Produtividade e qualidade de mini tomate em função do sistema de condução das plantas

Documentos relacionados
Características vegetativas de mudas de mini tomate conduzidas no sistema de cultivo Canguru

MANEJO DE SOLUÇÕES NUTRITIVAS NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE CULTIVARES DE TOMATE CEREJA EM SUBSTRATO

Respostas produtivas de rúcula em função do espaçamento e tipo de muda produzida em bandejas contendo duas ou quatro plântulas por célula

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

Produção do tomateiro em função dos métodos de condução e de tutoramento de plantas.

Tipos de Bandejas e Número de Sementes por Célula Sobre o Desenvolvimento e Produtividade de Rúcula.

Desempenho do pepino holandês Dina, em diferentes densidades de plantio e sistemas de condução, em ambiente protegido.

Produção e Sabor de Tomate em Função da Desponta e Desbaste de Cachos em Tomateiro do Grupo Santa Cruz.

Substratos para Produção de Mudas de Tomateiro

Vegetal, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n, , Jaboticabal-SP. RESUMO

Efeito do raleio de frutos na produtividade de tomate

Produtividade e rentabilidade da cebola em função do tipo de muda e de cultivares

Produção de Mudas de Pepino e Tomate Utilizando Diferentes Doses de Adubo Foliar Bioplus.

Substratos orgânicos para mudas de hortaliças produzidos a partir da compostagem de cama de cavalo

Enriquecimento de substrato com adubação NPK para produção de mudas de tomate

Desempenho de cultivares de tomate de mesa em ambiente protegido.

RESUMO. Palavras-Chaves: Daucus carota, Lactuca sativa, eficiência agronômica.

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

ACÚMULO DE MACRONUTRIENTES PELA CULTIVAR DE PIMENTÃO EPPO CULTIVADA EM SUBSTRATO

Concentração de nutrientes e crescimento de mudas de tomateiro produzidas em sistema flutuante com biofertilização.

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MINI ALFACE CRESPA QUANTO À COBERTURA DO SOLO E ESPAÇAMENTO, EM TRÊS ÉPOCAS DE SEMEADURA

Produção de cultivares de almeirão, em hidroponia, em função das concentrações de ferro na solução nutritiva.

ALTURA DE PODA E ESPAÇAMENTO ENTRE PLANTAS NO RENDIMENTO DE MINI MELANCIA EM AMBIENTE PROTEGIDO

Influência da enxertia em características morfológicas de híbridos de pimentão

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO SOB DO CULTIVO CONSORCIADO COM ADUBOS VERDES. Reges HEINRICHS. Godofredo César VITTI

RELAÇÃO K/CA NA SOLUÇÃO NUTRITIVA PARA O CULTIVO HIDROPÔNICO DE SALSA

Qualidade de mudas de melão produzidas com diferentes substratos.

Adubação orgânica do pepineiro e produção de feijão-vagem em resposta ao efeito residual em cultivo subsequente

Rendimento e qualidade do melão em diferentes espaçamentos de plantio.

Produção de baby leaf de rúcula em diferentes volumes de células no outono.

Absorção de macronutrientes pelo híbrido de tomate Serato

Efeito da adubação química, orgânica e organo-química no acúmulo de nitrato em alface produzida no Distrito Federal.

Enriquecimento de substrato com adubação NPK para produção de mudas de alface

Agri para cálculos de resultados com médias submetidas ao teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade.

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

Doses de potássio na produção de sementes de alface.

Dialelo entre linhagens de uma população de pepino caipira.

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DO TOMATE IPA 6 EM DIFERENTES COMBINAÇÕES DE SUBSTRATO E AREIA

Diagnose foliar na cultura do pimentão e pepino

DESENVOLVIMENTO DO TOMATEIRO E QUALIDADE DE FRUTOS ENXERTADOS EM DIFERENTES PORTA- ENXERTOS

AVALIAÇÃO DO ARRANJO DE PLANTAS DE GIRASSOL

ABSORÇÃO DE MICRONUTRIENTES PELOS HIBRIDOS DE TOMATE GAULT E POMERANO Nº 12147

PRODUTIVIDADE DE HÍBRIDOS EXPERIMENTAIS DE TOMATEIRO COM CRESCIMENTO DETERMINADO NA REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ.

