Revisão de Informativos 2014.1 Dr. Márcio André Lopes Cavalcante Juiz Federal

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Transcrição:

Revisão de Informativos 2014.1 Dr. Márcio André Lopes Cavalcante Juiz Federal Julgados sobre: Seguro Fiança Alienação fiduciária Parentesco Alimentos Procurador do Banco Central CONTRATO DE SEGURO Imagine a seguinte situação: João era empregado de uma empresa privada e, portanto, segurado obrigatório do regime geral de previdência social (administrado pelo INSS). Além disso, ele também possuía um plano de seguro e previdência complementar privada que lhe oferecia diversos benefícios, dentre eles uma indenização no caso de aposentadoria por invalidez. Determinado dia, João sofreu um grave acidente e ficou impossibilitado de trabalhar. Foi submetido à perícia do INSS e concluiu-se que ele estava totalmente incapacitado (aposentadoria por invalidez). Dias após, João pediu à seguradora a indenização prevista na apólice por conta da invalidez total. A seguradora não aceitou o laudo do INSS e determinou que ele fosse submetido à nova perícia, feita por perito indicado pelo plano. O novo laudo apontou que a invalidez seria parcial (e não total). Sua indenização foi negada. João propôs ação contra a seguradora.

Alegou, que, tendo sido concedida a aposentadoria por invalidez pelo INSS, não poderia ter sido exigida nova perícia e o resultado desta não poderia ter sido contrário ao do médico oficial da autarquia previdenciária. O STJ concordou com o argumento do autor? O STJ concordou com o argumento do autor? NÃO. A concessão de aposentadoria por invalidez pelo INSS não desobriga o beneficiário de demonstrar que se encontra efetivamente incapacitado. Isso porque a concessão de aposentadoria pelo INSS faz prova relativa da invalidez, ou seja vale apenas para aquela autarquia. Daí ser possível a realização de nova perícia com vistas a comprovar a presença de incapacidade. AgRg no AREsp 424.157-SP, j. 21/11/2013 (Info 534). Imagine a seguinte situação hipotética: João solicitou um seguro para o seu carro. Preencheu a proposta, entregando-a para o corretor, que falou que iria encaminhar para a aprovação da seguradora e que depois devolveria a apólice do seguro. Dois meses depois, a seguradora ainda não havia entregue a apólice ao cliente. Determinado dia, o veículo de João foi furtado. Seguradora não quis indenizar alegando que o contrato ainda não estava produzindo efeitos. O argumento da seguradora está correto? NÃO. A seguradora de veículos não pode negar-se a indenizar o sinistro se não houve recusa da proposta em um prazo razoável. O seguro é um contrato consensual, ou seja, aperfeiçoa-se tão logo haja manifestação de vontade, independentemente da emissão da apólice. Art. 2º, caput e 6º, da Circular SUSEP 251/2004. STJ. REsp 1.306.364-SP, j. em 20/3/2014 (Info 537).

FIANÇA Fiança é... um tipo de contrato por meio do qual uma pessoa (chamada de fiadora ) assume o compromisso junto ao credor de que ela irá satisfazer a obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra. É como se o fiador dissesse ao credor: não se preocupe; se o devedor não pagar o que combinou com você, eu pago. Outorga uxória/marital Se a pessoa for casada, em regra, ela somente poderá ser fiadora se o cônjuge concordar. Essa concordância não é necessária se a pessoa for casada sob o regime da separação absoluta. Tal regra encontra-se prevista no art. 1.647, III, do CC. Súmula 332-STJ: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia. Imagine agora a seguinte situação hipotética: Pedro aluga seu apartamento para Rui (locatário). João, melhor amigo de Rui, aceita figurar no contrato como fiador. Rui fica devendo o aluguel. O locador propõe uma execução contra Rui (locatário) e João (fiador) cobrando a dívida. O juiz determina a penhora da residência em que mora João (fiador). 1 pergunta: é possível a penhora da casa de João, mesmo sendo bem de família? 1 pergunta: é possível a penhora da casa de João, mesmo sendo bem de família? SIM. O art. 3, VII, da Lei 8.009/90 autoriza a penhora do bem de família em caso de dívida decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 2 pergunta: João (fiador) vive em união estável com Maria. Elem inclusive têm uma escritura pública reconhecendo a união estável. Maria não deu autorizou para que seu companheiro prestasse a fiança.

