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Pº R.P.295/2004 DSJ-CT- Região Autónoma da Madeira Competência para apreciação e decisão de recursos hierárquicos Penhora Apresentação Título Requerimento executivo Elementos em falta na declaração Identificação do prédio. DELIBERAÇÃO Registo a qualificar: Penhora do prédio descrito sob o nº 00862/, da freguesia de, requisitado pela Ap.01/20040429. Relatório Pela Ap. 01/20040429 a recorrente, solicitadora de execução, requisitou o registo de penhora do prédio descrito sob o nº 00862/ da freguesia de, não tendo prestado qualquer declaração quanto à identificação do prédio. Da descrição consta um prédio misto, com parte rústica composta de terra de cultivo, com 610m2( que não consta expressamente indicada, mas resulta da dedução da área da parte urbana à área total)e inscrita na matriz sob o artigo 2.856 e com parte urbana composta por edifício de dois pavimentos, com a área coberta de 77m2, inscrita na matriz sob o artigo 388. O pedido de registo foi instruído com fotocópia do requerimento executivo, fotocópia da notificação da requerente para proceder à penhora e certidão de teor matricial. Do requerimento executivo(anexo P1) consta indicado um prédio urbano, composto de casa de habitação e inscrito na matriz sob o artigo 388, nada constando quanto à situação na Conservatória. O documento matricial respeita às duas inscrições matriciais que constam da descrição, constando da urbana a área de 77m2 e da rústica a área de 120m2. O registo foi efectuado provisoriamente por dúvidas( art.ºs 30º, 68º e 70º do C.R.P.) por haver divergência entre o prédio identificado no título( requerimento executivo) e o constante na descrição. Deste despacho de qualificação interpôs a interessada recurso hierárquico, cujos termos aqui se dão por integralmente reproduzidos, argumentando, em síntese, o seguinte: a) Ao solicitador de execução cabe efectuar todas as diligências do processo de execução( artigo 808º do C.P.C.) e todas as diligências úteis à identificação ou localização de bens penhoráveis( art.º 833º, nº 1, do C.P.C.), começando por penhorar os bens cujo valor pecuniário seja de mais fácil realização e que melhor se adeqúem ao montante do crédito exequendo( art.º 834º, nº1, do C.P.C.), dispondo da faculdade de requerer junto dos Serviços, nomeadamente Conservatórias de Registo Predial, informações sobre os bens pertencentes ao executado, com o objectivo de recolher o máximo de informações sobre bens penhoráveis( art.º 833º, nº 2, do C.P.C.); I

b) Os bens indicados à penhora pelo exequente - constantes dos anexos P, que são de apresentação facultativa - são os do seu conhecimento, cabendo ao solicitador de execução conduzir as diligências com vista à penhora, nada obstando a que o mesmo penhore outros bens; c) Que não se compreende a invocação, por parte da recorrida, da desconformidade entre o requerimento executivo e a descrição predial, constando daquele um prédio urbano e desta um prédio misto, com dois artigos matriciais, e que foi pedido o registo do prédio constante da descrição atendendo a que o mesmo se adequava ao montante do crédito exequendo. A recorrida sustentou o despacho proferido, alegando que o pedido de registo respeita a um prédio urbano, a que corresponde a descrição nº 00862/ da freguesia de e que esta descrição não é um prédio urbano, mas sim misto, pelo que existe divergência, entre o prédio constante do título e aquele sobre o qual foi pedido o registo, acrescentando de seguida algo que não constou do despacho de qualificação, ou seja, que Não pode a apresentante penhorar parte especificada do prédio, porque isso implicaria uma desanexação, para a qual não foi junta a correspondente autorização camarária. Em relação às disposições legais, acrescenta os artigos 79º, nº 1, 85º, nº 1, e) do C.R.P. e artigos 2º, i) e 4º do D.L. 555/99, de 16 de Dezembro, com as alterações introduzidas pelo D.L. nº 1772001, de 4 de Junho. O processo é o próprio, as partes legítimas e o recurso tempestivo. Todavia, há que apreciar uma questão prévia, que se traduz no seguinte: - Após a apresentação do requerimento de recurso( incorrectamente dirigido à recorrida, deficiência que se tem por suprida, não prejudicando a apreciação de mérito) e do subsequente despacho de sustentação, a recorrida remeteu o processo ao Director Geral dos Registos e do Notariado. Recebido o processo na DGRN., foi o