Caderno de Questões UNICAMP 2002. A Unicamp comenta suas provas. vestibular nacional



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As provas de aptidão para Educação Artística - Habilitação em Artes Plásticas, em número de três, constarão de: Programa I - História da Arte A prova de História da Arte será dissertativa. São dois os grandes temas: arte européia do século XIX e início do século XX, e arte brasileira do século XX, lembrando que os temas estarão restritos à pintura e à escultura. O primeiro grupo engloba os seguintes itens: Neoclassicismo; Romantismo; Realismo; Impressionismo; Pós-Impressionismo; Expressionismo; Cubismo; Futurismo; Dadaísmo; Surrealismo; Bauhaus; Construtivismo; Abstrações. Os itens referentes à arte brasileira limitam-se às manifestações do século XX, até a década de 1960 (inclusive). II - Desenho/expressão gráfica/formas e cores Será avaliada a capacidade do candidato de compreender e representar graficamente formas, cores e volumes. Os candidatos deverão trazer obrigatoriamente os seguintes materiais: lápis preto ou lapiseira/grafites B, 2B, 6B; pincéis marca Tigre (cabo marrom), série 175 (ou similares) nºs.: 8, 14 e 20; estilete; régua e esquadros; tesoura; cola bastão. III - Entrevistas Apresentação obrigatória de porta-fólio. Amostragem específica da produção e vivência na área das Artes Plásticas. Bibliografia Esta Bibliografia não é obrigatória. Trata-se apenas de sugestões para consulta. ARGAN, G. C., Arte Moderna. Trad.: O. Bottmann e F. Carotti. São Paulo, Companhia das Letras, 1992. GOMBRICH, E. H., História da Arte. Rio de Janeiro, Zahar, 1979. FERREIRA GULLAR, Etapas da Arte Contemporânea. São Paulo, Nobel, 1985. MICHELI, M. de, As Vanguardas Artísticas. Trad.: Pier Luigi Cabra. São Paulo, Martins Fontes, 1991. ZANINI, W. (Coordenador), História Geral da Arte no Brasil. São Paulo, Inst. W. Moreira Sales/Fund. Djalma Guimarães, 1983. As provas de aptidão para Educação Artística Habilitação em Artes Plásticas, em número de três, constam de: 1 História da Arte 2 Desenho / Expressão Gráfica, Formas e Cores 3 Entrevistas Concepção Geral das Provas de Aptidão para Educação Artística. Introdução 1 História da Arte Muito mais que a simples memorização de datas, movimentos artísticos e seus principais representantes, a prova de História da Arte visa avaliar, grosso modo, a capacidade do candidato de sintetizar as concepções estéticas das diversas tendências ou escolas artísticas, localizando-as no panorama histórico geral de sua época. Neste sentido, limita-se a sua abrangência tão-só aos séculos XIX e XX, já que o principal interesse é verificar-se a visão histórica de mundo do candidato e sua habilidade para construir e expressar raciocínios referentes aos temas propostos. Importante ainda é notar-se que, na divisão efetuada entre a arte no Brasil e no exterior, com questões obrigatórias de uma e de outra, procura-se enfatizar e avaliar o conhecimento do candidato relativo à sua própria cultura e a arte nela produzida. 2

2 Desenho Uma das provas centrais para a seleção de ingressantes no Curso de Educação Artística, a prova de Desenho procura detectar as habilidades mais básicas para o futuro profissional das artes plásticas. Deste modo, por seu intermédio busca-se avaliar, no candidato, a sua capacidade de perceber, em objetos, uma composição tridimensional através de linhas, planos, volumes e sombras. Tal percepção deve se revelar, então, por meio de sua habilidade para registrá-la graficamente num desenho realizado com instrumentos adequados (em geral grafites de diferentes graus de dureza aplicados sobre o papel). Introdução 3 Expressão Gráfica, Formas e Cores Complementar à de Desenho, esta prova visa fundamentalmente a avaliar o potencial criativo do candidato através da sua capacidade de sintetizar formas e aplicar cores. Para tanto, o candidato deve demonstrar habilidades para organizar uma composição bidimensional, adequando formas geométricas e valores cromáticos em termos de tonalidades e contrastes de cores, valendo-se dos mais diversos materiais e instrumentos, como lápis de cor, giz de cera, canetas hidrográficas e papéis-cartão coloridos. 