PERFIL DOS PACIENTES COM TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO EM UMA CIDADE DE PORTE MÉDIO

Documentos relacionados
ESTUDO EPIDEMILOGICO DO ÍNDICE DE PACIENTES IDOSOS COM TRAUMATISMO CRANIO-ENCEFÁLICO INTERNADOS EM UM HOSPITAL DO OESTE DO PARANÁ NO ANO DE 2009

AVALIAÇÃO DOS TRABALHOS III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE TRAUMA DO NORDESTE DIA 23 DE MAIO DE 2019 HORÁRIO TELA CÓDIGO TÍTULO

PERFIL DOS ACIDENTES MOTOCICLÍSTICOS ENVOLVENDO IDOSOS ATENDIDOS EM SERVIÇO PRÉ-HOSPITALAR

Acidentes de Trânsito

Perfil clínico-epidemiológico de traumatismo cranioencefálico do Hospital de Urgências e Traumas no município de Petrolina, estado de Pernambuco

A distribuição etária dos pacientes é muito semelhante à distribuição etária das vítimas de Acidentes de Trânsito no Brasil, publicada pelo

Acidentes de Trânsito

A maioria das crianças com traumatismo craniano são jovens, do sexo masculino e têm trauma leve.

TÍTULO: IDENTIFICAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS ACIDENTES MOTOCICLÍSTICOS OCORRIDOS EM ASSIS-SP NOS ANOS DE 2016 E 2017

Acidentes com Motocicletas: Um Perfil dos Atendimentos Realizados no Hospital Getúlio Vargas -Recife - PE

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PATIENTS WITH TRAUMATIC BRAIN INJURY (TBI) OF AN INTENSIVE THERAPY UNIT IN THE CITY OF RIO BRANCO-AC, WESTERN AMAZON

Estudo Epidemiológico das Características de Mortalidade por Acidentes de Trânsito no Munícipio de Crato - Ceará

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE IDOSO INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO TCE

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO EM CIDADE DO CEARÁ

PEROTTO, Fabiana 2 ; BARROSO,Lidiane Bittencourt 3 ; WOLFF, Delmira Beatriz 4

Vigilância de Causas externas

PRINCIPAIS CAUSAS DE INTERNAMENTO NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA EM UM HOSPITAL DE MARINGÁ PR

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS MOTOCICLISTAS ACIDENTADOS NO MUNICÍPIO DE MANHUAÇU- MINAS GERAIS

Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes

TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO NA INFÂNCIA: UMA REVISÃO LITERÁRIA

Vigilância de Causas externas

Artigo. Epidemiologia do traumatismo cranioencefálico no Brasil. Epidemiology of traumatic brain injury in Brazil

PERFIL DOS PACIENTES VÍTIMAS DE ACIDENTE DE TRANSITO ATENDIDOS PELO SAMU

Vigilância de Causas externas

As internações por Causas Externas

1 SUSAN P. Baker et. al. The Injury Fact Book. New York, Oxford University Press, 1992, p. 216.

ATENDIMENTOS POR INTOXICAÇÕES EXÓGENAS NO ESTADO DE SERGIPE

BICICLETAS 2008 BICICLETAS

ATENDIMENTO NAS URGÊNCIAS: causas externas como fator de internação em Sergipe, 2017 RESUMO

Campanha de Prevenção ao Trauma de Face: Promoção à Nome: Ladyanne Pavão de Menezes Coordenadora: Profª Drª Gabriela Granja Porto

CAUSAS EXTERNAS DCNT 5 CAUSAS EXTERNAS

ÍNDICE E CARACTERÍSTICAS DAS MORTES VIOLENTAS EM IDOSOS NO ANO DE 2012 EM CAMPINA GRANDE/PB.