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO FERTILIZANTE ORGANOMINERAL VALORIZA. VALORIZA/Fundação Procafé

Avaliação preliminar da reutilização de substrato para produção de baby leaf de alface em bandejas

PRODUÇÃO E QUALIDADE DE TOMATE EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CACHOS POR PLANTA.

INFLUÊNCIA DO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO DA SEMENTE E DA PROFUNDIDADE DE SEMEADURA II: CRESCIMENTO VEGETATIVO

Densidade de brotos e de cachos em cultivares de uvas sem sementes no Submédio do Vale do São Francisco

Cultivo de Alface e Rúcula em Substrato Pó de Coco Seco e Irrigado com Solução Nutritiva com Diferentes Concentrações.

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA, NO MUNÍCIPIO DE SINOP-MT

CLASSIFICAÇÃO DE TOMATE Sweet Grape PRODUZIDO COM EFLUENTE DE ESGOTO TRATADO ENRIQUECIDO 1

Desempenho de mini tomate em casa de vegetação, conduzido em diferentes espaçamentos e poda.

PRODUTIVIDADE DE BABY LEAF DE ALFACE CULTIVADA EM BANDEJAS COM SUBSTRATO REUTILIZADO

Arranjo espacial de plantas em diferentes cultivares de milho

TÍTULO: PRODUTIVIDADE DA RÚCULA (ERUCA SATIVA), EM FUNÇÃO DO TIPO DE SUBSTRATO E NÚMERO DE PLANTAS NO SISTEMA HIDROPÔNICO NFT

Acúmulo de Matéria Seca em Genótipos de Alface Sob Cultivo Hidroponico-NFT, nas Condições de Jataí-GO.

Resumos do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia Belém/PA a

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Acúmulo e exportação de nutrientes em cenoura

Desempenho de Treze Cultivares de Alface em Hidroponia, no Verão, em Santa Maria - RS.

2 PUC, Av. Jonh Boyd Dunlop s/n,

RESUMO. ABSTRACT Effect of lettuce seedlings type arranged in differents plants density on lettuce crop

Tomate Hidropônico em Vaso. Victor de Souza Almeida MSc. Fitotecnia Universidade Federal de Viçosa - UFV

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

Produção de mudas de quiabeiro (Abelmoschus esculentus L. Moench) em substratos à base de pó de casca de coco verde.

É POSSÍVEL PRODUZIR BABY LEAF DE RÚCULA EM BANDEJAS COM DIFERENTES VOLUMES DE CÉLULAS?

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

Rendimento das cultivares de cenoura Alvorada e Nantes Forto cultivadas sob diferentes espaçamentos

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE CINCO CULTIVARES DE MARACUJÁ AMARELO NA REGIÃO SUL DE MINAS GERAIS

Produção de mini-tomate em função de diferentes relações K:Ca:Mg na solução nutritiva

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Produção de mudas de alface (Lactuca sativa) utilizando diferentes substratos

REGHIN, M.Y.; DALLA PRIA, M.; OTTO, R. F.; FELTRIM, A. L.; VINNE J.

LEANDRO ZANCANARO LUIS CARLOS TESSARO JOEL HILLESHEIM LEONARDO VILELA

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUL MARANHENSE

ADENSAMENTO DE MAMONEIRA EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO EM MISSÃO VELHA, CE

Qualidade pós-produção de couve ornamental em função da aplicação de reguladores

Avaliação de cultivares de alface em túnel baixo de cultivo forçado, na região de Jaboticabal-SP.

Viabilidade produtiva de cenoura em cultivo solteiro e consorciado com rúcula e alface em Mossoró-RN.

Produção de alface americana em função de tipos de bandeja.

Caracterização do crescimento da planta e dos teores de nutrientes da alface Malice ao longo do ciclo produtivo

Influência do Espaçamento e Densidade de Frutos Por Planta em Meloeiro Hidropônico.

SOARES LPR; NUNES KNM; MING LC; BORGES LS Produção de mudas de rúcula em diferentes substratos. Horticultura Brasileira 30: S3114-S3118.

Produção de mini alface em ambiente protegido.

Enriquecimento com calcário e tempo de compostagem da fibra de coco verde sobre a produção de mudas de tomateiro.

NÍVEIS E TEMPO DE ESTRESSE HIDRICO PARA A MANGUEIRA UBÁ NA CHAPADA DIAMANTINA, BA

CULTIVARES DE ALHO COMUM PARA SISTEMAS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO NAS CONDIÇÕES DO CERRADO

Avaliação da qualidade de mudas de alface produzidas em bandejas de poliestireno e de polietileno com diferentes números de células.