4 Entrevistas Através das entrevistas efetuadas individualmente com os candidatos por uma banca composta por três professores (em geral das áreas de história da arte, das artes plásticas e das artes gráficas) procura-se aprimorar a avaliação já realizada através das provas anteriores de História da Arte, de Desenho e de Expressão Gráfica, Formas e Cores. Assim, ao apresentar um pequeno porta-fólio contendo seus principais trabalhos, o candidato possibilita uma avaliação no seu percurso no campo das artes plásticas, em termos de interesses, cursos e estudos já realizados, podendo-se verificar ainda outras habilidades técnicas e criativas eventualmente não detectadas nas provas específicas. E, por fim, as entrevistas fornecem também informações complementares acerca da maturidade do estudante, bem como de sua visão do que seja a universidade, o curso de educação artística, a profissão que se pretende seguir e de seus projetos dentro dela. Prova de História da Arte ESCOLHA UMA QUESTÃO SOBRE ARTE NO BRASIL E UMA SOBRE ARTE INTERNACIONAL: Arte no Brasil: 1. A exposição de Anita Malfatti, realizada em São Paulo em 1917, tornou-se um marco na história do movimento modernista brasileiro. Não menos célebre é o artigo A propósito da Exposição Malfatti, de autoria do escritor Monteiro Lobato, publicado no jornal O Estado de São Paulo naquela ocasião. Analise a seguinte passagem do artigo citado, colocando em discussão o ambiente cultural do país daquele momento e as inovações trazidas pela pintura de Anita Malfatti: Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em conseqüência disso fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro. 2. O movimento neoconcreto representou uma tomada de posição diante da arte concreta, que, segundo Mário Pedrosa, era uma arte calculada matematicamente, desenvolvida sobre uma idéia perfeitamente definida e exposta não nos moldes vagos e subjetivos da inspiração. Ao romper com os limites tradicionais entre pintura e escultura e ao garantir espaço para a experimentação, o Neoconcretismo afirmou o papel fundamental do espectador. Escreva sobre o movimento neoconcreto no Brasil, o trabalho de seus principais representantes (como Lygia Clark e Hélio Oiticica), e a idéia de uma arte que buscava integrar o artista, a obra e o fruidor. 3. A partir, sobretudo, da década de 1930, uma série de exposições coletivas nacionais e internacionais movimenta o ambiente artístico brasileiro. Em 1951, a abertura da I Bienal de São Paulo estabelece um marco definitivo na história da arte brasileira. Escreva sobre o papel das Bienais para o desenvolvimento das artes no país. 3

Arte Internacional: 4. Para o crítico norte-americano Clement Greenberg, Marcel Duchamp, inventor dos ready-mades, foi o responsável pela devastação da arte pelo conceito. Duchamp, com efeito, sempre mostrou-se contrário à demasiada importância dada ao retiniano na arte a partir da segunda metade do século XIX. Discorra sobre as principais características da produção de Duchamp, analisando alguns de seus trabalhos e examinando sua contribuição para a arte do século XX. 5. O ano de 1905 é marcado, no domínio das artes plásticas, pela formação de duas correntes de tendência expressionista. São elas o Fauvismo, na França, e o grupo Die Brücke (A Ponte), na Alemanha. Escreva o que sabe sobre os movimentos ditos expressionistas do início do século e sobre o trabalho de alguns de seus principais representantes. Em que medida Van Gogh, Cézanne e Gauguin podem ser considerados como precursores das correntes citadas? 