mesmo remetido ao Director da Direcção Regional da Administração da Justiça, para os efeitos tidos por convenientes, como consta do respectivo ofício. Por seu lado, a Direcção Regional da Administração da Justiça devolveu o processo à DGRN., nos seguintes termos: Proceda-se à devolução deste recurso à DGRN conforme o entendimento nesta matéria havido na reunião com o Ex.mo Senhor Director Geral em 15/10/2004 (1) (1) Não consta do processo qual o entendimento obtido na referida reunião. No entanto, num outro processo pendente e que nos foi distribuído para apreciação(pº R.P. 16/2005 DSJ-CT), consta um Ofício da DRAJ, remetido à DGRN em 2005/01/20), do seguinte teor: Na sequência de reunião havida no passado dia 15 de Outubro de 2004, na Direcção Geral dos Registos e do Notariado, em que ficou consensualmente estabelecido que ao abrigo do princípio da cooperação, previsto no art.º 2º do DL 246/2003 de 8/10, os recursos hierárquicos de decisões dos Senhores Notários deverão ser submetidos à apreciação do Conselho Técnico da Direcção Geral dos Registos e do Notariado, de forma a garantir-se uma uniformidade nas decisões sendo posteriormente homologadas pelo Exmº Senhor Director Geral e/ou eventualmente pelo Director Regional, junto devolvo para os devidos efeitos o presente recurso hierárquico ora remetido à DRAJ. O Recurso fora dirigido ao D.G.R.N., tendo o respectivo conservador enviado o processo à DRAJ, em cumprimento da circular nº 1/2005-DRAJ, cujo conteúdo se desconhece. É manifesto que a referência feita ao D.L.246/2003 enferma de lapso de escrita e deve ser entendida como feita ao D.L. 247/2003. II

A DSJ elaborou proposta, homologada pelo Ex.mo DGRN, no sentido de que este Conselho se pronuncie, - em face da divergência de entendimentos subjacente ao anteriormente relatado e atendendo ao disposto no D.L. 247/2003, de 8 de Outubro e no Decreto Regulamentar Regional nº 4/2004/M, de 20 de Fevereiro em síntese, sobre o seguinte: - Se a DGRN tem competência para intervir nos recursos hierárquicos interpostos de decisões proferidas por conservadores titulares de serviços regionais de registo predial e, em caso afirmativo, se a tem para apreciar e decidir ou só para apreciar, (cabendo a decisão ao Director Regional), tudo isto no enquadramento dado pelas atribuições e competências transferidas(direcção, orientação e tutela) e pelo princípio da cooperação( ao abrigo do qual terá surgido o invocado entendimento, na mencionada reunião com o DGRN), de acordo com os artigos 1º e 2º do citado D.L. 247/2003.Acresce a questão de saber, no mesmo âmbito, qual a forma a que deve obedecer o entendimento entre a DGRN e a DRAJ. Antes de mais, parece-nos indiscutível que a competência para decidir os referidos recursos hierárquicos tem que resultar da lei, não sendo possível fundamentá-la em qualquer entendimento (formal ou informal), obtido no âmbito do mencionado princípio da cooperação. Significa isto que, a entender-se que a melhor interpretação da lei é que vai no sentido de que a dita competência cabe ao DGRN, deixa de se pôr a questão da competência para a apreciação dos mesmos recursos, a qual naturalmente lhe caberá, e a questão da forma que deve revestir o entendimento entre a DGRN e a DRAJ. O mencionado D.L. 247/2003 transferiu para a Região Autónoma da Madeira as atribuições e competências administrativas que em matéria de registos e notariado no âmbito territorial da Região eram exercidas pela DGRN( art.º 1º, nº 1) e o referido Decreto Regulamentar Regional 4/2004/M aprovou a orgânica da Direcção Regional da Administração da Justiça(DRAJ). A transferência de competências foi efectuada de acordo com o preâmbulo do D.L.247/2003 num contexto de autonomia cooperativa com o Estado e no entendimento de que deve existir uniformidade no funcionamento nacional dos serviços dos registos e do notariado independentemente da respectiva tutela, com a preocupação de fixar uma forte e permanente cooperação entre os Governos Central e Regional. Importa, exclusivamente quanto à questão em apreciação, procurar perceber quais os reflexos dos referidos contexto, entendimento e preocupação na disciplina concreta das competências da DRAJ(transferidas) e da DJRN (mantidas), ao nível dos poderes tipicamente associados a uma relação hierárquica e, mais especificamente, do poder de superintendência ou supervisão, visto como poder de apreciação e decisão de recursos