TCE TRAUMA CRANIENCEFÁLICO

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Perfil das notificações de traumas em um hospital de ensino

The aim of this study was to characterize the epidemiology of hospitalizations for traumatic brain injury in the Department of

Prevalência de lesões corporais em região oro-facial registrados no Instituto Médico Legal de Pelotas/RS. 1. Introdução

INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO COM VÍTIMAS FATAIS NA CIDADE DO RIO GRANDE

Análise da demanda de assistência de enfermagem aos pacientes internados em uma unidade de Clinica Médica

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Lidiane de Oliveira Carvalho

CARACTERIZAÇÃO DOS ATENDIMENTOS DO SERVIÇO MÓVEL DE URGÊNCIA SAMU, MARINGÁ-PR

Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP - Brasil

MULHERES NO TRÂNSITO

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE PREVENÇÃO DE QUEDAS DOS PARTICIPANTES DE UM CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE: USO DE QUESTIONÁRIO PRÉ E PÓS-TESTE

LESÕES DE CRÂNIO. traumatismos

REBES REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE

TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO. Acadêmicas: Camila Magalhães e Sthefane K. Quaresma

Acidentes de trânsito e Álcool

PERFIL FUNCIONAL DOS PACIENTES COM AVE ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO E NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UFPB

ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA 29 e 30 de novembro de 2010 Unioeste Campus de Cascavel ISSN

PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGIO DOS PACIENTES COM LESÃO MEDULAR ATENDIDOS NO CENTRO DE ATENDIMENTO À DEFICIÊNCIA (CAD).

1992, p SUSAN P. Baker et. al. The Injury Fact Book. New York, Oxford University Press,

CONSTRUINDO UM BANCO DE DADOS PARA O IML DE TERESÓPOLIS

Traumatismo. Traumatic brain. Cranioencefálico em. não permanecendo. seria melhor guiado. halfyear. The most costs, solve

PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DE INDIVÍDUOS COM HISTÓRICO DE TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO

Urgência e Emergência. Prof.ª André Rodrigues

PERFIL DE USUÁRIOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE DE PRONTO-ATENDIMENTO POR ACIDENTE DE TRÂNSITO

SECRETARIA DE SAÚDE SECRETARIA EXECUTIVA DE VIGILÂNCIA À SAÚDE GERÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

INCIDÊNCIA DE ATENDIMENTOS A PESSOAS IDOSAS PELO SAMU NO ANO DE 2012: UM ESTUDO POR AMOSTRAGEM

INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS E DOMISSANITÁRIOS EM IDOSOS: DADOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS ( )

I Workshop dos Programas de Pós-Graduação em Enfermagem PERFIL DAS INTOXICAÇÕES EXÓGENAS EM UM HOSPITAL DO SUL DE MINAS GERAIS

CULTURA DE SEGURANÇA: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE ENSINO

ANÁLISE DA MORTALIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE NEOPLASIA CUTÂNEA EM SERGIPE NO PERIODO DE 2010 A 2015 RESUMO

Estatísticas Carnaval

MORTALIDADE POR ACIDENTE DE TRÂNSITO ENTRE JOVENS EM MARINGÁ-PR NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

Comunicação Oficial do Resultado da II Pesquisa Beber ou Dirigir de São Paulo (2009)

Palavras chave: acidente, análise, espacial, distribuição, trânsito.

ATENDIMENTOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NA UPA E CORPO DE BOMBEIRO. Maria Inês Lemos Coelho Ribeiro 1 RESUMO

PROMOÇÃO DE SAÚDE NAS ESCOLAS: NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS PARA PROFESSORES

Universidade Estadual de Maringá- UEM Universidade Estadual de Maringá-UEM

Acidentes de Trânsito com Vítimas Fatais no RS. Fonte de dados: Sistema de Consultas Integradas - SSP

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA - CEAFI

diferenciação adotados foram as variáveis: gênero, faixa etária, caráter do atendimento e óbitos.

Traumatismos decorrentes de acidentes automobilísticos

Informe de Situação e Tendência

Memorias Convención Internacional de Salud Pública. Cuba Salud La Habana 3-7 de diciembre de 2012 ISBN

Imagem da Semana: Tomografia Computadorizada (TC)

ÍNDICE E CARACTERÍSTICAS DAS MORTES VIOLENTAS EM IDOSOS NO ANO DE 2012 NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE/PB.

