PLANEJAMENTO E ESTRUTURAÇÃO DE CURSOS NO MOODLE: MATERIAL DIDÁTICO MULTIMÍDIA, ATIVIDADES E AVALIAÇÃO



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1 PLANEJAMENTO E ESTRUTURAÇÃO DE CURSOS NO MOODLE: MATERIAL DIDÁTICO MULTIMÍDIA, ATIVIDADES E AVALIAÇÃO Curitiba, 05/2009. Sandramara S. Kusano de Paula Soares Universidade Federal do Paraná sskusano@ufpr.br Silvia Teresa Sparano Reich Universidade Federal do Paraná reichsilvia@click21.com.br Categoria: C Métodos e Tecnologias Setor Educacional: 5 Educação continuada em Geral Natureza: Modelos de Planejamento Classe: 1 Investigação científica RESUMO O presente trabalho apresenta alguns critérios para elaboração de material didático multimídia e estruturação de cursos em Educação à Distância (EaD), de acordo com as características, funções e funcionalidades das ferramentas tecnológicas do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) Moodle. São levadas em consideração a construção cooperativa de conhecimento por parte dos alunos, professores e tutores, a concepção pedagógica e os diversos itens do projeto do curso de EaD. No contexto de produção, desenvolvimento e implementação de cursos à distância, uma equipe multidisciplinar formula estratégias e aprimora a utilização dos recursos tecnológicos e mídias para a produção de material didático e sua disponibilização no Moodle. Os formulários para planejamento criados pela equipe, tais como a matriz curricular e a matriz

2 de estruturação, são apresentados e explicitados no presente trabalho. São abordados os aspectos do texto-base para EaD, tais como a linguagem dialógica, elementos gráficos, proposição de atividades e avaliação, guias e tutoriais. Ao final, deixa-se uma brecha para reflexão e comparação com as diversas concepções pedagógicas e metodologias adotadas pelas Instituições de Ensino em suas propostas de EaD, no sentido de colaborar para o aprimoramento das estratégias de planejamento, produção e estruturação de cursos à distância. Palavras-chave: Planejamento. Produção. Material Didático. Educação a Distância. 1 Introdução A Universidade Federal do Paraná (UFPR) fundou o seu Núcleo de Educação a Distância (NEAD) em fevereiro de 1998 e desde então vem desenvolvendo métodos e recursos tecnológicos para oferta de cursos à distância. Em 2004, a Coordenação de Recursos Tecnológicos do NEAD desenvolveu um ambiente virtual de aprendizagem que denominou UFPR Virtual, para oferta do Curso de Capacitação de Tutores. Dois anos depois e com várias edições do Curso de Tutores aprimoradas, o NEAD, agora CIPEAD (Coordenadoria de Integração de Políticas de Educação a Distância), migrou o Curso de Tutores para a plataforma Moodle. Para produzir, estruturar e implantar cursos no Moodle, uma equipe multidisciplinar ligada à Coordenação de Recursos Tecnológicos vem desenvolvendo instrumentos para elaboração de conteúdos e atividades, além de providenciar a sua disponibilização em diversas mídias. Tendo sempre como base a concepção pedagógica dos projetos de curso, esta equipe se encarrega também da estruturação dos espaços onde são disponibilizados os conteúdos, já sob a forma de material didático. Para possibilitar as múltiplas interações entre alunos, professores e tutores, além daquelas implícitas no material didático, foram criados também protocolos para seleção das ferramentas de interatividade e de postagem de atividades. Tanto o material didático quanto a estruturação e a disponibilização dos recursos e atividades no Moodle visam a consecução dos objetivos de