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE TOMATE SALADA INDETERMINADO EM AMBIENTE PROTEGIDO

Desempenho agronômico de cultivares comerciais de coentro em cultivo solteiro sob condições de temperatura elevada.

3 Universidade Federal de Pelotas- RS.

Hortic. bras., v. 31, n. 2, (Suplemento-CD Rom), julho 2014 S 0771

USO DE DIFERENTES SUBSTRATOS E FREQUÊNCIA DE IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DE TOMATE CEREJA EM SISTEMA HIDROPÔNICO

Resposta do Quiabeiro à Aplicação de Doses Crescentes de Cloreto de Mepiquat.

Cultivo hidropônico de chicória em diferentes concentrações de solução nutritiva.

Hortic. Bras., v. 31, n. 2, (Suplemento- CD Rom), julho

Índice de clorofila em variedades de cana-de-açúcar tardia, sob condições irrigadas e de sequeiro

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DO PROGRAMA FOLIAR KIMBERLIT EM SOJA

Transcrição:

Produtividade e qualidade de mini tomate em função do sistema de condução das plantas Rafael Campagnol 1 ; Ricardo Toshiharu Matsuzaki 1 ; Sueyde Fernandes de Oliveira 1 ; Bianca Ayumi Nakata 1 ; Rodrigo Freitas Batista 1 ; Simone da Costa Mello 1 ; Keigo Minami 1. 1 ESALQ/USP Departamento de Produção Vegetal. Avenida Pádua Dias, 11, 13418-900, Piracicaba SP; E-mail: rcampagnol@usp.br, matsuzaki_toshiharu@yahoo.com.br, sueydefo@yahoo.com.br, nakata_bianca@yahoo.com.br, rfreitabatista@gmail.com, scmello@usp.br, keigominami@usp.br. RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar diferentes sistemas de condução de plantas de tomate Sweet Grape e seus efeitos na produtividade e qualidade dos frutos. Os tratamentos avaliados foram compostos por cinco métodos de condução das plantas (S1 = mudas conduzidas com duas hastes com poda apical; S2 = mudas conduzidas com três hastes; S3 = mudas conduzidas com quatro hastes (baixa); S4 = mudas conduzidas com quatro hastes (alta); S5 = mudas conduzidas com duas hastes sem poda, no sistema tradicional). O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com cinco repetições, totalizando vinte e cinco parcelas. O sistema de cultivo utilizado foi denominado de Sistema Canguru. As mudas foram produzidas em bandejas de poliestireno expandido de 200 células (primeira fase) e transferidas para vasos intermediários (0,77 L) aos 31 dias após a semeadura (DAS), onde permaneceram por mais 30 dias (segunda fase), e, então, transplantadas para os recipientes de cultivo definitivo (8,0 L). As plantas foram conduzidas no sentido vertical por meio de fitilhos plásticos até 2,80 m de altura. Foram avaliados a produção de frutos por planta (PFP), produção de frutos por área (PFA), massa seca de folhas por planta (MSFP), massa seca de folhas por área (MSFA), massa seca de ramos por planta (MSRP), massa seca de ramos por área (MSRA), sólidos solúveis (SS), número de frutos por planta (NFP), número de frutos por área (NFA), porcentagem de frutos grandes (%FG), médios (%FM), pequenos (%FP) e não comerciais (%FÑC), número de cachos por planta (NCP) e número de cachos por área (NCA). Com base nos resultados obtidos, recomenda-se a condução de duas hastes por planta. PALAVRAS-CHAVE: Solanum lycopersicum, sistemas de cultivo, número de hastes, Sweet Grape. ABSTRACT Yield and quality of mini tomato in function of the training system of plants The aim of this study was to evaluate different training systems of Sweet Grape tomato and its effects in yield and fruit quality. The treatments consisted of five training systems [1- seedling conducted with two stems; 2- seedling conducted with three stems; 3- seedling conducted with four stems (short); 4- seedling conducted with four stems (long); 5- seedling conducted with two stems, in traditional system]. The experimental design was in randomized blocks with five replication, totalizing twenty five plots. The cropping system used was called kangaroo system. The seedlings (first phase) were produced in 200 cells trays and transplanted for intermediate pots (0,77 L) at thirty days after seeding (DAS), where remained for more thirty days (second phase), before being transplanted to the final cultivation containers (8.0 L). Plants were trained vertically through plastics ribbon up to 2.80 m in height. After harvests were evaluated: yield per Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 424