Autor. Revisão Técnica. Fábio Del Claro

Curso Continuado de Cirurgia Geral- CBC SP

Lesões musculoesqueléticas em traumas por acidente motociclístico atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência em Salvador, Bahia

Perfil epidemiológico do CTI e estrutura de atendimento

AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE DO TRAUMATISMO CRANIO ENCEFÁLICO: PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

ESTUDO DA MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS RELACIONADAS AO TRABALHO ATRAVÉS DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Evolução das Ocorrências de Sinistros de Morte no Feriado de Corpus Christi por Tipo de Veículo

Boletim Epidemiológico Programa Vida no Trânsito 2018

1. Introdução. 2. Objetivos. Geral. Específicos

Programa Vida no Trânsito

PESQUISA BIBLRÁFICA SOBRE ACIDENTES DE TRÂNSITO

TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO. Prof.ª Leticia Pedroso

Fatores relacionados ao prognóstico de vítimas de traumatismo cranioencefálico: uma revisão bibliográfica

por acidentes de trânsito e ocorrência de fraturas maxilofaciais

Urgência e Emergência

ANÁLISE DESCRITIVA DA MORBIMORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS EM IDOSOS NO BRASIL

INTERNAÇÕES DE CICLISTAS TRAUMATIZADOS EM ACIDENTES POR TRANSPORTE NO ESTADO DO CEARÁ.

PROFESSOR: JEAN NAVES EMERGÊNCIAS PRÉ-HOSPITALARES

Trauma cranioencefálico (TCE) Dra. Viviane Cordeiro Veiga

204 Carvalho AO, Bez Júnior A

Indicadores de Doença Cardiovascular no Estado do Rio de Janeiro com Relevo para a Insuficiência Cardíaca

Transcrição:

PERFIL DOS PACIENTES COM TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO EM UMA CIDADE DE PORTE MÉDIO Tiana Mascarenhas Godinho Reis* Lucas Silva Nascimento** Rômulo Santos Freire*** Edilaine Alves Nunes**** Inea Rebeca Marques Reis***** relatos de pesquisa RESUMO Introdução: Entende-se por Traumatismo Cranioencefálico qualquer agressão de ordem traumática que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges, encéfalo e seus vasos. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico dos pacientes atendidos no Hospital Geral Prado Valadares em Jequié/BA, admitidos no centro de terapia intensiva por traumatismo cranioencefálico. Metodologia: Estudo baseado no banco de dados do Hospital Geral Prado Valadares em Jequié, para análise dos dados e tabulação foi utilizado o programa Microsoft Excel. Resultados: O levantamento de dados mostrou que dos 155 pacientes com traumatismo cranioencefálico, 84, 51% eram do sexo masculino, 29% tiveram como causa os acidentes com motocicletas, a faixa etária de maior quantidade de casos ficou entre 20-29 anos com 31,61% e o dia da semana com maior ocorrência foi o domingo com 27,74% dos casos. Conclusão: Esta pesquisa gerou informações importantes sobre o perfil epidemiológico dos pacientes com traumatismo cranioencefálico e suas principais causas. Palavras-chave: Traumatismos Encefálicos. Perfil de Saúde. Traumatismos Craniocerebrais. *Médica, Infectologista. Professora Assistente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA. E-mail: tiana.mascarenhas@hotmail.com **Médico, graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA. E-mail: lucas_bzk@hotmail.com ***Médico, graduado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA. E-mail: romulodna@bol.com.br ****Fisioterapeuta, graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA. E-mail: edilainunes@gmail.com *****Mestranda em Serviço Social pela Universidade federal de Sergipe. E-mail: inearebeca@gmail.com 1 INTRODUÇÃO Entende-se TCE qualquer agressão de ordem traumática que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges, encéfalo e seus vasos (MACEDO, 2008). Esse tipo de trauma ocorre após lesões fechadas ou penetrantes às estruturas encefálicas e abrange fraturas cranianas e dano ao tecido encefálico. Os tipos de lesões cranioencefálicas incluem concussão, contusão, fraturas de crânio, hematoma epidural ou subdural, hemorragia subaracnóidea e herniação 203 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.9, n.2, p.203-210, jul./dez. 2016