6. O surrealismo assenta na crença da realidade superior de certas formas de associação, negligenciadas até aqui, no sonho todo-poderoso, no jogo interessado do pensamento. A partir desta definição do Surrealismo, reproduzida no Manifesto Surrealista de 1924, escreva sobre as principais características do movimento e em especial sobre as técnicas empregadas pelos artistas surrealistas com o intuito de romper com as barreiras do consciente. Arte no Brasil: 1- A exposição de Anita Malfatti, realizada em São Paulo em 1917, tornou-se um marco na história do movimento modernista brasileiro. Não menos célebre é o artigo "A propósito da Exposição Malfatti", de autoria do escritor Monteiro Lobato, publicado no jornal O Estado de São Paulo naquela ocasião. Analise a seguinte passagem do artigo citado, colocando em discussão o ambiente cultural do país daquele momento e as inovações trazidas pela pintura de Anita Malfatti: "Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em conseqüência disso fazem arte pura, guardando os eternos ritmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro." Expectativas da Banca Esta questão dá ao aluno condições de discorrer sobre o movimento modernista no Brasil em linhas gerais e, mais especificamente, sobre o papel da artista Anita Malfatti para a eclosão do movimento. É preciso lembrar que a exposição de Anita em 1917 não foi o primeiro momento de contato do público brasileiro com uma arte de tendência expressionista Lasar Segall fizera, em 1913, uma exposição em Campinas, SP, que, no entanto, não teve a repercussão daquela que colocaria em cena o nome de Anita Malfatti, provocando a ira de setores conservadores dentro do ambiente artístico e cultural. Monteiro Lobato, ao criticar ferozmente a arte de Anita, entra para a história como o porta-voz deste pensamento conservador. Em contrapartida, poetas, escritores e artistas como Oswald de Andrade e Mário de Andrade, fortemente impressionados com a pintura de Anita, partem em sua defesa, iniciando o debate que iria resultar na realização da Semana de Arte Moderna, em 1922. Com relação à carreira artística de Anita Malfatti, é esperado que o aluno saiba situar sua trajetória anterior à mencionada exposição, em especial os estudos que realizara na Alemanha e nos Estados Unidos e a sua ligação com o Expressionismo. Da mesma forma, ó aluno deverá identificar as características elementares de seu estilo, sobretudo a utilização diferenciada da cor e do desenho, se comparada com os preceitos acadêmicos. Rompendo com as regras da composição de uma arte cuja fonte por excelência era a produção francesa, Anita entrega a pintura a seus próprios meios: linhas, cores e suporte. Por isto mesmo, sua arte é criticada por afrontar a ilusão dos fruidores, acostumados aos ditames do bom gosto formulados pela arte francesa. Ao adotar o expressionismo como orientação para a sua pintura, Anita amplia as possibilidades de engajamento da arte com a realidade brasileira, visto que a corrente expressionista valoriza a arte das civilizações primitivas, das crianças, dos doentes mentais, enfim, daqueles que ainda não haviam sido dignos de penetrar no templo da arte. É, portanto, esperado que o aluno demonstre conhecimento deste contexto e que consiga, em sua resposta, articular com maior ou menor profundidade os conteúdos indicados acima. 2- O movimento neoconcreto representou uma tomada de posição diante da arte concreta, que, segundo Mário Pedrosa, era uma arte calculada matematicamente, desenvolvida sobre uma idéia perfeitamente definida e exposta não nos moldes vagos e subjetivos da inspiração. 4