hierárquicos interpostos de decisões proferidas por conservadores titulares dos serviços regionais. Logo no preâmbulo do D.L. 247/2003, ao falar-se da cooperação entre Governos Central e Local, se refere que a mesma se traduz na aplicação aos serviços sediados na Região Autónoma da Madeira das circulares interpretativas emitidas pelo director geral dos Registos e do Notariado, na manutenção no Ministério da Justiça da competência inspectiva e disciplinar no tocante à actividade funcional desenvolvida pelos funcionários dos quadros ora regionalizados.... Já no próprio texto legal, vejam-se os artigos 2º( cooperação e circulares interpretativas) e 6º( competência inspectiva e disciplinar). A aplicação das III

circulares interpretativas do DGRN está também expressamente prevista no artigo 3º, nº 2 do Decreto Regulamentar nº 4/2004/M. Nos termos do art.º 2º do D.L.247/2003,...o Governo Regional promove a execução da política dos registos e do notariado na Região, exercendo, para o efeito, poderes de direcção, de orientação e de tutela sobre as conservatórias e cartórios notariais... sendo a DRAJ, nos termos do art.º 2º do mesmo Decreto Regulamentar, o órgão do Governo Regional, dependente da Vice-Presidência, dotado de autonomia administrativa, ao qual compete a direcção, orientação e coordenação dos serviços dos registos civil, predial, comercial e de automóveis e do notariado da Região Autónoma da Madeira. As conservatórias do registo predial sediadas na Região Autónoma da Madeira são serviços externos da DRAJ, sendo esta dirigida pelo director regional da Administração da Justiça(art.º 1º, nº 3 do D.L. 247/2003 e art.ºs 4º, nºs1 4 e 12º, nº 1, do mesmo Decreto Regulamentar). É indiscutível que existe uma relação hierárquica administrativa entre os conservadores do registo predial da Região Autónoma da Madeira e o director regional de Administração da Justiça. Como características fundamentais deste concreto regime de organização hierárquica(a chamada autonomia cooperativa, pretendida com a transferência de competências) temos, de um lado e em termos gerais, a superioridade na relação hierárquica e o poder de direcção por parte da DRAJ e, do outro, a manutenção da competência inspectiva e disciplinar e da competência para emitir circulares interpretativas por parte da DGRN no que respeita à actividade funcional. Estas características configuram um modelo hierárquico de organização administrativa atípico (2) pois, de um lado, temos tudo que está fora da actividade funcional, onde uma única entidade exerce todos os poderes típicos ou normais do mesmo modelo( direcção, inspecção, disciplinar e supervisão) e, de outro, tudo o que cabe na actividade funcional, em que temos uma entidade com a generalidade dos poderes de direcção e outra com parte destes poderes e com os poderes de inspecção e disciplinar. Digamos que existe uma partilha ou fraccionamento de poderes, em função da matéria e, já dentro da matéria funcional, em espécie. Em apreciação está a questão de saber, quanto ao âmbito da actividade funcional, se o poder de supervisão( decisão de recursos hierárquicos em causa) compete aquela entidade(director Regional) ou a esta(director Geral dos Registos e do Notariado). (2) Quer se entenda, como Marcelo Caetano, em Manual de Direito Administrativo,Vol. I, pág. 246, que: O poder típico da superioridade na ordem hierárquica é o poder de direcção. Todavia andam em regra inerentes a esse poder outros, que são: o poder de inspecção, o poder de superintendência e o poder disciplinar. Estes poderes são, então, hierárquicos, o que não significa serem exclusivos da hierarquia: a lei atribui muitas vezes a certa autoridade alguns deles independentemente de qualquer relação hierárquica. Por isso afirmamos que o poder típico é o de direcção e os restantes só são hierárquicos quando atribuídos em conjunto com ele, quer como Freitas do Amaral, em Curso de Direito Administrativo,Vol. I,Almedina, Coimbra, 1993, que, quanto aos poderes do superior hierárquico, refere que São, basicamente três: o poder de direcção, o poder de supervisão e o poder disciplinar. Deles, o primeiro é o principal poder da relação hierárquica. Todavia, se pudesse aparecer desacompanhado dos outros dois, a posição de autoridade do superior ficaria inevitavelmente enfraquecida, motivo que se reputa bastante para considerar como também integrantes do núcleo de poderes típicos do superior hierárquico aqueles outros dois a que fizemos referência. IV

