USO DE DIFERENTES SUBSTRATOS E FREQUÊNCIA DE IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DE TOMATE CEREJA EM SISTEMA HIDROPÔNICO
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- Cecília Zagalo Moreira
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1 USO DE DIFERENTES SUBSTRATOS E FREQUÊNCIA DE IRRIGAÇÃO NO CULTIVO DE TOMATE CEREJA EM SISTEMA HIDROPÔNICO Rodrigo de Rezende Borges Rosa 1 ; Delvio Sandri 2 1 Eng. Agrícola, Discente do Mestrando Engenharia Agrícola da UnUCET UEG. 2 Orientador, docente de Mestrado e graduação em Engenharia Agrícola UnUCET UEG. RESUMO As condições de cultivo do tomate cereja (Lycopersicom esculentum) constituem um dos fatores de maior importância para a obtenção de frutos de qualidades. Desta forma este trabalho teve o objetivo de avaliar o desenvolvimento do tomate cereja, Hibrido PEPE em condições de cultivo hidropônico. O Experimento foi realizado na Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas da Universidade Estadual de Goiás, no período de janeiro a junho de O delineamento experimental utilizado foi em esquema fatorial 3 X 2 em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os tratamentos constituíramse de três substratos: S1 - fibra de coco, S2 - areia e S3 - pedrisco e dois tempos de irrigação: T1-5 minutos de aplicação e T2-8 minutos de aplicação da solução nutritiva, por duas vezes ao dia. A aplicação da solução nutritiva foi realizada com a irrigação por gotejamento, com emissores espaçados de 0,20 m. Avaliaram-se a altura das plantas, peso, diâmetro, comprimento e produtividade dos frutos. O cultivo em substrato de fibra de coco resultou na maior produtividade e melhor crescimento inicial das plantas. O tempo de irrigação de 8 minutos mostrou-se mais eficiente nos primeiros 40 dias após o transplantio - DAT. O cultivo em pedrisco apresentou a maior produtividade total considerando o tempo de aplicação da solução nutritiva de 5 minutos. Palavras-chave: Lycopersicom esculentum, solução nutritiva, substratos. INTRODUÇÃO A crescente demanda por hortaliças de alta qualidade, durante o ano todo, tem contribuído para os investimentos em novos sistemas de cultivo, que permitam produção adaptada a diferentes regiões e condições adversas do ambiente CARRIJO et al., (2004). No Brasil, dentre os vários sistemas de cultivo, há um crescente interesse por parte dos produtores pelo cultivo de hortaliças em substratos em sistemas hidropônicos. 1
2 No cultivo hidropônico os nutrientes necessários às plantas são disponibilizados por meio de uma solução aquosa que contém todos os elementos químicos essenciais ao crescimento das plantas em quantidades e proporções adequadas (GUSMÃO et al., 2006). A fertirrigação permite manter a disponibilidade de água e nutrientes próxima dos valores considerados ideais ao crescimento e à produtividade da cultura. Sendo assim, a quantidade de nutrientes, parcelada ou não, deve ajustar-se às necessidades da cultura ao longo das fases de desenvolvimento (Andriolo et al., 1997 citados por FERNANDES, 2002). Para o tomateiro (Lycopersicom esculentum Mill) são considerados cinco grupos: Santa Cruz, Industrial, Salada, Saladinha e Cereja. Os frutos do tomateiro do grupo cereja são pequenos e as plantas são de crescimento indeterminado com número de frutos/penca variando de 15 a 50; frutos redondos ou compridos pesando entre 10 e 30 g (MARY & LEAL, 2003). O cultivo hidropônico dessa planta é possível com adaptações locais que visem o melhor rendimento da cultura. No cultivo do tomateiro os maiores adensamentos resultam em aumento da produtividade (Van de Voorem et al., 1986 citados por BARBOSA et al., 2002). Entretanto, provocam a redução do tamanho do fruto o que para o tomateiro do grupo cereja não assume importância, já que o fruto pequeno é característica do grupo (GUSMÃO et al., 2006). O objetivo do trabalho foi estudar o desenvolvimento e produção do tomate cereja em cultivo hidropônico, sob duas lâminas de irrigação (5 e 8 minutos, duas vezes ao dia) e três tipos de substrato (areia lavada, pedrisco e fibra de coco). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas UnUCET da Universidade Estadual de Goiás, Anápolis - GO. Foi utilizado o delineamento em esquema fatorial 3 x 2, inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo os tratamentos constituídos de três substratos: S 1 - Fibra de coco, S 2 - Areia lavada e S 3 - Pedrisco e dois tempos de irrigação: L 1-5 minutos de aplicação e L 2-8 minutos de aplicação da solução nutritiva, resultando em 24 parcelas experimentais. A composição granulométrica da areia lavada foi determinada conforme ABNT 7217/87, apresentando para areia fina o módulo de finura médio (MFM) de 2,21 mm e dimensão máxima característica de 6,3 mm. O substrato de fibra de coco utilizado foi o Golden-Mix Misto, possui 50% da porção fibrosa do mesocarpo do coco e 50% da porção 2