Ao romper com os limites tradicionais entre pintura e escultura e ao garantir espaço para a experimentação, o Neoconcretismo afirmou o papel fundamental do espectador. Escreva sobre o movimento neoconcreto no Brasil, o trabalho de seus principais representantes (como Lygia Clark e Hélio Oiticica), e a idéia de uma arte que buscava integrar o artista, a obra e o fruidor. Expectativas da Banca Ao responder a esta questão, o candidato deveria abordar as principais transformações ocorridas no ambiente artístico brasileiro de vanguarda na década de cinqüenta, após a realização da I Bienal Internacional de São Paulo, e situar o surgimento do movimento neoconcreto como uma forma de oposição ao pretenso dogmatismo da arte concreta. Em seguida, deveria discorrer sobre as características gerais do trabalho de alguns dos mais famosos artistas brasileiros da segunda metade do século XX, como Lygia Clark, Hélio Oiticica, Amilcar de Castro, Franz Weissmann ou, ainda, Lygia Pape. A primeira metade da década de cinqüenta, no Brasil, foi marcada pela introdução da arte abstrata e pela adesão generalizada da jovem vanguarda brasileira à abstração de tendência geométrica. Em decorrência do choque provocado pela participação da delegação suíça na Bienal citada, e, em especial, pela obra de Max Bill, formam-se, em São Paulo e no Rio de Janeiro, no início dos anos cinqüenta, dois grupos de artistas partidários da arte concreta. São eles, respectivamente, o Grupo Ruptura, sob a liderança de Waldemar Cordeiro, e o Grupo Frente, que tinha em Ivan Serpa um de seus principais mentores. Em dezembro de 1956, no Rio de Janeiro, realizou-se a I Exposição Nacional de Arte Concreta, que seria em seguida apresentada em São Paulo. Organizada com o intuito de oferecer um panorama geral da produção concretista brasileira, esta exposição revelou, no entanto, as divergências entre os dois grupos mencionados. Enquanto os concretos "paulistas" demonstram-se a favor de uma arte baseada em concepções matemáticas e seduzida pela técnica, os "cariocas" defendiam a importância da experiência intuitiva na criação artística. Em 1959, os artistas do Rio de Janeiro, liderados pelo poeta Ferreira Gullar, decidem organizar a primeira Exposição Nacional de Arte Neoconcreta, publicando nesta mesma ocasião um manifesto no qual propunham "uma reinterpretação do neoplasticismo, do construtivismo e dos demais movimentos afins, na base de suas conquistas de expressão e dando prevalência à obra sobre a teoria". Embora, em um primeiro momento, a preocupação maior de tais artistas tenha sido a de questionar o racionalismo da arte abstrata geométrica, suas pesquisas evoluíram em direção a um questionamento da noção da obra de arte e do papel do artista. A valorização da experimentação e da participação física do espectador, a vontade de ultrapassar as limitações racionais e de se opor a toda concepção redutora e utilitária da arte, fizeram do movimento neoconcreto um espaço de pesquisa, de invenção e de reflexão bastante fecundo. Os neoconcretos abandonaram rapidamente o quadro de cavalete, criando composições integradas ao espaço real e investindo contra as noções de suporte, de moldura, de massa e de pedestal. Com esta atitude, tornaram obsoletas as definições habituais opondo pintura e escultura. Por outro lado, a abertura a componentes lúdicas e simbólicas e a rejeição de toda idéia a priori conduziram a uma reformulação da relação sujeito-objeto artístico. Desejosos de estabelecer um acordo eficaz entre arte e vida, os neoconcretos tentaram abolir a distância entre espectador e obra, afirmando a identidade entre o artista e o homem comum. As estruturas metálicas móveis e manobráveis, articuladas por dobradiças, intituladas Bichos, de Lygia Clark; as construções modulares de Franz Weissmann; assim como os Penetráveis e os Parangolés de Hélio Oiticica solicitam de maneira direta a participação do espectador. Este torna-se o co-autor da obra, podendo modificá-la indefinidamente. 