Tiana M. Godinho Reis, Lucas S. Nascimento, Rômulo S. Freire, Edilaine Alves Nunes, Inea Rebeca M. Reis (MAGALHÃES, 2008). Ele pode interferir no funcionamento comportamental e emocional, tanto temporário como permanente, e provocar comprometimento funcional parcial ou total (SMITH; WINKLER, 1994). A importância das lesões na região da cabeça e pescoço reside no fato de que o TCE é a principal causa de morte nas vítimas de trauma (BARBOSA et al., 2006). Atualmente tem se observado um progressivo aumento de vítimas de traumas mecânicos, o que determina o crescimento das mortes ditas violentas, sendo esta uma das principais causas de óbito e sequelas na população abaixo de 45 anos de idade (MELO; LEMOS JÚNIOR; MATOS, 2005). É notório, ainda, um aumento da mortalidade resultante de TCE, particularmente nos países em vias de desenvolvimento (SANTOS; SOUSA; CASTRO-CALDAS, 2003). É uma patologia que causa perdas da capacidade produtiva e prejuízos financeiros para a sociedade (FAKHRY et al, 2004). Justamente por isso ocasiona custos elevados tanto o Sistema de Saúde como o Previdenciário, tornando-o um tema de relevância para a Saúde Pública (FERNANDES, 2010). O presente estudo tem como objetivo traçar o perfil de pacientes acometidos Por traumatismo cranioencefálico na cidade de Jequié - Bahia. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo. Os dados utilizados foram coletados pelo núcleo de pesquisa do Hospital Geral Prado Valadares (HGPV) da cidade de Jequié, localizada no interior do estado da Bahia. Núcleo este responsável pela coleta de dados para estudos no próprio hospital. A coleta de dados realizada através do banco de dados disponível no HGPV, para estruturação desse material a equipe utilizou os prontuários disponíveis na unidade de terapia intensiva do HGPV, a estruturação dos dados seguiu da seguinte maneira: consulta ao prontuário, com o preenchimento de ficha estruturada, com questões referentes a sexo, faixa etária, dia da semana em que houve a ocorrência, causa e também a evolução do paciente, no período entre janeiro de 2009 e abril de 2010. Os dados foram tabulados e analisados de forma descritivo-estatística 204 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.9, n.2, p.203-210, jul./dez. 2016

Perfil dos pacientes com traumatismo cranioencefálico em uma cidade de porte médio através do Microsoft Excel no qual foram gerados as frequências e figuras. Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), sob número CAAE: 10793912.5.0000.0055. Figura 1 - Distribuição das principais causas de TCE no período de janeiro de 2009 à abril de 2010 na cidade de Jequié/Bahia. Jequié, 2014. 3 RESULTADOS A partir da análise dos dados evidenciamos que a unidade de terapia intensiva do HGPV, recebeu 155 pacientes com diagnóstico de traumatismo cranioencefálico. O levantamento dos dados revelou que 84,5% dos pacientes eram do sexo masculino e 9,7 % dos pacientes eram do sexo feminino, sendo que 5,8% não foram preenchidos o campo correspondente ao sexo. Foi constatado que a principal causa de TCE no período foi acidente de moto correspondendo à 29, 0% das causas, seguido por acidente automobilístico (19,4%) e queda da própria altura (15,5%) respectivamente. A descrição detalhada desses dados encontra-se no Figura 1. Fonte: Dados da Pesquisa Os TCEs envolveram diversos intervalos de faixa etária, existindo uma maior concentração de pacientes na faixa etária dos 20-29 anos com 31,6%, 30-39 anos com 21,9% e 40-49 anos com 10,3%, os dados supracitados estão descritos e detalhados na Figura 2. Figura 2- Distribuição dos casos de TCE de acordo com os intervalos de faixa etária. INI: Idade Não Identificada Fonte: Dados da Pesquisa C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.9, n.2, p.203-210, jul./dez. 2016 205