No conteúdo essencial do poder de direcção está incluída a faculdade de emitir circulares interpretativas, mas aquele poder não se esgota nesta (3). Daí o termos anteriormente considerado que, mesmo no âmbito da actividade funcional, temos um poder de direcção fraccionado ou partilhado, em espécie. Apesar de o poder de direcção do DGRN se traduzir apenas na competência para emitir circulares interpretativas, seria absurdo considerar restringido o normal ou necessário poder de supervisão, na apreciação dos recursos hierárquicos, às situações em que estivesse em causa o conteúdo das circulares interpretativas. Em tudo o que respeita à actividade funcional- também em consonância com a atribuição da competência disciplinar e inspectiva expressamente prevista na lei - a competência para apreciar os recursos hierárquicos compete ao DGRN. A propósito da relação entre poder de direcção e relação hierárquica administrativa e do conteúdo do poder de direcção com referência a vasta doutrina, nem sempre convergente - a Procuradoria Geral da República, no parecer nº 62/96 (4), concluiu: I- O poder de direcção típico da relação de hierarquia administrativa integra, entre outras, a faculdade de emanar circulares interpretativas, ou, instruções gerais, vinculativas, dirigidas aos órgãos, funcionários ou agentes subalternos, acerca do sentido em que devem mediante interpretação ou integração entender as normas ou princípios jurídicos que, no âmbito do exercício das suas funções, lhes caiba aplicar ;II As circulares interpretativas, porque não constituem actos com eficácia externa, não são incompatíveis com o nº 6 do artigo 112º da Constituição; III O Director- Geral dos Registos e do Notariado tem, enquanto superior hierárquico dos conservadores de registos, competência para emitir circulares interpretativas, a estes dirigidas, relativas a questões respeitantes ao exercício da sua actividade vinculada tipicamente registral. Partindo da consideração de um poder de direcção fraccionado ou partilhado, parece-nos poder considerar-se que existem duas relações hierárquicas( que, embora correndo o risco de imprecisão terminológica, qualificamos como paralelas), cada uma delas com uma entidade com competência para exercer os inerentes ou típicos poderes, em função do âmbito ou da matéria. Sendo certo que a função qualificadora dos conservadores do registo predial está no âmbito da actividade funcional, é possível concluir que o normalmente chamado poder de supervisão ou de superintendência, para a apreciação e decisão dos recursos hierárquicos das decisões dos conservadores do registo predial da Região Autónoma da Madeira, cabe ao Director Geral dos Registos e do Notariado, porque, apesar de não estar expressamente plasmado na letra da lei, é o que decorre da forma como foi efectuada a transferência de competências para o Governo Regional.Ou seja, no âmbito da actividade funcional, não se operou transferência de competências, quer quanto a parte dos poderes de direcção, quer quanto à totalidade dos poderes de inspecção e do poder disciplinar e da competência para apreciar e decidir os recursos hierárquicos das decisões dos (3) Veja-se, a título exemplificativo de doutrina neste sentido, o que refere Marcelo Caetano na obra citada na nota (2),no mesmo local,: O poder de direcção é a competência que o superior tem de dar ordens e de expender instruções para impor aos seus subordinados a prática dos actos necessários ao bom funcionamento do serviço ou à mais conveniente interpretação da lei. Ordem é a imposição ao agente de uma acção ou abstenção concreta, em objecto de serviço. Pode ser verbal ou escrita. Se a ordem envolve directrizes de acção futura para casos que venham a produzir-se, toma a forma de instruções; e se é transmitida por todos os subalternos, por igual, é uma circular. (4) Publicado no BRN nº 10/1998. V