3 - A partir, sobretudo, da década de 1930, uma série de exposições coletivas nacionais e internacionais movimenta o ambiente artístico brasileiro. Em 1951, a abertura da I Bienal de São Paulo estabelece um marco definitivo na história da arte brasileira. Escreva sobre o papel das Bienais para o desenvolvimento das artes no país. Nesta questão, espera-se que o candidato demonstre conhecimento do ambiente cultural e artístico dos anos 1930 e 40 no Brasil e, como é claramente solicitado, que saiba discorrer sobre o papel das Bienais de São Paulo, inauguradas em 1951. É fundamental que o candidato consiga situar a importância específica das primeiras Bienais, considerando a profunda movimentação que se operou no ambiente artístico a partir daquele momento. Já desde as primeiras décadas do século XX ocorrem, nas principais capitais do país, exposições de razoável envergadura, colocando o público brasileiro em contato com um grande número de obras nacionais e estrangeiras, contemporâneas ou não. Em especial na cidade de São Paulo, verifica-se um grande consumo de obras de arte, movimento que decorre de um processo cuja origem remonta ao final do século anterior, quando setores sociais fortalecidos economicamente passam a investir na criação de uma imagem diferenciada da cidade no que se refere à educação, à cultura e às artes em geral. Toda esta manifestação nos anos 30 e 40, no entanto, obedecia a um projeto nacionalista que exigia da arte a interação da realidade circundante, o que, de certa forma, entravava o processo de renovação plástica apoiado em 1922. 5

Arte Internacional: Expectativas da Banca 4 - Para o crítico norte-americano Clement Greenberg, Marcel Duchamp, inventor dos ready-mades, foi o responsável pela "devastação da arte pelo conceito". Duchamp, com efeito, sempre mostrou-se contrário à "demasiada importância dada ao retiniano na arte" a partir da segunda metade do século XIX. Discorra sobre as principais características da produção de Duchamp, analisando alguns de seus trabalhos e examinando sua contribuição para a arte do século XX. 5 - O ano de 1905 é marcado, no domínio das artes plásticas, pela formação de duas correntes de tendência expressionista. São elas o Fauvismo, na França, e o grupo Die Brücke (A Ponte), na Alemanha. Escreva o que sabe sobre os movimentos ditos expressionistas do início do século e sobre o trabalho de alguns de seus principais representantes. Em que medida Van Gogh, Cézanne e Gauguin podem ser considerados como precursores das correntes citadas? 6- "O surrealismo assenta na crença da realidade superior de certas formas de associação, negligenciadas até aqui, no sonho todo-poderoso, no jogo interessado do pensamento." A partir desta definição do Surrealismo, reproduzida no Manifesto Surrealista de 1924, escreva sobre as principais características do movimento e em especial sobre as técnicas empregadas pelos artistas surrealistas com o intuito de romper com as barreiras do consciente. Prova de Desenho PRIMEIRA PARTE: Com o conjunto de peças recebido (formado por cinco elementos: dois potes, duas tampas e um prendedor), realize uma composição qualquer, na qual estejam presentes pelo menos três elementos dos cinco fornecidos. SEGUNDA PARTE: Utilizando grafite (da série B) execute, na folha de canson fornecida, um desenho de observação da composição realizada na primeira parte. Será avaliada a capacidade do candidato na criação tridimensional, quanto à composição, à representação gráfica e ao emprego dos efeitos de luz, sombra e perspectiva. OBSERVAÇÕES: Caso alguma de suas peças se quebre, solicite a sua substituição. Caso necessite uma folha de canson adicional, solicite-a. Prova de Expressão Gráfica, Formas e Cores Trace um retângulo de 14 X 25 cm centralizado na folha de canson fornecida. Empregando quaisquer figuras geométricas planas (quadrados, triângulos, retângulos, círculos etc.) crie uma composição cromática no interior do retângulo. Em tal composição as figuras poderão estar presentes na quantidade, no tamanho e na proporção desejadas. O trabalho deverá ser executado com os lápis de cor fornecidos, podendo ser realizado com instrumentos de desenho (esquadro, régua etc.) ou à mão livre. Será avaliada a capacidade cromático-compositiva do candidato. OBSERVAÇÕES: No canto direito inferior dos trabalhos deverão constar o nome (legível) e o número de inscrição dos candidatos. Ao final, deixe sobre a mesa os seus trabalhos, bem como as peças e a caixa de lápis de cor. 6

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