicas definidas para o território marítimo, bem como à efetiva implementação de atividades que permitam um melhor aproveitamento das riquezas e potencialidades contidas no seio da massa líquida sobre o leito do mar e no subsolo marinho. Desta forma, para que no futuro possamos dispor de uma estrutura capaz de respaldar nossos direitos no mar, torna-se necessário que sejam definidas e implementadas políticas para a exploração, de forma racional e sustentada, das riquezas da nossa Amazônia Azul, bem como sejam alocados os meios necessários para uma adequada vigilância e proteção dos interesses do Brasil no mar. O Brasil espera obter reconhecimento de direito sob uma área de cerca de 900.000 km², equivalente à soma das áreas dos seguintes estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Embora o estabelecimento do nosso território no mar tenha sido conduzido de forma pacífica, sem perda de vidas humanas, muito se deve ao poder dos canhões. Dos canhões de sísmica, que dispararam milhões de vezes. Por conta do novo território incorporado é desejável que as autoridades e sociedade brasileiras tenham a sensibilidade necessária para empreender ações e gestões para a sua ocupação, conhecimento e defesa. Um efeito imediato da delimitação da plataforma continental jurídica brasileira no campo da indústria do petróleo será que os blocos de licitação da Agência Nacional de Petróleo que se encontram no momento restritos às 200 milhas, poderão estender-se até o limite exterior da plataforma. REFERÊNCIA ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Publico - Ed. Saraiva. ALBUQUERQUE, Alexandre T. M. de. O Brasil e os Novos Espaços Marítimos. In: Revista da Marinha Brasileira. v. 114, n. 4/6. Rio de Janeiro, 1994. BAKKER, Mucio P.R. O problema da delimitação das águas territoriais e a solução para o Brasil. In: Revista Marítima Brasileira, Rio de Janeiro, nº 1-3,1969. BASTOS, Alex Henning. Mar territorial. In: Flores, M.C. (org): Panorama do poder maritime brasileiro. Rio de Janeiro, Bibliex, 1972. CAMINHA, João Carlos G. História Marítima. Rio de Janeiro, Bibliex, 1980. CASTRO, Luiz A. de A. O Brasil e o Novo Direito do Mar: Mar territorial e Zona Econômica Exclusiva. Fundação Alexandre Gusmão. Brasília, 1989. CASTRO, Therezinha. de. (org.) O Mar, Enfoque Geopolítico. In: A Defesa Nacional, nº708, 1983. COMISSÃO NACIONAL INDEPENDENTE SOBRE OS OCEANOS (CNIO). O Brasil e o Mar no Século XXI. Editora Interciência. Rio de Janeiro, 1999. 13