FORMAÇÃO DA MORAL OCIDENTAL -GRÉCIA ANTIGA - Prof. Jailson Costa S O F I S T A S Filosofia, ÉTICA, POLÍTICA ética e E desenvolvimento SOCIEDADE humano Sofistas e o relativismo ético Sofistas e o relativismo ético Sofista é o termo que significa sábio, especialista do saber. A acepção do termo, que em si é positiva, tornou-se, porém, negativa sobretudo pela tomada de posição fortemente polêmica de Platão e Aristóteles. Os sofistas se fazem porta-vozes da idéia de que a virtude (a areté) não depende da nobreza de sangue e da nascença, mas se funda no saber. Eles rompem com um esquema social que limitava a cultura só a determinada camada, oferecendo também a outras camadas a possibilidade de adquiri-la. Sofistas O convencionalismo e o relativismo ético Os sofistas foram censurados por serem nômades, desrespeitando o apego à cidade, que para o grego de então, era uma espécie de dogma ético. Manifestavam uma notável liberdade de espírito em relação a tradição, mostrando confiança ilimitada nas possibilidades da razão. Não acreditavam que as normas humanas tivessem que corresponder às normas naturais, sendo autônomas e construindo uma realidade própria. Os Sofistas Protágoras (491/481 -? a.c.) o sofista mais famoso e celebrado, nascido em Abdera. o homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não são. Conforme essa concepção, todas as coisas são relativas às disposições do homem (subjetivismo), portanto não haveria verdades absolutas nem valores absolutos (relativismo ético). 1
Os Sofistas CONVENCIONALISMO A única "lei natural" que admitem no comportamento humano é a busca o prazer e o poder dos mais fortes sobre os mais fracos. As leis criadas pelos homens servem para defender os mais fracos dos mais fortes, mas também, segundo alguns sofistas, para protegerem os interesses dos mais fortes. Em todo o caso elas, as leis, são produtos arbitrários e relativistas dos homens. As leis e a cultura são criações especificamente humanas e surgiram por oposição à natureza. Os Sofistas Por medida, Protágoras entendia a norma de juízo, enquanto por todas as coisas entendia todos os fatos e todas as experiências em geral. Com esse princípio, ele pretendia negar a existência de um critério absoluto que discrimine ser e não-ser, verdadeiro e falso. Sendo assim, ninguém está no erro, mas todos estão com a sua verdade. Retórica: discurso da persuasão. A sabedoria socrática: método socrático Ironia: tem como finalidade destruir os préconceitos que não passam de opiniões baseadas nos sentidos. Maiêutica: tem como objetivo ajudar a construir ou reconstruir a definição dos conceitos, de modo SÓCRATES (469-399) que estes sejam verdadeiros, isto é, válidos de modo universal, necessário e atemporal. Sócrates e o racionalismo ético Os naturalistas procuram responder à seguinte questão: O que é a natureza ou a realidade última das coisas? Sócrates, porém, procura responder à questão: O que é a natureza ou realidade última do homem?, ou seja, o que é a essência do homem?. O homem é a sua alma. E por alma Sócrates entende a nossa razão e a sede de nossa atividade pensante e eticamente operante. A alma é o eu consciente, ou seja, a consciência e a personalidade intelectual e moral. 2
Principais objetivos da filosofia socrática: Relação entre Saber (Teoria do Conhecimento) e Fazer (Ética): Conhecimento Verdadeiro Saber Fazer causa efeito Logo... Ação Virtuosa A filosofia socrática busca estabelecer uma relação direta entre Teoria do Conhecimento (Verdade) e Ética ( Moral), cuja interdependência decidem os rumos políticos da pólis. Para Sócrates a virtude areté, faz com que a alma seja tal como a natureza determina, boa e perfeita. Para ele, a virtude é a ciência ou o conhecimento, ao passo que o vício seria a privação dos mesmos, vale dizer, a ignorância. O pensamento de Sócrates relaciona dois conceitos fundamentais, são eles: Teoria do conhecimento e Ética, pois conhecer a verdade teria como conseqüência inevitável a ação moral, [virtuosa, justa ou correta]. Logo... A virtude [ação de bem] e a verdade [conhecimento do bem] estariam intimamente ligadas; seriam inseparáveis, pois a primeira (agir conforme o bem) é fruto da segunda (pensar o que é o bem). Ética Socrática: fazer com que os homens busquem a prática de ações corretas ou justas nas relações privadas e públicas [políticas] com os membros da pólis. EM SÓCRATES: Sócrates Bondade, conhecimento e felicidade se entrelaçam estreitamente. O homem age retamente quando conhece o bem e, conhecendo-o, não pode deixar de praticá-lo; por outro lado, aspirando ao bem, sente-se donodesimesmoe,porconseguinte,éfeliz. A ética em Platão depende a) da sua concepção metafísica (dualismo do mundo sensível e do mundo das idéias permanentes, eternas, perfeitas e imutáveis, que constituem a verdadeira realidade e têm como cume a Idéia do Bem, divindade, artífice ou demiurgo do mundo); PLATÃO (427-347) b) da sua doutrina da alma (princípio que anima ou move o homem e consta de três partes: razão, vontade ou ânimo, e apetite; a razão que contempla e quer racionalmente é a parte superior, e o apetite, relacionado com as necessidades corporais, é a inferior). 3