3 aprendizagem. Por isso, a funcionalidade destes elementos leva em consideração as possibilidades de uma avaliação processual. Os instrumentos para planejamento e estruturação de cursos no Moodle, a seguir apresentados, foram elaborados, aplicados, avaliados e complementados, em um movimento natural de trabalho cooperativo e colaborativo. Da mesma forma, a sistemática a seguir apresentada está aberta a críticas, contribuições e redirecionamentos. 2 A concepção pedagógica No contexto da Educação a Distância (EaD), o material didático passa a se configurar como um dos principais pilares de sustentação de programas e cursos. O material didático é um produto para o qual convergem e a partir do qual se articulam os recursos, os meios, professores, tutores e estudantes, elementos constitutivos do sistema de EaD. O primeiro critério a ser observado no planejamento do material didático é a concepção pedagógica dos cursos na modalidade da Educação a Distância. De acordo com os conceitos e características da EaD, um curso à distância é aquele que oferece múltiplas alternativas de interatividade e de oportunidades de interação visando a aprendizagem. Um material didático contextualizado na EaD é aquele que enfatiza a reflexão, o desenvolvimento da autonomia e a construção do conhecimento, viabilizando a interação entre alunos, tutores e professores. Nas propostas de múltiplas interações, o material didático deve ser pensado e produzido para estimular no aluno a busca de informação além das fronteiras do curso. Antes que o professor-autor de conteúdos comece a pesquisar, explorar e selecionar para a produção do texto-base, ele deve verificar no projeto do curso quais são os propósitos educacionais e metodológicos, e a organização curricular. Ao ser incluído no material didático, sob a forma de um produto com características de EaD, o projeto de curso se torna um instrumento de planejamento e de avaliação. O projeto do curso apresentado sob a forma de um Plano de Ensino, deve ser um material didático indispensável em qualquer curso, à distância ou presencial.

4 Mas é outro instrumento, elaborado também a partir do projeto do curso, que vem sendo utilizado pela equipe de planejamento e produção de material didático da CIPEAD: a Matriz Curricular. No Quadro 1 é apresentado um modelo de Matriz Curricular, utilizada na produção da Unidade Produção do texto-base do Curso Planejamento e Produção de Material Didático para EaD da CIPEAD/UFPR: Objetivo Geral Objetivos Específicos Conteúdos Atividades Avaliação Duração/ Etapa Ferrament a do AVA Apresentar as.................. características.................. do texto-base.................. da Educação a.................. Distância, Propor, O Projeto de visando à analisar e Curso capacitação em discutir O Plano de Produção de percursos de Ensino Material construção de A Matriz Apresentar e Participação Etapa 6 Fórum de Didático para material Curricular colocar em no debate uma discussão EaD. didático para discussão coletivo semana. EaD. uma linha da Matriz Curricular elaborada a pontuação mínima: 20/100 partir do Projeto de Curso selecionado. Quadro 1: Modelo de Matriz Curricular utilizado pela CIPEAD/UFPR. Enquanto desenvolve o conteúdo do seu material didático, o professorautor tem na Matriz Curricular uma visão geral da Disciplina ou da Unidade, o que o auxilia a não perder de vista os objetivos específicos ou as metas de estudo. É preciso ter cuidado, porém, para que os objetivos sejam de aprendizagem, a serem alcançados pelo aluno e não objetivos do professorautor ou do conteúdo. Melhor denominados de metas de ensino-aprendizagem, os objetivos específicos precisam ser redigidos de forma a direcionar a produção do texto-base e a intencionalidade das atividades a serem realizadas pelo aluno.

