Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental PHA PHA2537 Água em Ambientes Urbanos Seminários NAVEGAÇÃO FLUVIAL EM ÁREAS URBANAS O Rio Capirabire, Recife (PE) Camila Maria Camara - 6451895 Guilherme Arruda Nogueira Cesar - 6452447 Julia Coutinho Amaral - 6851925 Samuel Carvalho Gomes Fukumoto - 6452214 Vanessa Hatsue Chigami - 6451359 Prof. Dr. Kamel Zahed Filho Prof. Dr. José Rodolfo Scarati Martins Profª. Drª. Monica Ferreira do Amaral Porto Profª. Drª. Ana Paula Zubiaurre Brites 2014
Sumário 1. INTRODUÇÃO... 1 1.1 Visão Geral... 1 1.2 Objetivo... 3 2. O RIO CAPIBARIBE... 3 2.1 Introdução... 3 2.2 História... 3 3. PROJETO DE NAVEGABILIDADE... 4 3.1 Introdução... 4 3.2 Conceito... 5 3.3 Intermodalidade... 6 3.4 Fase atual do projeto... 7 3.5 Integração Urbana... 7 4. BIBLIOGRAFIA... 8
1. INTRODUÇÃO 1.1 Visão Geral O transporte fluvial, extremamente valorizado na Europa, é subutilizado no Brasil, apesar de sua extensa malha hidroviária (Figura 1). A navegação fluvial no Brasil constitui o sistema de menor participação dentre as modalidades de transportes pois muitos rios, por serem de planalto (por exemplo Tietê e São Francisco), dificultam a navegação devido aos seus trechos encachoeirados; e os rios de planície (por exemplo Amazonas e Paraguai), suscetíveis à navegação, localizados em áreas afastadas dos grandes centros econômicos. Figura 1 - Mapa hidroviário do Brasil. Fonte: Ministério dos Transportes. Disponível em: http://www2.transportes.gov.br/bit/01- inicial/07-download/mapahidro2013.pdf. Acesso em: 27 out. 2014. Considerando o potencial existente no país para a navegação fluvial e a saturação dos outros modais de transporte empregados nas cidades, é essencial a análise das características desse sistema de transporte urbano. No Caderno de Infraestrutura Transporte Hidroviário de Passageiros (BNDES, 1999) as principais características desse modal são discriminadas; e apesar de o texto focar no transporte 1
de passageiros, a maioria dos pontos citados se aplica também ao transporte de carga. A especificação das características se inicia pela descrição dos pontos positivos do modal: Vantagens Baixo custo de operação por passageiro; Alta previsibilidade do tempo de viagem; Elevada segurança pessoal e quanto a acidentes; Reduzido índice de poluição por passageiro; Capacidade de integração e desenvolvimento de regiões litorâneas e ribeirinhas, inclusive o incentivo às atividades turísticas; Adequabilidade ao transporte de massa; Investimentos em infraestrutura relativamente baixos e passíveis de serem compartilhados com outras modalidades, em terminais multimodais. (BNDES, 1999, pág.4) Como mencionado anteriormente, o foco do texto é no transporte de passageiros; no entanto é interessante perceber que o segundo ponto citado, referente à previsibilidade dos tempos de viagem, é especialmente vantajoso no caso do transporte de cargas. Além disso, o texto apresenta também uma série de pontos críticos, alguns gerais e outros referentes ao sistema convencional do transporte hidroviário: Pontos Críticos Custo de capital alto para as embarcações; Consumo de combustível por milha elevado. Pontos Críticos dos Sistemas Convencionais Existentes Longa duração das viagens devido à baixa velocidade de serviço e à demora no embarque/desembarque; Integração inexistente ou precária com os modos terrestres física, operacional e tarifária; Baixo nível de conforto relativamente às alternativas disponíveis DE EMBARCAÇÕES; Frota com idade elevada e defasada tecnologicamente; Terminais com ambiente insatisfatório de conforto, e paisagem do entorno 2
via de regra degradada; Meios de informação e comunicação com o usuário insuficientes; Sistemas de bilhetagem impróprios; Pouco aproveitamento das atividades ancilares como comércio e serviços. (BNDES. 1999, pág. 4 e 5) Outra questão importante é que a maioria dos pontos críticos apresentados pelo texto estão associados aos sistemas convencionais, enquanto o desenvolvimento tecnológico no setor considerando um panorama mundial já permite a melhoria de alguns desses aspectos (por exemplo: a redução dos tempos de viagem). 1.2 Objetivo O presente trabalho propõe um olhar sobre o transporte fluvial e a sua aplicação no projeto hidroviário para o Rio Capibaribe em Recife, PE. Localizado numa região com possibilidade de implantação e demanda significativa o trabalho objetiva também expor os benefícios ambientais do uso de um curso d água como via de transporte, assim como os benefícios para o transporte metropolitano através da intermodalidade. 2. O RIO CAPIBARIBE 2.1 Introdução O Rio Capibaribe está localizado na Região Metropolitana de Recife (RMR), nasce em Poção e deságua no Oceano Atlântico, percorrendo cerca de 17 bairros do município, dentre elas Apipucos, Capunga, Casa Forte, Caxangá, Derby, Madalena, Monteiro, Poço da Panela, Santana, Torre e Várzea. Totalizando 270km de extensão, seu uso é diverso: irrigação, transporte, abastecimento público e industrial, pesca, turismo, lazer e depositário de efluentes. 2.2 História A primeira empresa de navegação do Rio Capibaribe data de 1856 do jornalista e empresário Pedro Figueiredo e o uso de suas águas remonta o período colonial, possuindo grande importância histórica na formação e desenvolvimento do estado de Pernambuco e região Nordeste, 3