plant (PFP), yield per area (PFA), leaves dry mass per plant (MSFP), leaves dry mass per area (MSFA), branches dry mass per plant (MSRP), branches dry mass per area (MSRA), soluble solids (SS), number of fruit per plant (NFP), number of fruits per area (NFA), percentage of large (%FG), medium (%FM), small (%FP) and non-commercial fruits (FNC%), number of clusters per plant (NCP) and number of clusters per area (NCA). Based on these results, it is recommended the training system with two stems per plant. Keywords: Solanum lycopersicum, cropping systems, branches number, Sweet Grape. Nos últimos anos os produtos diferenciados, como as mini hortaliças, vêm ganhando maior representatividade e importância tanto no mercado consumidor de hortaliças, como entre as empresas produtoras de sementes e instituições de pesquisas. Para os produtores rurais, esses produtos podem gerar maiores rendimentos, principalmente devido ao seu alto valor agregado. Em função disso, houve um aumento considerável no desenvolvimento de novos produtos e aperfeiçoamento de técnicas de cultivo, com o objetivo de, além de agregar valor, atingir uma crescente fração do mercado que busca maior qualidade. Os mini tomates são exemplos de mini hortaliças com alto valor agregado. Seus frutos são caracterizados pela alta concentração de sólidos solúveis, muito superior às variedades de tomates comumente encontrados no mercado. As práticas culturais, por sua vez, abrangem inúmeras atividades que podem contribuir substancialmente para a obtenção de frutos de tomate de melhor qualidade e aparência, agregando valor à produção e, consequentemente, contribuir para o aumento da lucratividade do empreendimento (Sediyama et al., 2003). A poda de ramos, folhas e frutos é exemplo de prática muito utilizada no cultivo de hortaliças em ambiente protegido, como o tomate. Para essa cultura, assim como para outras também tutoradas, os sistemas de condução das plantas criam condições para a maximização da produção de frutos de alta qualidade através do estabelecimento do número ideal de frutos, da melhor cobertura da área por folhas e da uniformidade de plantas, promovendo o balanço entre fonte e dreno de acordo com as necessidades produtivas. Além disso, condução das plantas permite a melhor distribuição da radiação solar sobre o dossel, facilita os tratos culturais, reduz a competição intra e entre plantas e promove a melhor relação entre as partes vegetativas e reprodutivas, contribuindo para o aumento da produtividade e da qualidade do produto (Papadopoulos & Pararajasingham, 1997). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 425

Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar as características vegetativas, produtivas e qualitativas de mini tomate Sweet Grape em função do sistema de condução das plantas. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de 05/12/11 a 05/04/12, em casa-de-vegetação no Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP), município de Piracicaba. Esta era do tipo arco, com 6,40 m de largura, 30 m de comprimento, 3,5 m de pé direito e coberta com filme de polietileno aditivado (anti-uv) com 150 µm de espessura. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com cinco repetições. Os tratamentos foram compostos por cinco sistemas de condução das plantas, iniciados durante a segunda fase da produção das mudas, no sistema de cultivo denominado Canguru. Neste, a primeira fase da produção das mudas é feita em bandejas de poliestireno expandido de 200 células preenchidas com substrato de fibra de coco (Amafibra granulado) e após 31 DAS, na segunda fase, são transferidas para recipientes de tamanho intermediário (0,77 L), onde permanecem por mais 30 dias (61 DAS) no espaçamento de 0,2 x 0,2 m (25 plantas m -2 ), antes de serem transplantadas para os recipientes de cultivo definitivo (8,0 L). A distribuição das plantas na área de cultivo definitivo foi em fileiras duplas no espaçamento de 0,6 m entre linhas, 0,9 m entre linhas duplas e a distância entre os vasos foi de 0,6; 0,9 e 1,2 m para as plantas conduzidas com 2, 3 e 4 hastes, respectivamente. Com isso, a distribuição de hastes por área foi igual para todos os tratamentos, de 4,44 hastes m -2. Os cinco sistemas de condução de plantas estudados foram: S1 = plantas conduzidas com duas hastes, sendo poda realizada após a quarta folha verdadeira e os dois ramos conduzidos originados das gemas axilares superiores; S2 = plantas conduzidas com três hastes. As hastes conduzidas foram o ramo principal e os originados das gemas axilares imediatamente abaixo e acima do primeiro cacho floral; S3 = plantas conduzidas com quatro hastes (baixa): poda do ramo principal realizada após a quarta folha verdadeira. Dos dois ramos originados das gemas axilares superiores do ramo principal foram conduzidos mais dois ramos que originaram das gemas axilares abaixo dos primeiros Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 426