Mundo das idéias As idéias, em suma, não são simples pensamentos, mas aquilo que o pensamento pensa quando liberto do sensível: constituem o verdadeiro ser, o ser por excelência. Pode também ser chamado de Mundo Inteligível, Mundo Intelectivo, Mundo das Formas ou Mundo do Eidos ; Produzido pela Razão, Pensar ou Dedução; Refere-se ao conhecimento verdadeiro episteme; Refere-se ao que é em si isto é, perfeito. Concepção metafísica de Platão Mundo sensível O mundo do inteligível (o modelo) é eterno, como eterno também é o Artífice (a inteligência). O mundo sensível, ao contrário, construído pelo Artífice, nasceu, isto é, foi gerado, no sentido verdadeiro do termo: ele nasceu porque pode-se vê-lo e tocá-lo, pois ele tem corpo e tais coisas são todas sensíveis; e as coisas sensíveis estão sujeitas a processos de geração e são geradas. Pode também ser chamado de Mundo Sensível, Mundo Ilusório ou Mundo das Sensações; Doutrina da alma Produzido pela Sentidos, Sentir ou Indução; Refere-se ao conhecimento de opinião doxa; Refere-se ao que é para si isto é, imperfeito. 4
Como o indivíduo por si só não pode aproximar-se da perfeição, torna-se necessário o Estado ou Comunidade política. Ohomemébomenquantobomcidadão. A Idéia do homem se realiza somente na comunidade. PERFEIÇÃO DA ALMA: COMUNIDADE POLÍTICA ESTADO HOMEM: SÓ É BOM COMO CIDADÃO (SUBMISSO AO ESTADO E SUBORDINADO À COMUNIDADE). A ética desemboca necessariamente na política. Estado ideal à semelhança da alma PURIFICAÇÃO DA ALMA: VIRTUDES PARTES DA ALMA razão - vontade ou ânimo - apetite AS VIRTUDES prudência - fortaleza - temperança A harmonia entre as diversas partes constitui a quarta virtude: JUSTIÇA. Desprezo, característico da antiguidade, pelo trabalho físico e, por isto, os artesãos ocupam o degrau social inferior e se exaltam as classes dedicadas às atividades superiores (a contemplação, apolíticaeaguerra). Não hálugar algum no Estado ideal paraos escravos, porque desprovidos de virtudes morais e de direitos cívicos. O homem se forma espiritualmente somente no Estado e mediante a subordinação do indivíduo à comunidade. ARISTÓTELES (384-322) 5
O conceito de virtude em Aristóteles e a sabedoria prática A virtude consiste no termo médio entre dois extremos (um excesso e um defeito). A virtude é um equilíbrio entre dois extremos instáveis e igualmente prejudiciais. O fim último do homem é a felicidade (eudaimonia). Se realiza mediante a aquisição de certos modos constantes de agir (ou hábitos) que são as virtudes. Estas não são atitudes inatas, mas modos de ser que se adquirem ou conquistam pelo exercício e, já que o homem é ao mesmo tempo racional e irracional. A comunidade social e política é o meio necessário da moral: o homem é, por natureza, um animal político. A vida moral é uma condição ou meio para uma vida verdadeiramente humana: a vida teórica na qual consiste a felicidade. Acessível à elite: a maior parte da população mantém-se excluída não só da vida teórica, mas da vida política. A vida moral é exclusiva de uma elite que pode realizá-la, o homem bom (o sábio) deve ser um bom cidadão. Quadro de vícios e virtudes excesso VIRTUDE deficiência Temeridade CORAGEM Covardia Libertinagem TEMPERANÇA Insensibilidade Esbanjamento PRODIGALIDADE Avareza Vulgaridade MAGNIFICÊNCIA Vileza Vaidade RESPEITO PRÓPRIO Modéstia Ambição PRUDÊNCIA Moleza Quadro de vícios e virtudes excesso VIRTUDE deficiência Irascibilidade GENTILEZA Indiferença Orgulho Zombaria VERACIDADE AGUDEZA DE ESPÍRITO Descrédito próprio Rusticidade Condescendência AMIZADE Enfado Inveja JUSTA INDIGNAÇÃO Malevolência Sendo assim, Aristóteles busca o justo meio-termo 6
R E F E R Ê N C I A S CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. ARANHA, M.L. de A.; MARTINS, M.H.P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2003. Filosofia, ÉTICA, POLÍTICA ética e E desenvolvimento SOCIEDADE humano 7