destacando-se como via de escoamento de cana-de-açúcar da Zona da Mata para o Agreste e Sertão. 3. PROJETO DE NAVEGABILIDADE 3.1 Introdução O Projeto de Navegabilidade do Rio Capibaribe é iniciativa da Secretaria das Cidades de Pernambuco e entra no escopo do PAC da Mobilidade, tendo sido aprovado um investimento de R$ 289 milhões para a construção de um sistema integrado de transportes de passageiros pelo rio. O projeto encomendado pela Secretaria é da empresa Econor Projetec. Figura 2 - Detalhe do projeto identificando as estações. Disponível em: http://sscrecife.files.wordpress.com/2012/03/20120313-054728.jpg 4
Figura 3 Plano de Mobilidade Urbana do Recife. Fonte: Sky Scraper City. Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=819054&page=8. Acesso em: 28 out. 2014. 3.2 Conceito O conceito do projeto é a criação de um transporte de massa através de embarcações com capacidade para 86 passageiros sentados, com o usufruto de corredores fluviais por duas rotas: norte e oeste (Figura 4), que possuirão 2,9km e 11km, respectivamente. As embarcações devem trafegar à uma velocidade média de 18 km/h, o que, para Maurício Andrade, ex-presidente do Sinaenco-PE (Sindicato da Arquitetura e Engenharia Regional Pernambuco), é satisfatória e superior à média dos ônibus, de 10 km/h. Segundo ele, o fato da velocidade dos ônibus não conseguir superar essa média é decorrência do tráfego urbano intenso, o que não ocorreria para as embarcações no rio. Além do ganho no quesito de mobilidade urbana para a cidade do Recife, o projeto prevê, além da necessária dragagem dos canais, a implantação de monitoramento da qualidade das águas, que é uma ferramenta fundamental para a preservação ambiental dos recursos hídricos. 5
Figura 4 - Corredor oeste e norte. Fonte: Diário de Pernambuco. Disponível em: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2014/04/08/interna_vidaurbana,498261/projeto-denavegabilidade-do-rio-capibaribe-preocupa-grupos-de-remo.shtml. Acesso em: 28 out. 2014. 3.3 Intermodalidade A fim de integrar o novo sistema ao sistema metropolitano existente, existirão 7 estações de embarque e desembarque com integração (Figura 5), ou seja, possibilidade de transferência de modal para qualquer transporte do Sistema Estrutural Integrado (SEI) com a cobrança de uma única tarifa. A estimativa é que o sistema atenda a mais de 300 mil passageiros por mês através de 12 barcos realizando 156 viagens ao dia. Figura 5 - Ilustração de estação intermodal de embarque e desembarque. Fonte: Mobilize Brasil. Disponível em: http://www.mobilize.org.br/noticias/2038/recife-tera-transporte-fluvial-no-rio-capibaribe.html. Acesso em: 28 out. 2014. 6
3.4 Fase atual do projeto Em 2012, quando lançado, foi alvo de diversas campanhas políticas e deveria ser finalizado ao fim de 2014, mas encontra-se longe do término. Um terceiro trecho do projeto, de 8km que interliga a zona sul ao centro, orçado em R$ 172 milhões, ainda não possui nenhuma previsão de data para início de execução. Houve, no início de 2014, uma paralisação das obras decorrente de falta de repasse do governo federal. A situação foi normalizada após recebimento de R$ 29 milhoes do Ministério da Integração Nacional para que a primeira etapa fosse conluída. No período de paralisação, ocorreram grandes desentendimentos políticos e pressões ao então governador da época, Eduardo Campos, frente à sua candidatura à presidência da república. 3.5 Integração Urbana O Rio Capibaribe pretende ser novamente o eixo estruturador de Recife. Desse modo, as margens do rio serão transformadas em um corredor de aproximadamente 30 quilômetros, para pedestres e ciclistas, que integrará parques, praças e equipamentos públicos entre os bairros da cidade. No percurso do Parque Linear serão incluídos passeios para pedestres, ciclovias, passarelas e pontes para pedestres e bicicletas e áreas verdes e de lazer. O Parque Linear do Capibaribe contemplará ações de curto, médio e longo prazos, que nortearão o Projeto Recife 500 anos, lançado pelo governo municipal. Para a implantação do parque, cabe identificar as áreas adequadas, no novo corredor, para a implantação de equipamentos de recreação como, por exemplo, playgrounds, estacionamento de bicicletas, caminhos de pedestres e novos pontos de travessia. Para a execução deste projeto, serão levantadas informações a respeito da área limítrofe e entorno do projeto. Como parte deste levantamento, a análise dos equipamentos de educação, saúde, lazer e serviços públicos já existentes no percurso visam sua correta articulação com o novo corredor. Circe Monteiro, urbanista responsável pelo projeto, alentou que o documento vai prever uma interface direta com o programa de navegabilidade Rios da Gente, do Governo de Pernambuco. Nós articularemos espaços urbanos de vários pontos da cidade. A ideia é que esse produto tenha um impacto muito grande na vivência do Recife. 7
4. BIBLIOGRAFIA Figura 6. Parque linear do Capibaribe. Disponível em: http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2014/04/plano-preliminar-do-pqcabiparibe-preve-parques-e-passarelas-no-recife.html http://www.parquecapibaribe.org/ http://www.revistaferroviaria.com.br/nt2007/palestras/iv_premio_alstom_25-out- 2007/Vital%20Alves%20Brandao%20-%20CBTU%20%20METROREC.pdf http://www.programacapivara.org/site/rio-capibaribe-aguas-que-fazem-circular-a-educacao-ambiental/ http://meioambienterecife.wordpress.com/2013/10/14/margens-do-rio-capibaribe-ganharao-corredor-verde-parapedestres-e-ciclistas/ 8