cachos florais dos dois ramos secundários; S4 = plantas conduzidas com quatro hastes (alta). A poda foi realizada uma folha após o primeiro cacho floral. Dos dois ramos originados das gemas axilares imediatamente abaixo e acima do primeiro cacho floral do ramo principal foram conduzidos mais dois ramos que se originaram das gemas axilares abaixo dos primeiros cachos florais dos dois ramos secundários; S5 = plantas conduzidas com duas hastes, sendo uma a haste principal e a outra a brotação originada da gema axilar logo abaixo do primeiro cacho floral. Cada parcela constou de quatro plantas. Os vasos utilizados na segunda fase da produção de mudas e na produção comercial (vasos de 8 L) foram preenchidos com substrato comercial composto por casca de pinus e fibra de coco (Vida Verde - Tropstrato V9 mix) com as seguintes características: ph de 5,8 (± 0,3); condutividade elétrica de 0,4 (± 0,3 ms cm -1 ); capacidade de retenção de água de 150% (p/p); densidade seca de 190 kg m -3 ; umidade máxima de 60% (p/p). Após serem transplantadas para os vasos de cultivo definitivo (8,0 L), as plantas foram fertirrigadas diariamente via gotejamento, com soluções nutritivas definidas para cada fase do seu desenvolvimento. Assim, para a fase vegetativa, que correspondeu ao período do transplante das mudas para o local de cultivo definitivo até o início do amadurecimento do primeiro cacho floral, a solução nutritiva apresentou as seguintes concentrações de fertilizantes: 500 mg L -1 de CaNO 3, 200 mg L -1 de MAP, 150 mg L -1 de KNO 3, 200 mg L -1 de K 2 SO 4, 300 mg L -1 de MgSO 4, 300 mg L -1 de fertilizante a base de Ca solúvel (9% Ca) e 10 mg L -1 de fertilizante composto por micronutrientes (1,5%B; 0,5%Cu; 3,4%Fe; 3,2%Mn; 0,1%Mo; 4,2%Zn; 12%K; 1,2Mg; e 1,5%S). Na fase produtiva, iniciada a partir do amadurecimento do primeiro cacho floral até o final do ciclo da cultura, a solução nutritiva foi constituída de: 448 mg L -1 de CaNO 3, 221 mg L -1 de MAP, 534 mg L -1 de KNO 3, 542 mg L -1 de K 2 SO 4, 362 mg L -1 de MgSO 4, 507 mg L -1 de fertilizante a base de Ca solúvel (9% Ca) e 10 mg L -1 de fertilizante composto por micronutrientes (1,5%B; 0,5%Cu; 3,4%Fe; 3,2%Mn; 0,1%Mo; 4,2%Zn; 12%K; 1,2Mg; e 1,5%S). A frequência das fertirrigações variou de acordo com a fase da cultura e com a condição climática do ambiente de cultivo, sendo, na média, realizada seis fertirrigações diárias, com drenagem de 10% do volume aplicado. Foi utilizado um gotejo por haste, ou seja, para os tratamentos com 2, 3 e 4 hastes foram utilizados 2, 3 e 4 pontos de gotejo, com vazão de 1,0 L h -1 por ponto. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 427