Tiana M. Godinho Reis, Lucas S. Nascimento, Rômulo S. Freire, Edilaine Alves Nunes, Inea Rebeca M. Reis O dia da semana com mais ocorrências de TCE foi o domingo, com 27,6% dos casos, seguido pelo sábado, com 19,3% dos casos (Figura 3). Figura 3 - Distribuição dos casos de TCE de acordo com os dias da semana Fonte: Dados da Pesquisa A evolução dos casos de TCE tiveram os seguintes desfechos: 67,7% dos casos tiveram alta; 14,8% evoluíram para o óbito; 9,1% dos casos culminaram com transferência para outros hospitais; 5,2% tiveram alta a pedido ou evasão; e 3,2% tiveram um desfecho não relatado. 4 DISCUSSÃO Os resultados mostraram uma incidência maior do sexo masculino em relação ao sexo feminino, corroborando com os estudos de Melo, Lemos Júnior e Matos (2005); Braga et al, 2008; Franciozi et al, (2008); Gawryszewski et al, (2005); Pereira et al, (2005); Eloia et al (2011); Canova (2009); e Moura (2011). Alguns autores acreditam que esse resultado se justifica pela maior exposição dos homens aos fatores de risco associados ao trauma, possivelmente pelo estilo de vida ou pelo contexto sociocultural em que estão inseridos (ELOIA et al, 2011). Eles assumem maiores riscos na condução de veículos, como maior velocidade, manobras mais arriscadas, uso de álcool, entre outros (ANDRADE; JORGE, 2000). Além disso, a população masculina é maioria dos motoristas em motocicletas (CANOVA et al, 2009) e acidentes motociclísticos foram justamente a causa mais frequente desses traumatismos presentes no estudo em Jequié/BA. Outros trabalhos também constataram um maior número de casos associados a acidentes moto ciclísticos em São José do Rio Preto (CANOVA et al, 2009), Sobral (ELOIA et al, 2011) e Petrolina (MOURA et al, 2011). Acidentes com motocicleta resultam, frequentemente, em ferimentos graves para condutores e passageiros tais como politraumatismos, laceração ou rotura de órgãos abdominais e TCE s; portanto, os motociclistas devem ser considerados mais vulneráveis em relação aos usuários de outros tipos de veículos automotores (ANDRADE; JORGE, 2000; 206 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.9, n.2, p.203-210, jul./dez. 2016

Perfil dos pacientes com traumatismo cranioencefálico em uma cidade de porte médio KOIZUMI, 1990). Além disso, os motociclistas também estão entre as principais vítimas de acidente de trânsito, juntamente com os pedestres, o que tem sido atribuído ao aumento do uso de motocicletas como instrumento de trabalho, na maioria das vezes informal (entrega de mercadorias, serviços ou transporte de pessoas) (ANDRADE; JORGE, 2000). Seus condutores (popularmente denominados como "motoboys" ou "mototaxistas" estão constantemente expostos à possibilidade de ocorrência de acidentes, seja por sua maior exposição nas vias públicas, seja por realização de manobras arriscadas ou por velocidades adotadas com vistas à realização rápida de tarefas e consequente aumento da produtividade (ANDRADE; JORGE, 2000). A faixa etária mais envolvida compreende a população jovem: 20 aos 39 anos. Tiveram mais que a metade de todos os dados colhidos. Alguns estudos nacionais têm resultados condizentes com os do presente estudo e relataram que cerca de 70,0% das vítimas de acidente de trânsito têm idade entre 10 e 39 anos (ANDRADE; JORGE, 2000; BRITO et al, 1996). Teorias sobre o comportamento sugerem hipóteses explicativas para o fato de os adolescentes e adultos jovens serem mais acometidos por acidentes e violências. Inexperiência, busca de emoções, prazer em experimentar sensações de risco, impulsividade e abuso de álcool ou drogas são comportamentos sociais frequentes entre adolescentes e adultos jovens que podem contribuir para a maior incidência de acidentes de trânsito nessas faixas etárias (ROBERTSON, 1998). A análise dos resultados aponta para uma quantidade maior de acidentes nos fins de semana, fato este percebido também por outras literaturas (CANOVA et al, 2009; MOURA et al, 2011; ANDRADE; JORGE, 2001; BASTOS; ANDRADE; SOARES, 2005). Em Jequié/BA, o domingo foi o dia com maior número de traumatismos, resultado bastante semelhante a um estudo em Petrolina (MOURA et al, 2011), o mesmo constatou que 24,8% dos traumatismos acontecem no domingo. Alguns autores relacionam a maior ocorrência de acidentes nos finais de semana com a possível ingestão de bebidas alcoólicas pelos motoristas, mais frequente nesses períodos (ANDRADE; JORGE, 2001; BASTOS; ANDRADE; SOARES, 2005). Com relação a evolução hospitalar desses pacientes no município estudado, a maioria dos pacientes teve alta. Apesar C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.9, n.2, p.203-210, jul./dez. 2016 207