3 granular fina. A composição granulometrica das partículas do substrato de pedrisco apresentando diâmetro média de 12 mm. A variedade cultivada foi o tomate cereja (Lycopersicon lycopersicum) da cultivar Hibrido PEPE, da empresa Sementes TAKAII. A semeadura foi realizada por um viveirista especializado no dia 16/01/2008, em bandejas de isopor com 200 células, usando fibra de coco como substrato e o transplantio nas calhas de cultivo em 20/02/2008, ou seja, 35 dias após a semeadura - DAS, quando apresentar quatro pares de folhas definitivas. O espaçamento utilizado nas linhas de cultivo (calhas) foi de 0,85 m e entre as plantas de 0,45 m (Figura 1). A fita gotejadora foi instalada em todas as calhas, passando por dentro da mesma com comprimento de 2,25 m. A vazão de cada gotejador é de 1,14 L h -1. FIGURA 1 Disposição dos leitos e cultivo. O tutoramento foi realizado com o auxílio de cordões de algodão (barbantes), presos no caule da planta e amarrados na estrutura da casa de vegetação, na altura do pé direito. Os desbastes foram realizados semanalmente, com o auxílio de uma tesoura, deixando três ramas por plantas. Foi utilizada a solução nutritiva proposta por Castellane & Araújo (1995) para o cultivo do tomate, sendo: 900 g de Nitrato de Cálcio, 270g de Nitrato de Potássio, 122g de Sulfato de Potássio, 272g de Fosfato de Potássio (35% de K 2 O e 53% de P 2 O 5 ), 141g de Cloreto de Potássio, 216g de Sulfato de Magnésio, 228g de Nitrato de Magnésio 2 (7% de N e 10% de MgO; líquido (1kg = 770mL), 43g de Fe DTPA, 4,23g de Sulfato de Manganês, 1,90g de Bórax, 1,15g de Sulfato de Zinco, 0,12g de Sulfato de Cobre e 0,12g de Molibdato de Sódio, em 1000L de água. A aplicação da solução nutritiva foi realizada diariamente em duas aplicações, uma às 9:00 h e outra às 16:00 h, com dois tempo de irrigação de 5 e 8 minutos. Avaliou-se o crescimento das plantas aos 20, 40, 60 e 80 dias após o transplantio - DAT, o diâmetro, comprimento e peso dos frutos aos 83, 90, 97, e 104 DAT e a produtividade total aos 82, 90, 97, 104, e 111 DAT. Para determinar a altura foram medidas 3 plantas por 3
4 parcela experimental definidas aleatoriamente, totalizando 12 plantas por tratamento, utilizando uma fita métrica com precisão de 1mm. O diâmetro e o peso dos frutos foram medidos com o auxílio de um paquímetro digital e uma balança digital com precisão de 0,01g. Para a determinação dos diâmetros dos frutos foram escolhidos 15 frutos por parcela e feitas duas medidas do fruto, uma no sentido do caule e outra transversal ao fruto. Já para a determinação do peso dos frutos, foram pesados os mesmos 15 frutos por parcela, totalizando 60 por tratamento. RESULTADOS E DISCUSSÃO O crescimento inicial das plantas até os 40 DAT foi influenciado tanto pelos substratos como pelo tempo de irrigação (Tabela 1). O substrato de fibra de coco proporcionou melhor desenvolvimento inicial em relação aos demais substratos, independente do tempo de irrigação. Provavelmente esse comportamento deve-se ao fato de que a concentração inicial de micronutrientes na fibra de coco, por estar pré-enriquecida de fabrica, foi maior do que os outros substratos e também por que a fibra de coco retém mais água e por um período maior, favorecendo a absorção pelas plantas. No período de 40 à 80 DAT, não houve diferença significativa entre os crescimentos das plantas, considerando a interação entre substrato e tempo de irrigação (Tabela 1). Provavelmente esse comportamento deve-se ao fato que após os 40 DAT houve a homogeneização dos nos nutrientes presentes nos substratos, portanto, mantendo as condições mais favoráveis ás plantas em todos os tratamentos. TABELA 1 - Altura média das plantas de tomate cereja cultivado em sistema hidropônico. DAT Tempo de irrigação (min) Substrato de cultivo Fibra de coco Areia Pedrisco CV. Desvio Padrão ,3945 Ab 0,2860 Cb 0,2980 Bb 8 0,4963 Aa 0,3185 Ca 0,3478 Ba 4,110 0, ,8005 Ab 0,5960 Ca 0,6420 Bb 8 0,8903 Aa 0,6250 Ca 0,7217 Ba 3,220 0, ,825 Aa 11,793 Aa 12,270 Aa 8 16,325 Aa 12,750 Aa 12,495 Aa 3,410 0, ,095 Aa 17,543 Aa 17,108 Aa 8 19,558 Aa 17,625 Aa 17,270 Aa 2,090 0,037 Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e minúscula na coluna diferem entre si ao nível de 5% indicado pelo teste de Tukey. 4
