REGHIN, M.Y.; DALLA PRIA, M.; OTTO, R. F.; FELTRIM, A. L.; VINNE J.

Transcrição

1 REGHIN, M.Y.; DALLA PRIA, M.; OTTO, R. F.; FELTRIM, A. L.; VINNE J. van der. Sistemas de cultivo com diferentes espaçamentos entre plantas em alface mini. Horticultura Brasileira, v.20, n.2, julho, Suplemento 2. Sistemas de cultivo com diferentes espaçamentos entre plantas em alface mini. Marie Yamamoto Reghin 1 ; Maristella Dalla Pria 1 ; Rosana Fernandes Otto 1 ; Anderson Luiz Feltrim 1 ; Jhony van der Vinne UEPG Dept o de Fitotecnia e Fitossanidade, Praça Santos Andrade s/n, Ponta Grossa - PR. freghin@convoy.com.br RESUMO O experimento foi realizado em Ponta Grossa (PR), com o objetivo de testar diferentes sistemas de cultivo e espaçamentos entre plantas na alface tipo mini. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com quatro repetições; os tratamentos seguiram esquema fatorial 4x2. Foram comparados os sistemas de cultivo em ambiente natural (AN) e protegido (AP) e os espaçamentos entre plantas de 10,, 20 e 25 cm (densidades de plantas de 100,0, 66,6, 50,0 e 40,0 plantas.m -2 ). No AP, usou-se o agrotêxtil branco. A semeadura foi realizada em 25/04/01 e o transplante em 30/05/01, no espaçamento entre linha de 10 cm. Observou-se que o ponto máximo de matéria fresca da cabeça foi obtido com 20 cm entre plantas, no AP. No AN, à medida que houve aumento do espaçamento entre plantas, maior foi a massa fresca observada. Quando se comparou os sistemas de cultivo, houve superioridade dos valores no AN. No entanto, no AP ocorreram as vantagens da colheita precoce de 10 dias e melhor qualidade do produto, com folhas mais tenras e tonalidade de verde mais claro. Palavras-chave: Lactuca sativa L.; densidade de plantas; polipropileno. ABSTRACT Crop systems and within-row arrangement in miniature lettuce. The experiment was realized in Ponta Grossa (PR), Brazil with the aim to observe the behaviour of miniature lettuce crop under open field and protected cultivation using withinrow spaced at 10,, 20 and 25 cm (plants populations of 100, 66,6, 50 and 40 plants.m -2 ). The experimental design was a randomised blocks, with four replications. The treatments followed a factorial scheme 4x2. Seeds were sowed in 04/25/01 and the transplant was realized in 05/31/01. The distance between rows was 10 cm. White polypropylene was used to protected cultivation. It was observed the highest point of fresh head weight at within-row of 20 cm under protected cultivation. At open field as larger was the within-row distance higher was the fresh weight. Comparing both crop system, at the open field the data was

2 superior. However under protected cultivation it promoted the advantages of early harvest of ten days and high quality of the product having soft and green light leaves. Keywords: Lactuca sativa L.; density of plants; polypropylene. Para atender o mercado cada vez mais exigente e ampliar as alternativas em relação a oferta de produtos diferenciados, as empresas de sementes buscam inovações constantes. Uma delas é a alface do tipo mini. No entanto, para melhor aproveitamento do espaço físico, é necessário conhecer a capacidade produtiva da planta quando submetida a diferentes sistemas de cultivo e de arranjos populacionais de plantas. O objetivo do trabalho foi testar o comportamento da alface mini no cultivo em ambiente protegido e em ambiente natural, com diferentes espaçamentos entre plantas. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em Ponta Grossa (PR), em solo Cambissolo Háplico Tb Distrófico típico e de textura argilosa. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com quatro repetições; os tratamentos seguiram esquema fatorial 4x2. Os espaçamentos entre plantas testados foram: 10,, 20 e 25 cm e cultivos em ambiente natural (AN) e no protegido (AP). O espaçamento entre linha foi de 10 cm, o que resultou nas seguintes densidades de plantas: 100,0, 66,6, 50,0 e 40,0 plantas.m -2. A cultivar usada foi AF-469-Mini lisa (SAKATA), semeada em bandejas de poliestireno expandido na data de 25/04/01. O transplante foi realizado em 30/05/01, em parcelas constando 32 plantas nos diferentes espaçamentos entre plantas. Nas parcelas protegidas o agrotêxtil (gramatura de 25 g.m -2 ), foi colocado sobre as plantas após o transplante. Na colheita, aos 35 e 45 dias do transplante, realizou-se as seguintes avaliações: altura da parte aérea, número de folhas, diâmetro da parte aérea e massa fresca da cabeça em gramas. Procedeu-se a secagem da parte aérea (estufa a 60 0 mais ou menos 5 0 C) para o cálculo da biomassa (B=A/E, onde A=massa seca e E=espaçamento em m 2 ). Adotou-se a análise de regressão polinomial para os dados de espaçamentos e de fatorial para os sistemas de cultivo. RESULTADOS E DISCUSSÃO A altura apresentou resposta linear decrescente de acordo com o aumento do espaçamento entre plantas, tanto no ambiente protegido AP como no natural AN (Figura 1). Este tipo de resposta está relacionada à densidade de plantas. À medida que houve decréscimo na densidade populacional, houve menor desenvolvimento em altura. O número de folhas no AP apresentou resposta quadrática, com ponto de máximo em 20 cm entre