Tiana M. Godinho Reis, Lucas S. Nascimento, Rômulo S. Freire, Edilaine Alves Nunes, Inea Rebeca M. Reis disso foi encontrado um percentual expressivo de óbitos em relação a outros estudos realizados em outras cidades brasileiras. Estas cidades: Petrolina e Ribeirão Preto tiveram 7,92% e 5,7% respectivamente (MOURA et al, 2011; COLLI et al, 1997). Estudos destacam que os motociclistas são as vítimas que apresentam maior gravidade em acidentes de trânsito (OLIVEIRA; SOUSA, 2003). Com relação a esse tipo de trauma, um fator que está associado à redução dessa mortalidade é o uso de capacetes (SARKAR; PEEK; KRAUS, 1995). O uso desse equipamento pode reduzir a gravidade da lesão em cabeça e pescoço além de evitar o traumatismo em si (SARKAR; PEEK; KRAUS, 1995), apesar de não ter sido avaliado por esse estudo, para possível comparação. Acidentes de trânsito são a segunda causa mais importante de mortalidade prematura especialmente em jovens (VIEIRA et al, 2003). Eles se encontram no auge de suas capacidades, acarretando prejuízos econômicos consideráveis à nação (SANTOS et al, 2008). 5 CONCLUSÃO Os dados gerados pela pesquisa nos mostra que o perfil epidemiológico dos pacientes internados no HGPV em Jequié/ BA de janeiro de 2009 a abril de 2010 com diagnóstico de TCE foram em sua maioria do sexo masculino, compreendidos na faixa etária entre 20-39 anos, sendo os acidentes com motocicleta a principal causa de TCE. Aliado a esses dados foi observado uma maior ocorrência de TCE nos finais de semana. A maioria dos pacientes evoluíram com alta e uma parcela menor, porém relevante, foi a óbito. Esta pesquisa gera informações importantes sobre o perfil epidemiológico dos pacientes com TCE e suas principais causas, criando assim possibilidades de políticas públicas mais direcionadas para a solução do problema, podendo influenciar as rotinas pré e intrahospitalares em relação à disponibilidade de profissionais nos dias de maior demanda no atendimento do TCE, assim com incrementar a disponibilidade de materiais e de serviços para um melhor atendimento aos pacientes.. 208 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.9, n.2, p.203-210, jul./dez. 2016

Perfil dos pacientes com traumatismo cranioencefálico em uma cidade de porte médio Artigo recebido em 09/10/2016 e aceito para publicação em 05/11/2016 REFERÊNCIAS ANDRADE, S. M.; JORGE, M. H. P. M. Acidentes de transporte terrestre em município da Região Sul do Brasil. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 35, n. 3, jun. 2001. ANDRADE, S. M.; JORGE, M. H. P. M. Características das vítimas por acidentes de transporte terrestre em município da Região Sul do Brasil. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 2, abr. 2000. BARBOSA, F. T. et al. Pneumoencéfalo intraventricular após perfuração acidental de dura-máter: relato de caso. Revista Brasileira de Anestesiologia, v.56, n.5, p.511-517, 2006. BASTOS, Y. G. L.; ANDRADE, S. M.; SOARES, D. A. Características dos acidentes de trânsito e das vítimas atendidas em serviço pré-hospitalar em cidade do Sul do Brasil, 1997/2000. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, jun. 2005. BRAGA, F.M. et al. Avaliação de 76 casos de traumatismo cranioencefálico por queda da própria altura atendidos na emergência de um hospital geral. ACM ArqCatarin Med., v.37, n.4, p.35-39, 2008. BRITO, E. M.; COSTA, G. R.; ALVES, R. S.; MENESES, E. A.; DUARTE, S. C. Traumatismo crânio-encefálico em vítimas de acidentes de trânsito atendidas no Hospital de Base do Distrito Federal em 1994 e 1995. Revista de Saúde Distrito Federal, v.7, p.41-49, 1996. CANOVA, J. C. M., et al. Traumatismo cranioencefálico de pacientes vítimas de acidentes de motocicletas. Arquivo de Ciência da Saúde, v.17, n.1, p.9-14, jan./mar, 2009. COLLI B. O., et al. Características dos pacientes com traumatismo craniencefálico atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Arquivos de Neuro- Psiquiatria, São Paulo, v. 55, n. 1, 1997. ELOIA, S. C.; et al. Análise Epidemiológica das Hospitalizações por Trauma Cranioencefálico em um Hospital de Ensino. Revista SANARE. Sobral CE, v.10, n.2, p. 34-39, 2011. FAKHRY, S. M., et al. Neurotrauma Task Force: Management of brain-injured patients by an evidence-based medicine protocol improves outcomes and decreases hospital charges. J Trauma, v.56, n.3, p.492-9, 2004. FERNANDES, R. N. R. Análise epidemiológica das hospitalizações do Sistema Único de Saúde, por Traumatismo Cranioencefálico. Brasil: 2001-2007. 2010. Dissertação (Mestrado) - Salvador (BA), Universidade Federal da Bahia, 2010. FRANCIOZI, C. E. S. et al. Trauma na infância e adolescência: epidemiologia, tratamento e aspectos econômicos em um hospital público. Acta Ortop Bras., v.16, n.5, p.261-265, 2008. C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.9, n.2, p.203-210, jul./dez. 2016 209