conservadores do registo predial. Não tendo ocorrido transferência, as competências mantiveram-se no Director Geral dos Registos e do Notariado, assim como se manteve a relação hierárquica que as suportava. Não nos parece que do facto de a aplicação nos serviços regionais dos registos e do notariado das circulares interpretativas ter sido determinada no contexto da cooperação( art.º 2º do D.L. 247/2003), se possa retirar que não existe poder de direcção. Neste âmbito, a autonomia cooperativa referida no preâmbulo do D.L. 24/2003 só poderá significar transferência parcial de competências, como decorre do expressamente previsto quanto à manutenção da inspectiva e disciplinar. Para lá das disposições legais já referidas, é pertinente invocar ainda as seguintes: - Art.º 7º do referido Decreto Regulamentar que não inclui nas competências do Gabinete Jurídico da DRAJ a apreciação de recursos hierárquicos, ao contrário do que acontece com a Direcção de Serviços Jurídicos e com o Conselho Técnico da D.G.R.N.( art.ºs 14º, nº 2, b) e 5º, nº 3, b), respectivamente, ambos da Lei Orgânica da D.G.R.N. aprovada pelo D.L. 87/2001, de 17 de Março); - Art.º 140º nº 1 do Código do Registo Predial( competência do D.G.R.N. para apreciar e decidir recursos hierárquicos), que não foi alterado na sequência da referida transferência de competências, nem poderia/deveria ter sido, de acordo com o que defendemos supra; -Art.º 12º, nº 2 do mencionado Decreto Regulamentar, quando define as competências dos serviços externos regionais como sendo as aquelas que se encontram fixadas para os serviços de idêntica natureza dependentes da Direcção- Geral dos Registos e do Notariado. Entende-se, assim, que a recorrida remeteu o recurso para a entidade competente para a sua apreciação. De qualquer forma, ainda que o tivesse remetido para a DRAJ, os seus efeitos ( art.º 148º do C.R.P.) seriam reportados à data da anotação da sua interposição na ficha respectiva. Apreciada a questão prévia, falta apreciar a questão de mérito, a qual se traduz, no fundamental, em saber qual é o título para o registo de penhora de bens imóveis, se o requerimento executivo, como resulta da qualificação da recorrida (5), (5) Não nos vamos deter no despacho de sustentação da recorrida, que é contraditório na sua consideração do pedido de registo anteriormente qualificado: primeiro é tido como respeitando à totalidade da descrição(prédio misto) e invoca-se divergência do pedido(prédio misto) com o requerimento executivo(prédio urbano) e, depois, é tido como respeitando a parte da descrição(parte urbana) e invocase a legislação respeitante aos loteamentos, quando, assim sendo, já não há divergência entre o pedido e o requerimento executivo. No despacho de qualificação invocara-se a divergência entre o título( requerimento executivo) prédio urbano -, e a descrição prédio misto. Mesmo que não fosse a contradição do despacho de sustentação, nos seus próprios termos, a sua consideração ficaria impedida, porque ela se poderia traduzir numa aceitação de alteração ou ampliação dos motivos invocados no despacho de qualificação. Impõe-se uma chamada de atenção para um facto que não foi invocado como motivo da provisoriedade por dúvidas e que, dada a delimitação objectiva do recurso ao que constou do despacho de qualificação e não estando em causa a feitura de registo nulo, não pode ser relevado, mas ao qual não podemos deixar de fazer referência: a divergência entre a área que consta da descrição e a que consta do documento matricial apresentado, como ficou indicado supra no início do relatório, deveria ter sido invocada como motivo de provisoriedade por dúvidas, pois foi invocada a divergência entre o título e a descrição, constando desta a inscrição matricial rústica, e foi feita prova da correspondente inscrição matricial. VI

se a requisição de registo, como defende a recorrente. A posição deste conselho, vai expressa na seguinte Deliberação I Não obstante a transferência para a Região Autónoma da Madeira de competências administrativas da Direcção-Geral dos Registos e do Notariado levada a efeito pelo D.L. n.º 247/2003, de 8 de Outubro regulamentado pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 4/2004/M, de 20 de Fevereiro mantêm-se no Director-Geral dos Registos e do Notariado a competência para apreciar e decidir recursos hierárquicos de decisões dos conservadores titulares dos serviços regionais do registo predial. II- Nos termos do artigo 838º, nº 1 do C.P.C., a penhora de bens imóveis realiza-se por comunicação electrónica à conservatória do registo predial competente, a qual vale como apresentação, ou pela apresentação de requisição de registo de modelo oficial ( art.