5 A partir da Matriz Curricular, o professor-autor redige o Plano de Ensino, um roteiro que auxilia o aluno a se organizar em relação ao estudo que deverá realizar em cada etapa, o tempo de dedicação, as pesquisas propostas, o percurso, o método, as formas e os critérios de avaliação. Todo curso à distância deve ser preparado e implementado de forma a manter intensa interatividade e constante comunicação entre os participantes. Mesmo com a mediação e interação entre alunos, tutores e professores, um curso à distância deve disponibilizar ao aluno um texto-base. Este texto-base precisa ser suficiente para garantir ao aluno estudar com autonomia. Sendo assim, o texto-base deve se constituir em um conjunto de estratégias de ensino-aprendizagem: A linguagem do texto-base deve considerar que o aluno não estará frente a frente com o professor. Por isso, este texto deve permitir uma leitura fácil, de vocabulário acessível, ao nível cultural do aluno, considerando os seus conhecimentos prévios sobre o assunto e as suas leituras anteriores. A alinearidade (pausas, idas e vindas, retomadas, hipertextos, anotações, atividades) é outra característica da linguagem do texto base, permitindo ao aluno definir o seu roteiro de leitura, para que possa construir conhecimento e não apenas memorizar e reproduzir idéias. A linguagem da EaD é dialógica e tem o propósito de envolver permanentemente o leitor no texto. Ao estabelecer o diálogo, o autor dá abertura para que aluno e tutor possam interferir no texto, complementandoo e enriquecendo-o com suas vivências e com suas pesquisas. Assim, tutor e aluno tornam-se co-autores do material didático. Todavia, este diálogo, esta conversa amigável, deve estar inserida em um processo científico. O texto da EaD é um texto acadêmico-científico, característica inerente ao material educacional que ele constitui, primando pela correção da linguagem. Assim organizado, de forma a permitir que o aluno vá percebendo o desenvolvimento das idéias e assimilando os conhecimentos em pequenas dosagens, com uma conveniente divisão e subdivisão de cada tópico, o material didático garante a incorporação gradual do conteúdo pelo aluno. Concebido como uma obra aberta, o material didático favorece ainda a construção cooperativa do conhecimento.

6 Apresentado o curso aos alunos e tutores, mediante o Plano de Ensino, a formatação de um sumário cuidadosamente elaborado segundo normas técnicas facilita a identificação dos vários capítulos e seções que se subdividiu o texto. Depois do sumário, o texto da EaD se inicia com uma introdução ao conteúdo. A introdução deve servir de motivação e esclarecimento ao aluno sobre os estudos que ele irá desenvolver. Uma forma de estabelecer o diálogo, um primeiro convite à co-autoria, pode ser feito inserindo uma problematização no início do texto. Ou seja, pode-se explicitar que não se tem certezas a respeito do estudo que vai iniciar, que não se sabe tudo sobre o que se vai falar, que é necessária a colaboração do aluno-leitor com suas dúvidas, inferências, pressupostos, questionamentos. Elementos gráficos, tais como tabelas, gráficos, figuras, fotos, ícones e links, podem ser utilizados na produção do material didático, sempre com a finalidade de facilitar a leitura e o estudo, deixando o texto atraente e evitando o cansaço do aluno. Os elementos gráficos visam indicar leituras, fornecer orientações, ilustrar idéias, propor atividades, tornando a leitura do texto mais agradável e auxiliando a compreensão do conteúdo. Todos os elementos gráficos precisam ter um significado no contexto do texto-base, com o cuidado em não banalizar e poluir o material didático. Assim, um elemento gráfico em forma de G colocado ao final de determinada palavra ou expressão, por exemplo, direciona o leitor a um glossário destes termos ou conceitos considerados fundamentais para o entendimento do texto. Os ícones são elementos gráficos, que proporcionam paradas na leitura, quebrando a linearidade do texto, são utilizados para incentivar reflexões, conclusões, busca de informações complementares, fixação de pontos importantes pelo aluno, levando-o à realização de uma atividade. Por outro lado, é preciso dosar a quantidade de ícones por seção de texto, a padronização em termos de design, a pertinência ao contexto do conteúdo que está sendo trabalhado, o significado. Para ilustrar tais considerações, no Quadro 2 são apresentados alguns exemplos de ícones elaborados pela equipe da CIPEAD. O uso de ilustrações dentro do material didático é um recurso importante, já que o mundo é rodeado por comunicação visual. Entretanto, só é válida a inclusão de uma ilustração no texto se for para acrescentar sentido.