Ela poderá alegar a nulidade/ineficácia da fiança? Ela poderá alegar a nulidade/ineficácia da fiança? NÃO. Não se exige o consentimento do(a) companheiro(a) para prestar fiança. Uma pessoa que viva em união estável com outra pode prestar fiança sem a necessidade de autorização de seu(sua) companheiro(a). A súmula 332-STJ NÃO se aplica para a união estável. Resp 1299894/DF, j. julgado em 25/02/2014 (Info 535). ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA Conceito: É um contrato instrumental em que uma das partes, em confiança, aliena a outra a propriedade de um determinado bem, ficando esta parte (uma instituição financeira, em regra) obrigada a devolver o bem que lhe foi alienado quando verificada a ocorrência de determinado fato (normalmente o pagamento de um empréstimo). Ex: veículo que custa 50 mil reais. Em caso de inadimplemento: Decreto-Lei n. 911/69: Notificação do credor: por meio do RTD ou tabelionato de protesto (Súmula 72 STJ). Ação de busca e apreensão: requer que lhe seja entregue o bem (art. 3º do DL 911/69). Concessão da liminar: o juiz concederá a busca e apreensão de forma liminar (sem ouvir o devedor). Apreensão: o bem é apreendido e entregue ao credor. Após a apreensão do bem, o DL prevê que o devedor poderá, no prazo de 5 dias, pagar a integralidade da dívida pendente e retomar a coisa. O que se entende por integralidade da dívida pendente? Para que o devedor consiga ter de volta o bem, ele deverá pagar todo o valor do financiamento ou somente as parcelas já vencidas e não pagas (purgação da mora)? Ex: João financiou o veículo em 60 parcelas. A partir da 21ª prestação, ele começou a não mais pagar. Estão vencidas 5 parcelas. Para ter de volta o bem, ele terá que pagar somente as 5 parcelas vencidas (purgação da mora) ou todo o financiamento restante (40 parcelas)? Resposta: deverá pagar todo o débito. A Lei 10.931/2004, que alterou o DL 911/69, não mais faculta ao devedor a possibilidade de purgação de mora, ou seja, não mais permite que ele pague somente as prestações vencidas.

Para que o devedor fiduciante consiga ter o bem de volta, ele terá que pagar tanto as parcelas vencidas como a vincendas, no prazo de 5 dias. Antônio terá que pagar as 40 parcelas restantes. STJ. REsp 1.418.593-MS, j. 14/5/2014 (Info 540). DIREITO REAL DE HABITAÇÃO O Código Civil estabelece a seguinte regra: Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Exemplo: João era casado com Maria. Faleceu, deixando quatro filhos e, como herança, um único apartamento, que estava em seu nome e onde ele morava com a esposa. Maria terá direito real de habitação sobre esse imóvel. O que significa isso? A pessoa que tem direito real de habitação poderá residir no imóvel. Logo, mesmo havendo quatro filhos como herdeiros, Maria terá direito de residir no apartamento. Existe direito real de habitação no caso da morte de companheiro (união estável)? João vivia em união estável com Maria e faleceu deixando quatro filhos e, como herança, um único apartamento que estava em seu nome e onde ele morava com a companheira. Nesse caso, Maria terá direito real de habitação sobre esse imóvel? Existe direito real de habitação no caso da morte de companheiro (união estável)? SIM. O art. 1.831 menciona apenas o cônjuge sobrevivente, silenciando quanto ao companheiro sobrevivente. No entanto, esse dispositivo do CC deverá ser interpretado em conformidade com a regra contida no art. 226, 3º, da CF/88, que equipara a união estável ao casamento. Veja como o tema já foi cobrado em provas: (Juiz TJDFT 2014 CESPE) O direito real de habitação não pode ser estendido ao companheiro. ( ) Veja como o tema já foi cobrado em provas: (Juiz TJDFT 2014 CESPE) O direito real de habitação não pode ser estendido ao companheiro. (ERRADO)