º 41º, nº 1 e 42º, nº 1 do C.R.P.). III O título da penhora de bens imóveis é a própria comunicação electrónica ou a requisição de registo, logo que se verifique a recepção( apresentação)na conservatória do registo predial competente. (6) IV O requerimento executivo não tem que instruir o pedido de registo de penhora a que se referem as conclusões anteriores, não podendo, se incluído na comunicação electrónica ou apresentado com a requisição de registo, ser considerado título para registo. V Se o requerimento executivo acompanhar o pedido de registo, poderão dele ser retirados os elementos necessários ao registo, quando estes estiverem em falta na declaração do apresentante, presumindo-se, neste caso, que este pretendeu remeter para o seu conteúdo. (7) (6) Neste sentido, embora a propósito do registo de arresto, já este Conselho se pronunciou no Pº C.P. 70/2003 DSJ CT, publicado no B.R.N. nº 10/2003. (7) Terá sido o que a recorrente pretendeu, mas apenas quanto à identificação de exequente e executado( excepção feita ao estado civil, nome do cônjuge e regime de bens, que declarou por não constarem do requerimento executivo) e quanto à quantia exequenda. Quanto à identificação do prédio, a indicação da descrição que respeita a prédio misto, enquanto o prédio constante do requerimento executivo é apenas a parte urbana significa que a recorrente pretendeu penhorar mais do que foi indicado pela exequente, ou seja, que nesta parte não pretendeu remeter para o conteúdo do requerimento executivo. Que este é o entendimento correcto do pedido é também o que resulta da apresentação da prova do teor da inscrição matricial da parte rústica, e não apenas da parte urbana. Se a recorrente tivesse tido intenção de seguir ou remeter para o requerimento executivo, teria necessariamente indicado parte da descrição como objecto da penhora e deveria ter indicado os elementos em falta, necessários à abertura de nova descrição, a desanexar da descrição mencionada. É que, como referimos supra, do requerimento executivo apenas consta a natureza, a situação, a composição( de forma que mais tem a ver com o destino do que a composição, ao indicar-se que se trata de casa de habitação ) e a situação matricial, estando em falta a área e as confrontações. VII

VI Identificado o prédio na requisição de registo, não cabe ao conservador, no cumprimento do princípio da legalidade, invocar divergência com elementos constantes do requerimento executivo quanto a essa identificação, atento o disposto nos artigos 808º, nº 1, 810º, nº 1, d) e nº 5, a), 833º e 838º, nº 1 do C.P.C. (8) Nos termos expostos, é entendimento deste Conselho que o recurso merece provimento. Esta deliberação foi homologada por despacho do Director-Geral de 19.12.2005. Há que referir o seguinte: considerando-se o requerimento executivo como título da penhora, então também a omissão neste do estado civil do executado não poderia ter sido considerada suprida por declaração da recorrente, pois tinha que se ter exigido prova, nos termos dos artigos 44º, nº 1, a) e 46º, nº 1, a) do C.R.P. Aproveitamos a oportunidade para manifestar à recorrida a nossa opinião de que existe divergência entre a quantia exequenda que figura no registo e a que figura no requerimento executivo, porquanto ali apenas se atendeu ao capital. Cremos que terá havido lapso na feitura de registro, e não eventual aplicação de uma prática da conservatória. Importaria, a nosso ver ponderar a eventual necessidade de proceder à rectificação. (8) A recorrente fundamentou a sua impugnação nestas disposições legais e ainda no artigo 834º, nº 1 do C.P.C.. Parece-nos que há razão para esta fundamentação. A função do agente de execução, no que respeita aos bens a penhorar, não está limitada à penhora dos indicados pelo exequente nem condicionada à forma como foram indicados.. Como dispõe o art.º810º, nº 1, do C.P.C. a indicação dos bens do executado deve ser feita sempre que possível e sua identificação ser feita, nos termos do nº 5, a) do mesmo artigo, tanto quanto possível, pela denominação ou número de polícia, se os tiverem, ou a sua situação e confrontações, o artigo matricial e o número da descrição, se estiverem descritos no registo predial. Significa isto que o agente de execução pode penhorar prédios não constantes do requerimento executivo e pode identificá-los no título(comunicação electrónica ou requisição) de forma divergente daquele. É o que também resulta do disposto no artigo 833º do C.P.C., ao referir-se às diligências do agente de execução subsequentes ao requerimento executivo e anteriores à realização da penhora. VIII