5 Observou-se que não houve diferença estatística à 5% de probabilidade entre a média dos diâmetros dos frutos, concordando com os observados por (MARTINS et al., 1999). O peso médio dos frutos de tomate considerando todas as colheitas realizadas, não apresentou variação significativa considerando a interação tipo de substratos e tempo de irrigação. A produtividade de frutos foi influenciada tanto pelos substratos como pelo tempo de irrigação (Tabela 2). O cultivo em fibra de coco com tempo de irrigação de 8 minutos proporcionou maior produtividade do que o cultivo em pedrisco e areia aos 75, 83, 90, 97 e 104 DAT. A baixa produção obtida, provavelmente foi influenciada consideravelmente pelas condições climáticas, que favoreceu o ataque de pragas e doenças do tomateiro, principalmente a pinta preta (alternaria solani). As plantas do tomateiro foram atacadas em todo o seu clico, onde que grande parte da redução na produtividade foi devido ao ataque doenças como: pinta preta, requeima, mancha alvo, e murcha bacteriana, na fase inicial do crescimento do tomateiro. TABELA 2 - Produção do tomateiro (g) em seis diferentes dias após o transplantio. DAT Tempo de irrigação (min.) Tipo de substrato de cultivo Fibra de coco Areia Pedrisco CV. Desvio Padrão ,0625 Cb 54,5150 Ba 70,5575 Ab 8 113,8675 Aa 42,6350 Cb 82,8450 Ba 5, ,1675 Ab 175,0050 Bb 189,0825 Bb 8 334,3625 Aa 224,4125 Ba 225,1625 Ba 5, ,8250 Ab 202,6525 Ba 207,9550 Ba 8 319,3725 Aa 173,5250 Bb 155,7850 Bb 4, ,8050 Ab 131,4900 Cb 200,5625 Ba 8 380,7300 Aa 218,8725 Ba 169,9350 Cb 3, ,5575 Ab 129,3550 Cb 150,6725 Ba 8 351,8050 Aa 233,1875 Ba 138,6325 Cb 1, ,9800 Aa 49,8050 Aa 46,7625 Aa 8 114,1500 Aa 59,3450 Aa 51,3175 Aa 20, Media ,7675 Ab 762,2500 Cb 884,9625 Ba ,6575 Aa 971,3475 Ba 843,0475 Cb 1,831 19,63 Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na linha e minúscula na coluna diferem entre si ao nível de 5% indicado pelo teste de Tukey. CONCLUSÕES 5
6 - Os substratos influenciaram na produtividade total do tomate cereja em todas as colheitas e na altura das plantas até os 40 DAT. - A maior produtividade foi obtida no substrato de fibra de coco com 5 e 8 minutos de aplicação da solução nutritiva. - O tempo de aplicação da solução nutritiva de 8 minutos por duas vezes ao dia apresentou melhor crescimento inicial e produtividade total do tomateiro. - O substrato e o tempo de irrigação não interferiram no diâmetro dos frutos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, R. M.; LIMA, M. C. B.; SILVA, E. C. Uma experiência com o cultivo hidropônico do tomateiro do grupo cereja em Maceió - AL. Horticultura Brasileira, Brasília, v.20, n.2, julho, Suplemento 2. CARRIJO, O. A.; VIDAL, M. C.; REIS, N. V. B.; SOUZA, R. B.; MAKISHIMA, N. Produtividade do tomateiro em diferentes substratos e modelos de casas de vegetação. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.1, p.05-09, jan-mar CASTELLANE, P.D. ARAUJO, J.A.C. Cultivo sem solo - Hidroponia. 4ª ed. Jaboticabal: FUNEP, p. FERNANDES, C.; ARAÚJO, J. A. C.; CORÁ, J. E. Impacto de quatro substratos e parcelamento da fertirrigação na produção de tomate sob cultivo protegido. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 4, p , dezembro GUSMÃO, M. T. A.; GUSMÃO, S. A. L.; ARAÚJO, J. A. C. Produtividade de tomate tipo cereja cultivado em ambiente protegido e em diferentes substratos. Horticultura Brasileira. Brasília, v.24, p , MARTINS S. R.; FERNANDES H. S.; ASSIS F. N.; MENDEZ M. E. G Caracterização climática e manejo de ambientes protegidos: a experiência brasileira. Informe Agropecuário 20: MARY, W.; LEAL, P. M.; Estudo comparativo da produção de tomate sob diferentes ambientes e sistemas hidropônicos. Escrito para apresentação no WORKSHOP TOMATE NA UNICAMP: PESQUISAS E TENDÊNCIAS. Campinas, 28 de Maio de
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