Justificativa: o STJ afirma que o direito real de habitação deve ser estendido à união estável. Veja como o tema já foi cobrado em provas: (DPE/SP 2013 adaptada) O Código Civil assegura o direito real de habitação ao cônjuge supérstite, silenciando em relação ao companheiro sobrevivente, que pode invocar tal direito com fundamento no princípio da isonomia entre as entidades familiares e na Lei n. 9.278/96 (União Estável). ( ) Veja como o tema já foi cobrado em provas: (DPE/SP 2013 adaptada) O Código Civil assegura o direito real de habitação ao cônjuge supérstite, silenciando em relação ao companheiro sobrevivente, que pode invocar tal direito com fundamento no princípio da isonomia entre as entidades familiares e na Lei n. 9.278/96 (União Estável). (CERTO) Justificativa: a união estável é equiparada ao casamento por ser também considerada como entidade familiar. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE Imagine a seguinte situação: João namorava Beatriz, quando esta ficou grávida. A criança nasceu, recebeu o nome de André, e João a registrou como sendo seu filho e de Beatriz, tendo esta garantido que ele era o genitor do menor. Quatro anos mais tarde, João propôs ação negatória de paternidade contra André (representado por sua mãe), com pedido de anulação do registro de nascimento. Na ação, o autor alegou que sempre teve dúvidas sobre a paternidade e que, na época da concepção, soube que Beatriz manteve outros relacionamentos. Pediu a realização de exame de DNA. Logo após ser proposta a ação o autor faleceu. Os pais de João pediram a habilitação com o objetivo de sucedê-lo no processo (art. 1.055 do CPC). No dia designado para o DNA, André e sua mãe não compareceram. O direito de questionar (contestar) a paternidade é personalíssimo? O direito de questionar (contestar) a paternidade é personalíssimo? SIM. Somente o pai registral tem legitimidade para ajuizar a ação negatória de paternidade (art. 1.601). Os avós da criança não podem propor essa demanda. Mesmo sendo personalíssimo, os avós (pais do pai registral) podem continuar a ação por ele proposta?

Mesmo sendo personalíssimo, os avós (pais do pai registral) podem continuar a ação por ele proposta? SIM. Os avós registrais podem continuar com a ação em caso de falecimento do pai/autor. Isso porque o pai registral, quando vivo, manifestou sua vontade ao ajuizar a ação. Em outros termos, ele exerceu seu direito personalíssimo. Resumindo: Dar início à ação negatória de paternidade: só quem pode fazer é o pai (herdeiros do pai não podem). Prosseguir na ação negatória de paternidade já ajuizada pelo pai e que faleceu durante o processo: os herdeiros podem continuar a demanda como seus sucessores. Voltando ao caso concreto: A ação negatória de paternidade deve ser julgada procedente? A ação negatória de paternidade deve ser julgada procedente? NÃO. O argumento do autor não é sólido. Não é possível que o declare a nulidade do registro de nascimento com base, exclusivamente, na alegação de o autor sempre teve dúvidas sobre a paternidade. Para a anulação são exigidas provas robustas de que o pai incidiu em erro escusável quando fez o registro da criança. Pode a ação ser julgada procedente pelo fato de o réu não ter comparecido para realizar o exame de DNA? Pode a ação ser julgada procedente pelo fato de o réu não ter comparecido para realizar o exame de DNA? NÃO. O não comparecimento do filho menor de idade para submeter-se ao exame de DNA não significa que, por si só, deve-se reconhecer a inexistência de paternidade. A mera recusa à submissão ao exame não implica automaticamente reconhecimento da paternidade ou seu afastamento, pois deve ser apreciada em conjunto com os demais elementos probatórios. ALIMENTOS

Imagine a seguinte situação: João, pai de Igor, faleceu. Durante o tempo em que estava vivo, João nunca pagou pensão alimentícia. Após a morte, Igor propôs ação de alimentos contra o espólio de João pedindo pensão alimentícia. Como fundamento legal, o autor invocou o art. 1.700: Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros. Nesse caso, a ação terá êxito? A ação terá êxito? NÃO. Nesse caso, o espólio do pai de Igor não tem legitimidade para figurar no polo passivo. O espólio de João somente teria legitimidade para figurar no polo passivo da ação de alimentos se, antes de ele morrer, a obrigação alimentar já tivesse sido fixada por meio de acordo ou decisão judicial. Em suma, o espólio só teria a obrigação de pagar pelos alimentos se: eles já estivessem fixados antes da morte (por acordo ou decisão judicial); e apenas até os limites das forças da herança. STJ. 4ª Turma. REsp 1.337.862-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/2/2014 (Info 534). PRISÃO CIVIL POR ALIMENTOS E PRISÃO ESPECIAL Imagine a seguinte situação hipotética: Francisco, advogado, deixou de pagar pensão alimentícia ao seu filho. O menor ajuizou execução de alimentos e o juiz decretou a prisão civil do pai devedor. Francisco formulou requerimento ao juiz afirmando que ele é advogado e que, portanto, não pode ficar preso em uma unidade prisional comum, devendo ser recolhido em sala de Estado Maior, conforme previsto no art. 7º, V, da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB). O pedido de Francisco pode ser aceito? A prisão especial de que trata o art. 7º, V, do Estatuto da OAB aplica-se também para os casos de prisão civil? 1ª corrente: NÃO. 3ª Turma do STJ (RHC 41.472/SP). 2ª corrente: SIM. 4ª Turma do STJ (HC 271.256-MS).