As hastes das plantas foram conduzidas no sentido vertical utilizando fitilhos plásticos e podadas quando atingiram a altura de 2,80 m. Periodicamente foi feita a desbrota dos ramos laterais. As colheitas dos frutos iniciaram no 100º DAS e encerraram no 157º DAS, sendo realizadas uma vez por semana. Os frutos de cada parcela foram colhidos em caixas plásticas quando atingiram coloração vermelha homogênea e classificados em pequenos (diâmetro transversal < 2,0 cm), médios (d.t.= 2,0 a 2,5 cm), grandes (d.t. > 2,5 cm) e não comerciais (frutos rachados). Das doze colheitas realizadas, as quatro primeiras foram consideradas como produção precoce. Após a última colheita, duas plantas por parcela foram retiradas dos vasos, separadas em folhas, ramos e cachos. As folhas e ramos foram secos em estufa com circulação forçada de ar a 65ºC por 48h e pesadas em balança analítica. Os cachos foram somente contabilizados. As características avaliadas foram: produção total por planta (PTP), produção total por área (PTA), massa seca de folhas por planta (MSFP), massa seca de folhas por área (MSFA), massa seca de ramos por planta (MSRP), massa seca de ramos por área (MSRA), sólidos solúveis (SS), número de frutos total por planta (NFP), número de frutos total por área (NFA), porcentagem de frutos grandes (%FG), médios (%FM), pequenos (%FP) e não comerciais (%FÑC), número de cachos por planta (NCP) e número de cachos por área (NCA). Para cada característica, quando o valor de F calculado foi significativo, foram realizadas comparações entre médias pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a Tabela 1, o tratamento em que as plantas foram conduzidas com quatro hastes (T3) apresentaram maior PFP, comparado aos outros tratamentos. No entanto, quando considerado a PFA, o maior valor foi obtido por S1 e S5, em que as plantas foram conduzidas com duas hastes (9081,9 e 9335,2 g m -2, respectivamente). Para a MSFP, os maiores valores foram obtidos quando utilizou-se quatro hastes por planta (S4), o qual não diferiu dos tratamentos com três e quatro hastes (S2 e S3). A MSRP, todavia, foi superior para S3 e S4. Quando calculado a massa seca das partes por área, no entanto, não houve diferença significativa entre os tratamentos, o que pode ser Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 428

explicado pela compensação das plantas no acúmulo de massa quando conduzidas com menor número de hastes. Para avaliação da qualidade dos frutos, foi obtido o teor de sólidos solúveis dos frutos, que representa o teor de açucares. Para tanto, não houve diferença para esta característica, com exceção do tratamento 4, o qual foi inferior aos demais tratamentos. Quanto ao número de frutos por planta (Tabela 2), o tratamento conduzido com quatro hastes (S3) apresentou-se superior aos demais tratamentos, o qual não diferiu estatisticamente do tratamento 4. Quando considerado o número de frutos por área, maior número de frutos foi obtido para o tratamento conduzido com duas hastes, o qual não diferiu do sistema convencional. A porcentagem de frutos grandes, médios e não comerciais variaram entre os tratamentos; para a porcentagem de frutos pequenos não houve diferença estatística entre os tratamentos. No sistema tradicional (S5) obteve-se maior porcentagem de frutos grandes (23,75%), o qual não diferiu estatisticamente dos tratamentos S2 e S4 (20,12% e 15,7%, respectivamente). Já para frutos médios, o tratamento S3 apresentou maior ocorrência (76%), que também não diferiu dos tratamentos S2 e S4 (71,75 e 73,44, respectivamente). A maior porcentagem de frutos não comerciais foi observada no tratamento tradicional (S5), o qual não diferiu dos tratamentos S2, S3 e S4. As plantas conduzidas com quatro hastes (S3 e S4) apresentaram maior número de cachos por planta (27,9 e 25,9, respectivamente). Contrariamente, quando calculado o número de cachos por área, os menores valores foram observados para os tratamentos S3 e S4, sendo que, os tratamentos conduzidos com duas hastes (S1 e S5) obtiveram os maiores números de cachos (34,85 e 35,74, respectivamente), os quais não diferiram do tratamento com três hastes (33,15). Esse resultado pode ser explicado devido as maiores alturas, em relação ao solo, da bifurcação das hastes das plantas conduzidas com quatro hastes, que afetou o comprimento das hastes e, consequentemente, o número de cachos emitidos nestas. Com base nos resultados obtidos recomenda-se a condução de duas hastes por planta, pois se obtêm maiores produtividade e número de frutos por área. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 429