7 Do contrário, a inserção de uma imagem com função estética, vazia de conteúdo, pode confundir e gerar falsas interpretações por parte do leitor. É preciso avaliar se a imagem ilustra, complementa ou elucida o conteúdo, de que forma ela se integra ao texto e à composição do projeto gráfico. Para refletir Anote Resumindo Participe do Fórum Equipe de Produção, leia as contribuições dos colegas e reflita sobre o trabalho cooperativo para o planejamento e produção de material didático para EaD. Os ícones são importantes ajudas intratextuais, pois além de proporcionar paradas na leitura, servem para incentivar o aluno a realizar atividades de pesquisa, de fixação e de auto-regulação da aprendizagem. Até aqui, você ficou conhecendo os seguintes tópicos do planejamento e produção de material didático para EaD: 1º O entorno; 2º O projeto; 3º O produto. Nesta Unidade 3, vamos tratar do terceiro tópico. Vamos lá? Leia atentamente este texto, ele lhe dará boas orientações para o planejamento e produção de material didático para EaD. Dica Quadro 2 Modelos de ícones e exemplos de utilização, elaborados pela CIPEAD/UFPR. Produzido o texto-base, o professor-autor precisa elaborar e propor atividades de avaliação. Para isso, ele deve voltar à Matriz Curricular, verificar a correspondência entre objetivos específicos conteúdos atividades, a duração e carga horária para a leitura e o estudo dos textos e consorciar todos estes aspectos às correspondentes atividades (Quadro 1). 3 Estruturação de cursos no AVA Para estruturação de um curso em ambiente de aprendizagem virtual, é necessário que o coordenador do Curso e o administrador do AVA conversem e discutam sobre a disponibilização das etapas do Curso, do material didático e das atividades. Desta forma, as ferramentas do AVA poderão ser exploradas e aproveitadas em toda a sua funcionalidade e função. Na Figura 1 pode-se observar a estruturação da Unidade 4 do Curso Planejamento e Produção de Material Didático no ambiente Moodle da CIPEAD/UFPR. Nesta estruturação, realizada a partir da Matriz Curricular, o coordenador de curso, em trabalho cooperativo com a equipe docente e a equipe técnica, preenche um espelho da estrutura do AVA, criado sob a denominação de Matriz para Estruturação de Cursos. No caso do Moodle, ao

8 formatar esta matriz, segundo o roteiro abaixo apresentado (Quadro 3), equipe pedagógica e equipe técnica podem definir o cronograma do curso, a metodologia e a avaliação da aprendizagem. Figura 1 Exemplo de estruturação de parte de um curso no Moodle - CIPEAD/UFPR Moodle Projeto do Curso Ferramentas BOX INICIAL Apresentação do Curso: identidade imagética; título; texto. Interatividade Documentação e material de apoio Acrescentar recurso (criar uma página web). Fórum de notícias. Tutoriais e Guias. Biblioteca geral. Glossário colaborativo geral. BOXES NUME- RADOS Ambientação Programação: Disciplinas / Módulos / Unidades. Duração do Curso e regime da oferta das Disciplinas/Módulos/Unidades: anual; semestral; mensal (bimensal, trimensal); semanal. Material didático: Mídia impressa: arquivos texto e HTML; mídia sonora: áudios e entrevistas; mídia vídeo: animações, filmes; mídia informática: apresentações; imagens em movimento; objetos de aprendizagem; multimídia. Atividades: Debate Virtual Escrita colaborativa Fixação Fórum de Apresentação. Tarefa (envio de arquivo) Acrescentar recurso (inserir rótulo) Acrescentar recurso (criar uma página de texto simples, criar uma página web, link a um arquivo ou site, visualizar um diretório. Acrescentar atividade: Fórum, Chat Glossário, Wiki Questionário Produção Diário de Bordo, Tarefa, Lição, Atividade Offline, Base de Dados Quadro 3 Matriz de Estruturação de Cursos no Moodle CIPEAD/UFPR O envolvimento das equipes, desde a fase de planejamento, estabelece uma sintonia entre a ação didático-pedagógica e o suporte tecnológico, conferindo a disseminação de competências e a agilidade nas