3 plantas (Figura 2). No AN, as plantas apresentaram resposta linear. À medida que houve aumento do espaçamento entre plantas (de 10 para 25 cm), houve aumento do número de folhas (Figura 2). O diâmetro da parte aérea apresentou comportamento quadrático tanto no AP como no AN, sendo o ponto de máximo com 20 cm entre plantas, demonstrando que a combinação do espaçamento 10 x 20 cm (densidade de 50 plantas.m -2 ), promoveu o máximo de desenvolvimento de área foliar (Figura 3). Para a alface, é importante atingir o máximo de área foliar. Por ser comercializada em unidade, o atributo tamanho da parte aérea é uma característica decisiva no comércio do produto. Estas respostas demonstram que o espaçamento é um dos fatores que promovem maior ou menor desenvolvimento da planta. Para o produtor interessado em máximo aproveitamento da área é fundamental optar pelo espaçamento correto e pelo arranjo de planta que promova o desenvolvimento da planta que se almeja do ponto de vista comercial. Quando foi usado o AP, o ponto máximo de massa fresca foi obtido no espaçamento entre plantas de 20 cm (densidade de 50 plantas.m -2 ). Para se ter uma idéia do tamanho da planta, uma embalagem de poliestireno expandido de 23,9 cm de comprimento x 13,9 cm de largura comportou quatro plantas provenientes deste tratamento. Quando provenientes de espaçamentos entre plantas menores ( e 10 cm), a mesma embalagem comportou seis plantas. No AN, ocorreu resposta linear na massa fresca da cabeça. Com o aumento do espaçamento entre plantas, de 10 para 25 cm, houve acréscimo linear no peso da matéria fresca da planta (Figura 4). A biomassa é uma característica dependente da densidade populacional. Portanto, altas densidades de plantas nas combinações de espaçamentos menores, resultou em alta produção de biomassa, com decréscimo linear, à medida que foi aumentando os espaçamentos entre plantas, tanto no AP como no AN. Quando se comparou os sistemas de cultivos entre si, houve diferença significativa para todas as características avaliadas, exceto para diâmetro da parte aérea. No AN, a altura, número de folhas, peso da matéria fresca da cabeça e biomassa foram superiores em relação ao AP. No entanto, em função do microclima mantido sob AP, o desenvolvimento da planta foi mais rápido e a colheita das plantas do AP ocorreu com precocidade de dez dias, em relação ao AN. Além disso, as folhas apresentaram coloração verde mais claro e mais tenras, características que imprimem maior qualidade do produto, essencial para o mercado diferenciado. Este comportamento favorável sob AP com agrotêxtil também foi observado em outras hortaliças, como o pak choi (Reghin et al.,2001), e no morango (Otto et al.,2001).

4 Portanto, o sistema de cultivo protegido com agrotêxtil é uma boa alternativa, podendo ser indicado o espaçamento de 10 x 20 cm (50 plantas.m -2 ). LITERATURA CITADA REGHIN, M.Y.; OTTO, R.F.; VINNE, J. van der.; FELTRIM, A. L. Produção de pak choi sob proteção com não tecido de polipropileno. Horticultura Brasileira, v. 19. Suplemento CD- ROM, julho OTTO, R. F.; REGHIN, M Y.; ALTHAUS, H.; MORAKAMI, R.K. Respostas produtivas de quatro cultivares de morangueiro frigo cultivadas sob agrotêxtil e em ambiente protegido. Horticultura Brasileira, v. 19. Suplemento CD-ROM, julho Altura (cm) A.N y= -0,091x+11,12 R2=0,44 A.P y=- 0,11x+12,50 R2=0, Figura 1 Altura (cm) de plantas no ambiente natural (AN) e no ambiente protegido (AP) em função do Número de folhas A.N y= 0,x + 16,48 R2=91 A.P y= -0,030x2+1,19x+7,18 R2=0, Figura 2 Número de folhas de plantas no ambiente Diâmetro da parte aérea (cm) A.N y= -0,040x2+1,82x-3,12 R2=0,99 A.P y=0,049x2+2,09x- 4,98 R2=0, Figura 3 Envergadura (cm) de plantas no ambiente Peso da matéria fresca (g) A.N y= 0,64x + 34,56 R2=0,72 A.P y= -0,13x2+5,4x-5,22 R2=0, Figura 4 Peso da matéria fresca (g) de plantas no ambiente natural (AN) e no ambiente protegido (AP) em função do espaçamento entre plantas. Ponta Grossa (PR)

5 Tabela 1 Altura, número de folhas, diâmetro da parte aérea (cm), massa fresca da cabeça (g) e biomassa (g.m -2 ) no cultivo em ambiente natural (AN) e no ambiente protegido (AP). Ponta Grossa (PR) Sistemas Altura (cm) Número Massa fresca Diâmetro da Biomassa (g.m -2 ) de cultivo de folhas da cabeça (g) parte aérea (cm) A.N 10,52 a* 19,11 a* 46,36 a*,17 a* 202,41 a* A.P 9,52 b 17,88 b 38,17 b 14,99 a 128,87 b C.V (%) 11,25 5,62 9,12 5,22 14,02 *Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si no nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Biomassa (g.m-2) A.N y= -7,93x-341,21 R2=0,93 75 A.P y=-5,27x+221,12 R2=0, Figura 5 Biomassa (g.m -2 ) de plantas no ambiente