PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DOS ALIMENTOS 1. Quanto à fonte: a) Alimentos legais: fixados pela lei, fundamentados no direito de família, decorrentes do casamento, ou união estável ou da relação de parentesco (art. 1.694). Na falta de pagamento desses alimentos cabe prisão civil do devedor, pois são fundamentados na dignidade da pessoa humana, para garantir o patrimônio mínimo. b) Alimentos convencionais: fixados por força de contrato entre as partes, testamento ou legado. Decorre da manifestação de vontade de quem se propõe a pagar. Não cabe prisão civil pela falta de pagamento, salvo se tratar de alimentos devidos entre parentes ou cônjuges/companheiros. c) Alimentos indenizatórios: aqueles devidos em virtude da prática de ato ilícito, para ressarcimento do dano causado à vítima e/ou sua família (dano reflexo art. 948, II e art. 949/950). Não cabe prisão civil pela falta de pagamento. 2. Quanto à extensão: a) Alimentos civis ou côngruos: para a manutenção da situação anterior do alimentando (status quo antes), tem conteúdo mais amplo (art. 1.694). b) Alimentos indispensáveis, naturais ou necessários: para o indispensável à sobrevivência da pessoa, com dignidade. Dentro do princípio da proporcionalidade, abrangem o patrimônio mínimo da pessoa, como alimentação, saúde, moradia, vestuário, educação, cultura. 3. Quanto ao tempo: a) Alimentos pretéritos: aqueles que não podem mais ser cobrados porque ficaram no passado, prevalecendo o principio da atualidade dos alimentos. Somente podem ser cobrados os alimentos já fixados por sentença ou acordo
entre as partes, no prazo prescricional de dois anos do seu vencimento (art. 206, 2 ). b) Alimentos presentes: aqueles que estão sendo exigidos no momento, sendo atuais e podendo ser cobrados mediante ação específica. c) Alimentos futuros: são os alimentos pendentes, que vão se vencendo no curso da ação. 4. Quanto à forma de pagamento: a) Alimentos próprios ou in natura: pagos em espécie, com fornecimento de alimentação e sustento, hospedagem, plano de saúde, etc., sem prejuízo do necessário para a educação dos menores (art. 1.701). b) Alimentos impróprios: pagos mediante pensão, por meio do pagamento em dinheiro, com depósito em conta bancária ou desconto em folha de pagamento. Cabe ao juiz da causa fixar a melhor forma para o cumprimento da prestação alimentícia, de acordo com as circunstâncias do caso (art. 1701, par. único). Tornou-se comum sua fixação em salários-mínimos, sendo este também utilizado como índice de correção monetária, embora esse critério não seja obrigatório. Porém, há quem entenda na doutrina e jurisprudência que essa fixação em salários-mínimos é inconstitucional, pois não se pode utilizar esse parâmetro para outros fins que não seja o de pagamento de salários aos trabalhadores. 5. Quanto à finalidade: a) Alimentos definitivos: fixados definitivamente por meio de sentença judicial transitada em julgado ou acordo de vontade entre as partes. Quando devidos em razão da dissolução do casamento, podem ser fixados ao cônjuge necessitado, quando do divórcio, por escritura pública no Tabelionato de Notas em se tratando de divórcio consensual extrajudicial ou fixado por sentença judicial.
OBS: Embora recebam o nome de definitivos, os alimentos podem ser revistos e modificados a qualquer momento, quando sobrevier mudança na situação financeira de quem os paga, ou na condição de vida de quem os recebe, podendo ser majorados, reduzidos ou exonerados (art. 1.699). b) Alimentos provisórios: aqueles fixados de imediato na ação de alimentos, como procedimento especial da Lei n. 5.478/68 (Lei de Alimentos). Exigem prova préconstituída do parentesco (certidão de casamento) ou do casamento (certidão de casamento) ou da união estável (contrato ou reconhecimento judicial). c) Alimentos provisionais: fixados nas ações de direito de família, como medida cautelar, visando manter a parte que os pleiteia no curso da lide, em que não há a prova pré-constituída, como nas ações de investigação de paternidade, reconhecimento e dissolução de união estável, cautelar de separação de corpos (art. 1706). PRISÃO CIVIL DO DVEDOR DE ALIMENTOS Divergência na doutrina e jurisprudência. Há entendimento pelo qual o prazo para a prisão civil do devedor de alimentos é de três meses quando se tratar de alimentos provisionais (art. 733, 3, CPC), e quanto aos definitivos e provisórios o prazo não pode ultrapassar 60 dias (art. 19 da Lei n. 5.478/68). Outro entendimento pelo qual o prazo máximo para a prisão civil, em qualquer situação, é de 60 dias, por tratar-se de lei especial. Esta tese vem crescendo na jurisprudência, aplicando-se a norma mais favorável ao réu ou executado. O CONFRONTO DA EMENDA CONSTITUCIONAL 66/2010 COM ALGUMAS REGRAS ESPECIAIS PREVISTAS NO CÓDIGO CIVIL Em alguns dispositivos o Código Civil estabelece regras relativas aos alimentos quando envolver a ocorrência de CULPA na dissolução da sociedade conjugal ou da união estável.
- Art. 1694, 2 : Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. - Art. 1702: Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, o outro, culpado será obrigado a prestar os alimentos. - Art. 1704: Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. - Art. 1704, parágrafo único: Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. Os dispositivos legais devem ser analisados conjuntamente. O comando legal prevê que em casos de dissolução do casamento ou da união estável, aquele que foi o culpado pelo fim do relacionamento, terá o direito aos alimentos necessários ou indispensáveis, visando à manutenção da sua dignidade, desde que preenchidos os requisitos do parágrafo único do art. 1704, ou seja, se o culpado não tiver parentes em condições de fazê-lo, nem condições de trabalho, respeitando o binômio necessidade/possibilidade, dentro do principio da proporcionalidade. Todavia, diante da aprovação da Ementa Constitucional 66/2010 surgem correntes doutrinárias a respeito: 1ª Corrente: sustenta a total impossibilidade de discussão de culpa para a dissolução do casamento, inclusive para a fixação dos alimentos entre os cônjuges, estando revogados tacitamente os dispositivos do Código Civil. 2ª Corrente: sustenta que, atualmente, não há possibilidade de se discutir a culpa para a dissolução do casamento quando do divórcio. Porém, a culpa ainda pode ser discutida em sede de ação para se pleitear alimentos, podendo ser fixados de acordo com as regras do Código Civil (art. 1694, 2 e art. 1704, caput e parágrafo único) que somente terão aplicação jurídica para os separados judicialmente antes da EC n. 66/2010. Assim, não houve revogação de tais regras do CC, e mantém-se um sistema duplo, com culpa e sem culpa.
PERGUNTA: os alimentos indispensáveis podem ser pleiteados após o divórcio ou dissolução da união estável? RESPOSTA: duas posições a) Entendimento majoritário na prática: não é possível, pois não há mais vínculo jurídico de família, um dos pressupostos da obrigação alimentar; b) Corrente sustentada por Maria Berenice Dias: entende ser possível pleitear alimentos após a dissolução do vinculo do casamento ou união estável, nos termos do art. 1694, 2 e art. 1704, parágrafo único, com fundamento no princípio da solidariedade familiar e da dignidade humana.