Tiana M. Godinho Reis, Lucas S. Nascimento, Rômulo S. Freire, Edilaine Alves Nunes, Inea Rebeca M. Reis GAWRYSZEWSKI V. P., et al. Perfil dos atendimentos a acidentes de transporte terrestre por serviços de emergência em São Paulo, 2005. Revista de Saúde Publica, v.43, n.2, p.275-82, 2009. KOIZUMI, M. S. Natureza das lesões nas vítimas de acidentes de motocicleta. 1990. Tese (Livre-Docência) - São Paulo, Escola de Enfermagem da USP, 1990. MACEDO, K. C. Características clínicas e epidemiológicas de crianças e adolescentes com traumatismo cranioencefálico leve e análise de fatores associados à fratura de crânio e lesão intracraniana. 2006. Tese (Doutorado) - Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina, 2006. MAGALHÃES, F. A. Histórico de TCE. PAPH-FAMED. Sobral: UFC, 2008. MELO, J. R. T.; LEMOS JÚNIOR, L. P.; MATOS, L. T. Principais causas de trauma craniencefálico na cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Arquivo Brasileiro de Neurocirurgia, v.24, n.3, p.94-98, 2005. MOURA, J. C. et al. Perfil clínicoepidemiológico de traumatismo cranioencefálico do Hospital de Urgências e Traumas no município de Petrolina, estado de Pernambuco. Arquivo Brasileiro de Neurocirurgia, v.30, n.3, p. 99-104, 2011. PEREIRA, C. U. et al. Frontal epiduralha ematoma. Analysisof 30 cases. J Bras. Neurocirurg., v.15, n.1, p.18-21, 2004. ROBERTSON, L. S. Injury epidemiology. New York: Oxford University Press; 1998. SANTOS, A. M. R. et al. Perfil das vítimas de trauma por acidente de moto atendidas em um serviço público de emergência. Caderno de Saúde Pública, agosto de 2008. 24, n. 8, p. 1927-1938 SANTOS, M. E.; SOUSA, L.; CASTRO- CALDAS, A. Epidemiologia dos traumatismos cranioencefálicos em portugal. Acta Med Port., v.16, n.2, p.71-76, 2003. SARKAR, S. M. D.; PEEK, C.; KRAUS, J. F. Fatal injuries in motorcycle riders according to helmet use. Journal of Trauma., v. 38, p.242-245, 1995. SMITH, S. S., WINKLER PA. Traumatismos Cranianos. In: UMPHRED, D. A. Fisioterapia Neurológica. 2.ed. São Paulo: Manole, 1994. VIEIRA, G. O. et al. Violência e mortes por causas externas. Revista Brasileira de Enfermagem,v.56, p.48-51, 2003. OLIVEIRA, N. L. B.; SOUSA, R. M. C. Diagnóstico de lesões e qualidade de vida de motociclistas, vítimas de acidentes de trânsito. Rev Latino americana de Enfermagem, v.11, p.749-756, 2003. 210 C&D-Revista Eletrônica da Fainor, Vitória da Conquista, v.9, n.2, p.203-210, jul./dez. 2016