9 alterações de percurso necessárias. Finalmente, a coluna Avaliação da Matriz Curricular deve também ser prevista na estruturação do Curso no AVA. O Moodle é um ambiente virtual que oferece inúmeras possibilidades de se avaliar a aprendizagem do aluno. Suas ferramentas permitem acompanhamento dos resultados da aprendizagem, com registro no sistema, sob variadas formas de agregação sem notas, com notas médias, mínimas ou máximas, que permitem avaliação somativa. Os recursos de feedback, se utilizados no Moodle com propósitos educacionais adequados, podem proporcionar excelentes oportunidades de aprendizagem para alunos e tutores. As questões iniciais postadas nos Fóruns de discussão, ou os tópicos de discussão abertos nestas ferramentas de debate virtual desencadeiam a construção compartilhada do conhecimento, em situações de ensinoaprendizagem que superam em qualidade, sem sombra de dúvida, a interação presencial. A elaboração de listas de verbetes e a produção de textos de forma colaborativa, em ferramentas como o Glossário e o Wiki, favorecem o trabalho em grupo e propiciam avaliar a participação de cada componente da equipe. Além da discussão e das trocas de idéias e experiências síncrona e assíncrona, da construção colaborativa e dos trabalhos de produção de textos em diversas linguagens, as ferramentas do Moodle permitem ainda a fixação dos conteúdos, mediante Questionários e Diários de Bordo, entre outros recursos disponíveis. 4 Considerações Finais O material didático parece congregar a atenção de todos os envolvidos no curso à distância. É como se os leitores, ao assumirem o papel de coautores, saíssem do texto para navegar por outros espaços físicos e virtuais e voltassem ao texto para conferir, comprovar, acrescentar, complementar. A gestão de cursos no Moodle podem ocorrer de forma sistemática e organizada, durante todo o percurso. Para tal, foram criados pela Coordenação de Recursos Tecnológicos da CIPEAD/UFPR, espaços virtuais paralelos ao ambiente do Curso, onde coordenadores, professores e tutores podem interagir e trabalhar de forma integrada, visando correções e aprimoramento do processo. Nestes espaços, formam-se verdadeiros grupos de pesquisa e deles

10 emergem novas possibilidades de produção de material didático, estruturação e disponibilização dos textos em diversas linguagens, atividades e formas de avaliação. Tal experiência tem mostrado que este dinamismo e esta flexibilidade, característicos da Educação a Distância encontra ambiente propício nos espaços virtuais de aprendizagem e por esta razão, a sua utilização, é cada vez mais disseminada, freqüente e indispensável. 5 Referências Bibliográficas ALLY, M. Mini-curso Produção de material didático para EaD tendo em vista os diferentes estilos de aprendizagem. Curitiba: 13º Congresso Internacional ABED set 2007. ALMEIDA, M. E. B.; PRADO, M. E B. B. A importância da Gestão nos Projetos de EaD. In: Debate: Mídias na Educação. Boletim do Salto para o Futuro. Brasília: TV Escola, SEED-MEC, 2005. Disponível em <http://www.tvebrasil.com.br/salto>. Acessado em 15.jul.08 BLOOM, B.Taxonomia dos objetivos educacionais.porto Alegre:Globo,1973. CHA VES, M.C.S. Fatores importantes para o desenvolvimento de cursos online. Disponível em <http://cdchaves.sites.uol.com.br/ fatores_desenvolvimento.htm> Acessado em 15.jul.08 CRISTAKOU, H.; PINTO, A. Avaliação do Ciclo Básico do Curso Mídias Integradas na Educação Desafios e Perspectivas à Expansão do Programa 2º Encontro de Coordenadores do Programa de Formação Continuada Mídias Integradas na Educação. Brasília, 22 e 23 julho 2008. LITWIN, E. Educação a Distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: ArtMed, 2001. NEDER, M. L. C. Roteiro Sugestão para a Produção das Disciplinas. UFMT PAULA SOARES, S. S. K. de; REICH, S. T. S. NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, Seminário Cenário, perspectivas e dimensões da EaD Mini-curso Planejamento e Produção de Material Didático para EaD. Curitiba: NEAD/UFPR, 2007. PIMENTEL, N. M. Educação a Distância. Florianópolis: SEAD/UFSC, 2006

11 SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Orientações para a produção de Materiais Didáticos para a Modalidade a Distância. Florianópolis: UFSC, 2006.