REFERÊNCIAS PAPADOPOULOS AP; PARARAJASINGHAM S. 1997. The influence of plant spacing on light interception and use in greenhouse tomato (Lycopersicon esculentum Mill.): A review. Scientia Horticulturae, 69: 1-29. SEDIYAMA MAN; FONTES PCR; SILVA DJH. 2003. Práticas culturais adequadas ao tomateiro. Informe Agropecuário, 24: 19-25. AGRADECIMENTOS Agradecemos à SAKATA SEED SUDAMERICA, pela concessão das sementes de tomate; SURA, pela doação dos vasos plásticos; VIDA VERDE, pela doação do substrato; e ao Grupo de Estudos e Práticas em Olericultura (GEPOL ESALQ/USP). Tabela 1. Produção total por planta (PTP), produção total por área (PTA), massa seca de folhas por planta (MSFP), massa seca de folhas por área (MSFA), massa seca de ramos por planta (MSRP), massa seca de ramos por área (MSRA) e sólidos solúveis (SS) em função do sistema de condução das plantas de tomate Sweet Grape [Total yield per plant (PTP), total yield per area (PTA), leaves dry mass per plant (MSFP), leaves dry mass per area (MSFA), branches dry mass per plant (MSRP), branches dry mass per area (MSRA) and soluble solids (SS) as a function of the training system of Sweet Grape tomato plants]. Piracicaba, ESALQ/USP, 2011/2012. Tratamento PTP (g plt -1 ) PTA (g m -2 ) MSFP (g) MSFA (g) MSRP (g) MSRA (g) SS ( o Brix) S1 4090,92 d 9081,85 a 182,64 c 405,46 a 154,46 c 342,90 a 8,08 ab S2 5336,65 c 7898,23 b 292,62 ab 433,08 a 226,67 b 335,46 a 7,99 ab S3 6560,55 a 7282,20 bc 293,60 ab 325,89 a 286,80 a 318,34 a 8,07 ab S4 6099,15 b 6770,05 c 340,62 a 378,09 a 308,76 a 342,72 a 7,95 b S5 4205,03 d 9335,17 a 195,98 bc 435,07 a 170,16 c 377,75 a 8,19 ab F 113,62 ** 40,49 ** 7,78 ** 1,95 ns 38,83 ** 2,23 ns 3,32 * C.V. (%) 4,41 4,85 21,03 18,34 10,70 9,43 1,42 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%; *: significativo a 5% de probabilidade; **: significativo a 1% de probabilidade; ns: não significativo [Means followed by same letter do not differ by Tukey test at 5%; *: significant at 5% probability; ** significant at 1% probability; ns: not significant]. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 430

Tabela 2. Número de frutos total por planta (NFP), número de frutos total por área (NFA), porcentagem de frutos grandes (%FG), médios (%FM), pequenos (%FP) e não comerciais (%FÑC), número de cachos por planta (NCP) e número de cachos por área (NCA) em função do sistema de condução das plantas de tomate Sweet Grape [Number of fruits per plant (NFP), number of fruits per area (NFA), percentage of large (%FG), medium (%FM), small (%FP) and non-commercial fruits (%FNC), number of clusters per plant (NCP) and number of clusters per area (NCA) as a function of the training system of Sweet Grape tomato plants]. Piracicaba, ESALQ/USP, 2011/2012. Tratamento NFTP (n o plt -1 ) NFTA (n o m -2 ) %FG (%) %FM (%) %FP (%) %FÑC (%) NCP (n o plt -1 ) NCA (n o m -2 ) S1 603,4 c 1339,7 a 15,1 bc 67,1 b 17,8 a 5,85 b 15,7 c 34,9 a S2 685,8 bc 1015,0 b 20,1 ab 71,8 ab 9,9 a 10,58 ab 22,4 b 33,2 ab S3 921,2 a 1022,5 b 11,6 c 76,0 a 12,4 a 9,31 ab 27,9 a 31,0 bc S4 849,5 ab 942,9 b 15,7 abc 73,4 ab 10,9 a 10,61 ab 25,9 a 28,8 c S5 530,6 c 1177,9 ab 23,8 a 65,4 b 10,9 a 11,44 a 16,1 c 35,7 a F 17,7 ** 5,5 ** 6,04 ** 5,52 ** 2,0 ns 3,11 * 143,2 ** 15,1 ** C.V. (%) 12,2 13,8 25,0 5,9 40,5 29,3 4,8 5,0 Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%; *: significativo a 5% de probabilidade; **: significativo a 1% de probabilidade; ns: não significativo [Means followed by same letter do not differ by Tukey test at 5%; *: significant at 5% probability; ** significant at 1% probability; ns: not significant]. Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD Rom), julho 2012 S 431